O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, junho 26, 2004

"Nevrose, futebol, patriotismo"
(Artigo de opinião da Visão)

>De que é que nos libertámos ganhando um desafio de futebol vivido como uma batalha campal? De nada.
(...)
Essa Espanha (ou Inglaterra) não é para nós uma autêntica realidade, quer dizer, um verdadeiro adversário que realmente detestemos, que nos ameace e que sintamos prazer em vencer. A Espanha é outra coisa. É a face da Lua que nós não vemos, que nós não queremos ver, ou a própria Lua. Melhor, é aquele espelho que só de imaginá-lo, como se fosse uma cabeça de Medusa, nos roubaria a nossa imagem.

Fugimos durante séculos, consciente ou inconscientemente, à sua proximidade inquietante. Inventamos um Brasil para a não ver, mas basta um mero jogo, em que no fundo, não podemos estar tão dramaticamente interessados.
(...)
Não me atrevo a desejar que, sublimemente, possa ganhar como quem perde. Á portuguesa, pelo menos à Mourinho, cujo snobismo desdenhoso impressionou Filomena Mónica - à parte a beleza dos joelhos...Bendita sociologia.


In A VISÃO
Eduardo Lourenço

"O nacionalismo é a degenerescência gordurosa
do patriotismo e o patriotismo também."

F.PESSOA

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