O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 12, 2002



Luís Vaz de Camões é considerado o maior poeta português de todos os tempos. Em Os Lusiadas, poema heróico que o imortalizou, Camões exalta os Descobrimentos Portugueses, com base na viagem de Vasco da Gama à India.
Camões nasceu provavelmente em Lisboa, em 1524 ou 1525.
A primeira edição de "Os Lusiadas" é de 1572.

As Mulheres no Tempo de Camões

<CARTAS DE LISBOA (excerto)


(...)
Quanto é ao que toca a estoutras damas de aluguer, há muito que escrever delas. Alguns dirão que, como quer que nestas não há aí mais que pagar e andar, não pode haver engano. Neste jogo digo que é ao contrário, porque vereis estar um rosto que é a castidade de Lucrécia luxuriosa, uma testa de alabastro, uns olhos de mordifuge, um nariz de manteiga crua, uma boca de pucarinho de Extremoz; mas, o pueri, latet...E se vos disserem que estas pelam os que as têm, assentai que é fábula, porque eu vi muitos não ter nada de seu, e agora os vejo com mulas e cavalos.
De algumas conseguintes vossas amigas vos darei novas.
Maria Caldeira matou-a o marido. Grande perda pera o povo, porque reparava muitas orfãs e adubava os pagodes de Lisboa, afora outras obras de grandes respeitos. E, por que esta senhora não vivesse muito tempo no outro mundo só, se partiu pera lá Beatriz da Mota, vossa amiga.
Deste dilúvio houveram algumas destas damas medo e edificaram uma torre de Babilónia, onde se acolheram; e vos certifico que são já as línguas tantas, que cedo cairá, porque ali vereis Mouros, Judeus, Castelhanos, Leoneses, frades, cléricos, casados, moços e velhos.
(...)
E tudo o destas senhoras é brando, rostos novos e canos velhos. São boas pera ninfas de água, porque não deitam mais que a cabeça de fora.
A rezão por que se comem estas mais que as outras em Lisboa, é que, afora seus rostinhos, servem de foliões, que cantam e bailam tão bem que não hão enveja aos que El-Rei mandou chamar.
(...)

por Luís de Camões


Nota: eu fico por aqui sem perceber muito bem este português arcaico mas dá para ver como as mulheres eram tratadas no tempo de El-Rei. Entre "damas de aluguer" e as "barrigas de aluguer", não sei se evoluimos por aí além...


Sem comentários: