O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, fevereiro 03, 2003



Supremo Poder

Levanta os teus olhos para o Sol:
Ele está lá, naquele deslumbrante coração de vida, de luz e de esplendor.
Observa, à noite, as inumeráveis constelações cintilando como solenes fogos vigilantes da Eternidade, no silêncio sem limites, que não é vazio, mas que vibra com a presença de uma quietude única e de uma inefável existência. Vê, lá, Órion com a sua espada e o seu cinto brilhando, tal como brilhou para os seus antepassados Arianos há dez mil anos, no início da era Ariana; Vê Sírius no seu esplendor, vê Lyra navegando a biliões de milhas no oceano do espaço.
Lembra-te que estes inumeráveis mundos, muitos deles mais poderosos do que os nossos, giram com indescritível velocidade, obedecendo àquele Ancião dos Dias, e que ninguém, mas apenas Ele conhece e, contudo, são um milhão de vezes mais antigos do que o vosso Himalaia, mais firmes do que as bases das vossas colinas, e assim permanecerão, até que Ele as liberte como folhas secas da árvore eterna do Universo.
Imagina o Tempo sem fim; tenta perceber o Espaço sem limites; e então, lembra-te, que quando estes mundos não existiam, Ele existia; era o Mesmo de hoje; e quando eles não existirem, Ele existirá, sempre o Mesmo; repara, que para além de Lyra, Ele é; e longe, no Espaço, onde as estrelas da Cruz do Sul não podem ser vistas, também, aí, Ele estará.




E agora, regressa à Terra e percebe quem é este “Ele”.
Ele está muito perto de ti.
Observa aquele velhinho que passa por ti, curvado pelo peso da vida e dobrado sobre a sua bengala.
Consegues perceber que é Deus que está a passar?
Acolá, uma criança corre e ri banhada pela luz do sol. Consegues ouvi-Lo naquele rir?
Não, Ele está ainda mais perto de ti. Ele está dentro de ti.
Ele és tu.
És tu próprio que cintilas, lá, a milhões de milhas no Espaço infinito, que caminhas com passos seguros sobre as ondas do mar etéreo;
Foste tu que colocaste as estrelas nos seus lugares e teceste o colar do Sol, não com mãos, mas através daquele Yoga, daquela Vontade silenciosa, sem acto, impessoal, que te colocou hoje, aqui, a ouvir-te a ti próprio em mim.
Levanta os olhos, Ó criança do antigo Yoga, e não sejas mais um ser tremente e céptico; não temas, não duvides, não te lamentes; porque dentro deste nosso corpo visível, está AQUELE que pode criar e destruir mundos com a respiração.


Sri Aurobindo

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