O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 23, 2007

NÃO SOU POLíTICA NEM "CORRECTA"...

O PODER PATERNAL é igual ao poder dos patriarcas seculares.
A lei na sociedade patriarcal é defensora dos direitos dos homens maioritariamente e condena as mulheres à prisão por decidirem por si próprias sobre a sua vida ou dos seus filhos que os homens não querem se não tiverem a garantia da “posse” do seu corpo que carimbam com um Nome que dão à criança. Nunca isto foi para proteger a mulher mas para impor sobre ela o poder dos homens.



A HISTÓRIA DA GATA B(OR)RASILEIRA

Não sei o que me deu agora para seguir os casos mediáticos mas ontem não resisti a ver “O PRÓS E CONTRAS” sobre a criança “ meia” adoptada por um casal a quem a mãe brasileira, imigrante e ainda clandestina deu sem seguir os procedimentos legais. A mãe ainda grávida manifestou ao pai biológico a necessidade de ajuda mas este na dúvida de que a criança fosse sua disse não querer saber nada disso…ouvi-o mesmo dizer que “ela tinha outros” e portanto ele não era parvo nenhum, subentendia-se…Ao longo dos anos o tribuna interveio e exigiu ao homem indicado pela mãe o teste de ADN e obrigou-o literalmente a fazê-lo. Deu positivo. Ao fim não sei quantos anos, 3, 4 o pai biológico quer a a filha que é “sua”…
O Tribunal dá a ordem nesse sentido, mas os pais adoptivos negam-se a entregar a criança a um estranho…por essa razão e alegando “sequestro” o tribunal condena o militar a 6 anos de prisão decretando “prisão preventiva”…A Mãe adoptiva foge com a criança e o advogado do diabo, digo do esmerado pai especula quem sabe a criança está a ser mal tratada pela mãe adoptiva que a criou desde bebé, longe do paizinho espermatezóide…
Os Mídea começam a ventilar o caso e de repente há um movimento popular e intelectual ou sentimental a interceder com milhares de assinaturas.

Pronto, o debate era sobre isso. Advogados das duas partes, juristas e especialistas, uns de um lado outros do outro, mas professores e sindicatos, todos os quadrandes bem pensantes e pessoas com sentimentos resolveram defender os pais adoptivos “contra” o pai biológico o dono do espermatezóide que na verdade não fez mais nada pela criança e agora deu-lhe uma “vaipe” e por orgulho macho e besta, quer a criança só para ele. Claro que estou a tomar partido…mas não é isso que me interessa. Depois de ouvir os “50” (podiam ser 500 anos) homens legais e doutos sobre o assunto e as duas senhoras muito indignadas e mais umas centenas a dar palmas também indignadas na plateia - apercebi-me que a câmara filmava de vez em quando em grande plano a MÃE e esta caladinha e remetida para o seu silêncio de imigrante e de pobre coitada e culpada, embora atenuada – convém, porque esta mulher afinal não abortou a criança apesar de só, estrangeira e desamparada e isso os magistrados do “não” adoraram realçar muito subtilmente;
sim o que eu quero dizer com esta história e digo isto tudo porque a MÃE estava ali reduzida a nada a olhar do fundo da sua impotência, na sua miséria e profundamente ignorante, sem ser ouvida para nada, estatuto a que são votadas as mulheres pobres e imigrantes, ou mesmo as nossas mulheres do “povo” enquanto se discutia entre os homens sábios e advogados o PODER PATERNAL. Tal como agora se discute a Lei da despenalização do aborto…Entre padres e padrecos, professores e doutores, juizes e advogados…


O PODER PATRIARCAL no seu melhor. Tudo à volta dos homens e a Mãe reduzida ao seu lugar de "ENCOBERTA" a mãe “solteira” e desgraçada, estrangeira e ameaçada por ser ilegal não se sabe por quem…

Este é o papel a que os homens limitam as mulheres na sociedade patriarcal. Tratadas sem respeito nem dignidade. Uma mulherzinha e ainda por cima brasileira…Uma dessas mulheres talvez que as Mafias trazem para a Europa “civilizada” para explorar, maltratar e prostituir e os nosos machos de província – os bem ditos portugas - aproveitam para se libertarem das marias lá da terrinha atrazada ou da mulher carregada de filhos que já não lhe apetece nada. As mulheres servem para tudo isto e muito mais e para estarem caladas a assistirem aos debates e aos tribunais a entregarem os filhos que não podem sustentar…

Como ter filhos que a sociedade despreza se as mulheres não tiverem o carimbo dos maridos? Não são essas crianças a quem chamaram desde sempre os filhos da puta?...Sim, filhos da Mãe, eles não são…
As Mães essas, são condenadas à prisão quando resolvem abortar porque o pai, ou não sabem quem é, ou não quer saber delas para nada, como foi este o caso…mas mesmo assim tem direito legal à criança…

Esta é a sociedade patriarcal por excelência como num qualquer País da Idade Média…

Desculpem lá, alguns homens sérios que me lêem, mas estes homens de PODER são todos uns espermatezóides ambulantes, enquanto as mulheres para eles não passam de umas meras “ barrigas de aluguer” a longo prazo…

rlp

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