O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, dezembro 27, 2005

"Não há homens salvadores. Não há Messias. O máximo que um grande homem pode ser é um estimulador de almas, um despertador de energias alheias".


FERNANDO PESSOA


"Teremos de procurar em nós, e no princípio intemporal da nossa natureza, o remédiio para os nossos males."

"Inútil voltar atrás rumo ao paraíso antigo ou correr rumo ao futuro: um é inacessível, outro irrealizável. O que em contrapartida importa é interiorizar a nostalgia ou a expectativa, necessariamente frustradas quando se viram para fora, e forçá-las a desvelar, ou a criar em nós a felicidade que respectivamente choramos ou prevemos.

Não há paraíso, a não ser no mais fundo do nosso ser, e como que no eu e do eu; e é além disso necessário para aí o descobrirmos termos dado a volta a todos os paraísos, os idos e os possíveis, termo-los amado e odiado com a falta de jeito do fanatismo, sondado e rejeitado depois com a competência da decepção."


in HISTÓRIA E UTOPIA
Emile Cioran


Magnificat

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia !


Álvaro de Campos

1 comentário:

Ná M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.