O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, novembro 29, 2005

AINDA NO RASTO DO 25 DE NOVEMBRO:

“A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA JÁ MATOU 33 MULHERES ESTE ANO EM PORTUGAL
Assassinadas por maridos, namorados e ex-companheiros.”

O homicídio é tipicamente um crime praticado por homens contra homens. (...) O sexo feminino só assume maior relevância no quadro das relações íntimas ou familiares.”

(Frase atribuída a um chefe de polícia)
In Público de 25 de Novembro


O que é que faz com que o homicídio das mulheres seja praticado na intimidade e em família? Sem dúvida que o facto de o homem presumir ainda ser o dono e senhor da mulher. Independentemente das questões passionais, extremadas ou não, a infidelidade do homem sempre foi considerada um sinal de virilidade, mas a simples suspeita no caso da mulher é um atentado à honra do homem e motivo para crime dado o sentido de posse e exclusividade que o homem tem sobre a mulher e que não se aplica nele. Portanto a violência doméstica sobre a mulher é do foro “civilizacional” - quero dizer, de atraso - com origem nas religiões patriarcais, que desvalorizam a mulher e a confinam ao lar ou aos gineceus, tanto no Ocidente como no Oriente e portanto falar exclusivamente de problemas de ordem social e económica, embora possa ter incidência maior em casos de miséria, os abusos e os maus tratos ou a violência conjugal dá-se em todas as classes em todos os países do mundo.

As tentativas para que a mulher desprotegida e inferiorizada social e psicologicamente, muitas vezes inculta senão mesmo embrutecida pela miséria, denuncie o agressor são insuficientes e risíveis pois ninguém quer olhar a questão a fundo nem assume a verdadeira origem do problema que é velho e de cariz religiosa. Este problema sim é o problema mais velho do mundo desde que o patriarcalismo dominou pela força as sociedades mais antigas, matriarcais, quase todas pacíficas e equalitárias.
O homem “moderno” ainda não tirou da cabeça o seu sentido posse como de propriedade sua sobre a mulher e como não houve mudança de mentalidades, nem com as revoluções nem com a ciência e nem cá nem "depois do 25 de Abril".O homem continua a pensar que a mulher é “sua” mulher “sua” filha e “sua" amante e se é SUA e se “entre marido e mulher não metas a colher” é a sua filosofia, assim como a do seu vizinho e é este espírito que impera e sendo comum ao homem e à mulher que professam tradicionalmente a religião católica ou muçulmana, nada vai mudar enquanto não houver uma Revolução das Consciências a nível planetário...
É realmente estúpido querer que uma queixa à polícia - que afinal também espanca a mulher - ou umas conferências para “elites” - possa sanar o problema.
São as mulheres "educadas" nas escolas patriarcais que lutam pela utopia da igualdade, e até as "feministas", quando afinal de contas a mulher não é igual ao homem nem nunca será.

A Mulher é diferente do Homem e ambos correspondem de per si a pólos opostos e complementares pelas sua natureza e constituição e assim é tanto física como psíquica e animicamente; mas como é justamente essa diferença que foi anulada na mulher e que confronta os padres e incomoda os homens em geral e até as próprias mulheres eles fazem tudo “pela igualdade” e a mulher em vez de ser mulher e resolver a sua divisão interior, torna-se ela também masculina de cabeça, vai para polícia ou para a Guerra ou então é uma espécie de travesti que os homens adoram exibir em passereles da moda, Bares e Festas e sempre em luta e conflito com as outras mulheres!

Claro que dirão que eu é que sou utópica e além disso desfasada da realidade. Sim sou desfasada da vossa realidade mas não na minha Verdade de Mulher consciente de mim mesma e da minha totalidade!

Quão longe estão os homens e as mulheres de hoje do culto da Deusa Mãe e da Terra quando a mulher era respeitada e considerada um Vaso Sagrado da Deusa!...




AS MULHERES COMO VASOS DA DEUSA

“Que o corpo de uma mulher possa ser um vaso através do qual surge a Deusa, é uma revelação inesperada, uma revelação que não vem por iluminação, visão ou introvisão - que constitui a forma da manifestação masculina da divindade - mas por meio de uma experiência encarnada - por meio de contacto íntimo, carinhoso, reverente, que é, simultaneamente, dos sentidos e do sagrado, profundamente pessoal e transpessoal. Isto é um segredo que não se disse às mulheres, que como género aprenderam a detestar a redondez e plenitude do seu corpo, a sentirem-se envergonhadas por causa dos mistérios da menarca, menstruação e menopausa, querem estar anestesiadas quando dão à luz, e ficam horrorizadas ao acordar de sonhos em que abraçaram outra mulher com amor.

Muitas mulheres são iniciadas no íntimo do corpo pela deusa, têm explorado o corpo desta noutra mulher, passe-se isto em sonhos ou em realidade ou em sonhos vividos: tais experiências podem afirmar profundamente que se é mulher e se habita um corpo feminino. Mas também pode confundir e aterrar. O corpo de outra mulher espelha o seu próprio corpo, as fronteiras entre ambos dissolvem-se, e uma união que acompanha a totalidade de ambos os corpos e auras talvez surja, colhendo vagas recordações sensoriais de união mãe-filho, ou ser a primeira vez que esse arquétipo é sentido. A experiência de outra mulher pode permitir a determinada mulher tornar-se numa pessoa activamente sensual, quando antes tinha sido passiva , ou reactiva apenas, nas suas respostas. Seja em sonhos (onde o significado simbólico também precisa de ser explorado) ou na vida, a encarnação como mulher sexual e sensual dá resultado se a mulher aceitar a faceta amante de si mesma: acontece o contrário se ficar apavorada, convencida de que é pecadora, pervertida e deve suprimir a sensualidade.

Acontece haver confusão acerca da orientação sexual: tem e, contudo, não tem absolutamente nada a ver com a orientação sexual.”

Continuar a ler na página 113 em TRAVESSIA PARA AVALON de J. Shinoda Bolen

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