O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, março 31, 2005

O EVANGELHO DE MARIA MADALENA

DA HUMANIDADE DE JESUS -
Segundo a Igreja: O Homem é Divino e a Mulher o Diabo...


O que pensam os teólogos livres do jugo romano,
da questão tão contestada pelo Vaticano da possível relação humana
de Jesus com Maria Madalena:


“A questão não é de saber se Jesus se casou ou não (ainda mais uma vez no sentido em que o entendemos hoje em dia). Que interesse tem isso? A questão é de saber se Jesus era realmente humano, de uma humanidade sexuada, normal, capaz de intimidade e de preferência.

Segundo um adágio antigo: “ Tudo o que não é assumido não é salvo”.

Se Jesus, considerado como o Messias, como Cristo (Christos, tradução grega do hebraico Messiah), não assume a sua sexualidade, esta não será salva, Ele não é mais Salvador no sentido pleno do termo, e torna-se uma lógica de morte e não de vida que se irá instalar no cristianismo - particularmente no cristianismo romano-ocidental:

“O Cristo não assumiu a sua sexualidade,
Portanto a sexualidade não é “salva”,
Assim a sexualidade torna-se má,
do mesmo modo, assumir a sexualidade pode ser degradante
E assim tornar-nos culpados”.

O instrumento co-criador da vida que nos faz existir “em relação”, “à imagem e semelhança de Deus”, torna-se logicamente um instrumento de morte.
Estaríamos nós no Ocidente, através da nossa culpabilidade inconsciente e colectiva, em vias de sofrer as consequências duma tal lógica?


O Evangelho de Maria (Madalena) , tal como o Evangelho de João e de Philippe, lembram-nos que Jesus era capaz de intimidade com uma mulher. Essa intimidade não era apenas carnal, era também afectiva, intelectual e espiritual; trata-se mesmo de salvar, quer dizer, tornar livre o ser humano na sua totalidade, e isso introduzindo consciência e amor em todas as dimensões do seu ser. O Evangelho de Maria Madalena, lembrando a humanidade de Jesus na Sua dimensão sexual, não retira nada à sua dimensão espiritual, “pneumática” ou divina.”


In L’ ENVANGILE DE MARIE (Évangile copte du II siècle traduit e commenté par)
JEAN-YVES LELOUP - teólogo ortodoxo.

Albin Michel
“A sexualidade assim culpada pode tornar-se perigosa,
e tornar-nos efectivamente doentes...”


E temos, no mundo, além do rol das doenças de foro sexual, por promiscuidade e alienação ontológica da mesma, as aberrações sociais como a pedofilia, toda a espécie de sado-masoquismo e ainda a pornografia, em resultado de tamanha e absurda negação da sexualidade sagrada e do par alquímico como construtor da verdadeira ascese para a totalidade-deus. De facto, pela negação da sexualidade do homem ou do Homem-Deus e a associação desta ao corpo tornado culpado da mulher, esta, em vez de iniciadora do amor, como o era anteriormente ao cristianismo, torna-se pois a “tentadora do mal”, e ficará associada por sua vez ao diabo e condenada a proscrita ao longo dos séculos. “Prostituta” em vez de sacerdotisa da Deusa ou discípula do Mestre vivo, como no caso de Maria Madalena. A partir desta inversão de princípios tudo o que a mulher faça é culpada só pelo facto de ser mulher. O próprio Papa ainda em funções....afirmou-o há pouco tempo a uma defensora dos direitos da mulher das Filipinas (?) que as culpadas do excesso de filhos eram as mulheres...afirmou-o com toda a inocência da sua formação católica-apostólica-romana, que quer dizer misógina. Donde se depreende que papas e bispos e cardeais ainda vejam a Mulher que não obedece aos seus dogmas e não se mantém na absoluta penitência e clausura ou inteiramente submetida ao homem e às suas leis seja vista e condenada como o Mal em si, embora não se atrevam já a dizê-lo em público, andam lá perto.
E tudo isso começou com a negação pela Igreja da sexualidade do Homem-Cristo e a necessidade de renegar a mulher enquanto amante e discípula, assim como negam ainda a participação da mulher nos rituais, e só a aceitam na sua Igreja como penitentes e de joelhos aos seus pés a pedir perdão por terem nascido mulheres!

Por culpa da Igreja Romana e não da Mulher o ser humano vive num culto de morte e sofrimento, em vez de vida e prazer, e a humanidade encontra-se num estado de patologia quase absoluta, o Planeta no caos...
BASTA VER AS NOTÍCIAS DA ACTUALIDADE!

Quanto tempo mais vai durar esta aberração sobre a terra em que o ser humano vive em função do medo e da morte e não da alegria e da vida? Até lá a destruição completa da Natureza e da vida na terra, pela guerra e pelo ódio gerado numa humanidade que vê uma sua metade - as mães de todos os homens - condenada a proscrita!
OS ESTADOS E OS MÍDEA E A SUA CULTURA DE MORTE:

Ao mesmo tempo que se defende e luta por fazer viver ARTIFICIALMENTE um ser humano em estado vegetativo irreversível e a impedir um outro de morrer de velhice, exibindo a sua degenerescência física como um triunfo “moral” sobre a morte?
mata-se em guerras absurdas coma criação de armas brutais, exércitos e "bombas mãe"...
Defende-se o direito à vida dos moribundos e assassina-se seres saudáveis que se enviam para a guerra do Iraque ou qualquer outra e deixa-se morrer à fome milhares de seres humanos em vários continentes, deixando impunes verdadeiros assassinos de mulheres e crianças.
QUE LOUCURA É ESTA QUE INSANIDADE MENTAL?
Que crédito dar às noticias do mundo e a esta humanidade que se julga civilizada

r.l.p.

quarta-feira, março 30, 2005

A causa primeira de toda a existência...
(...)" mas a antiga detentora da soberania sobre o universo, a causa primeira de toda a existência, e isto muito antes da manifestação do Verbo que, segundo o Evangelho gnóstico de João, era no princípio (e não no começo) do mundo das relatividades concretas."
Jean Markale


Creation by Montserrat O SAGRADO FEMININO
E o Verbo Veio Depois

"No principio era a Mãe, o Verbo veio depois." l~ assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie através da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God: Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana.

Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem auxílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.

(...)
As Bruxas do Século XX

Agora, mais de dois séculos após o término da caça às bruxas, é que podemos ter uma noção das suas dimensões. Neste final de século e de milênio, o que se nos apresenta como avaliação da sociedade industrial? Dois terços da humanidade passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disto há a possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal nuclear já colocado e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já chegando ao ponto do não-retorno. A aceleração tecnológica mostra-se, portanto, muito mais louca que a dos inquisidores.

Ainda neste fim de século outro fenômeno está acontecendo: na mesma jovem rompem-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão. A mulher jovem hoje liberta-se porque o controle da sexualidade e a reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina.

Assim, hoje as bruxas são legião no século XX. E são bruxas que não podem ser queimadas vivas, pois são elas que estão trazendo pela primeira vez na história do patriarcado, para o mundo masculino, os valores femininos. Esta reinserção do feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a não-competição, a união com a natureza, talvez seja a única chance que a nossa espécie tenha de continuar viva.

Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem se considerar vingadas!"


De ROSE MARIE MURARO.

SE A INQUISIÇÃO NÃO VOLTAR...

PODE ENCONTRAR O LINK PARA ESTE TEXTO EM HERESIA SUPREMA

terça-feira, março 29, 2005

OS ANTIGOS MISTÉRIOS: O VÉU DE ISIS
(...)
"Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.
(...)
O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu , descobrir o famoso véu de Ìsis.

(...)
In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
(Excertos traduzidos directamente do francês)

A MÃO SALVADORA DA MULHER...
(...)
“ Antes de ter encontrado essa mulher, tinha-se afundado no mar da dúvida e da perplexidade. Jamais conseguira, até então, exprimir-se de qualquer forma. E vagueara de um lado para o outro, olhando espantado para toda a gente, querendo tornar-se sociável e não sabendo como. A mulher fora capaz de o trazer à superfície da vida por algum tempo; com ela flutuara sobre as ondas desse mar, debaixo do céu, à luz do sol. O corpo tépido dessa mulher – que lhe concedia o amor – assemelhara-se a um barco no qual tivesse navegado à flor das águas. Agora o barco naufragara e ele afundava-se outra vez, para as profundezas do mar.
(...)
O homem viera à superíicie dos abismos do mar da dúvida. E agarrara-s por algum tempo à mão que a mulher lhe estendera, e, ambos unidos, haviam flutuado sobre as águas da vida; agora, sentia-se afundar de novo.”


História de um Homem - Sherwood Anderson

segunda-feira, março 28, 2005

"Encontrei-o uma vez ao pé de Jerusalém e ainda o tenho assim no coração. (...)
Falou-me, como aos outros que estavam e, eu vos digo sem que tenhais que crer-me, tudo em mim se tornou a mãe de todo o mundo. O que ele disse não sei o que era, mas fiquei sentindo comigo que todos somos como irmãos pequenos e que somos como mendigos que se encontram por acaso na casa da estrada onde os ventos sopram e se abrigam, abrigando-nos juntos contra o temporal do mundo e do destino.

Minha mãe, como minha mãe, amava-me, mas este falava-me dum modo que eu vi que ela não me amava de todo. Senti-me como a criança que quer subir para o colo, e chora no chão com os braços estendidos.
Porque este homem era mulher na maneira de me falar pois parecia nossa mãe melhor; e era homem porque falava como mestre; e sempre no seu olhar haverá aquele outro que nos via"


FERNANDO PESSOA - INÉDITO
FADING – prova dolorosa segundo a qual o ser amado parece retirar-se de todo o contacto sem que esta indiferença enigmática se volte contra o sujeito apaixonado ou se decida em benefício de outro, seja ele quem for, mundo ou rival.

"Há pesadelos em que a Mãe surge com o rosto marcadamente severo e frio. O fading do objecto amado é o regresso aterrador da Má Mãe, o desaparecimento inexplicável do amor, o abandono bem conhecido dos Místicos: Deus existe, a Mãe está lá presente, mas eles já não amam. Não estou destruido, mas abandonado, como um detrito.
(...)
Freud, parece não gostaava do telefone, ele que porem gostava de ouvir. Talvez sentisse, previsse, que o telefone é sempre uma cacafonia e que só deixa passar a má voz, a falsa comunicação?
Pelo telefone, sem dúvida, tento negar a separação – como a criança que teme perder a mãe e brinca sem descanço com um cordel; mas o fio do telefone não é um objecto transitório, não é um fio inerte. Está carregado de um sentido que não é o de união, mas o da distância: voz amada, fatigada, escutada ao telefone: é o fading em toda a angústia”...


In Fragmentos de um Discurso Amoroso
Roland Barthes

domingo, março 27, 2005

"A chuva agora cai, lavando a velha alma que escorre com as lagrimas que se camuflam em tempestade .
Minha paz indigente, caminhando a passos lentos me abandona no leito da eterna amante, a tristeza.”
(...)



Tirado do Blogue FALTANDO PEDAÇOS
AS DEUSAS COMO “TRANSFORMADORAS”
DA CONSCIÊNCIA DA MULHER


"Na Grécia, as mulheres percebiam que uma vocação ou profissão as colocava sob o domínio de uma determinada deusa a elas veneravam. No íntimo das mulheres contemporâneas as deusas existem como arquétipos e podem cobrar seus direitos e reivindicar domínio sobre suas súditas. Mesmo sem saber a qual deusa está submissa, a mulher ainda assim deve dar sua submissão a um arquétipo determinado por uma época de sua vida ou por toda a existência.

Jung chama o arquétipo das deusas de "Transformadoras", porque tendem a surgir em momentos de mudança em nossa vida, como na adolescência, casamento, morte de um ente querido, modificando totalmente nossos sentimentos, percepções e comportamentos. Uma vez que a mulher se torne consciente das forças que a influenciam, adquire total poder sobre este conhecimento. As deusas embora invisíveis, são poderosas e modelam e influenciam o comportamento e emoções. Quanto mais uma mulher souber sobre suas deusas dominantes, mais centrada ela se tornará, tendo o perfeito domínio sobre seus instintos, habilidades e possibilidades de encontrar um significado especial através das escolhas que fará.
(...)
É urgente que compreendamos a natureza e a condição dos arquétipos femininos que estão despontando do inconsciente coletivo da nossa cultura. Os sonhos e as experiências interiores de homens e mulheres, temas tratados por romancistas e pela mídia do mundo inteiro, ressaltam imagens ao mesmo tempo antigas (mitológicas), mas radicalmente novas do feminino que vão chegando à consciência. Estas formas estão fermentando dentro de nós, sendo capazes de transformar os modos mais fundamentais de pensarmos sobre nós mesmos. Essas poderosas forças interiores e as imagens e mudanças que provocam são denominadas DEUSAS".


Excerto de um artigo de Rosane Volpatto
rosanevolpatto@terra.com.br

sábado, março 26, 2005

“O planeta Terra encontra-se envolvido num conflito sem fim. A vida colocou o homem e a mulher como eternos rivais, digladiando-se na arena da vida. Estamos na era atómica, o mundo está quase a desabar. Outro aviso ao criador: se tiver que reconstruir o Éden que todos os seres sejam completos, incluindo a humanidade. Que sejam hermafroditas. Masculino e feminino no mesmo ser, para se atingir a perfeição suprema e com ela a paz por todos nós desejada, sem disputas, nem desilusões, nem desgostos de amor.”
In O SÉTIMO JURAMENTO - DE PAULINA CHIZIANE
Da Ed. CAMINHO – uma terra sem amos
paula rego:

“A IMPRENSA DESVALORIZA CONDIÇÃO DE VÍTIMA
DAS MULHERES ALVO DE EXPLORAÇÃO SEXUAL”

Título de artigo do Público...

Não é a imprensa que desvaloriza a condição de vítima das mulheres alvo de exploração sexual, da mesma maneira que não é a imprensa que não dá grande crédito à violência doméstica...ou a qualquer problema profundo da mulher!

São os homens em geral, os jornalistas e até escritores que falam das mulheres e as encaram superficialmente e as depreciam, como fez um suposto jornalista do Correio da Manhã em relação às mulheres socialista que mereciam era ir para casa “fritar ovos”, ou o que eles mesmo gostam, quando gostam de mulheres, é beber um copo a ver o que dá, estilo “Cidália na cidade”, de serviço na cama do colega ou seja, prostituta de graça, ou então pensa “naturalmente” onde merecem estar, se não forem tão inteligentes que dêem para políticas e jornalistas, é umas gajas boas a fazer streptease, ou a fritar ovos, mais coisa menos coisa...Tem variantes, consoante a evolução do bicho...

Nos blogues há a mesma desvalorização da mulher e pelos mesmos motivos; também aparecem as mesmas cenas de sempre, as mulheres a ilustrar política e futebol, com imenso silicone à mostra...ou então nos mais intelectuais, nem perdem tempo com “gajas”, mas sim com naturezas mortas...

Portanto, a exploração da mulher na rua, em casa ou na política, ou até no futebol - é assombrosa a maneira como os comentadores desportivos por vezes falam das mulheres - passa despercebido à imprensa, pois os homens só se interessam por mulheres na montra, por pornografia e é como que inconsciente o que quase todos pensam e o mesmo até no caso dos bem pensantes! Não o dizem, mas está implícito quando reagem e as mulheres portuguesas que são parvas não querem ver e fingem que também são homens ao fim e ao cabo...com um certo ar de superioridade (masculina) desprezam os assuntos das mulheres! Não ligam nenhuma a coisas deste género, as doutoras, deputadas, as poucas que há...ou as magistradas que há muitas!

As mulheres portuguesas são hoje o que os homens quiseram que elas fossem e elas ainda não encontraram a sua verdadeira identidade ou integridade, nem fora nem dentro dos partidos. Desconhecem a sua história e partem de posições erróneas, que é a maneira masculina de estar no mundo e que as confinou ou a aspectos secundários da vida social ou lhes dão cargos masculinos caso elas falem e ajam como eles...No mais baixo ao mais alto escalão onde se encontra, não importa se é formada ou técnica especializada, doméstica ou operária, a mulher será sempre vítima de discriminação, enquanto o mesmo preconceito dominar os homens e não serão as leis que mudam esse facto, mas sim as mentalidades a partir de uma nova consciência do ser mulher.


“MULHERES PORTUGUESAS CASTRAM SEXUALIDADE.

O CASAMENTO PODE CONDUZIR A UMA RELAÇÃO “MESTRE-ESCRAVO”, DISSE ONTEM O PSIQUIATRA CARLOS AMARAL DIAS NO CONGRESSO “SEXO, ARTE E TERAPIA”.
Aquele especialista falou também da “relação castradora” das mulheres com a sexualidade.” (In o metro, no comboio...)

Tenho alguma relutância em aceitar que um qualquer especialista na matéria se pronuncie sobre as mulheres, nomeadamente sobre a sexualidade da mulher. A razão é simples e muito concreta. Tenho para mim que só a mulher poderá pronunciar-se sobre a sua própria sexualidade se vier a descobri-la para lá dos esteriótipos a que foi forçada social e culturalmente e portanto creio que não há especialistas em tal matéria, nem terapias que possam ajudar a mulher, sobretudo se os ditos terapeutas não estão a falar do sexo a que pertencem! Sim eles têm uma ideia de como gostavam ou pensaram ao longo dos séculos, que a mulher fosse e tentaram mete-la nessa forma ou outras formas mais adequadas ao momento. Os psicólogos e os sexólogos e até os cineastas, quiseram à viva força perceber a mulher, mas o que a mulher é intrinsecamente está muito para além dos seus estudos objectivos e análises científicas e enredos fixionais ou pornográficos..

A atitude do homem em relação à mulher é a mesma que em relação à natureza. Ambas são instrumentalizadas e usadas como se lhes dá na gana! O homem ocidental apropriou-se da natureza e explorou-a, moldando-a segundo os seus interesses egoístas e não respeitou em momento algum as suas leis, que em geral ignora, da mesma forma que rejeitou a natureza profunda da mulher relegando-a para sombra, parte que teme e porque se lhe tornou adversa e ele reconstruiu, tal como se conta a história do Adão que tirou Eva da sua costela, isto segundo o seu deus...
Neste mesmo sentido o homem moderno criou uma mulher de plástico e de silicone que veste e decora como quer nas passereles e em casa. A mulher foi e é perfeitamente manietada sem qualquer identidade sólida - porque dividida ou fragmentada em si própria - sendo uma espécie de ultimo reduto do seu próprio sexo reduzida a tráficos vários e filmes pornográficos ou a esposas e donas de casa, ou, neste último século, a operárias de Segunda, com ordenados sempre inferiores aos homens e com o evoluir das sociedades com umas poucas, muito poucas mulheres aqui e ali a fazerem papéis de homem na polícia ou na política, nos hospitais ou no Governo.

R.L.P.

sexta-feira, março 25, 2005

TAL COMO AS DEUSAS FORAM ENGOLIDAS PELOS DEUSES HÁ MILHARES DE ANOS, E FORAM DEPOIS ENGOLIDAS PELOS PADRES, AS DEUSAS E SACERDOTISAS E RITOS, SÃO-NO HOJE AS MULHERES PELAS IDEOLOGIAS E PARTIDOS, NAS SUAS CAPELINHAS DE BAIRRO, MISSAS E DOGMAS, SEJAM ELES PROVENIENTES DO CATOLICISMO SEJAM DO COMUNISMO ORTODOXO OU NO FACHISMO...
A OUTRA VARIANTE É SEREM “COMIDAS” POR PARVAS EM TODOS OS SENTIDOS...


QUÃO LONGE ESTAMOS DA GRANDE DEUSA DOS SUMÉRIOS

“Na verdade, muito do que Inana simbolizava para os sumérios foi exilado desde aquela época: muitas das qualidades ostentadas pelas deusas do mundo superior foram dessacralizadas no Ocidente, assumidas por divindades masculinas, (...) É por isso que a maioria das deusas gregas foram engolidas pelos pais e a deusa hebraica foi despotenciada. Restam-nas apenas deusas minimizadas ou restritas apenas a determinados aspectos. E muitos dos poderes antes apresentados pela Deusa perderam a conexão com a vida da mulher: o feminino apaixonadamente erótico e lúdico; o feminino multifacetado dotado de vontade própria, ambicioso, real.” *

A Mulher dominada, sem vontade própria, sujeita à vontade do homem durante séculos, ainda hoje não se destacou dessa subordinação de forma consciente e lúcida e mantém inconscientemente a mesma subordinação às autoridades vigentes dentro da ordem patriarcal, sejam elas quais forem, e ainda que se julgue na aparência “moderna” e liberta, insere-se na sociedade machista muitas vezes ou apenas mascarada de uma FALSA integração social e política, usando o discurso masculiino e os seus valores de dominação, não passando de mero objecto de manipulação política por parte dos chefes e os seus problemas, como o é no caso da despenalização do aborto, a legalização da prostituição ou outro qualquer.


AS MULHERES USADAS COMO BANDEIRA NA LUTA DE PARTIDOS:
Como dizia e se denuncia um colunista da Capital, “Não se percebe qual a pressa dos partidos de esquerda de fazer já um referendo (sobre o aborto), porque o país tem necessidades mais prementes para resolver”... sem dúvida que tem, mas à partido o País são SÓ os Homens e é de pouca monta para eles as mulheres serem usadas, descartadas, violadas ou espancadas e mesmo presas...Elas não são o País...são só os objectos que eles usam há milhares de anos para seu serviço, aglutinadas ás suas causas...e porque as suas mulheres as suas mães e as suas irmãs, têm dinheiro para o fazer o que “deus quiser”...eles não querem saber das “mulheres do povo”...as mulheres anónimas e ignoradas de todos!

POR ISSO OS HOMENS DA DIREITA VÃO VOTAR CONTRA A DESPENALIZAÇÃO DO ABORTO, CONTRA AS MULHERES POBRES, VÍTIMAS DA MISÉRIA QUE ELES IGNORAM!

Mas justamente as mulheres “no poder” também têm culpa deste estado de coisas e da sua invisibilidade no Governo ou onde quer que se encontrem. Como me contava há dias uma amiga que pediu ajuda a uma advogada da família por sofrer de violência doméstica esta lhe disse que isso era natural em família e não devia fazer nada...
São assim as nossas advogadas (do diabo?) e as nossas deputadas, polícias médicas?...

MULHERES RACIONAIS, SÓ “MACHAS”!

