O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, janeiro 24, 2002



Não sei quem é e gostava de saber; achei...não roubei.


MORO NA MINHA PRÓPRIA CASA,
NUNCA IMITEI NINGUÉM,
E RIO-ME DE TODOS OS MESTRES
QUE NUNCA SE RIRAM DE SI.

In “A Gaia Ciência” de Nietzche

Aos NÓMADAS de um novo e possível COSMOS interactivo...

Estive hoje a fazer uma pequena incursão pelos blogues que vou conhecendo e fiquei, mais uma vez, com a impressão de que eu me afasto muito dos estilos e dos contextos, mas vi uma possibilidade sem fim de comunicar para dentro...
É, EU ACHO QUE ESTA COISA ME FAZ IR MAIS PARA DENTRO DE MIM...
- Disseram-me que é por causa do Urano que tem a ver com o fluídico, se não me engano...(se alguém quiser investigar o Urano na comunicação “virtual”?)
Sem me importar com a forma e O ESTILO OU O CONTEÚDO. E claro que esta é uma impressão subjectiva e como é muito difícil “agradar a gregos e a troianos” e eu não quero agradar a ninguém, a melhor maneira é ser-se subjectivo ou intimista, segundo o meu ponto de vista e navegar dentro de mim mesma como quem percorre o Labirinto do seu próprio conhecimento e manifesta os seus sentimentos, preferências e emoções estéticas, e se as afinidades existirem aqui e ali que sejam electivas, e tanto melhor se a selecção for natural, sem ficar à espera de “votos” ou cumprimentos...Embora adore recebê-los.

É mais gratificante encontrar seres que viagem dentro de si através do espelho em que se reflectem, DE DENTRO PARA FORA do que num rosto ou numa imagem de mercado, modelos e estereótipos, e nas suas palavras o que sentem e ATÉ SE pode encontrar ECO neste pequeno cosmos da Internet? Digo Nos Blog’s? MELHOR ainda!

Nada me dá mais prazer do que os meus livros, de que não abdico e são eles a minha fonte ou o meu “diário intensivo”, mas agora descubro, aos poucos, outra forma de me interiorizar nos meus pensamentos, partilhando sem compromisso, sem imposição, com toda a liberdade de expressão o que me é caro e acho digno de crédito, mas não CONSIGO DEIXAR a METAFÍSICA ou DEIXAR de ser grave ou lá o que me queiram chamar. Será que isso não entra aqui?

Disseram-me para usar o estilo jornalístico, amigos queridos, mas eu sou sempre intimista, SEM REMÉDIO. Esta é a minha doença. Como a Pérola da ostra...

Sim penso: o que é que interessa às pessoas as minhas reflexões ou as minhas críticas?

Senão é SEXO, drama, COMÉDIA, intriga, POLÍTICA, guerra e CRIME? Para isso têm os jornais e revistas...

Ah! A ARTE...A pintura A LITERATURA, a música e DANÇA e o cinema, têm os seus próprios meios...

Alguém por aqui dizia e é verdade: “os críticos de arte só criticam os artistas” e como podiam criticar a Arte se são só críticos? digo eu...

Penso nos Média, em geral, prostituídos pela imagem ou notícia que vende e os interesses de propaganda dos próprios meios de comunicação, como a guerra de canais televisivos etc.- faz-se tudo para vender e vende-se a alma ao diabo! – em guetos de valores de Bordel...Isso eu não quero!

Dizer-se ou escrever-se o que agrada à multidão não é democracia, mas sacrificar os valores de exigência de uma ética superior do Ser Humano – não me confundam o “superior” com classes! - é ceder à facilidade e ao lugar comum e esse ao contrário do que se possa pensar é o princípio de uma nova alienação humana ou de um novo fascismo!

Mas como é que se escapa a tudo isto? Sim eu sou ingénua em acreditar que talvez aqui...Quem sabe, haja uma esperança de mais verdade... De se ser apenas como e quem se é e dizer-se o que se gosta!

QUEM SABE?

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Nota à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: ”fui eu?”
Deus sabe porque o escrevi.

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(...)
REGRESSO A MIM. Alguns anos andei viajando a colher maneiras de sentir. Agora, tendo visto tudo e sentido tudo, tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar, quanto possa e em tudo o que possa, para o progresso da civilização e alargamento da consciência da humanidade. Oxalá me não desvie disto o meu perigoso feitio demasiado multilateral, adaptável a tudo, sempre alheio a si-próprio e sem nexo dentro de si.

(...) Chamo insinceras às coisas feitas para fazer pasmar, e às coisas – repare nisto que é importante – que não contêm uma fundamental ideia metafísica, isto é uma noção de gravidade e do mistério da vida. Por isso é sério tudo o que pus sob os nomes de Caeiro, Reis, Álvaro de Campos. Em qualquer deste pus um profundo conceito de vida, diverso em todos os três, mas em todos GRAVEMENTE ATENTO À IMPORTÂNCIA MISTERIOSA DE EXISTIR.>



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(...)
E o que não sabes nem saberás nunca
É isso o mais real e o mais profundo.

Fernando Pessoa

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