O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, agosto 24, 2002



AVÉ MARIA PARA O III MILÉNIO


Chama-me do futuro
Uma mulher de olhos mansos
Onde arde um fogo claro e baixo
-inextinguível como os tempos.



Apela
De dentro do seu silêncio antigo
Para essa face
(que sempre supus mais tenra)
No que agora eu sou



Do amanhã
Caminha até mim
A impugnar caducas rotas
Vencidas sendas
De um mundo a esboroar-se



Trajada de mistérios poderosa maga
Vetusta caminhante
Pelos troços do sigilo e da omissão
Viaja ora por alcançáveis horizontes
Iniciadora e sábia
Como as secretas vozes deslembradas
Ora remota e vaga
Logo
Cercana palpitante
No presságio
Da Vida por chegar



Vinda do futuro coberta pela aurora
Caminha
Coroada pelos sonhos das estrelas
Reveladora de indiscritíveis plenitudes
Acolhe no brando seio
Piedosa e alquímica
O tormentoso caudal de todos os meus prantos



Vem do futuro
Mas segue ainda pela orla dos finitos
Já impressora de desconhecidas ondas indeléveis cores
Na rota dos que ousam
recebê-la



Vacilo
Logo sou ela
Recuo
Já o não sou



Antiga companheira força latente
Amada mãe portadora da luz
Guardiã dos dias de ouro e de cristal
Anárquica regeneradora dos velhos caminhos
Madre excelsa mãe amantíssima
Fluxo rebelde cântico dos amanhãs
Desperta alba suave mensageira
Da mudança e do perdão
Porto de esperança útero original
Pátria dos poetas arcanjo das artes
Mãe da intrepidez padroeira dos audazes
Matriz do sonho
Fogo da terra barca divina
Dissipadora das trevas mãe corajosa
Vaga de clemência bálsamo dos párias
Rosa secreta estrela dos alvores
Princípio iniciático ao Sonho e aos arcanos
De todos
E por todos
Os saecula saeculorum...




Reinarás na Terra
Chamejante e pura
Pelo coração da liberta humanidade



Poema de MARIANA INVERNO - Janeiro de 1997


Fundadora do Projecto: “THE ART FOR ALL- PROJECT”

Sem comentários: