O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 16, 2006

A prostituição vista pelo (homem) “nosso” Presidente


“O Presidente da República, no seu Roteiro para a Inclusão, focou a prostituição, afiançando que se opõe à sua legalização.
(…)

“Por fim, Cavaco Silva parece não compreender que o combate ao tráfico e exploração de seres humanos só será eficaz quando a prostituição estiver livre da discriminação preconizada pelo próprio Estado. Quando se aclarar a diferença entre prostituição e prostituição forçada.

Isto é: ou se lida com a realidade, com o facto de existirem homens e mulheres que se prostituem e - concorde-se ou não com tal actividade - garantem-se os mesmos direitos a todos; ou se finge que tais pessoas não existem e só se reconhece quem pretende e consegue deixar "esses descaminhos" (expressão do Presidente!), agravando a exclusão. Essa é a questão nodal em relação à prostituição. Essa é a questão que Cavaco Silva evitou, deixando apenas duas possibilidades: ou mudam ou são abandonados à sua sorte e mercê.

Moralismos e caridade à parte, para combate à exclusão é pouco. É mesmo o oposto.”


D.N. "Ai os descaminhos"
de Joana Amaral Dias (Psicóloga)
genecanhoto@gmail.com

SE AS MULHERES SE INTEIRASSEM DAS SUAS "DUAS VOZES"...

Alguém tinha dúvidas de que este ou outro Presidente qualquer podia ser mais do que “moralista e caridoso”??? Que esperam ainda as mulheres do Estado ou dos Governos?
Queriam que ele(s) equacionasse as questões do mundo por cabeça própria ou de maneira inteligente? Não, sem coração não é possível e a cabeça dos homens está feita há milénios e pertence a uma forma estreita de pensar de acordo com o Princípio da dominação masculina. Na sequência desta conversa virá o “Aborto” (ou a despenalização da interrupção voluntária da gravidez pelas mulheres...) e os padres e os deputados (uma espécie de padres diferente…) a dizerem que esta questão nada tem a ver com os direitos das mulheres…
E que mulheres são essas que votam contra a sua própria liberdade de decisão? Moralistas e cristãs, e com cabecinha "feita" pelos padres e deputados, óbviamente e que pensam como homens, evidentemente...

Esta é a linha de pensamento patriarcal milenar comum aos homens e mulheres e que pouco mudou, embora algumas mulheres, sobretudo as jornalistas e intelectuais, julguem o contrário e é assim que se indignam e espantam com o mais banal e habitual da história humana: que o patriarcalismo ignora a essência da mulher e condena-a precisamente pela Sua Natureza, quando não a reduz ao que sempre fez, a procriadora e serva do homem…ainda que os termos possam variar…

Mas há homens e Homens, afirmo e como diz muito bem William Golding:

“As mulheres por vezes ficam histéricas e fazem e dizem as coisas mais estranhas. Mas esta observação vai dar a volta e morder a própria cauda: talvez a verdade da vida e do viver resida nas estranhas coisas que as mulheres fazem e dizem quando estão histéricas”


in “ As Duas Vozes”- de William Golding

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