O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, novembro 27, 2002

ATENÇÃO

Estou sem Netcabo há três dias e três noites...

Vou estar ausente e em mudanças por dias indeterminados e espero voltar o mais breve possível...

Enquanto isso podem ler o meu artigo na revista:"Espaço & Design" "A Besta Ferida" ou o País das caricaturas...à venda nas bancas e Quiosques de Lisboa e Porto...
Não percam e não deixem de me visitar...

sábado, novembro 23, 2002

Tudo quanto é feio, destruído, todas as coisas gastas, velhas,
(...)
Maculam a tua imagem que engendra uma rosa no fundo do meu coração
.

Tão grande é a mácula das coisas torpes que não pode ser descrita;
A minha ânsia é tudo reconstruir e sentar-me num verde outeiro solitário,
Com a terra, o céu, a água renovados, como um cofre de ouro
Para os meus sonhos da tua imagem que floresce numa rosa tão profundamente no meu coração.


Yeats


MULHER VULCÃO

"Elle a une envie de femme. Envie de quoi ? Mais du Tout, du Grant Tout universel."


(…)

"A ce désir immense, profond, vaste comme une mer, elle succombe, elle sommeille. En ce moment, sans souvenir, sans haine ni pensé de vengeance, innocente malgré elle, elle dort sur la prairie, tout comme autre aurait fait, la brebis ou la colombe, descendue, épanouie, - je n’ose dire, amoureuse."



"Elle a dormi, elle a rêve…Le beau rêve ! Et comment le dire ? C’est que le monstre merveilleux de la vie universelle, chez elle s’était englouti ; que désormais vie et mort, tout tenait dans ses entrailles, et qu’au prix de tant de douleurs elle avait conçu la Nature."


In « LA SORCIÈRE » de Michelet



"A MÃO DE UMA AMA ASTRAL"


"QUANDO DURMO MUITOS SONHOS, VENHO PARA A RUA,
DE OLHOS ABERTOS, AINDA COM O RASTRO E A SEGURANÇA DELES.
E PASMO DO AUTOMATISMO MEU COM QUE OS OUTROS ME DESCONHECEM.
PORQUE ATRAVESSO A VIDA QUOTIDIANA SEM LARGAR A MÃO DE UMA AMA ASTRAL.
PORQUE MEUS PASSOS NA RUA VÃO CONCORDES
E CONSOANTES COM O OBSCUROS DESIGNIOS DA IMAGINAÇÃO DE DORMIR.
E NA RUA VOU CERTO; NÃO CAMBALEIO; RESPONDO BEM; EXISTO."



Fernando Pessoa -- Livro do Desassossego


sexta-feira, novembro 22, 2002



FOGOS...


"Partes? Partes?...Não, não te vais embora.
Retenho-te... nas minhas mãos deixaste a tua alma como se fosse um manto."


"Não cairei. Alcancei o centro. Escuto a pulsação de não sei que divino relógio através do fino invólucro carnal da vida plena de sangue, de sobressaltos e de suspiros. Estou perto do núcleo misterioso das coisas como, à noite, estamos às vezes perto de um coração."

Marguerite Yourcenar

A PALAVRA COMO DESTINO...

"A palavra também é destino, pois ela anuncia aquilo que foi decidido pelos poderes; além disso, a maldição e a benção dependem dos rituais mágicos que estão sob o domínio das mulheres. Aquilo que mais tarde passamos a chamar de poesia teve origem na fórmula dos sortilégios e nos cânticos mágicos que emergem espontaneamente das profundezas do inconsciente de onde trazem à tona suas formas características; seu próprio ritmo, além do vigor e da sensualidade peculiares de sua imagem"

(...)

in "A Grande Mãe"

(...)

"os colares de corolas várias
e fragrantes
em redor de um colo delicado;

as essências de ervas raras
e um perfume real
derramado sobre a pele;

o leito onde o desejo
profundamente apaziguavas
a meu lado..."


SAFO


A "divina beleza", que aqui nos aparece envolta em seda verde, ornamentada com prata, ouro e pedras preciosas, possui uma carga fortemente numinosa, e conduz o adepto a uma experiência do centro"(...)

in "AlQUIMIA DO AMOR" de Y.K.Centeno


ADMIRAÇÃO DO MACHO...

(...) "Quando vejo aquelas mulheres que pensam que emancipação significa a liberdade de serem tão ambiciosas e sedentas de poder como o mais macho dos homens, temo que as mulheres que se mantiveram intactas (autênticas) à sua maneira sejam postas em perigo por outras mulheres. É que já não se tratará apenas de se defenderem dos homens, como também daquelas mulheres que adoptaram a concepção masculina da liberdade. A “liberdade” de perseguir o poder para não terem de saber do medo torna-as cúmplices com o desprezo que os homens costumam ter pelo sexo feminino. Um Eu que foge do desamparo só até certo ponto pode aspirar a saber algo dos seus processos interiores. Não sabe lidar com os próprios horrores e inseguranças, só os pode negar pelo desprezo e pela perseguição da invulnerabilidade. Essa perseguição é evidentemente um esforço inútil para ambos, já que para os homens e as mulheres o desamparo espreita atras de cada esquina, justamente porque ela é temida. As suas consequências são paranóia, defesa, ameaças de guerra e a loucura da corrida aos armamentos.

A dependência da admiração, isto é, o sermos admirados, parece prometer a força desejada. O homem quer ser admirado pela sua “força”. E esse estado do ser admirado chama-se amor, embora ele tenda mais a asfixiar o amor autêntico. A maior parte das vezes não é essa a intenção consciente, mas isso não altera nada os resultados."

(...)

In “A TRAIÇÃO DO EU “ do autor do livro “A LOUCURA DA NORMALIDADE”

ARNO GRUEN – Professor e Psicanalista de origem alemã

“AS MULHERES PRECISAM DE SABER QUE SÃO CAPAZES DE PENSAR INTELI+GENTEMENTE E QUE PRECISAM DE TER CONSCIÊNCIA DISTO NESTE EXACTO MOMENTO.” Adrienne Rich

quinta-feira, novembro 21, 2002

RECAPITULANDO...



A CONSCIÊNCIA, O AUTÓMATO E O GATO...

(...)

"O ser humano ainda não iluminado pela sua consciência espiritual quanto aos valores reais ou relativos, deixa o seu mental apoiar os desejos instintivos do seu ser inferior, cujas exigências anárquicas criam tumultos de aceleração de impaciência, e de caprichos incoerentes.
Sofrendo dessas influências, o Autómato humano assemelha-se a certo tipos de animais. O cão treme de impaciência diante do osso avidamente desejado. A inconstância do macaco é típica pela sua dispersão de ideias. A agitação da mosca lança-a para a armadilha da aranha. A pressa é a preocupação da abelha pelo dever social; é também a inquietação da formiga que tem sempre qualquer coisa que fazer, mas que se precipita em voltas supérfluas, sabendo a direcção, mas não a maneira de contornar os obstáculos.

Ao contrário de outros animais que nos dão uma lição de mestria, sendo exemplo disso o gato cuja sabedoria é um modelo porque junta a maior paixão à mais indiferente calma.
Na sua imobilidade reflecte o seu salto, sempre exacto;
a força dos seus rins é proporcional ao relaxe do seu sono:
há no seu sono, o abandono da criança recém-nascida, enquanto que o seu instinto está sempre de vigília;
a sua leveza sem resistência torna a sua queda sem perigo;
Caça e luta são para ele alegria do jogo: ele caça sem ódio e joga sem finalidade;
constantemente pronto ao ataque sem animosidade, e pronto a defender-se sem apreensão:
vencedor indiferente, ele nunca é vencido.

A serenidade é o fruto da independência.
Cria em ti esta independência, que não é indiferença, mas neutralidade face às impressões recebidas do exterior: bonito e feio, bom e mau, alegre ou triste, agradável ou penível... Um a coisa é discernir as qualidades, outra é deixá-las afectar a nossa disposição."


(...)

A paz sobre esta Terra não pode ser a supressão das forças opostas,
mas a sua conciliação no interesse de um fim comum: a vida indestrutível


In « L’OUVERTURE DU CHEMIN » de ISHA s. DE LUBCZ

segunda-feira, novembro 18, 2002



TÉCNICA DE SEGUIR O ESPÍRITO

Começa por unificar os chakras e convida o ESPÍRITO a irradiar, desde o chakra do coração, para os chakras unificados. Agora imagina que estás no vestíbulo com várias portas. Uma delas tem um letreiro com a pergunta em questão. Determina que, atrás dessa porta, tu estás a viver a dita situação, plena e realmente. Na realidade atrás daquela porta, tu já aceitaste o trabalho xxx ou já te casaste com T... de tal forma que não podes retroceder. A coisa está a acontecer e é completamente real!
Agora, abre a porta.


"Agora, volta para o vestíbulo onde estavas no início e repara numa outra porta cujo letreiro diz: «Su-gestão do ESPÍRITO». Quando te aproximas desta porta, que pode estar a brilhar e a lançar chispas, sentes que, atrás dela, existe uma boa energia.
Então, talvez te apeteça abri-la e entrar.
Se a questão era encontrar uma parceria, poderás conhecê-la; talvez seja alguém que já conheces ou alguém estranho; se a questão era encontrar um trabalho ou uma casa, talvez te vejas desempenhando a função que te corresponde, no momento, ou a morar onde te convém, nesta fase da vida.
É claro que podes ficar surpreendido com o que vês, mas espera uns minutos para que essa informação «assente» dentro de ti... Então?... Como é que o teu corpo se sente agora, nestas novas condições?

Lembra-te de que a tua personalidade continuará a poder escolher; isso faz parte do «acordo». Porém, enquanto ESPÍRITO, a tua esperança é conseguir uma integração plena e total entre todas as partes envol-vidas na decisão. Todavia, isso deve ser acordado bilateralmente (entre o eu-espírito e o eu-ego) por for-ma a não parecer que uma parte usurpou o poder da outra."

(...)

SERAPHYS



O BA E O KA

«O MON COEUR DE MA MERE TU EST LE KA DE MES TRANSFORMATIONS»“

(...) O “eu” é o portador do nome que assiste, impotente, ao julgamento do seu coração. O Nome é o verbo aparente da personalidade humana terrestre; ele devia ser a expressão do seu Ka e da sua natureza, se ele estivesse correctamente atribuído. Ele é sempre a fórmula mágica que conserva a sua imagem na memória dos seres.
Ele é a veste do eu egoísta; é por isso, que quando este eu egoísta se apaga diante do homem consciente do seu fim altruísta, nós modificamos o seu nome para o pôr em harmonia com o seu Ser e a sua função verdadeira.
- Porquê que é que a alma - pássaro (BA) fica à parte na cena do julgamento?
- A alma divina é neutra, impassível e indiferente a esta história pessoal.
Se o homem não cultivou a afinidade do seu KA por esta alma, se ele não estabeleceu, por um apelo constante ao seu ser espiritual, a relação que é a sua consciência recíproca, a alma volta para a sua pátria, e o seu ser unificado não se poderá

realizar." In HER-BAK “Disciple”, de Schwaller de Lubicz.

A alma tem de se ligar ao Espírito, não só através da oração (o Nome verdadeiro), como dessa consciência recíproca.

"SAVOIR, VOULOIR,OSER, SE TAIRE ET AIMER... AIMER.... AIMER..."

"l'écho assourdi d'une symphonie oubliée résonne à nouveau en notre mémoire"

in "L'ENERGIE DES PYRAMIDES ET L'HOMME" - Étienne Guillé




UM MANUAL DE ASCENSÃO


Cada acção não amável ou daninha que este planeta viu ocorrer, sempre foi cometida por alguém que, de alguma forma, se sentia impotente; e quanto mais forte for o sentimento de impotência, maior será a falta de amabilidade ou o dano da acção.


Quando as coisas correm bem na tua vida, significa que o teu eu-espírito está a trabalhar através dos teus campos de energia; quando correm mal, continua a ser o trabalho do eu-espírito só que, neste caso, ele tenta chamar a atenção consciente da personalidade ou procura pô-la ao corrente de algo importante.


SERAPHYS


"LA TENDRESSE HUMAINE
NE PEUT S' EXPRIMER QUE PAR UN SEUL GESTE:
CELUI D'OUVRIR ET DE REFERMER LES BRAS"



"Numa acepção pagã, que valoriza de forma diferente a noção de pureza, não a opondo ao amor carnal, mas sim associando-a a ele, a pomba, ave de Afrodite, representa a realização amorosa que o amante oferece ao objecto do seu desejo.

Estas acecpções, que não divergem senão na aparência, fazem com que ela represente muitas vezes aquilo que o ser humano contém de imperecível, isto é, o princípio vital a alma"

in Dicionário de Símbolos



SEGREDOS DO DESTINO



Mais alto!

Segue a terna pomba
Que te chama
Aos espaços siderais

Na noite do inconsciente
Anjos velam
Pela estrela que te guia

Mais alto
Sempre mais alto!

Vencer a solidão gelada dos abismos
Subir entre nuvens inquietas
A dança rítmica dos astros
Subir mais alto
Ascender
Na insondável imensidão
Da tua alma

Nos largos voos
Habitam
Os segredos do destino


MARIANA INVERNO




AS DUAS MULHERES - LILITH E EVA


“A guerra entre Eva e Lilith alastra-se e atinge outro nível.
Eva pode ter suas necessidades satisfeitas numa relação. Lilith não pode. Ela tem de fugir. Ela não aceita a dependência nem a submissão. Ela não será acorrentada nem enjaulada. Ela precisa de ser livre, mover-se e mudar. Ela é o aspecto do ego feminino individualizado que só pode desenvolver-se no deserto, sem relacionamentos, sem eros e sem filhos.” (...)


NOTA À MARGEM

Ambos estes aspectos da Mulher cindida em duas pela sociedade patriarcal, lutam e tem ciúmes entre si nas situações opostas que ocupam na sociedade, agravando essa separação e criando antagonismos perniciosos para a própria mulher em si que se não concebe ou vê inteira, como se a mulher se dividisse em duas e cada uma para seu lado, eternas inimigas uma da outra, uma pomba, outra serpente, uma imaculada e esposa e santa e a outra desgraçada, prostituta e marginalizada ...
Na realidade o inconcebível, haver dois tipos de mulher e inimigas uma da outra...
Tudo porque Deus criou a Mulher e o homem criou a p...


Acabar com essa cisão pela integração das duas (três) mulheres, na mulher livre e consciente que sabe que ela é uma só e a sua natureza é una e reune tosdos os aspectos da sua feminilidade essencial, sem negar parte nenhuma do seu ser.

Só essa mulher integrada será livre e amante e capaz de assegurar um mundo diferente do que vivemos hoje
.

RECORDA-TE...

“Houve um tempo em que não eras escrava, lembra-te disso. Caminhavas sozinha, alegre, e banhavas-te com o ventre nu. Dizes que perdeste toda e qualquer lembrança disso, recorda-te...Dizes que não palavras para descrevê-lo, dizes que isso não existe. Mas lembra-te. Faze um esforço e recorda-te. Ou. Se não o conseguires, inventa.“

Excertos de “O Livro de Lilith” – Bárbara Black Koltuv
(Cultrix)

domingo, novembro 17, 2002

"de noite ponha-me numa redoma..."



"Não tenho medo nenhum dos tigres, mas tenho horror das correntes de ar. Por acaso, não tem um biombo?"
("Diz a Rosa, os dois dizeres, ao Principezinho")

"Alguns usaram as pombas de Diana para preparar a
água, labor tedioso,
e, para descobrí-lo correctamente, um raro artista
pode errar duas vezes em cada;
o outro modo sumamente secreto
recomendamo-lo a todos os que intentam ser artistas"


in "A GRANDE OBRA ALQUÍMICA"
(comprado este sábado na feira do livro na rua Nova do Almada mesmo junto ao Chiado)



"ROSA ALQUÍMICA"


PARA ALCANÇARES O QUE NÃO SABES
TENS QUE SEGUIR O CAMINHO DA IGNORANCIA.
PARA POSSUIRES O QUE NÃO POSSUIS
TENS QUE SEGUIR O CAMINHO DA RENÚNCIA.
PARA SERES O QUE NÃO ÉS
TENS QUE SEGUIR UM CAMINHO QUE NÃO É O TEU.
E APENAS SABES O QUE NÃO SABES
TENS O QUE TENS
E ESTÁS ONDE NÃO ESTÁS.


T.S.ELIOT


"Abençoado e feliz aquele queconhece
os mistérios das "deusas" e celebra nas montanhas orgias e purificações sagradas:
tem vida santa e pura na alma"


Eurípedes

Nota:
Cometi a ousadia de substituir o nome de "deuses" pelo de deusas no texto original por saber que era às deusas e sacerdotisas a quem competia de direito essas orgias de purificação sendo elas as detentoras dos mistérios da mais remota antiguidade...


...”aquele que coloca o seu coração num só lugar merece o favor do Deus dos Amores”



“seria pior do que a morte se qualquer um pudesse privar-me eternamente da esperança de colher para sempre a minha rosa”.

Tendo compreendido com o coração a “Arte do Amor”, escolherá o regresso ao seu planeta, pois “é loucura não reunir todo o (seu) ser à volta d’Ela”.

YVES MONIN
In "O ESOTERISMO DO PRINCIPEZINHO" (de Antoine Saint-Exupery)



sábado, novembro 16, 2002

"Uma ilha, com efeito, se encontrava diante
do estreito que vós chamais as colunas de Hércules.
Esta ilha era maior do que a Líbia e a Ásia juntas;
daí era possível aos navegadores de antigamente
a passagem para outras ilhas, e, dessas ilhas
para todo o continente situado em frente delas
o que rodeia esse mar longínguo, o verdadeiro mar"


Platão ("Timeu")

PORTUGAL



ALMAS ERRANTES...

ANTÓNIO HOUAISS

O MAIOR FILÓLOGO DO SÉCULO XX

De ascendência árabe filho de libaneses imigrados no Brasil, nasce no Rio de Janeiro em 1915. Com apenas 16 anos começa a dar aulas de português...
Morreu em 1999, com 83 anos sem ter assistido ao culminar do seu sonho:


ESCREVER O MAIS COMPLETO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA

SUA DEFINIÇÃO DE SAUDADE: "SENTIMENTO MAIS OU MENOS MELANCÓLICO DE INCOMPLETUDE"

"O Império dessa língua portuguesa que Pessoa, no prefácio referido a Alma Errante, designa como "uma das mais completas, subtis e opulentas línguas do mundo", tem que primar sobre o da raça cuja alma apresenta como "incoordenada e difusa", tal como se manifesta na sua literatura."

De mim mesmo viandante
Olhos as músicas na aragem,
E a minha mesma alma errante
É uma canção de viagem
.
(...)
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?




Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué para o sol e eu acordarei;
E então será o dia.


FERNANDO PESSOA

EU TENHO SAUDADES DE UM PORTUGAL VERDADEIRO e do seu Mar... de um país centro de cada um de nós, esquecido em lutas mesquinhas e vãs...

"No centro do nosso país, a escolha das grutas naturais ou a construção das artificiais e das tholoi, teria pertencido ao sacerdócio de então, como detentor do conhecimento das correntes da energia telúrico-cósmicas atravessando o nosso solo e os pontos de seu cruzamento, como pontos máximos de sua concentração. Rede de correntes telúricas, por ela ligadas aquelas mais vastas e circundantes da rede cósmica: ou como sua projecção na terra. Seria o conhecimento desta estrutura energética, que teria marcado a nossa geografia sagrada.
Assim, nesta imortalidade telúrica e celeste, doada pala deusa-lua, fazendo-se no devir e ultrapassando-o através da sua dor e alegria, assumindo a terra e sublimando-a no céu, tentemos vislumbrar algo das origens da saudade.
(...)
Pareceu-nos que, tendo a saudade sua existência peculiar neste território e humanidade galaico-português, e sendo dele herdado, suas raízes afundariam na mais funda essência sagrada desse território e humanidade, como sua religião primeva;" (...)


in "DA SERPENTE À IMACULADA” – Dalila L.Pereira da Costa


MULHER COM GARRAS

"É típico que as mulheres tenham medo de deixar morrer a vida confortável demais, segura demais. Às vezes a mulher se diliciou com a protecção da mãe-boa-demais, e por isso deseja continuar ad infinitum. Ela precisa estar disposta a sentir alguma ansiedade ocasional, ou então seria melhor que permanecesse no ninho.

Pode ocorrer que uma mulher tenha medo de não ter segurança ou certeza mesmo por um curto periodo de tempo. Ela apresenta desculpas em quantidade maior do que a dos pelos de um cachorro. Ela só precisa de mergulhar e ficar sem saber o que vem depois.É a única atitude que irá recuperar sua natureza intuitiva. Às vezes, a mulher está enredada sendo a mãe-boa-demais de outros adultos que se grudam às suas tetas e não pretendem deixar que ela os abandone. Nesse caso, a mulher tem de afastá-los com um coice e continuar assim mesmo."

(...)

"Há uma mãe selvagem à espera para nos ensinar."

“MULHERES CORRENDO COM OS LOBOS”
DE CLARISSA PINKOLA ESTÉS


O AMANTE INVISÍVEL

Quero suprimir o tempo e o espaço
A fim de me encontrar sem limites unido ao teu ser,
Quero que Deus aniquile minha forma atual e me faça voltar a ti,
Quero circular no teu corpo com a velocidade da hóstia,
Quero penetrar nas tuas entranhas
A fim de ter um conhecimento de ti que nem tu mesma possuis,
Quero navegar nas tuas artérias e confabular com teu sangue,
Quero levantar tua pálpebra e espiar tua pupila quando acordares,
Quero baixar a nuvem para que teu sono seja calmo,
Quero ser expelido pela tua saliva,
Quero me estorcer nos teus braços
Quando os fundamentos da terra se abalarem nos teus pesadelos,
Quero escrever a biografia de todos os átomos do teu corpo,
Quero combinar os sons
Para que a música da maior ternura embale teus ouvidos,
Quero mandar teu nome nas flechas dos ventos
Para que outros povos te conheçam do outro lado do mar,
Quero forçar teu pensamento a pensar em mim,
Quero desenhar diante de teus olhos
O Alfa e Ômega nos teus instantes de dúvida,
Quero subir em ramagem pelas tuas pernas,
Quero me enrolar em serpente no teu pescoço,
Quero ser acariciado em pedra pelas tuas mãos,
Quero me dissolver em perfume nas tuas narinas,
Quero me transformar em ti.


(Murilo Mendes: A Poesia em Pânico. 1936-1937)

Roubado do SUBROSA

sexta-feira, novembro 15, 2002



AS TRÊS MULHERES...

(…)
Nas culturas celtas, a jovem donzela era vista como a flor; a mãe, o fruto, e a mulher mais velha, a semente. A semente é a parte que contém o conhecimento e o potencial de todas as outras partes de si. O papel da mulher pós-menopáusica é voltar a semear toda a comunidade com a sua semente concentrada de verdade e sabedoria. Em algumas culturas nativas, considerava-se que as mulheres na menopausa retinham o “sangue da sabedoria”, em vez de o expelir ciclicamente, e eram portanto consoderadas mais poderosas que as mulheres que menstruavam. Nessas culturas, uma mulher não podia ser “xamã” até ter ultrapassado a menopausa.

A SABEDORIA DA MENOPAUSA

A “menopausa”, observa Slayton, “quando compreendida e apoiada, fornece às mulheres o nível seguinte de iniciação ao poder pessoal. Como parte do tabu menstrual que ainda perdura na nossa cultura, a voz da mulher menopáusica é temida e negada. Foi tornada invisível ou encorajada a permanecer jovem para sempre através da terapia de substituição hormonal, ou outra intervenção médica. Esta alienação cultural de um rito de passagem vital faz com que as mulheres mais velhas se sintam inúteis, isoladas e impotentes”
(...)
Quando uma mulher compreende que o verdadeiro significado da menopausa foi invertido e degradado, como muitos outros processos do corpo da mulher, consegue fazer o seu caminho durante o resto da vida, fortificada com objectivos e discernimento.

In“CORPO DE MULHER SABEDORIA DE MULHER” de Christiane Northrup


Yin e o Yang

“Quando as energias deixam de estar representadas ou de serem canais ”apropriados”, o cerne andrógino que todos nós seres humanos pssuímos poderá vir à tona e proporcionar-nos uma nova desenvoltura de estar no mundo e de estar connosco mesmos.

A transferência de energia entre as constelações de contrários – seja entre o racional e o mitológico, o ego e o animus-anima, o Yin e o Yang, ou qualquer que seja a designação que usarmos para as energias Feminina e Masculina _ ou seja, deslocamento de energias outrora consideradas separada, irá ocorrer tão ràpidamente, tão suavemente, que a oscilaçao será pràticamente indiscernível. Teremos uma situação dinâmicano microcosmos, e as energias irão impulsionar activamente o organismo humano.

Porém, visto da perspectiva do ser humano como um macrocosmos, haverá uma aparência de equilíbrio. Sem qualquer sentimento de disjunção, podemos ser ao mesmo tempo ternos e firmes, flexíveis e fortes, ambíguos e precisos, capazes de acalentar e de orientar, de doar e de receber. (...)

Numa interacção andrógina, o indivíduo está ciente do funcionamento simultâneo do aspecto intuitivo (pelo qual é capaz de de apreender conjuntos inteiros) e do aspecto sensível (em que cada diminuto elemento de uma situação é vista em sua relação com a totalidade)”.



in “ Androgina: Rumo a uma Nova teoria da Sexualidade”


ANDROGINIA

(...)

“Na realidade actual, diante da desintegração dos antigos costumes, inúmeras pessoas se encontram num estado menos de fusão do que de confusão. Com o colapso dos modelos sexuais tradicionais, as pessoas ficaram livres para experiências; diversas vezes, porém, acabam se vendo em grandes dificuldades e buscam ajuda para sair do emaranhado labirinto do sexo e da alma. Muitas das que pretendem estar confortàvelmente instaladas nos papéis heterossexuais convencionais, na realidade não estão. Há muita confusão em torno de quem pertence a qual categoria sexual.

Uma das questões mais cruciais que qualquer nova teoria da sexualidade deve enfrentar são os rótulos geralmente aplicados à sexualidade – a heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade – e o significado relativo destes termos. Apresento isso como uma única questão; e não como três questões distintas, porque na minha prática analítica é assim que ela, via de regra, aparece ainda que embrenhada em complicações. A maioria das pessoas está convencida de que “pertence” a uma destas três categorias, de que são de natureza heter. Homo. Ou bissex., E de que têm de aceitar o que são. Ou caso não consigam se aceitar como membros de uma categoria fixa, atribuem-se a tarefa de se modificarem para que possam se enquadrar numa delas.”


(...)
“ANDROGINIA – RUMO A UMA NOVA TEORIA DA SEXUALIDADE” de June Singer (Cultrix)

quinta-feira, novembro 14, 2002

"preparamos o terreno para o edifício novo"



“É por isso que, sabendo nós que, actualmente, o cristianismo é o velho, o decadente, a esterilidade e o inútil – nós, conquanto não saibamos claramente, nem nitidamente prevejamos o que se lhe seguirá, temos ainda assim a consciência de que , atacando-o trabalhamos pela nova fé; (...) preparamos o terreno para o edifício novo; que, arrancando as plantas que degeneram em bravias, nós deixamos o lugar livre para a semente que germinará em planta, para no fim, degenerar também em bravia (...), e ser arrancada por outros, para que outras plantas novas nasçam, e assim indefinidamente e incompreensivelmente no suceder-se dos séculos, e em favor do mystério infinito.”

iN "Pessoa por conhecer - Roteiro para uma Expedição" de Teresa Rita Lopes

FERNANDO PESSOA


"A GRANDE MÃE"

"A mulher, mais do que o homem, é capaz de prever o curso dos factos e de dar conselhos, no sentido de harmonizar a conduta humanar com o destino.Essa é a razão da sua invulnerabilidade e da sua santidade sacerdotal, como pode ser provado entre os címbrios. É desnecessário repetir as palavras céleres de Tácito sobre o sanctum et providum das mulheres germânicas... Essa postura foi mantida no norte até o cristianismo começar a perseguição às videntes, por considerá-las feiticeiras..."

E.Neumann




A chaga de Ártemis

“A chaga de Ártemis envolve a solidão de ser relegada, psicológica e às vezes literalmente, as margens da sociedade. Seu amor ardente pela liberdade e a sua atitude mental independente tendem a tornar particularmente difícil os estilos de mãe, esposa ou profissional, que pertencem a Deméter, a Hera e a Atena. Na realidade, ela muitas vezes sentirá desprezo por valores e formas da sociedade convencional. E se sentirá magoada pelo facto de o patriarcado nunca ter conseguido conter a ferocidade de seu espírito ou reconhecer plenamente os seus dotes de mulher. “ (...)

in “A DEUSA INTERIOR” de JenniferBarker W. E Roger J. Woolger





A SAUDADE
(...)
“A saudade pertencendo ao caminho da Lua, sua salvação é dada no mundo sublunar da transformação, do retorno cíclico da terra ao céu e do céu à terra, através da encarnação e reminiscências; tal ainda aquele regido e simbolizado pela serpente e pela espiral, (...)
Toda a estrutura da saudade pertencerá à metafísica lunar: como nesta, a sua ideia central é a do ritmo, na sucessão e união de contrários através do devir, por um dualismo solucionado numa integração final.
(...)

Dalila L. Pereira da Costa, no seu livro “DA SERPENTE Á IMACULADA”

quarta-feira, novembro 13, 2002




Q U A S E

Um pouco mais de sol – eu era brasa.
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém....

Assombro ou paz? Em vão...Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor – quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim – quase a expansão...
Mas na minh’alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... –
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol – vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...


..........................................................
..........................................................

Um pouco mais de sol – e fora brasa,
Um pouco mais de azul – e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
Paris, 13 de Maio de 1913




Em outro mundo, onde a vontade é lei,
Livremente escolhi aquela vida
Com que primeiro neste mundo entrei.
Livre, a ela fiquei preso e eu a paguei
Com o preço das vidas subsequentes
De que ela é causa, o deus; e esses entes,
Por ser quem fui, serão o que serei.

Porque pesa em meu corpo e minha mente
Esta miséria de sofrer? Não foi
Minha a culpa e a razão do que me dói.

Não tenho hoje memória, neste sonho
Que sou de mim, de quanto quis ser eu.
Nada de nada surge do medonho
Abismo de quem sou em Deus, do meu
Ser anterior, a me dizer
Quem sou, esse que fui quando no céu,
Ou o que chamam céu, pude querer.

Sou entre mim e mim o intervalo-
Eu, o que uso esta forma definida
De onde para outra ulterior resvalo.
Em outro mundo

.
FERNANDO PESSOA -- Poesias inéditas


segunda-feira, novembro 11, 2002




A HISTÓRIA DA ROSA ...

"Sei da história de uma rosa. Parece-te estranho falar em rosas quando estou ocupada com bichos? Mas ela agiu de um modo tal que lembra os mistérios animais. De dois em dois dias eu comprava uma rosa e colocava-a na água dentro de uma jarra estreita para abrigar o longo talo de uma só flor. De dois em dois dias a rosa murchava e eu a trocava por outra. Até que houve determinada rosa. Cor-de-rosa sem corantes nem enxertos porém do mais vivo rosa pela natureza mesmo. Sua beleza alargava o coração em amplidões. Parecia tão orgulhosa da turgidez de sua corola toda aberta e das próprias pétalas que era com uma altivez que se mantinha quase etecta. Porque não ficava totalmente erecta: com graciosidade inclinava-se sobre o talo que era fino e quebradiço. Uma relação íntima se estabeleceu intensamente entre mim e a flor: eu a admirava e ela parecia sentir-se admirada.



E tão gloriosa ficou na sua assombração e com tanto amor era observada que se passavam os dias e ela não murchava: continuava de colrola toda aberta e túmida, fresca como flor nascida. Durou em beleza e vida uma semana inteira. Só então começou a dar mostras de algum cansaço. Depois morreu. Foi com relutância que a troquei por outra. E nunca a esqueci.



O estranho é que a empregada perguntou-me um dia à queima-roupa : "e aquela rosa?" Nem perguntei qual. Sabia. Esta rosa que viveu por amor longamente dado era lembrada porque mulher vira o modo como eu olhava a flor e transmitia-lhe em ondas a minha energia. Inteuira cegamenteque algo que se passara entre mim e a rosa. Esta - deu-me vontade de chamá-la de "jóia da minha vida", pois chamo muito as coisas - tinha tanto instinto de natureza que eu e ela tínhamos podido nos viver uma a outra profundamente como só acontece entre o bicho e o ser humano. "


"ÁGUA VIVA" de clarisse lispector




O FEMININO ESSENCIAL

Estarão as mulheres preparadas para fazer emergir de si o feminino?
Estarão elas preparadas para dar ao tempo uma alma nova
soluções novas para os novos problemas, estarão elas capazes de despertar o feminino no homem
sem o castrar?
Estarão elas capazes de perdoar?


