O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, julho 10, 2004

PORTUGAL ESTÁ DE LUTO
E CADA VEZ MAIS POBRE DE ALMAS NOBRES...




Em Portugal e no mundo impera a mentira e a economia através da guerra. Não aqui de armas e bombas mas de palavras como de setas envenenadas. Morre-se de tristeza e de desgosto, morre-se cada dia nesta asfixia doentia de enredos e porfias daqueles que nos governam e nos projectam na indigência. Não a pobreza do povo, que já não passa fome e tem telemóvel, mas a alienação humana do sentido real da vida. A nossa alma sente-se tolhida pela falta de verdade. Respira-se mal nesta poluição mental que reina no Pais inteiro, hipócrita e medroso entregue a “uma maioria” “umbiguista” que só pensa no poder e no dinheiro.

Morrem aqueles que sentem e pensam Portugal diferentemente e o sabem acima destas contingências; mas dói ver ficarem os crápulas em palco, impunes e sorridentes a cantar de alto. Radiantes na sua vanglória de presidentes e ministros, traidores da alma humana e de um desígnio superior de ser português na essência e na palavra e que nem de longe sonham o que seja!
POR ISSO ELES MATAM OS NOSSOS SONHOS E A NOSSA ESPERANÇA e assim morrem as almas mais nobres...

Maria de Lurdes Pintassilgo, escreveu um pequeno texto, dedicado a Sophia de M.B. a poetisa e musa de poetas que morreu uns dias antes, para o Suplemento Literário do Público e que saiu hoje, dia da sua morte, jornal que ela já não leu, pois partiu esta madrugada...
Nestes dias atribulados, o seu coração não resistiu a tanta mentira e demagogia dos homens ...
Ela foi a primeira mulher e única 1ª Ministra em Portugal.

Evoquemos pois “a poetisa e a política” numa só voz:
(versos que ela mesma escolheu para homenagear a autora)


Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras.
(...)

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma a palavra em moedas
Como se fez com o trigo e com a terra.


Sophia de Mello Breyner


“Em Portugal há diplomacia e hipocrisia a mais e sentido de Estado a menos”
Vicente Jorge Silva

Sem comentários: