O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, agosto 08, 2003




“O PACTO SEM CONHECIMENTO”




(...).
Embora possamos ter respostas diferentes em dias diferentes, há uma resposta que é constante na vida de todas as mulheres. Embora detestemos admitir o facto, na esmagadora maioria das vezes o pacto mais infeliz das nossas vidas é o que fazemos quando nos privamos da nossa vida de conhecimento profundo em troca de uma vida que é muito mais frágil; quando renunciamos aos nossos dentes, nossas garras, nossos sentidos, nosso faro; quando entregamos nossa natureza selvagem em troca da promessa de algo que parece rico mas que se revela vazio. (...)

A iniciação da mulher começa com o pacto infeliz que ela fez há muito quando ainda estava entorpecida. Ao escolher aquilo que a atraiu como sendo riqueza, ela cedeu, em troca seu domínio sobre algumas partes, e muitas vezes sobre todas as partes, da sua vida instintiva, criativa e cheia de paixão. Esse entorpecimento psíquico feminino é um estado próximo do sonambulismo. Durante sua vigência, andamos, conversamos e estamos dormindo. Amamos e trabalhamos, mas as nossas escolhas revelam a verdade acerca da nossa condição. Os aspectos voluptuosos, curiosos, incendiários e bons da nossa natureza não estão em pleno funcionamento.
(...)

“MULHERES CORRENDO COM OS LOBOS” – Clarissa Pinkola Estés



DIÁRIO DO ÚLTIMO ANO


"Tenho pela mentira um horror quase físico. Sinto-a à distância e agora...neste mesmo momento... sinto-a a vaguear, asquerosa e suja, em volta de da minha alma que vibra no orgulho de ser pura. Se os outros me não conhecem, eu conheço-me, e tenho orgulho, um incomensurável orgulho em mim!"


- Florbela Espanca




"REGRESSO A MIM"


(...)

REGRESSO A MIM Alguns anos andei viajando a colher maneiras de sentir. Agora, tendo visto tudo e sentido tudo, tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar, quanto possa e em tudo o que possa, para o progresso da civilização e alargamento da consciência da humanidade. Oxalá me não desvie disto o meu perigoso feitio demasiado multilateral, adaptável a tudo, sempre alheio a si-próprio e sem nexo dentro de si.

(...) Chamo insinceras às coisas feitas para fazer pasmar, e às coisas – repare nisto que é importante – que não contêm uma fundamental ideia metafísica, isto é uma noção de gravidade e do mistério da vida. Por isso é sério tudo o que pus sob os nomes de Caeiro, Reis, Álvaro de Campos. Em qualquer deste pus um profundo conceito de vida, diverso em todos os três, mas em todos GRAVEMENTE ATENTO À IMPORTÂNCIA MISTERIOSA DE EXISTIR.
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FERNANDO PESSOA

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