Como vi e ouvi no outro dia num debate na Sic as mulheres representantes dos vários partidos - cada uma delas a mais alienada da sua verdadeira essência - discutindo apenas os seus problemas de “integração” e participação social no programa do Governo e apesar da sofisticação dos "conteudos" a confusão era total no que concerne as prioridades efectivas que começam na consciência do seu ser individual e não do papel da mulher apenas como mãe ou política, mas sim do seu Ser em si “sem papel”...
O SEU SELF...
... A saber a sua verdadeira natureza, a sua sensibilidade e a sua liberdade. Em suma, a diferença real entre um e outro sexo independentemente das funções de cada um. Era isso que era importante as mulheres perceberem...
E assim na maior ignorância e rejeição de uma "essência feminina", a deputada comunista, Odete Santos, fazia gáudio da sua exclusiva racionalidade negando toda e qualquer sensibilidade à mulher de forma absolutamente primária e coerentemente marxista! Nem deus nem mulheres ao cimo da terra...só Homens, todos iguais!
E é esse poder do masculino, inclusive nas mulheres e defendida por elas que originou o “machismo” no seu domínio exclusivo do mundo e que trouxe as guerras e a violência, o caos e a destruição paulatina da natureza . Digo-vos mesmo: e a seca...


“onde o sol brilha sempre, há um deserto”. As florestas secam, os rios secam, o solo estala. A terra morre.”M. Starbird

A perda de identidade ou o desvio da verdadeira natureza da mulher e a sua divisão ou fragmentação em “santa” (virgem mãe) ou a prostituta (Maria Madalena),pela Igreja e por exclusão do Feminino Sagrado, fez da mulher um mero objecto ou instrumento ao serviço exclusivo da família e da sociedade, sem autonomia pessoal nem consciênia individual, uma vez que continua a obedecer e a servir os conceitos sobre ela estipulados há muito poder pelo patriarcal. Mesmo na política e sobretudo na política é clara e notória a não identificação com a sua natureza profunda e a recusa da sua sensibilidade caracterizada por uma inteligência mais emocional do que a racional, ao contrário justamente do homem.

Os problemas das mulheres são hoje olhados e debatidos como apenas de ordem de trabalho, de procriação e de sexualidade, entre a despenalização do aborto ou as creches e reformas sociais para a mulher (a mãe ou a puta?) sem qualquer consciência dos problemas de base que as aflige, enquanto ser humano que sente e pensa independentemente das suas funções, tal como um homem é olhado, para lá da sua sexualidade e da sua função de procriadora/o ou como utente/vítima da prostituição e as suas sequelas.


r.l.p.

* Esther Harding – Os Mistérios da Mulher
Todas as imagens são de quadros de Lena Gal

quarta-feira, março 23, 2005

O OLHAR DE VIDA, A SEDE DA ALMA

“NA poesia dos sumérios, a expressão “olhar de vida” é usada às vezes para sugerir alguém que, cheio de amor, fita outra pessoa e transmite vitalidade com o olhar.
O empenho em descrever a força dos olhos lembra imagens primitivas da Deusa Olho, e a Deusa sob a forma de Olho (Udjad) no Egipto, bem como a importância vital dos olhos da mãe para o bebé de colo. A primeira coisa que as crianças colocam no rosto, quando começam a desenhar a figura humana são os olhos. Na escultura suméria e babilónica, os olhos dos deuses e dos fiéis são aumentados e transformados praticamente em discos hipnóticos que nos fixam, para transmitir a sua potência hierática* de sede da alma.”


AS DEUSAS GREGAS ENGOLIDAS PELOS PAIS...

“Na verdade, muito do que Inana simbolizava para os sumérios foi exilado desde aquela época: muitas das qualidades ostentadas pelas deusas do mundo superior foram dessacralizadas no Ocidente, assumidas por divindades masculinas, (...) idealizadas pelo código moral e estático do Patriarcado. É por isso que a maioria das deusas gregas foram engolidas pelos pais e a deusa hebraica foi despotenciada. Restam-nas apenas deusas minimizadas ou restritas apenas a determinados aspectos. E muitos dos poderes antes apresentados pela Deusa perderam a conexão com a vida da mulher: o feminino apaixonadamente erótico e lúdico; o feminino multifacetado dotado de vontade própria, ambicioso, real.

Na verdade, as mulheres têm vivido apenas no domínio pessoal, na periferia da cultura do Ocidente, em funções fortemente circunscritas, frequentemente subordinadas a homens, posição social, filhos etc., ocultando sua necessidade de poder e paixão, vivendo em segurança e secundariamente na relação com nomes sobrecarregados, nos quais se projectou todo o poder que a cultura legitima para eles. O que se tornou assim comportamento colectivamente aceitável para as mulheres, perdeu a conexão com o sagrado, ao mesmo tempo em que a estatura da Deusa era reduzida. Tornou-se cada vez mais hiperbólico o superego patriarcal, originalmente necessário para inculcar a sensibilidade ética; a seguir, esse superego foi fortalecido pela Igreja cristã institucional, com o fim de disciplinar as emoções tribais e selvagens do mundo medieval . A partir da mudança do Utilitarismo e da época Vitoriana, o superego que comprimiu e reprimiu durante tanto tempo essas energias vitais, que agora elas têm de irromper, forçando entre outras coisas, o retorno da Deusa à cultura ocidental.”

* HIERÁTICO = relativo às coisas sagradas.
CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
Sylvia B. Perera
MULHERES NO MASCULINO...
- DEBATE DE HOJE NA "SIC NOTÍCIAS" -


Acabei de ouvir da boca de uma mulher a maior brutalidade contra o feminino pela deputada comunista Odete Santos, toda vestida de vermelho e grotesca na sua afirmação, que negava arfando toda e qualquer sensibilidade particular à mulher, afirmando que a sensibilidade é que “nos” tramou ao longo da história e que a mulher é apenas um ser humano, igual ao homem, racional e mais nada!

Não me restam dúvidas de que ela está muito mais perto de ser um homem do que nunca esteve do que nem sonha ser uma MULHER!

A consciencia daquelas mulheres da mais nova à mais velha era tão precária como a paridade...A valores só do masculino e tão superficial como insípido o debate, além de desordenado e vazio.

A representação dos esteriótipos de classe – entre o Barreiro, a Lapa, o Largo da Rato e Bruxelas...- e os respectivos tiques e complexos e mais nada. O debate ao nível da luta de classes mais primária e dos partidos...
Confrangedor tudo ou QUASE TUDO O QUE DISSERAM e dramática a falta de Consciência do Principio Feminino. Elas só querem ser iguais aos homem...
As mulheres em estado bruto, TÃO BRUTAIS COMO OS SEUS PARES sem nenhuma dimensão humana, ontológica ou universalidade...


QUE LONGE QUE ESTAMOS DE

"UMA DISCUSSÃO
sobre a natureza do princípio feminino e as leis que o governam é de vital importância tanto para os homens como para as mulheres de hoje em dia. Como vimos, na nossa cultura ocidental do séc. XX, esse princípio tem sido negligenciado e suas exigências têm sido satisfeitas somente através da observação mecânica e esteriotipada dos costumes convencionais, enquanto que o cuidado e a busca das fontes da vida ficam escondidos nas profundezas da natureza. Essas fontes de energia espiritual ou psicológica só podem ser alcançadas, como dizem os mitos e as religiões antigas, através de uma aproximação certa da essência feminina da natureza, seja ela sob forma inanimada, seja nas próprias mulheres. É portanto da maior importância que procuremos estabelecer uma vez mais uma relação melhor com o princípio feminino.

terça-feira, março 22, 2005

Ainda sobre o casal alquímico


VÊS A REALIZAÇÃO DESSE CASAL COMO UMA NECESSIDADE PARA O SER HUMANO?

" - Penso que é uma necessidade, mas eu a destacaria dos problemas da sexualidade. Quanto mais progredimos na compreensão dessas energias, mais nos damos conta de que o aspecto material - tal como é vivido hoje - é uma espécie de degradação do que é verdadeiramente amor. Não digo que essa busca deva fazer-se sem a expressão concreta da sexualidade, mas - nas condições culturais actuais - a sexualidade está pervertida para muita gente. Os mídia desenvolvem insidiosamente a necessidade de sensações fortes, a busca do orgasmo mítico, um “reality-show” da alma."
(...)

O AMOR PARECE-ME DIFERENTE DA VONTADE...

- Eu não disse que para amar é preciso querer amar. Para amar é preciso Ter vontade de ir explorar com toda a lucidez todas as múltiplas facetas do amor tal como um diamante bruto, retirado com esforço da terra e no qual podemos imaginar múltiplos brilhos potenciais. Amar não é um dado imediato, directamente acessível, mesmo no caso da mágica paixão à primeira vista. Amar é obra de cada instante que se constrói e se tece, com paciência e determinação, tacteando e duvidando, iluminado antecipadamente pelos raios de luz do diamante imaginado. O amor no sentido mais amplo do termo é uma busca contínua, incessante comparável nesse sentido à busca da Pedra Filosofal, com o adendo de que temos um companheiro ou companheira, que somos dois a fazer essa busca, e sabemos talvez melhor onde vamos do que estando sós! Então, se voltarmos à tua pergunta dos casais que se separam porque não quiseram aprofundar essas ligações subtis ou se eles tiveram a impressão desastrosa e angustiante de não encontrar nada...

>A visão material da vida que temos de nos servir unicamente dos cinco sentidos é frustrante. Ela nos mostra apenas uma faceta limitada da realidade, e sua própria estrutura nega a existência eventual de um diamante em bruto a descobrir nos espaço-tempos transcendentes que sempre lhe serão estranhos.
(...)

O HOMEM ENTRE O CÉU E A TERRA - Etienne Guillé

segunda-feira, março 21, 2005

À POESIA DA VIDA, NÃO SÓ DE UM DIA POR ANO...


Vem soleníssima
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.




Vem cuidadosa,
Vem maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso e inútil.

Vem, Noite silenciosa e extática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...

Vem e embala-nos, vem e afaga-nos,
Vem cuidadosa, Vem maternal...


Excerto da Ode à Noite de Fernando Pessoa

domingo, março 20, 2005

A BUSCA DO ABSOLUTO

"No verdadeiro casal alquímico, nenhum dos dois componentes se nutre da “substância” do outro, substância tomada no sentido mais nobre do termo. Existe um prodigioso crescimento qualitativo das energias vibratórias do conjunto homem e mulher.(...)

EM BUSCA DA MULHER MÍTICA

A satisfação das necessidades materiais mesmo não elementares não conduzirá nunca a progressos correspondentes da consciência. O inverso não é verdadeiro, ou seja, não é necessário privar as pessoas a todo o custo, fazê-las sofrer de qualquer modo, para as fazer evoluir, o que significaria que temos que adoptar um comportamento masoquista ou sádico. De facto, penso que existe no casal alquímico uma dinâmica subtil. Pode ser que eu tenha acesso melhor ao meu duplo descobrindo-o no olhar do outro, o olhar do outro desempenhando o papel de espelho para ver a outra face de minha dupla alquimica, e reciprocamente.

Estou interessado na busca do absoluto. Humanamente, eu só tinha três soluções. Seja a mulher mítica, seja todas as mulheres com os seus limites desesperantes, seja nenhuma, e minha liberdade estava condicionada pelos meios que eu utilizaria para descobrir essa mulher ideal. Para mim esse esforço e esse caminho de conhecimento são ligados ao sagrado, à busca da mulher mítica."