É o lado terrífico da Grande Mãe que vão integrar,
um passado de memorização que vão vingar?
Ou a salvadora, a que perdoa e compreende, a que sabe
que sempre a mulher é o futuro do homem
e o homem o futuro da mulher,
quando cada um deles se esgotar, quando perdidos um do outro
se esquecerem da completude do par.


Quem é a mulher de hoje? Será que sabe o que já foi?
Aquilo que é ou pode vir a ser?
Será que a mulher sabe e aceita o útero como matriz da vida,
princípio que lhe dá forma, alma, razão de ser?


(...)

in OS PORTAIS DO TEMPO

DE aNTÓNIA DE sOUSA

PUBICADO POR: "THE ART FOR ALL - PROJECT"

sábado, novembro 09, 2002



Toda la realidad me mira como un girasol con la cara de ella en el medio

El amor es una compañía

" El amor es una compañía, ya no sé andar solo por los caminos,
porque ya no puedo andar solo.
Un pensamiento visible me hace andar más a prisa y ver menos,
y al mismo tiempo gustar de ir viendo todo.
Aun la ausencia de ella es una cosa que está conmigo,
y yo gusto tanto de ella que no sé cómo desearla.
Si no la veo, la imagino y soy fuerte como los arboles altos,
pero si la veo tiemblo, no sé qué se ha hecho de lo que siento en ausencia de ella.
Todo yo soy cualquier fuerza que me abandona.
Toda la realidad me mira como un girasol con la cara de ella en el medio. "


FERNANDO PESSOA




OS PORTAIS DE TEMPO

De novo o mistério em mim a acontecer,
muita coisa pensara já,
muita coisa nova estou agora a pensar,
a descobrir pensando
o fio de Ariadne a indicar-me o caminho,
que tenho de humildemente seguir.


DE aNTÓNIA DE sOUSA

"THE ART FOR ALL - PROJECT"



Anarquísmo

" La noche y el caos forman parte de mi.
Me remonto al silencio de las estrellas.
Soy el efecto de una causa del tiempo,
del Universo [quizás lo excedo].
Para encontrarme, debo buscarme entre las flores,
los pájaros, los campos y las ciudades,
en los actos, las palabras y los pensamientos de los hombres,
en la noche del sol y las ruinas olvidadas de mundos hoy desaparecidos.
Cuanto más crezco, menos soy.
Cuando más me encuentro, más me pierdo.
Cuanto más me pruebo, más veo que soy flor
y pájaro y estrella y universo.
Cuanto más me defino, menos límites tengo.
Lo desbordo todo. En el fondo soy lo mismo que Dios.
Mi presencia actual contiene las edades anteriores a la vida,
los tiempos más viejos que la tierra,
los huecos del espacio antes de que el mundo fuera. "


Fernando Pessoa



ELA É O CENTRO DA MAGIA...

"Ela é o centro da magia, do cântico mágico
e enfim da poesia,
pois a situação extática da vidente
resulta de ela ser dominada por um espírito que irrompe dentro dela,
o qual se pronuncia a partir dela , ou melhor, que nela se denuncia e
se manifesta, em forma de invocação rítmica e intensa.
Ela é a fonte de onde Odin obteve as runas da sabedoria, bem como a Musa,
a origem das palavras que fluem do âmago do poeta e sua anima inspiradora."


in "A GRANDE MÃE"

sexta-feira, novembro 08, 2002


"LA BELLEZA NO ESTÁ EN EL ROSTRO;
LA BELLEZA ES UNA LUZ EN EL CORAZÓN."


KHALIL GIBRAN



MANUAL DE ASCENÇÃO

"O ESPÍRITO é uno mas parece individualizar-se para poder executar uma função específica, por exemplo: tu. Ele opera através de um pequeno ponto, de um foco específico da tua consciência que está con-centrado no interior do teu corpo físico. Isto é aquilo que se conhece a si mesmo como o «tu», como a tua personalidade, e é aquilo a que chamo o «eu-ego».

O teu eu-ego é, evidentemente, uma manifestação do teu eu-espírito, mas possui uma característica particular, própria de todos os eu-ego: desconhece que pertence ao ESPÍRITO. Quero dizer, desconhecia até agora!
Não uso, é claro, o termo «eu-ego» para te diminuir, mas para desviar a tua atenção dessa parte de ti, que olha para fora, e reorientá-la para àquilo que, na verdade, és: um ponto focal que olha para dentro desde o interior do teu eu-espírito.
Isto, por sua vez, é a função do ESPÍRITO. Por outras palavras, tu és o ESPÍRITO em acção."


(...)
"A criação da realidade funciona nos dois sentidos:
Se desejas atrair para ti uma determinada situação agradável, podes conceber a matriz dela e, depois, verificar como se projecta no plano físico sob a forma de acontecimentos que podes experimentar; se desejas livrar-te de uma situação desagradável... e lhe resistes em vez de visualizares um «quadro» dife-rente, estás a cometer um erro triplo: reforças a matriz, fortaleces o mecanismo de projecção e perpetu-as a situação indesejada. Bom, e se a coisa chegar à doença, também podes usar a visualização para «re-parar» a matriz do órgão afectado e recuperar a saúde!"


Excertos



A INICIAÇÃO E O INICIADO

"Sabemos que a força de nosso Espírito é constituída pela sensações, sentimentos ou consentimentos que Ele próprio produz, agindo sobre os centros impulsivos. É por essa razão que o Espírito nunca se enganará quanto à causa real de nossas impressões. O que pode ocorrer é que os impulsos instintivos, por sua grandiosidade, podem nos bloquear a verdadeira Vontade, tornando-nos escravos. Mas, se pararmos um pouco, apenas o suficiente para ouvir o Espírito, lá, interiormente, ouviremos a Razão Inteligente, nos avisando dos perigos, ou até mesmo falando sobre nossa animalidade. Aí estaria o pensamento, que é a faculdade que tem a Vontade de se representar em idéias, pelo movimento que imprime aos nossos centros impulsivos, e de agrupá-los à Vontade pelo exercício das faculdades particulares do Espírito Consciente.




Na Verdade, o Espírito humano reside, essencialmente, em sua totalidade, na faculdade de pensar. Sentir e ordenar o pensamento ao organismo são modalidades requeridas por sua presença no plano material, que desenvolverá o Plano Astral.

Podemos, agora, perceber quanta Força é desprendida durante o nosso pensar, e a fragilidade ou vulnerabilidade a que nos expomos pensar, desse pensar, apenas produzimos palavras vãs, sem qualquer realização. É ai que está o que comumente chamamos de Verbo Divino. Movimentamos todos os planos, Material e Astral, sem nada produzir ou realizar, a não ser o total desperdício de energias."


EMPORIO WICCA

quinta-feira, novembro 07, 2002

"This I know: Whether the one True Light
Kindle to Love, or Wrath consume me quite,
One Glimpse of It within the Tavern caught
Better than in the Temple lost outright."





OS JARDINS DA ALMA...

El espíritu se propaga,
vive en la piel,
dibuja rostros,
es el color de la sombra
y una voz opaca,
la pulpa de la uva y el placer en los labios,
se desprende de tus dedos
para ejercer tu sueño
en un gesto infinito,
imperturbable.

Lleva un nombre de arena
escrito en los pliegues de la luz
y un desnudo latido de sangre.


Carles Duarte



MYRIAM


Esperei tanto por ti, sonhei-te na noite passada.
Sonhei que vinhas e o teu perfume me inebriava.
Abraçavas-me e sorrias com uma terna malícia
Que só em sonhos antevejo e o meu coração
Rejubilava na delícia das tuas mãos...

Era duende ou fada quem comigo brincava?

E falavas de um antigo pacto, de um país de maravilhas.
E que dele me trazias as memórias e fragâncias,
As essências e mirra e o teu nome era Míriam e rias
De malícia como de ti me lembro, já me recordo, vês...
Eras tu afinal, não era sonho...

Não foi em vão que enlouqueci de tanto esperar por ti
Tu vieste e, mais do que sonho, sou eu própria a sonhar
Com o teu sonho ou ideia, que importa?
És tu e sou eu e és bem real dentro de mim!


Rosa Leonor Pedro



A ROSA AZUL DO MAR...

ROSA
(de 29/8 a 23/9 )


"Na Atlântida, a rosa era o símbolo da
intensidade e do prazer de viver.
Assim, as pessoas que nascem sob o signo de
Rosa são ternas, afetuosas,
verdadeiras e intensas. Buscam a plenitude
em tudo o que fazem e jamais
fogem dos desafios, pois sentem uma profunda
alegria em vencer os
obstáculos. Sabem extrair o melhor de cada
experiência e jamais perdem
tempo lamentando ou reclamando de alguma
coisa. Apreciam elogios, mas não
fazem nada para se sobressair. Generosas,
gostam de fazer os outros felizes
e ficam na expectativa de colher amor e
gratidão.


quarta-feira, novembro 06, 2002



APETECE-ME O MAR...

A IMPOTÊNCIA DO POETA...

"Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvajaria ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova personalidade vasta aos grandes espaços da matéria viva.

Mas recolho-me e abrando. "Sou do tamanho do que vejo!" e a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer."


LIVRO DO DESASSOSSEGO

PORTUGAL NAS BRUMAS DE SI PRÓPRIO...

"Não sei que diga. Pertenço à raça dos navegadores e dos creadores de impérios. A falar como sou, não serei entendido, porque não tenho portuguezes que me escutem. Não falamos, eu e os meus compatriotas, uma linguagem comum. Calo. Falar seria não me compreenderem. Prefiro a incompreensão pelo silêncio."

Tanta grandeza em si mesma é morta!
Tanta nobreza inútil de ânsia e dor!
Nem se ergue a mão para a fechada porta,
Nem o submisso olhar para o amor!


Fernando Pessoa




"L' INITIATION EST UNE NAISSANCE SACRÉE DESTINÉE À PLACER L' ÂME DANS LA DIVINITÉ"


MANUAL DE ASCENÇÃO


O grande mito do amor consiste em que estás convencido de que podes amar alguém, alguma coisa, ou pelo menos, a ti mesmo.
Ninguém pode amar outro; tu não podes amar-te a ti mesmo, nem amar outras pessoas!
Sabes porquê? - Porque o amor não é um «fazer» mas um «permitir ser»!



A energia a partir da qual o Universo está construído possui, em si mesma, uma qualidade: um deleite de ser. Trata-se da aceitação do direito de todas as coisas serem o que são, da alegria da expressão de todas as coisas, à medida que desfrutam do seu direito de ser.
Todos os seres provêm da Fonte e, por isso, têm o direito divino de expressar a sua divindade, tal como todos os seres têm o direito de desfrutar das expressões dos demais. Assim é porque, na verdade, todos são um só... ainda que engenhosamente disfarçados para darem a sensação de estarem separados. Aceita-res esta satisfação de te exprimires, assim como o deleite de ver os outros a fazerem o mesmo, é uma experiência maravilhosa, e que constitui aquilo a que eu chamo «amor».
No entanto, não se pode «fazer» satisfação ou deleite; só se pode permitir que assim seja e deixar que isso inunde o ser completamente, como qualquer outra emoção. E, de facto, esta emoção não está condicionada por aquilo que o outro ser possa fazer; baseia-se em conhecer e experimentar a divindade que há nele.



SERAPHYS

A VOZ DO SILÊNCIO

"SE queres colher a suave paz e descanço, discípulo, semeia as sementes do mérito nos campos das colheitas futuras. Aceita as dores de nascença.
Afasta-te da luz do sol para a sombra, para dares mais espaço aos outros. As lágrimas que regam o solo árido da dor e da tristeza fazem nascer as flores e os frutos da retribuição cármica. Da fornalha da vida humana e do seu fumo denso, saltam chamas aladas, chamas purificadas, que, erguendo-se alto, sob o olhar cármico, tecem por fim o tecido glorioso das vestes do Caminho."
(...)


HELENA BLAVATSKY -- TRADUÇÃO E NOTAS DE fERNANDO pESSOA

terça-feira, novembro 05, 2002



UMA RECEITA DE ALQUÍMICA DE SOLUCIO


Dissolve então sol e lua em nossa água solvente, que é familiar e amigável,
cuja natureza mais se aproxima deles,
como se fosse um útero, uma mãe, uma matriz, o princípio e o fim de sua vida.
E esta é a própria razão pela qual eles são melhorados ou corrigidos nesta água,
porque o semelhante se rejubila no semelhante...
Assim, convém te unires aos consaguínios ou aos da tua espécie...
E como o sol e a lua têm sua origem nesta água, sua mãe, é necessário, portanto, que nela voltem a entrar,
isto é, no útero de sua mãe, para que possam ser regenerados ou nascer de novo, e com mais saúde,
mais nobreza e mais força.


O NEÓFITO e o Andrógino


"O neófito tem mais chances de alcançar um determinado modo de ser - por exemplo, tornar-se homem ou mulher - se antes se tornar simbòlicamente uma totalidade. Para o raciocínio mítico, um modo particular de ser é necessáriamente precedido de um modo TOTAL de ser. O andrógino é considerado superior aos dois sexos justamente porque encarna a totalidade e , portanto a perfeição."

