O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, abril 23, 2003



CRÓNICA DOS DIAS MAL CONTADOS...

“Tão regrada, regular e organizada é a vida social portuguesa que mais parece que somos um exército do que uma nação de gente com existências individuais. Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo. Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando por milagre de desnacionalização temporária pratica a traição à Pátria de Ter um gesto, um pensamento ou um sentimento independente, a sua audácia nunca é completa porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção das suas críticas. (...) Por isso (...) nunca é possível determinar as responsabilidades, elas são sempre da sexta pessoa num caso onde só agiram cinco.”

Texto de Fernando Pessoa

In “A ALMA SECRETA DE PORTUGAL”
De Paulo Alexandre Loução


- Para além de genial e quase inacreditável, passados mais de setenta ou mais anos - quase um século - este é, grosso modo, o nosso quadro: o português ainda é assim...Somos assim em grupo no teatro, no cinema, e na literatura...somos assim em grupo na televisão, no futebol e no fado e em Fátima... O que mudou talvez, foi um verniz europeu de dar uns ares da sua graça, talvez uns dois passos a frente e três atras, uma Expo, pintar os prédios velhos, tudo para inglês ver e depois à francesa ou à americana, nos Açores, somos sempre carneiros atrás de um rebanho qualquer...e no contexto político, seguimos os raros com alguma “ individualidade”, que por sua vez não fizeram nada a não ser imitar os estrangeiros e mesmo sem Salazar, cheios de medo dos vizinhos, os da assembleia nacional ou do bairro ou do partido ou os da bola - o que vem a dar ao mesmo - independentemente da “peixarada”, não fazemos nada senão depois dos outros fazerem primeiro para logo a seguir desfazer com unhas e dentes tudo o que o outro fez de modo que nunca saímos de cepa torta...a ver se um milagre nos endireita. E isto à esquerda e à direita...e a culpa é sempre do D. Sebastião, ou do Guterres, o sexto dos cinco que somos sempre.

A direita só faz m... por causa da esquerda e a esquerda não resolve por causa da direita...ou vice-versa. A cultura é a dos “lobys” ou dos interesses e cunhas e dos oportunismos que prevalecem sobre uma verdadeira expressão do ser português tal como se é! Não a sacar dinheiro onde quer que seja - como os mais "espertos" - e depois ser-se ministro da defesa ou das obras feitas com conta na Suiça à conta dos papalvos.

- Como nos rimos do que é “nosso” e do povinho e uns dos outros e contamos anedotas e deitamos abaixo o que quer que seja ou quem ouse sair desses grupos! Seja do partido ou do clube ou da igrejinha.....E ainda assim quem tem voz são os estrangeirados, filhos de pais estrangeiros, com à vontade para rir e falar sem medo porque a mãe é inglesa ou pai alemão e tem nome estrangeiro e soa bem...se for Silva ou Pereira...que vergonha...não é? E também os estrangeiros neste caso, os emigrantes, para mudar este cenário pacato que foi aumentar o crime e roubar e violar porque nem isso só por nós se calhar éramos capazes com medo dos vizinhos e o futebol servia bem para gritar ou as touradas para ver sangue...

O que foi que Portugal mudou?

Quando foi esse sonho do que somos se é que alguma vez houve um tempo em que a alma portuguesa foi fiel a si própria? Porque nos tolheu este medo e este servilismo ao estrangeiro? Porque não somos só o que somos e ousamos ser de vez quem realmente somos, cada um à vez, e nos respeitamos e acreditamos em nós todos como País. Quem me responde?


O LIVRO SECRETO A ALMA DO LIVRO...

NO DIA , HOJE... e amanhã!

ONDE "A ALMA SECRETA DE PORTUGAL"?
De Paulo Alexandre Loução - da Esquilo
- Talvez este livro nos responda...

Álvaro de Campos

The Times

Sentou-se bêbado à mesa e escreveu um fundo
Do Times, claro, inclassificável, lido,
Supondo (coitado!) que ia ter influência no mundo....
Santo Deus!... E talvez a tenha tido!


ATENÇÃO ATENÇÃO:
EU ESTOU A PREPARAR O CALDEIRÃO

1 comentário:

Anónimo disse...

"Sentou-se bêbado à mesa e escreveu um fundo
Do Times, claro, inclassificável, lido,
Supondo (coitado!) que ia ter influência no mundo....
Santo Deus!... E talvez a tenha tido!"

E teve...por isso hoje é o Deus de Nebadon!!!

Liz