O HOMEM ENTRE O CÉU E A TERRA -
De ETIENNE GUILLÉ

"O ser humano que não se liga a outro, não tem totalidade, pois esta só é alcançada pela alma, e esta, por sua vez, não pode existir sem o seu outro lado que sempre se encontra no “tu”. A totalidade consiste em uma combinação do eu e do tu, ambos se manifestando como partes de uma unidade transcendente, cuja natureza só pode ser apreendida, simbolicamente, como por exemplo pelo símbolo da rosa, da roda ou da “coniunctio solis et luna”. Sim os alquimistas chegaram até a dizer que o “corpus, anima et spiritus” (corpo alma e espírito) da substância arcana são todos três em uma e a mesma coisa, “pois todos vêm do Uno e com o Uno, o qual é a sua própria raiz. Um ser que é fundamento e origem de si mesmo não pode ser outra coisa senão a própria divindade...”

C.G.JUNG
MACHISMO OU MISOGINIA?
- ou o medo ancestral das mulheres e do seu poder...

LEIAM ATENTAMENTE O QUE OS HOMENS PENSA(V)AM
DA MULHER ATÉ CHEGARMOS AO MOVIMENTO SOCIALISTA...

(...)
"Voltaire sustentava que as mulheres eram inferiores aos homens, porque ''o sangue delas é mais aquoso''. E Rousseau afirmava: ''toda a educação das mulheres deve ser relativa aos homens''. Elas deveriam ser educadas para ''agradar aos homens, ser-lhes úteis''. Para ''tornar-lhes a vida agradável e doce''.

Antes desses dois bravos pensadores, Montaigne definia o papel que cabia à mulher com três palavras: ''sofrer, obedecer, consentir''.

No século 19, outros autores importantes dizem outras barbaridades. Balzac advertia: ''As mulheres devem aprender muitas coisas, mas só aquelas que convém que elas saibam''. E Byron sustentava que as mulheres só deviam ler livros edificantes, religiosos, ou então livros de cozinha.
(...)
Os intelectuais não são diferentes do comum dos mortais, no que se refere à receptividade de distorções ideológicas. Os líderes políticos também não se distinguem de seus liderados, nesse aspecto.

Napoleão Bonaparte, por exemplo, assegurava: ''A mulher é nossa propriedade e nós não somos propriedade dela. Ela nos dá filhos, nós não damos filhos a ela. Ela é, pois, propriedade, tal como a árvore frutífera é propriedade do jardineiro''. Trata-se - vale a pena ressalvarmos - de uma expressão infeliz, qualquer que seja o plano em que a interpretarmos. De onde Napoleão tirou a idéia de que a árvore frutífera é propriedade do jardineiro? O que nós podemos verificar é que o jardineiro não costuma ser o ''proprietário'' das árvores, e sim o empregado do dono, o sujeito que é incumbido de cuidar delas.

Foi a partir do início do movimento socialista, com o bizarro Charles Fourier, que as mulheres trabalhadoras se reanimaram. Fourier foi o primeiro filósofo a desenvolver de maneira consequente uma linha de pensamento e ação solidária com o gênero feminino.
Em aberta reação contra o machismo, Fourier questionou o casamento monogâmico, considerando-o uma nova forma de escravidão imposta à mulher. E levou sua solidariedade ao ponto de incitar a mulher casada a cometer adultério.
Assumiu uma posição cuja audácia ainda hoje causa forte impressão nos que a descobrem.

O movimento socialista criou um espaço que se abriu para as mulheres, ajudando-as a passar, no século 19, da esfera doméstica, da vida privada, para a esfera pública, dos conflitos políticos. Até hoje, porém, essa passagem está cheia de obstáculos.

(...)
IN A mulher e o machismo
Leandro Konder - Filósofo


DIGAM-ME, DÁ VONTADE DE SORRIR OU SOLTAR UMA GARGALHADA?...VIRAM ALGUMA DIFERENÇA ENTRE OS NOSSOS DIAS DE HOJE?

sábado, março 19, 2005

O PAR ALQUÍMICO

“amo-te de tal forma que creio ter-te sonhado”

Essa atracção, que parece racionalmente inexplicável (...), envolve energias vibratórias de qualidades bem específicas. Assim, o ser amado nos é totalmente desconhecido, significando que não conhecemos nada de sua vida passada e no entanto temos a impressão de conhecê-lo desde a eternidade no sentindo em que o nosso duplo é antecipadamente o complementar seu. É nesse nível subtil que se faz a comunicação entre as energias vibratórias, de duplo a duplo.

O AMOR À PRIMEIRA VISTA?

Uma troca vibratória de tal modo intensa entre dois seres que transcende cada um deles. Nesses momentos privilegiados, sentimos uma energia muito especial invadir o nosso ser. Somos irradiados de luz, transformados. Quando dois tipos de energias vibratórias complementares se encontram, elas podem se fundir se não existir nenhum freio da parte de um dos dois protagonistas e um novo ser começa a emergir: o casal alquímico. É um momento inesquecível e não é possível falar de complementaridade strictu sensu: devemos invocar então uma verdadeira sinergia, que tem sua fonte nos espaços-tempos transcendentes, dando acesso, ao menos, ao menos transitoriamente, à eternidade. É condição necessária para que o germe do casal comece a crescer.
(...)
Quando falo de casal alquimico, é geralmente homem-mulher, mas, como esta é uma escala distanciada da sexualidade strictu sensu, é possível imaginar casais homem-homem ou mulher-mulher.


O HOMEM ENTRE O CÉU E A TERRA - UMA NOVA ABORDAGEM DA REALIDADE -
De ETIENNE GUILLÉ - prof. adjunto de fisiologia-bioquímica, autor de vários livros.
Doutor ex-sciences. É professor pesquisador da universidade Paris-Sul

quinta-feira, março 17, 2005

A VERDADE DO CÓDIGO DA VINCI,
E QUE O VATICANO TANTO TEME...


"A mulher antes sagrada e a que engendrava a vida converteu-se na inimiga." depois do cristianismo...
(...)” DAN BROWN

O Graal é, literariamente, o símbolo antigo do feminino, e o Santo Graal representa a divindade feminina e a Deusa, que por suposto se tinha perdido, suprimida de raíz pela Igreja. O poder da mulher e a sua capacidade para engendrar vida foram noutro tempo algo de muito sagrado, mas representava uma ameaça para a ascenção da Igreja predominantemente masculina e por essa razão a divindade feminina começou a ser diabolizada pela Igreja que considerava a mulher impura. Foi o homem, e não Deus, quem criou o conceito de pecado original, pelo qual dizia a Eva comeu a maçã e provocara a queda da humanidade.


MARIA MADALENA E O SANTO GRAAL

“O desequilíbrio das nossas instituições fundamentais, que reflectem um Deus pai no topo de uma trindade totalmente masculina, teve uma influência devastadora no mundo Ocidental. Com o rápido desenrolar dos acontecimentos devido a avanços da ciência nos últimos trezentos anos e especialmente nos últimos cinquenta, a fractura na sociedade Ocidental e na psique humana tornou-se cada vez mais evidente.


A poluição do planeta e o abuso flagrante das nossas crianças estão intimamente relacionados com esta falha fundamental.
(...)
Uma das realidades mais tristes da nossa cultura é que a ascendência do masculino ferido levou à exaustão emocional. Onde o feminino não é valorizado, um homem não tem verdadeira intimidade com o seu oposto, a sua outra “metade”.
Muitas vezes, não pode canalizar as suas energias na direcção de uma relação amorosa visto que o seu parceiro, supostamente, não tem valor. Privado do seu oposto igual porque o feminno é visto como inferior, o macho frustrado predominante fica esgotado:

“onde o sol brilha sempre, há um deserto”. As florestas secam, os rios secam, o solo estala. A terra morre.”


Margaret Starbird

A SECA, O FOGO E A GUERRA SÃO O RESULDADO DA FALTA DO FEMININO SAGRADO.

quarta-feira, março 16, 2005

O SANTO GRAAL - CORPO DE MULHER


O Código Da Vinci, não “perverte” mais o Santo Graal do que a Igreja o já fez e continua a fazer há séculos...
O que era a Demanda do Feminino Sagrado perdido e símbolo da Grande Mãe, foi adulterado pelos monges e passou a ser o cálice que continha o sangue derramado de Cristo, em vez de ser o símbolo do Útero e da dádiva...ou mesmo da sexualidade da mulher! Quando é isto mesmo que faz todo o sentido às mulheres e a História também tem sinais de que foi o feminino que sempre foi perseguido e apagado para que os patriarca continuassem detentores da “verdade” e a dominar metade da humanidade?

O que o Vaticano teme é que as Mulheres possam de novo Ter Consciência do seu poder inato de sacerdotisas da Grande Mãe e que com o seu Dom de Profetisas lhes retirem as vestes e os adornos que eles usam e que lhes roubaram!...

O Vaticano e os bispos temem as “mentiras” e trapalhadas do livro...
Assim como nós mulheres, perseguidas pelos seus anátemas, tememos as mentiras seculares dos concílios papais e da própria Bíblia!


R.L.P.

"Assim, idealmente e miticamente, e muito antes da cristianização do mito, a Procura do Graal é, ela, a Glorificação da Eleita, a mulher eterna, divina, de múltiplos aspectos, que reina nos subterrâneos do mundo, e que não espera senão pelo o seu filho mais jovem para reaparecer ao ar livre e retomar o seu título de Grande Rainha equilibrando de novo a sociedade dos seus filhos desunidos e que se reconciliar no amor da Mãe.” (...)

In “A Mulher Celta” - Jean Markale
“O VATICANO LANÇA ATAQUE CONTRA O CÓDIGO DA VINCI”


O Vaticano teme os “erros e distorções” do livro mais vendido no Mundo. Mas que autoridade tem a Igreja que cometeu tantos erros e distorções ao longo de séculos, para além dos crimes e horrores que cometeu em nome da Fé pela Santa Inquisição, para nos querer defender dessa “mentira”?!
Erros e distorções que agora podem ser denunciados, através não só do Código, mas de outros livros mais sérios que as pessoas estão a ler e é isso verdadeiramente o que o Vaticano teme...

Porque se outorga o Vaticano o direito de negar a pesquisa individual de um ou mais escritores, historiadores, antropólogos e ensaístas, em nome dos seus próprios dogmas e preconceitos seculares?
Como é que podemos já no Sec. XXI continuar a ser dominados por tabus e dogmas milenares, rituais desfasados do tempo e sem significado plausível?

O Código da Vinci certamente deturpou menos a verdadeira história de Maria Madalena, oculta e apagada pela igreja, assim como doutros Evangelhos retirados para ocultar verdades que não serviam os seus interesse - para que esta continuasse o seu domínio na anulação e exploração milenar da mulher - do que o Vaticano. Disso temos a certeza!
Não se trata de apenas desmentir um tabu, como o possível casamento de Jesus com Maria Madalena ou a sua relação sexual com uma mulher! Trata-se sim evocar O SAGRADO FEMININO e de elevar a mulher ao “sacerdócio” e partilha espiritual com Jesus que deu à mulher a dignidade de discípula e amante talvez até como sacerdotisa da Grande Deusa, função que a Igreja lhe usurpou, impondo o culto de um só deus macho, dividindo a mulher entre a “santa ou prostituta...” fragmentando o seu ser e rebaixando o seu Mistério ao pecado e à culpa...

