O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, junho 09, 2003

A MULHER E O GRAAL

O MITO DO GRAAL




“A Procura do Graal mistura-se com a Procura da Mulher. Aquele que encontra a Mulher, encontra o Graal. (...) Mulher que segura a Taça, o Cálice ou a Pedra, essa mulher que é a Sacerdotisa de um culto do qual jamais conheceremos o verdadeiro significado.

Uma coisa é certa: mais uma vez, nos encontramos na presença de uma mem?ria do culto da antiga deusa, destronada pelos deuses machos: é o sentido da violaç?o cometida pelo rei Amangon contra uma das donzelas ou fadas do castelo do Graal. Amangon forçou o destino, curvou o poder feminino pela força cega e brutal do macho, derrubando a sua soberania sob a forma simb?lica do seu golpe. Com efeito é o Pai que acaba de instaurar a sua autoridade exclusiva. Desde esse tempo, a sociedade anda à procura de um equil?brio que n?o poder? instaurar sen?o quando o Jovem filho da Deusa M?e, vier matar ou castrar, ou eliminar o Pai, a fim de devolver à M?e a sua Soberania de antigamente. Assim, idealmente e miticamente, e muito antes da cristianizaç?o do mito, a Procura do Graal é, ela, a Glorificação da Eleita, a mulher eterna, divina, de múltiplos aspectos, que reina nos subterrâneos do mundo, e que n?o espera senão pelo o seu filho mais jovem para reaparecer ao ar livre e retomar o seu título de Grande Rainha equilibrando de novo a sociedade dos seus filhos desunidos e que se reconciliarão no amor da Mãe.” (...)

In “A Mulher Celta”  - Jean Markale


Que Mulher é essa que se confunde com o Graal?


Não é certamente a Mulher perdida da própria mulher, submetida às instituições e dominada pelos homens como um objecto de uso pessoal e social que nada tem a ver com a Mulher Divina ou a Musa, mulher essencial porque mágica e fada, detentora de sortilégios e poder de curar, aliada da natureza e dos animais! Nem a mulher violada pelo poder patriarcal que destitui a Deusa Mãe e fez da sacerdotisa uma prostituta e da mulher livre “a casada” e portanto, sujeita às suas leis?
Esse Feminino eterno e parte do princípio que rege o universo é rechaçado e denegrido ao longo dos séculos destituindo a mulher de identidade por predominância exclusiva do princípio masculino da força e do autoritarismo, negando às sociedades esse equilíbrio dos dois princípios em harmonia que a Deusa Mãe impunha como justiça e lei e não a força da Espada!

A mulher moderna, perdida da sua origem e essência, é uma espécie de apátrida sem sentimentos ou consciência própria. Absorve, diz e escreve e sente-se como o homem a fez...é a policia travesti, é a médica inumana, é o soldado que vai à guerra é a mãe sem coraç?o nem amor pela maternidade! ? uma Atenas saída da cabeça de Zeus ao serviço do patriarcalismo sem consciência nenhuma de si própria em profundidade. Reflecte-se apenas no homem na sua posse ou possuída e n?o é senão uma sua extensão, um sexo. Falar de feminino, pela sua ausência de sentido profundo, é falar apenas de sexo e a confusão estabelece-se. Ou se é feminista ou lésbica...
A mulher não é apenas um sexo! Mas como se desconhece e se sente perdida, educada e suportada em sociedades falocráticas, n?o têm nenhum sentido em si mesma ou centro e enche-se do valor que os homens lhe dão que é o de uma mente racional atulhada de conceitos lógicos onde prevalece tacitamente a superioridade do Homem em nome de quem ela fala.

RLP

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