M.Eliade
"NOS TEUS BRAÇOS ADORMEÇO SÉCULOS E ACORDO VIDAS..."

Anónimo do sec.XIII



APOIO OS LÁBIOS DOCEMENTE
NO TEU OMBRO
E COMEÇO A LAMBER O TEU CHEIRO,
COMO UMA CRIA,
NO SENTIDO CIRCULAR DA LUA


M. Teresa Horta


FESTEJEMOS...


Bocas roxas de vinho,
Testas brancas sob rosas,
Nus, brancos antebraços
Deixados sobre a mesa;

Tal seja, Lídia, o quadro
Em que fiquemos, mudos,
Eternamente inscritos
Na consciência dos deuses.

Antes isto que a vida
Como os homens a vivem
Cheia da negra poeira
Que erguem das estradas.

Só os deuses socorrem
Com seu exemplo aqueles
Que nada mais pretendem
Que ir no rio das coisas.


(Ricardo Reis)

PRAZER

Prazer, Mas devagar,
Lídia, que a sorte àqueles não é grata
Que lhe das mãos arrancam.
Furtivos retiremos do horto mundo
Os depredandos pomos.
Não despertemos, onde dorme, a Erínis
Que cada gozo trava.
Corno um regato, mudos passageiros,
Gozemos escondidos.
A sorte inveja, Lídia. Emudeçamos.


(Ricardo Reis)


BLOGANDO PESSOA


domingo, novembro 03, 2002




DEMETER RETURNS

The Muses


I, Son of Thunder
Lover of the Morning Star
King of the Oak Wood,
The Holy Women of Heaven
Gathered around my bed and stood,
And sang me songs
The whole night through.
Deep from the dripping valley
I arose with the dawn,
Crowned with red, glowing glory,
And their singing still ringing
In the hills full of black birds
And the waves that came crashing
To the shore.
I awoke in a dream
That flows through a stream of galaxies,
And in my hands
I hold the clay,
With which to form,
My own realities.


Robert Graves



Temos de salvar a nossa terra Mãe
(...)

Ninguém sai impune. A lei é implacável.
Os abastados de hoje,
os instalados no espectro do ser,
serão os famintos de amanhã,
sendo já famintos sem o saber
da fome mais absoluta e malsã
quando desconhecida
que é a fome do Ser.


in "OS PORTAIS DO TEMPO" de Antónia de Sousa


Morreremos com os agonizantes:
Vê, eles nos deixam, e com eles seguimos.
Nascemos com os mortos:
Vê, eles retornam, e nos trazem consigo.


"Little Gidding" - Four Quartets


A TERRA DESTRUIDA

(...)
"Tudo isso só pode ser vagamente insinuado diante da enormeidade do que foi esquecido. Nossa cultura profanou a Terra Mãe de tal maneira que hoje corremos o risco de envenenar a nossa própria espécie com a poluição da terra e do ar.. Um exemplo comovente é a própria Elêusis: o antigo Templo, hoje mera curiosidade turística (Templo Sagrado dos antigos Mistérios Eleusianos dedicados à Deusa Mãe e à Terra), está rodeado por um porto industrial marítimo e por refinarias de petrólio que a transformaram num dos lugares mais poluídos de todo o Mediterrânio." (...)

Excerto de "A DEUSA INTERIOR" - DE jENNIFER b.wOOLGER



A MULHER É A VIDENTE PRIMORDIAL

"A mulher é, assim, a vidente primordial, a Senhora das águas disseminadoras da sabedoria, oriundas das profundezas; das Fontes murmurantes e das nascentes, pois "o om pronunciamento primordial da vidência é a linguagem da água".Não obstante, a mulher também conhece o sussurro das árvores e todos os sinais da natureza, a cuja vida está tão fortemente ligada. O rumor das águas das profundezas é somente um aspecto externo do murmúrio interior do próprio inconsciente, que nela se eleva espiritualmente como água a um gêiser.

Ela é o centro da magia, do cântico mágico e enfim da poesia, pois a situação extática da vidente resulta de ela ser dominada por um espírito que irrompe dentro dela, o qual se pronuncia a partir dela , ou melhor, que nela se denuncia e se manifesta, em forma de invocação rítmica e intensa. Ela é a fonte de onde Odin obteve as runas da sabedoria, bem como a Musa, a origem das palavras que fluem do âmago do poeta e sua anima inspiradora.

Como força inspiradora ela pode se manifestar isoladamente, na forma tríplice que já conhecemos, e ainda num contexto plural indeterminado. As Cárites, as ninfas, as sereias, as musas, as três graças, as moiras e outras inúmeras figuras, são as forças melodiosas, dançantes e proféticas dessa mulher inspiradora e inspirada na qual o masculino, muito mais distante das origens, busca sabedoria quando impelido pela necessidade. E vezes e vezes seguidas, encontramos essa mulher mântica ligada aos símbolos do caldeirão e da caverna, da noite e da lua.

Com efeito, o caldeirão não é o só vaso da vida e da morte, da renovação e do renascimento, mas também da magia e da inspiração. O caráter de transformação que lhe é inerente passa pela decomposição e pela morte, para chegar à intensificação extática e ao nascimento do espírito eloquente, o qual conduz sob inspiração extática à palavra, ao cântico e à profecia, como sintomas do renascimento.


(...)
ERICH NEUMAN in "A GRANDE MÃE"



HINO A DEMÉTER


Lembro-me, Mãe, dos confins da minha memória recordo
a tua beleza e grandeza!
Lembro-me do ser dócil e humilde que eu era
e das serpentes brandas que passeavam a teus pés.



Lembro-me do teu sorriso,
da tua voz que se repercutia como sinfonia em todo o meu ser,
e a minha alma dançava e vibrava no teu amor extasiada.



Nesse tempo o céu resplandecia
e na terra era eterna a primavera
.


Lembro-me das tuas filhas ornadas de grinaldas
vestidas de branco em volta de ti,
e quando um gesto teu iluminava o arco-iris
sobre as nossas cabeças irmanadas.



Lembro-me desse tempo, Mãe, e sagrado era o tempo
em que os frutos eram sedosos e doces afagados pelas tuas mãos.



Lembro-me do teu ser repleto de luz,
da tua ternura escoando dos teus lábios de mel
e de ti, abelha mestra, rainha de uma colmeia.



Lembro-me, Senhora
e nada me liberta desta visão-encantamento
que é neste mundo o meu único refúgio.



Ah! que dom deveria eu ter
para te evocar neste mundo maldito,
onde fomos perseguidas vidas,
e queimadas vivas nas fogueiras da Inquisição


in "MULHER INCESTO - SONATA E PRELÚDIO"