Não queimou a Igreja e a sua Santa Inquisição livros, homens e mulheres sábias, milhares de mulheres perseguidas como “bruxas” e que ameaçavam o Dogma da Igreja? Não o fariam igualmente agora se pudessem? Creio bem que sim. Não só queimariam o livro como condenariam o seu autor como herege, às fogueiras...

A IDADE MÉDIA AINDA: O ANÁTEMA DO BISPO CONTRA O CÓDIGO DA VINCI
O ANÁTEMA CONTRA O FEMININO SAGRADO, UMA NOVA PERSEGUIÇÃO À MULHER




Tartone – bispo próximo do papa, que mais parece um vampiro, ou um representante do Santo Ofício, aconselha os católicos a não lerem o livro e a divulgar as suas mentiras...

Em que é que difere o ataque do Vaticano ao livro e ao seu autor, da “Intifada” lançada contra Salman Rushdie pelo seu livro “Versículos Satânicos”? Na ameaça de morte que os fundamentalistas islâmicos lhe fizeram?

Não é uma ameaça à integridade intelectual e ao conhecimento humano, ao discernimento e liberdade da pessoa, este contra-ataque e controle da Igreja?
Morte do corpo para uns e morte da inteligência para outros...

Não é esta a ordem vigente que faz da mulher uma “histérica” (uma “santa” ou uma “puta”, consoante...) em que os homens em geral, e portanto não só padres e bispos, se referem à mulher como histérica, sempre que a mulher fala ou reivindica algum direito que ameace a sociedade patriarcal do alto do seu púlpito?

Senão vejamos o que diz hoje (ou ontem?) o “jornalista” Alberto Gonçalves, do Correio da Manhã...

“Sócrates não se acautelou e agora tem de aturar a histeria das feministas do partido
(...)
Caso soubessem fritar um ovo, mereciam regressar à cozinha”


Não é isto que padres, políticos e jornalistas, todos, mesmo os que não o dizem, pensam e querem das mulheres? Criadas e servas, ignorantes e obedientes, passivas e caladas?


R.L.P.
SÃO ROSAS SENHORA...

Só uma Mulher integrada na sua plenitude e consciente da sua sabedoria inata e não a mulher dividida e dominada pelo poder religioso misógino, destituida dessa identidade profunda pela sociedade patriarcal, seria a eleita ou a “Soror mística” dos alquimistas, a Musa dos poetas, a iniciadora por excelência que elevaria o homem ao espírito, e portanto todo o ser humano a um plano de consciência divina. Pela integração dos polos opostos complementares cada ser humano pode chegar à realização ou consumação dos dois princípios recuperando assim a unidade perdida.
Sem que a Mulher porém se realize ela própria antes e atinja essa plenitude do seu
ser que é aceder ao seu próprio potencial, e assim ter acesso à Consciência do Poder do Feminino por inteiro, unir as duas mulheres cindidas, nem ela nem o homem poderão atingir um grau superior de Consciência Cósmica. O antagonismo entre o homem e a mulher continuará, oscilando entre um princípio e o outro e neste caso no dominio do masculino sobre o feminino, actuando pela força e violência destruindo a Terra e a subjugar as mulheres...

E enquanto assim for não haverá Paz no mundo.

R.L.P.

terça-feira, março 15, 2005

O homem a mulher o casal alquímico

(...)no homem existe a vontade, vontade de se realizar e de fazer isso em contacto com a mulher. Enquanto a mulher tem em si a sabedoria, um tipo de sabedoria inata, um catalisador único da realização.
(...)
A mulher potencialmente está ligada ao conhecimento e à sabedoria que são duas forças complementares na grelha de base. A mulher realizada domina a dualidade e ajuda o homem a transcendê-la. Enquanto o homem tem acesso ao conhecimento que está no início de tudo e além disso tem a vontade.
(...)
A busca da verdade é também a busca do outro. Essa questão toca bem claramente o problema da dualidade masculino/feminino, dia/noite...Quando essa dualidade é dominada , leva a um outro nível de consciência, tal como a expressão na grelha integrada. A mulher - conhecimento/sabedoria - tem um substracto de facto, enquanto o homem precisa partir sem demora em busca de si mesmo. A mulher é para ele uma iniciação ao progresso, um catalisador de futuro. Nessa sentido a mulher parece Ter vantagem em relação ao homem.
(...)
Chegarei mesmo a dizer que, nessa evolução do conhecimento, a mulher leva vantagem, mas não tenho a certeza se ela sabe disso. Ainda mais que em ralação à situação actual ela se choca com o poder do homem. Sejamos claros: constitutivamente, não existem relações de superioridade ou inferioridade entre homem e mulher. Tudo depende do contexto sociocultural da época considerada cujas consequências extremas se manifestam nas sociedades do tipo patriarcal e matriarcal.
(...)
A mulher já é portadora do mundo transcendental - a Virgem Maria, Ísis, as Virgens negra. O homem, em contacto com a mulher, teria acesso ao germe da iluminação. E o casal alquímico exteriorizaria isso.


In O HOMEM ENTRE O CÉU E A TERRA
De Étienne Guillé
“A Mulher, a Mulher autêntica, reintegrada a sua plenitude e poder faz medo a esses sub-produtos que são os homens numa sociedade paternalista.”



Em redor da Lua os astros
Velam seu branco rosto quando plena
Inunda de resplendor a terra toda.

OH estrela da tarde,
dos astros todos o mais formoso...


SAFO - FRAGMENTOS

segunda-feira, março 14, 2005

"Se a pátria se derivara da terra, que é a mãe que nos cria,
havia-se de chamar mátria."

PADRE ANTÓNIO VIEIRA, SERMÕES

LER inORDEM NASCENTE

MATRIA - A GRANDE RAINHA

Assim, idealmente e miticamente, e muito antes da cristianização do mito, a Procura do Graal é, ela, a Glorificação da Eleita, a mulher eterna, divina, de múltiplos aspectos, que reina nos subterrâneos do mundo, e que não espera senão pelo o seu filho mais jovem para reaparecer ao ar livre e retomar o seu título de Grande Rainha equilibrando de novo a sociedade dos seus filhos desunidos e que se reconciliar no amor da Mãe.” (...)

In “A Mulher Celta” - J.m.
A CARTA SOCIAL

Diferença entre o escravo e o cidadão (Montesquieu e Rousseau): o escravo obedece ao seu senhor e o cidadão às leis. Por outro lado, o senhor pode ser muito brando e as leis muito duras: isto não muda nada. Tudo depende da distância entre capricho e regra.
(...)
Encontramo-nos diante das coisas liberta o espírito. Encontrarmo-nos diante dos homens, se dependemos deles, avilta, e tal acontece, quer esta dependência tenha a forma de submissão, quer a da autoridade.
Porquê estes homens entre mim e a natureza?
Nunca Ter de contar com pensamento desconhecido...(porque, nesse caso, somos abandonados ao acaso).
Remédio: fora dos laços fraternos, tratar os homens como um espectáculo e nunca procurar a amizade. Viver no meio dos homens como no vagão de Saint-Etienne a Puy...Sobretudo nunca permitir-se desejar a amizade. Tudo se paga. Conta só contigo.


O GRANDE ANIMAL
(...)
Só uma coisa aqui na terra que pode ser considerada portadora de um fim, pois possui uma espécie de transcendência no que respeita ao indivíduo: é o colectivo. O colectivo é o objecto de toda a idolatria, é ele que nos acorrenta à terra. A avareza: o ouro é do social. A ambição: o poder é do social. A ciência, e também a arte. E o amor? O amor constitui mais ou menos a excepção; por isso podemos chegar a Deus pelo amor, não pela avareza nem pela ambição. Mas, no entanto, o social não está ausente do amor (paixões estimuladas por príncipes, por pessoas célebres, por todos aqueles que gozam de prestígio(...)


In A GRAVIDADE E A GRAÇA - Simone Weil

domingo, março 13, 2005

PORQUE É QUE OS HOMENS AINDA TÊM MEDO DAS MULHERES?


“Pelo seu poder sexual a mulher torna-se perigosa para a colectividade, cuja estrutura social assenta na angústia que, antigamente era inspirada na mãe, hoje em dia tem como fonte o pai.”

E se esta mulher é perigosa, ela é afastada, e remetemo-la às cavernas mais profundas, mascaramo-la, ou a masculinizamos por vezes. A Deusa-Mãe tornou-se Deus-Pai. Mas como os homens têm necessidade ainda das mulheres, para quê aborrecer-se? Deus criou o homem à sua imagem, porque não havia o homem de criar a mulher à sua imagem?” (...)
(in JEAN MARKALE – LA FEMME CELTE)

-NA SOCIEDADE MODERNA, COMO A MULHER É PERIGOSA PARA O HOMEM, ELA É FECHADA EM CASA OU NO BORDEL, LEVA PANCADA E É IMPEDIDA DE EXERCER CARGOS POLÍTICOS OU RELIGIOSOS, SENÃO FOR MASCULINIZADA OU UMA BONECA DE SILICONE...OU ENTÃO USA BURKA...
"A DEUSA NÃO É CITADINA ELA É
A SENHORA DAS COISAS SELVAGENS”


"A Mãe, inicialmente como a própria Terra divina e depois em suas muitas formas como Grande Deusa ou Deusa Mãe, e também em seu papel dirigente, como representante humana ou como rainha que governa com autoridade da Deusa, manteve a raça humana sob o seu domínio até à aurora dos tempos. Assim aconteceu de acordo com a tradição antiga até que os homens foram superando a sua infantilidade da raça e (...)começaram a usar sua capacidade activa de agressão.

No nível transpessoal, os deuses arrebataram o poder da Grande Mãe e o seu séquito. No nível político, os novos patriarcas substituiram os matriarcados de autrora.


IN ANDROGINIA
Rumo a uma nova sexualidade - JUNE SINGER

"NO PLANO CULTURAL, A oRDEM ESTABELECIDA, É UMA oRDEM DE vALORES pATRIARCAIS, ONDE O DOMÍNIO MASCULINO É MAIS FORTE, MAIS PODEROSO, IMPRIMINDO A TÓNICA DA MENTALIDADE COLECTIVA. a NOSSA SOCIEDADE É ANDOCÊNTRICA. vÊ O MUNDO DO PONTO DE VISTA MASCULINO"


in "A feminilidade reencontrada"

sábado, março 12, 2005

UMA LÚGUBRE rEPÚBLICA, UM LÚGUBRE gOVERNO...

A frase “invocar a Musa” foi empregue muitas vezes de forma errada, o que obscurece o sentido poético: íntima comunhão do poeta com a Deusa Branca considerada como a fonte de toda a verdade.

Os poetas representaram a verdade como uma mulher nua, uma mulher privada de qualquer artifício que permitiria pela sua visão ligarem-se a um certo ponto do tempo ou do espaço. (...) O poeta é um apaixonado da Deusa Branca da Verdade: o seu coração consome-se por ela e na espera do seu amor.

