O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, maio 11, 2003



Para a Astrid



sou
eu sou a mãe que escreve
um poema de amor à filha
gerada nos dias estivais
já remotos
do corpo meu aveludado e liso
como uma rosa chá
entreaberta pelo beijo do Amor


sou
eu sou a mãe que fala
hoje dum tempo
em que a terra estremecente se abriu
voluptuosa e magna
no meu ventre prenho do maior sonho
percorrido sem desvios
pela graça infinita da Vida


sou
a Mulher eu sou a Mãe
a que se içou às estrelas
no teu encalço


orei com os anjos
teci com mantras
bordei de ladaínhas
a imbatível escada conducente
à excelsa morada do teu ser


sou assombrada
aquela que beija a tua alma
a que acolhe os teus anseios
enquanto acenas
arrojada e pura
aos longínquos pássaros luzidios
do teu destino


vieste a mim e eu te devolvo à Vida
coroada de poemas de Amor
ó doce Graça Umbral de Luz
amada fresta para Levante


sabes quem sou
e a memória viverá


eu fui será lembrado um dia
a mãe da brisa fresca
na manhã incorrompível


MARIANA INVERNO (1950 - )


"Naître consiste à sortir de la mère et mourrir serait en fait retourner en sa mère.
Alors de quelle mère s'agit-il?
N'est-ce pas le centre, l'omphalos en tant que mère cosmo-tellurique:
conjunction subtil de forces dont toute matière vivante est issue?"


in "L' HOMME ET SON DOUBLE" de Etinne Guillé




Parabéns à Filha e à Mãe ...

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