O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, novembro 03, 2006

PORQUE ME IDENTIFICO TANTO COM AS MULHERES NEGRAS...
MEDUSA, MELUSINE, A BRUXA MALDITA, LILITH...
AS MULHERES PERSEGUIDAS, AS MULHERES SOMBRA,
AS MULHERES TRAÍDAS...

Como Lilith, a primeira mulher de Adão, foi no corpo e na alma, julgada a “fonte de toda a injustiça” e mensageira do ilícito."

tirado de lunati-ka
Como todas as mulheres trago no sangue esta legenda e uma raiva surda inrompe na noite escura e como a loba apetece-me uivar de raiva esta dor milenar...
Quem me dera que fosse um uivo tão potente que trouxesse à superfície da Terra o poder ancestral de cada mulher, o Poder da Deusa Mãe e da revolta de todas as mulheres no planeta, que a mulher amestrada pelos donos e submissa esconde, sofre na pele a dor do mundo que cala há séculos e séculos...



"Os “prazeres do corpo” negados são a testemunha de uma ofensa arcaica à natureza do homem e é a primeira violência feita à mulher. Lilith, que se “alegrara” indo ao encontro do homem com timidez e amor, olhando confiante no fundo dos seus olhos, recebe em resposta uma rígida projecção defensiva, um desprezo cheio de angustia, um desdém que produzirá raiva e cegueira em relação àquela que tem somente “culpa” de ter feito conhecer o Amor, de ter sido apresentada ao homem como sua igual e semelhante, divina ela também. O homem portanto, não reconheceu como sua a felicidade de ter corpo e sexo, espírito e alma fundidos numa só entidade.
(...)
A tragédia está nessa falsificação da realidade psíquica. A vida imortal com Deus Pai exigiu um preço: o deslocamento do mal sobre Lilith, a transferência da Dor e da Grande Dúvida para a Mulher. Assim se extinguiu o sorriso nos lábios de Lilith e o seu regozijo de amor se converteu, para sempre em raiva e ódio de Adão “patrão”.


in LILITH A LUA NEGRA - de Roberto Sicuteri

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