Assim que as formas poéticas começam a ser utilizadas por homossexuais e que o “amor platónico” (o idealismo homossexual) se introduz nos costumes, a deusa vinga-se. Sócrates, se bem nos lembramos, teria banido os poetas da sua lúgubre república. A alternativa consistindo a passar sem o amor da mulher é o ascetismo monástico; os resultados que daí advieram foram mais trágicos do que cómicos. No entanto a mulher não é poeta: ela é a Musa ou nada. Isto não quer dizer que uma mulher deveria abster-se de escrever poemas, e sim apenas que ela deveria escrever como mulher, e não como se fosse um homem.
O poeta era originalmente o Místico ou o Fiel em êxtase da Musa, as mulheres que participavam nos seus rituais eram suas representantes.
(...)
É verdade que a mulher, desde há algum tempo, se tornou o chefe virtual da casa em quase todo o Ocidente, ela agarrou os cordões à bolsa e pode aceder a qualquer carreira ou situação que lhe agrade; mas é pouco verossímil que ela venha a repudiar o sistema apesar da ordem patriarcal dominante. Apesar de todas as suas desvantagens, ela tem agora uma maior liberdade de acção que até o homem não conservou para si próprio; ainda que ela se aperceba intuitivamente que o sistema está maduro para uma mudança revolucionária, parece não se preocupar nem ter pressa para a obter. >É-lhe mais fácil fazer o jogo do homem ainda mais um tempo até que a situação acabe por se tornar absurda e inconfortável tanto para uns como para outros se poderem entender.

(...)
in “A DEUSA BRANCA” de Robert Graves
AS MULHERES SOCIALISTAS REVOLTADAS COM SÓCRATES

Segundo a afirmação de uma militante do PS o 1º Ministro terá dito, como argumento de peso à não inclusão de mais mulheres no seu Governo, TEXTUALMENTE: “Para se ser do Governo é preciso haver confiança e confidencialidade”...

Cá está a velha desconfiança das mulheres e do seu "fraco carácter"...não merecem confiança nem são capazes de confidencialidade, isto é, gostam de dar à língua como diz o povinho, e são bisbilhoteiras...
O rapaz denunciou-se sem querer, pois isto é o que ele pensa realmente das mulheres; ao menos não usou disfarces! E tem razão: as mulheres verdadeiras nunca serão “politicamente correctas”...

“E NÃO HÁ MULHERES DO PS?”

“A quase ausência de mulheres no Governo acontece sem que ninguém tenha dado sequer um suspiro, porque o poder em Portugal é misógino, visto como assunto de homens, uma coisa para ser tratada com gravata ao pescoço e sem maquilhagem. Num país em que maioritariamente as mulheres trabalham fora de casa, estão em igualdade nas faculdades, há uma esfera que lhes continua vedada: a do poder. (...)
Mulheres no poder, só com caracter aleatório.”

(Excerto de artigo de São José Almeida, no Público)

Tenho a certeza de que houve mesmo um suspiro de alívio em cada um dos Senhores do Governo...As mulheres se não for “com carácter aleatório”, para brincar e animar as festas, não fazem falta...Eles não gostam mesmo das mais proeminentes - Ana Gomes, Helena Roseta, Sónia Fertuzinhos, e mesmo as mais caladinhas como a Maria de Belém ou a mais bem falante Edite Estrela.

Eles são misóginos, os nossos governantes...

“homens com pés pequenos
e cabeça a condizer”. Y.C.

sexta-feira, março 11, 2005

TODOS OS HOMENS SÃO MAIS OU MENOS INVEJOSOS;
OS POLÍTICOS SÃO-NO ABSOLUTAMENTE

E.Cioran

A arte livra-nos ilusoriamente da sordidez de sermos.
Enquanto sentimos os males e as injúrias de Hamlet, príncipe da Dinamarca, não sentimos os nossos – vis porque são nossos e vis porque são vis.

O amor, o sono, as drogas e intoxicantes, são elementares da arte, ou antes, de produzir o mesmo efeito que ela. Mas amor, sono e drogas tem cada um a sua desilusão. O amor farta ou desilude. Do sono desperta-se, e, quando se dormiu, não se viveu. As drogas pagam-se com a ruína de aquele mesmo físico que serviram de estimular. Mas na arte não há desilusão porque a ilusão foi admitida desde o início. Da arte não há despertar porque nela não dormimos, embora sonhássemos. (...)

Tenho neste momento tantos pensamentos fundamentais, tantas coisas verdadeiramente metafísicas que dizer, que me canso de repente, e decido não escrever mais, não pensar mais, mas deixar que a febre de dizer me dê sono, e eu faça festas com os olhos fechados como a um gato, a tudo o que poderia ter dito.


In O LIVRO DO DESASSOSSEGO
Fernando Pessoa
AS MULHERES COMO DEUSAS

"As mulheres devem estar conscientes da sua natureza sagrada de Deusas, o chamamento de glória inerente aos humanos. Somos filhas da História e Mães de um Novo Mundo. Não é altura de renunciarmos ao nosso poder. É tempo de o reivindicar, em nome do amor."

AS MULHERES NA POLÍTICA

"A eleição de mulheres para cargos políticos não garante, por si só, a expressão de uma voz feminina no exterior. Quando acedem ao poder, as mulheres podem ser tentadas a conspirar com o sistema paternalista que lhes concedeu, de forma tão magnânima, um lugar à mesma mesa. Sentem-se compelidas a transformar-se em homens de poder no meio de homens de poder. Só quando as mulheres enfrentam o mundo para expressar uma genuína inteligência equilibrada em compaixão, representando não apenas as mulheres mas o esforço que todos os seres humanos fazem para recuperar os seus sentimentos perdidos, haverá uma verdadeira libertação da Deusa enclausurada."


in O VALOR DE UMA MULHER de Marianne Williamson

quinta-feira, março 10, 2005

"VELHAS AMARRAS" - O QUE PENSAVA SÓCRATES DAS MULHERES...

"CONHECES ALGUMA PROFISSÃO HUMANA ONDE O GÉNERO MASCULINO NÃO PREVALEÇA EM TODOS OS ASPECTOS SOBRE O GÉNERO FEMININO?(...)
"Não percamos o nosso tempo a falar de tecelagem ou de confecção de bolos e de guisados, trabalho a para os quais as mulheres parecem ter algum talento e onde seria completamente ridículo que fossem vencidas"
– ESTA é mesmo do Sócrates, do verdadeiro...mas tão misógino como o novo ou vice-versa?


PARA QUEM LUTA E AINDA ACREDITAVA...
(...)
"Enganei-me: Ministras são apenas 2 - 12,5 %. Espero que com as Secretarias de Estado, ainda a anunciar a esta hora, a percentagem de mulheres no Governo suba substancialmente. Para que, ao menos, o governo socialista não fique atrás dos governos de direita de Durão Barroso - que, de Bruxelas, não perdeu já a oportunidade de esfregar mais um pano encharcado na cara do PS, a este respeito.

No Parlamento Europeu inúmeros colegas - homens e mulheres - interpelam a delegação portuguesa, incrédulos, desapontados, confusos "Como é possível? E ainda por cima com o PSOE ali ao lado a mostrar o caminho?!".
O que se responde? Que Portugal e o PS estão nas mãos de dirigentes que não compreendem os desafios da modernidade e da globalização? que não compreendem sequer o que é o país hoje ?

Enfim. Uma vergonha para Portugal e para o PS! E uma ofensa para as mulheres portuguesas. E sobretudo para as numerosas mulheres capazes e experientes, que, por todo o país, o PS conta como valiosos quadros e como apoiantes em todos os sectores profissionais, sociais, académicos e autárquicos.
Que governação PS iremos afinal ter: Novas fronteiras? Ou velhas amarras ?


"VELHAS AMARRAS" É O QUE IREMOS TER...MAS AINDA ASSIM OBRIGADA ANA GOMES PELO SEU ESFORÇO INGLÓRIO...

Inserido por AG 10.3.05
IN CAUSA NOSSA - ANA GOMES
USANDO A BANDEIRA DO ABORTO EM DEFESA DA MULHER PARA USO PARTIDÁRIO. QUANDO UMA MULHER É LIVRE E SENHORA DE SI MESMA, FALA POR SI E NÃO PRECISA DO PATERNALISMO DOS POLÍTICOS.

“A Mulher, a Mulher autêntica, reintegrada a sua plenitude e poder"(...)"não precisa de permissão do governo para usar o seu corpo"!



"A questão do aborto/pró-vida foi intencionalmente desencadeada nos Estados Unidos por diferentes facções dentro do governo para criar o conflito. Dividindo o governo pode dominar o povo. Conceda ele ao povo a escolha, liberdade e capacidade de continuamente melhorar a sua vida e este já não será manipulável. Sempre que houver oposição E CONFLITO entre pessoas, quem estiver controlando sai beneficiado, mesmo com a questão do aborto."
“Encarregada dos negócios dos EUA”, em Portugal no Público dia 8 de Março escreveu estas barbaridades:

O que os EUA estão a fazer intensivamente pelas mulheres no Iraque e Afeganistão, estão a fazer também no Médio Oriente Alargado e Norte de África, e da Parceria do Médio Oriente, tanto com o G8 bilateralmente. Ambas as iniciativas reconhecem o papel crítico da mulher na reforma política, económica e social.
As mulheres no Iraque e Afeganistão estão a encontrar as suas próprias vozes e estão a ser ouvidas em todo o mundo.


A CONTRASTAR COM A REALIDADE:

"Eu não quero morrer"- Violência doméstica no Iraque
Mesmo em casa as mulheres Iraquianas não estão seguras.


"Uma organização Iraquiana dos direitos da mulher, a Liga das Mulheres Iraquianas, informou que mais de 400 mulheres foram " raptadas, violadas e ocasionalmente vendidas" durante o fim da guerra, entre Abril e Agosto de 2003.

Mesmo em suas casas, as mulheres iraquianas podem não estar seguras. O colapso na ordem e na lei depois da queda de Bagdade, conjuntamente com a dispensa das forças policiais pelos poderes ocupantes e a proliferação do armamento contribuiu para um crescimento nos "homicídios de honra" e violência doméstica. Estes crimes são muitas vezes ignorados pelas forças policiais, como o caso de Fátima.
Alguns líderes islâmicos exploraram essa corrente de instabilidade no Iraque para pressionarem e imporem as suas próprias políticas, que irão impor restrições na liberdade de expressão e de movimentos da mulher.

Em casa e na comunidade, em tempo de guerra e de paz, milhões de mulheres e raparigas são espancadas, violadas, mutiladas e mortas com impunidade. Junte-se á campanha da Amnistia Internacional para exigir medidas por parte dos governos, comunidades e indivíduos para parar a violência sobre as mulheres em todo o mundo.

Tome uma atitude contra a violência doméstica no Iraque"


AMNISTIA INTERNACIONAL
http://www.amnistia-internacional.pt/agir/campanhas/violencia/casosapelo/iraque.php

quarta-feira, março 09, 2005

A AINDA INVISÍVEL
MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES...


Dei uma vista de olhos por um jornal diário ontem e vi as várias referências ao dia internacional da mulher. Desde as condecorações do nosso presidente da República ao trabalho voluntário das mulheres e que fez uma chamada de atenção muito correcta, às flores na Baixa e no Rossio ou as rosas nas lojas às mulheres que comprarem um novo “soutien gorge” e mais umas vagas manifestações dos movimentos apagados e aglutinados ao governo das mulheres que só servem de montra para umas tantas senhoras brincarem às reivindicações partidárias e também assegurarem as suas promoções dentro dos partidos a que pertencem, pouco de interessante li.

Sim, nada li de relevante ainda que se falasse em grandes movimentos de uma manta de retalhos que somos todas nós e uma “carta à humanidade” - e eu aqui quero perguntar mais uma vez: a que Humanidade? À humanidade homem que domina a outra metade mulher? Ou à humanidade dividida das mulheres que lutam umas contra as outras sem identidade própria nem consciência dos factores essências que as dividem dentro de si mesmas e que permitem o domínio dos homens há séculos? Neste caso é absolutamente certeiro: eles dividiram-nos ao meio para reinarem ad eternun.
Mas há um artigo que li gritantemente o mais teórico e retórico, como prova do que digo, quando nos deparamos com o da “Encarregada dos negócios dos EUA”, em Portugal que escreveu estas barbaridade:

O que os EUA estão a fazer intensivamente pelas mulheres no Iraque e Afeganistão, estão a fazer também no Médio Oriente Alargado e Norte de África, e da Parceria do Médio Oriente, tanto com o G8 bilateralmente. Ambas as iniciativas reconhecem o papel crítico da mulher na reforma política, económica e social.
As mulheres no Iraque e Afeganistão estão a encontrar as suas próprias vozes e estão a ser ouvidas em todo o mundo.


E na Nigéria? E em Darfur? Onde há tráfico humano de mulheres e crianças e violação sistemática das mulheres, o que é que fazem?

Se isto não fosse trágico de hipócrita e medonho pela incongruência e falsidade, dava vontade de rir...
Se no Ocidente e em Portugal, em trinta anos de democracia, as mulheres pouco ou nada conseguiram de significativo na expressão das suas capacidade em direcções e chefias, só por terem começado a votar, sendo evidente o estado de inconsciência global das mulheres no nosso país, tirando umas tantas das classes mais privilegiadas, entre as quais a maioria de universitárias, o que não será em países medievais e fundamentalistas, onde a mulher é apenas uma besta de carga?!
Como se o simples facto de votar ou por o dedo no papel a mando do marido e talvez com pancada, libertasse as mulheres de alguma coisa ou lhes desse consciência da sua individualidade! Nem as leis a seu favor quanto mais e apenas um voto...

Como é que a mulher pode ter ou afirmar os seus direitos numa sociedade que se forma e baseia na diferença e na exploração não do homem pelo homem, mas basicamente, desde o início da história e em todos os sistemas, da exploração da mulher pelo homem?
Em todas as sociedades a mulher é explorada e quer os seus votos quer os seus direitos são apenas bandeira desgarrada dos partidos à partida, para melhor usar e servirem-se da mulher SEM QUE NUNCA LHES DÊEM ACESSO AOS QUADROS SUPERIORES ONDE QUER QUE ELAS MILITEM e SEM QUE NUNCA TENHAM VOZ ACTIVA, e onde não passam de acessórios ou figuras de estilo e de propaganda eleitoral. Como é entre nós o caso da bandeira esfarrapada do aborto ou da paridade!!!
E a verdade disto vem explícita num artigo muito lúcido de uma militante do PSD, neste mesmo jornal:
“TRINTA ANOS DEPOIS ONDE PARA A POLÍTICA PARITÁRIA?”

Respondo: a nenhum lado. E a prova está à vista de todos! Em 72 deputados desse partido que afirma “a política ainda é demasiado masculina” há apenas meia dúzia de mulheres...
E no Partido que venceu por maioria absoluta, apesar de ter mais mulheres que por lá militam, formou um Governo onde entram 2 mulheres apenas! Uma na Educação e outra na Cultura! Lugares que ainda podem exercer pois são extensões da casa. Só falta mais uma ministra da Culinária e outra da Costura para o quadro tradicional da mulher estar completo.

Sabemos que a política em Portugal é machista, clientelista e feita por "HOMENS DE PÉS PEQUENINOS CABEÇA A DAR COM OS PÉS ", mas não é só machista...é feita por misóginos, uns poucos ainda marialvas, espécie em extinção, homossexuais e pederastas... Nada tenho contra as opções sexuais de ninguém - excepto dos pedófilos - garanto, apenas quero com isto comprovar que as mulheres têm cada vez menos lugar na política ou onde quer que seja, pois a sociedade patriarcalista e falocrática já não precisa da mulher-mulher para nada a não ser para o lugar a que sempre a relegaram ou seja agora num só pacote, mãe de família-trabalhadora-doméstica em simultâneo e no Bordel ou nos Bares de alterne e mesmo estes já são maioritariamente tomados conta por travestis e transexuais, sendo mesmo os preferidos quer dos homens boçais quer dos “senhores de posição” lá da terra e outros que também ministros ou embaixadores...

Não, enquanto a mulher em si mesma não tiver consciência da divisão do seu ser e lutar contra as outras mulheres, aceitando o estatuto de esposa e “a outra” como prostituta, não haverá nenhuma realidade ou liberdade para a mulher! E o Dia da Mulher será apenas mais um dia como o dia do animal...ou da Floresta...ou dos lobos...
Se ao menos uivássemos...

R.L.P.
ATÉ PARECE, SR. EX-MINISTRO...

A violência doméstica não é sinónimo de violência de género, garante o ex-ministro Morais Sarmento.
Pois é, não lhe parece a si, mas é efectivamente violência de género!!! Há muitos séculos! Ou o senhor já não destingue os géneros? Sim, há idosos e crianças que são vítimas de violência, mas estas também são normalmente maltratadas pelos homens...é quase excepção uma mulher violentar a família, embora hajam muitos crimes de faca e alguidar, mas isso não é género, é pura ignorância e miséria senhor ex-ministro! É o País das profundezas que o seu partido ignorou E NEM SONHA QUE EXISTE... Há a mãe que mata a filha à pancada e há a mulher que mata o marido à facada...27 facadas que foram os anos ou as vezes que ela se lembra de Ter sido espancada e violado pelo marido!

E realmente ainda me pergunto o que é que este senhor teria a ver com a Comissão para a Igualdade dos Direitos da Mulher...Uma coisa que só existe há muitos anos e no papel - livros, revistas e estudos académicos - e a fingir que paternalmente os senhores ministros do Governo se importam com os direitos das mulheres...
Na verdade são só mais uns “tachos” para as amigas e familiares não entrarem em depressão a mãos com as panelas!!!



A TURQUIA VAI ENTRAR NA UNIÃO EUROPEIA?

"Os direitos das mulheres não são para todas!
Uma manifestação pelos direitos das mulheres em Istambul, na Turquia, terminou com violentas agressões dos agentes policiais a várias mulheres.

Sob o pretexto de que a manifestação não estava autorizada, a carga policial sobre as mulheres e homens, que se manifestavam, deu origem a 50 feridos. A manifestação tinha como objectivo, mostrar a importância do 8 de Março, dia internacional das mulheres. O regime de Ankara não entendeu assim. E resolveu brutalmente demonstrar a sua misoginia."

in Renas e Veados

Nota à margem: de certeza que o nosso ex-ministro estará de acordo com o Governo de Ankara. Não há violência de género...

terça-feira, março 08, 2005

EH, EH, EH...AINDA VIM A TEMPO DE UMA VISITA E DEIXAR UM COMENTÁRIO...


Dei hoje uma volta, POR CURIOSIDADE, por uma série de Blogues nacionais e colunáveis, os sérios, aqueles que só falam de política e política, de JORNALISTAS ETC. sempre como é nosso costume, uns contra os outros e às vezes de futebol que é de macho claro, mas não vi em nenhum qualquer referência ao DIA INTERNACIONAL DA MULHER... Não pelo dia, mas pela mulher...é claro que na política eles querem lá saber da paridade ou da violência doméstica! Ou mesmo do aborto...Tudo isso são parvoices e é só para fingir que somos europeus...

Vê-se pelos partidos e pelo Governo...

Sim, os Blogues colonáveis e que tem milhares de visistas e dezenas de comentários por dia, só falam de coisas de homens... só falam de política os mais machos, e os eruditos, literatura com pitadas de filosofia...com muito humor ou a desdenhar...
Ás vezes lá se atrevem à poesia...mas também só a realista e de homens de barba rija que já morreram.

MULHERES?
- O que é isso? Só para ilustrar a página uma artista de cinema mundial de vez em quando, com um colo generoso, em Alerta Vermelho, quando faz muito calor ou uma escritora de renome que eles preferem...

E DEUSAS?
- Nem pensar...Bruxas arrenego, que maçada, só se forem as meninas dos bares...para destemperar da chatice das próprias mulheres ou despejar os maus fígados, a acompanhar um duplo wisque. Tudo muito macho! Made in Portugal


“A Mulher, a Mulher autêntica, reintegrada a sua plenitude e poder faz medo a esses sub-produtos que são os homens numa sociedade paternalista.”J.M.
PELA UNIVERSALIDADE DA MULHER

NÃO A UM DIA INTERNACIONAL...

PELA UTOPIA...

Se porventura as mulheres todas se unissem na Consciência do Princípio Feminino em vez de seguirem os valores do princípio masculino, OS SEUS DOGMAS E TABUS E AINDA AS SUAS UNIVERSIDADES, fiéis aos seus padrões de poder e abuso do mais fraco, exclusivamente para agradar aos patriarcas do deserto, na pessoa do padre, do marido, do amante ou do patrão ...
Se em vez de aceitarem a sua divisão em dois tipos de mulher, permanecendo divididas entre a “santa e a prostituta” e as suas variantes, sempre umas contra as outras, o Mundo seria forçosamente melhor e a breve trecho teriamos a Paz entre os Povos e uma mais equitaviva destruibição dos bens na Terra. Deixaria pela certa de haver fome a curto ou longo prazo, assim como seriam salvos os animais e as florestas da violência e brutalidade dos homens que as violam e matam!
Para isso era preciso que as mulheres recuperassem a Voz do Útero e fossem ouvidas como sábias e sacerdotisas - antigas deusas - que eram e no seu mais íntimo continuam a ser e que se não deixassem menosprezar nunca mais ou ser reduzidas a zero como o foram pelas religiões católica e mussulmana, os estados e instituições ao longo dos séculos...

segunda-feira, março 07, 2005

"A nossa civilização tem sido patriarcal por tanto tempo, com o elemento masculino predominante, que a nossa concepção sobre o é feminino talvez se tenha tornado preconceituosa. Por exemplo, tornou-se um “facto” estabelecido entre nós que o masculino é forte e superior e o feminino fraco e inferior. Só recentemente é que esse dogma foi ameaçado pelas mulheres que, em sua revolta, têm não só questionado a teoria, como também demonstrado na prática que esta não é firma. Porém ainda persiste o preconceito de que os homens são, de alguma maneira, independentes na realização pessoal, do carátcer ou força, superiores às mulheres - que o homem em si é superior à mulher. Em sociedades matriarcais o reverso dessa conjectura é verdadeiro.”(...)
In OS MISTÉRIOS DA MULHER - M.ESTHER HARDING


"As mulheres portuguesas são parvas"

(...)"As mulheres modernas são também supostas ser boas na cama, profissionais competentes e estrelas nos salões. Mas isto é uma utopia. Nem a mais super das supermulheres pode levar as crianças à escola, atender os clientes no escritório, ir à hora do almoço ao cabeleireiro, voltar ao escritório onde a espera sempre um problema urgente, fazer compras num destes modernos supermercados decorados a néon, ler umas páginas de Kant antes de mudar as fraldas do pimpolho, dar um retoque na maquilhagem, telefonar a três "babysitters" antes de arranjar uma, ir ao restaurante jantar com os amigos do marido, discutir a última crise governamental e satisfazer as fantasias sexuais democraticamente difundidas pelos canais de televisão. Estou a falar, note-se, de mulheres socialmente privilegiadas. A vida das pobres é um inferno sem as consolações de que as suas irmãs de sexo, apesar de tudo, usufruem.

É por isso que a luta tem de continuar. Não sei se sou "femininista", nem me interessa debater a questão terminológica. Sei que sou contra todas as injustiças e, entre elas, contra a ideologia que nos quer manter encerradas numa Casa de Bonecas. Ao longo dos anos, tenho ouvido de tudo, incluindo mulheres que dizem estar contra a emancipação feminina. Pensei então que não valia a pena perder tempo com tontas. Mais madura, considero hoje que o melhor é retirar-lhes o direito ao voto, o direito ao divórcio e a protecção legal contra a violência doméstica. Se gostam de ser escravas, que o sejam. Acabou-se o tempo das contemporizações. Quem luta, têm direitos; quem se resigna, fica de fora"

(in Público)Filomena Mónica - Historiadora

AS MULHERES BRASILEIRAS...

A cada 15 segundos, uma mulher é espancada no Brasil e o País deixa de crescer 10% por causa disso As mulheres são 51% da população mundial e, no Brasil, chefiam 33% dos lares. No entanto, a cada 15 segundos uma delas é espancada e o País deixa de aumentar em 10% seu PIB por causa dessa violência. É o que diz o relatório sobre a situação social, política, econômica e jurídica da mulher brasileira, lançado em outubro de2003 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

E NO RESTO DO MUNDO?...

domingo, março 06, 2005

OS PARADOXOS (DES) HUMANOS...

“Em 1965, uma mulher foi vítima de alguns dos métodos de tortura mais cruéis e humilhantes praticados pela PIDE. Muitas das histórias sobre o abuso efectuado pela polícia do Estado Novo ficaram no anonimato. Muitas mulheres morreram, outras recusaram-se a contar o que lhes aconteceu.”
In Público, 4/3/05


Uma mulher conta como há quatro décadas foi tratada pela polícia de estado e como outras mulheres polícias a olharam e trataram:

(...) “agachou-se a um canto da sala para urinar. Os agentes dirigiram-se a ela, despiram-na e ordenaram-lhe que limpasse o chão com a sua roupa...
(...)
Uma outra agente, a Mariette, entrou na sala e disse olhando para ela que tinha vergonha de ser mulher...
Depois, Madalena (era uma agente famosa e temida pelas prisioneiras pela sua violência) disse: “Então vamos começar o espectáculo” - abriu a porta e mandou entrar uma dezena de homens, entre agentes e inspectores da PIDE, e começou a despi-la. “Fala ou não sua puta”, gritou-lhe. Conceição ficou nua. Ainda tentou esconder-se atrás de uma mesa , mas Madalena agarrou-a e empurrou-a para junto dos homens que se encontravam na sala.”

OS DIREITOS HUMANOS? DE QUE HUMANOS?
(tortura da água pela inquisição...)

Passadas 4 décadas uma Leonor Cipriano, que não era comunista, nem tem qualquer consciência cívica ou política e que nem era mulher polícia, é alegadamente uma mãe assassina, que também podia ser uma Mariette ou uma Madalena, e que mata uma criança de seis anos à pancada e quem sabe, corta-a aos bocados que deita aos porcos e confessa, com ar impávido e sereno, às televisões que se calhar lhe raptaram a filha...
Vai presa e passados meses não se sabe ainda ao certo o que fez à filha, e a polícia às voltas não consegue desvendar o mistério...então sabe-se agora - e toda a gente fica indignada e muito chocada - que “a pobre desgraçada” é espancada na prisão ou torturada por oito inspectores da Judiciária - que querem saber do paradeiro da criança morta a qualquer preço...
Espancam-na e dão-lhe murros à vez como os agentes da PIDE à Conceição que lutava por uma causa justa e que amava a sua causa ...

Que diferença há entre os agentes da PIDE e os inspectores da Judiciária e estas mulheres, que diferença “moral” existe entre vítimas e carrascos? Seja em Portugal, na América ou no Iraque?

O que nos prova isto? Que o Estado Novo era fascista e que a Democracia, toda ela é podre e os homens são sempre iguais e que só mudam as fardas e os ideais? E que todos são capazes de matar e torturar...


Este POVO, qualquer povo, que se mata entre polícias e criminosos, entre soldados inimigos ou camaradas, são a mesma raça e vivem este estranho paradoxo humano de entre si se torturarem e matarem em nome da sua ideia de justiça ou dos seus ideias de liberdade ou na defesa dos seus interesses materiais e bélicos ou religiosos...Antes era pelo ouro agora é pelo petróleo ou pela fé...

Foi assim que os espanhóis dizimaram os incas...
Que os americanos mataram os índios...
Que a Igreja caçou e queimou milhares de mulheres como bruxas...
E holandeses, ingleses e portugueses escravizaram os pretos?
Foi assim que os judeus foram mortos aos milhares pelos nazis e depois aprisionam e matam por sua vez outro povo...

Esta história não tem fim e é o mundo que é assim pela violência dos homens, pela lei do mais forte e da Espada. Em que o Cálice é vilipendiado. E a Rosa esmagada...
A civilização ocidental ou cristã, NUNCA existiu. Somos apenas povos bárbaros. Somos ainda os descendentes do invasores...


O CÁLICE E A ESPADA

"No núcleo do sistema dos invasores encontram-se a atribuição de mais valor ao poder de tirar a vida, em vez de a dar. Este era o poder simbolizado pela Espada “masculina” que, como atestam antigas gravações Kurgan em cavernas, era literalmente adorada por estes invasores indo-europeus. Pois a sua sociedade dominadora, regida por deuses - e os homens - guerreiros, este era o poder supremo.
Com o surgir destes invasores no horizonte pré-histórico - e não, como se diz por vezes, com a descoberta gradual, por parte dos homens, de que eles representavam também um papel na procriação - a Deusa, e as mulheres, foram reduzidas a consortes e concubinas dos homens. Gradualmente a dominância masculina, a guerra e a escravatura de mulheres e de homens mais delicados e “afeminados” tornou-se norma."


Riana Eisler
(...)

”E nunca mais devemos esquecer que o nome de Alá substitui o de uma antiga deusa da Arábia pré-islamita, deusa solar cujo simulacro era a célebre pedra Negra de Caaba, em Meca, um meteorito, portanto um Dom do céu caido sobre a terra, e que simbolizava maravilhosamente, de maneira inteiramente abstracta, a grandeza e o poder da dinvindade.”


IN A Grande Deusa de Jean Markale.

sábado, março 05, 2005



Um outro símbolo ligado à mulher e à fertilidade é a serpente. A serpente tem significados múltiplos; de entre eles o mais importante é o da sua regeneração. Como atributo da Grande Deusa a serpente conserva o seu carácter lunar - o da regeneração cíclica. Animal telúrico e ctónico, feminino por excelência, é uma hierofania do sagrado. Sob a forma de Ouroboros, a serpente que morde a cauda, simboliza um ciclo de evolução fechado sobre si próprio. Este símbolo abrange as ideias de continuidade, de autofecundação e em consequência, de eterno retorno. Mas a forma circular da imagem dá lugar a outra interpretação: a união do mundo ctónico figurado pela serpente e do mundo celeste figurado pelo círculo, significa a união de dois princípios opostos - a terra e o céu, a noite e o dia. Todas as grandes deusas da natureza que se revêem no Cristianismo sob a forma de Maria têm, como dissemos, a serpente como atributo. Mas se há figura da Deusa-Mãe que mais se possa aproximar a Maria é Ísis, que embora sendo “ Senhora do Ocidente “ ( o que significa Senhora no mundo dos mortos, onde assiste a Osíris ) é também uma deusa solar que ilumina as Duas Terras com os seus raios, enviando a luz a todos os homens. Ísis sustenta sobre a fronte a cobra real, uraeus de ouro puro, símbolo de soberania, de conhecimento, de vida e de Juventude Divina.

Ler O artigo a MULHER O DIVINO E A CRIAÇÃO em :TRIPLOV

sexta-feira, março 04, 2005

Antes que amanheça o dia e as trevas desapareçam,
irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso.




Toda tu és bela, ó minha Bem-amada, e não há mácula em ti! Vem do Líbano, minha noiva, vem do Líbano ter comigo, do cume do Amana, do cume do Senir e do Hermon, covis de leões e montes de leopardos.

in CÂNTICO DOS CÂNTICOS

"Ela é o centro da magia, do cântico mágico e enfim da poesia, pois a situação extática da vidente resulta de ela ser dominada por um espírito que irrompe dentro dela, o qual se pronuncia a partir dela , ou melhor, que nela se denuncia e se manifesta, em forma de invocação rítmica e intensa.
Ela é a fonte de onde Odin obteve as runas da sabedoria, bem como a Musa,
a origem das palavras que fluem do âmago do poeta e sua anima inspiradora."


in "A GRANDE MÃE"

quinta-feira, março 03, 2005

"Através da mulher, o homem percebe-se,
conhece-se e realiza a condição humana."


Tantra - A Suprema Arte
(...)
O Tantra é o culto da feminilidade. É o culto ao princípio feminino. Por conseqüência, culto à mulher. Nesse contexto, a mulher aparece no culto à deusa-mãe. A mulher aparece, a um tempo, como símbolo da fertilidade e é adorada, a outro, como mulher que proporciona prazer e satisfação. Quando um homem tântrico relaciona-se com a mulher, está envolvendo-se com a expressão mais sofisticada da Natureza. O homem relaciona-se com o ser que consegue dar continuidade à vida (deusa-mãe) e, ao mesmo tempo, proporciona níveis de prazer fantásticos. Portanto, esse homem deseja estar o mais tempo possível em contato com essa “divindade”. Por conseguinte, a relação sexual passa a ser longa e extremamente prazerosa. Nesse contexto, a sexualidade tem conotações de adoração e é instrumento para perceber e desenvolver o universo interior do ser humano. Ou seja, a mulher além de deusa-mãe e fonte inesgotável de prazer, permite ao homem o encontro, a descoberta e a realização do universo interior. Através da mulher, o homem percebe-se, conhece-se e realiza a condição humana.
(...)
Por
Clélio Berti
Universidade de yôga
omberti@hotmail.com


"Foi o homem, e não Deus,
quem criou o conceito de pecado original"


"O Graal é, literariamente, o símbolo antigo do feminino, e o Santo Graal representa a divindade feminina e a Deusa, que por suposto se tinha perdido, suprimida de raíz pela Igreja. O poder da mulher e a sua capacidade para engendrar vida foram noutro tempo algo de muito sagrado, mas representava uma ameaça para a ascenção da Igreja predominantemente masculina e por essa razão a divindade feminina começou a ser diabolizada pela Igreja que considerava a mulher impura. Foi o homem, e não Deus, quem criou o conceito de pecado original, pelo qual dizia a Eva comeu a maçã e provocara a queda da humanidade. A mulher antes sagrada e a que engendrava a vida converteu-se na inimiga. (...)”

IN O CÓDIGO DA VINCI
de Dan Brown