O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 01, 2007

UM MUNDO NOVO

"MAS SE A DEUSA DOS TEMPOS PRIMORDIAIS FOI PARTICULARMENTE VENERADA EM TODO O PRÓXIMO ORIENTE, O CRISTIANISMO E SOBRETUDO O ISLÃO EXPULSARAM-NA VERGONHOSAMENTE DAÍ."
Jean Markale



Estamos ainda entre dois mundos... Um mundo velho que se esvai em convulsões e agonia, que mata os seus filhos, que dilacera. Estamos no fim de um mundo que era só razão e exclui sentimentos e intuição e em que a luta das mulheres quase que parece vã...Houve desvios culturais graves na história da humanidade que as prejudicaram mais directamente na falta de verticalidade e dignidade a que foram sujeitas, mas que prejudicou directamente também os seus filhos... Os homens têm de recuar na imposição da sua força e prepotência, tem de abandonar a sua arrogância e violência de machos e aprender a amar e respeitar a mulher e a terra! A amar o seu próprio feminino sem o qual não poderão amar-se a si próprios. Porque sem elevarmos o Feminino à sua representação mais elevada do ser mulher mais do que ser apenas amante ou mãe, nunca a humanidade se vai libertar da sua escravidão. Porque a Mãe da Humanidade está dividida em duas metades uma contra a outra no mundo inteiro. Uma dualidade que não é só dualidade de critérios, mas cisão da própria mulher em duas, perpetuada por valores de superioridade e inferioridade, cabendo à mulher sempre o papel inferior e negativo...

Este é o velho mundo do amor e do ódio sempre em alternância e sem descanso.
Todas a escravidão exercida pelo homem sobre os outros homens teve início com a escravidão da mulher e porque a Mãe livre e digna faltou, votada ao silêncio e ao descrédito, os homens destruíram o mundo pela guerra.
Os homens quiseram assumir a paternidade do mundo, mas só geraram a divisão e o ódio entre irmãos...Desde Abel e Caim…
Dividiram terras, países bens e mulheres! Mataram milhões de seres humanos.
A mulher sofreu tanto ao longo destes milhares de anos que nada poderá justificar, nem a razão nem o pecado, nada justifica esse sacrifício inaudito. Apenas a loucura e prepotência dos homens que não viram que o seu poder era usado em cima do sacrifício da própria Mãe e que eles seriam as SUAS vítimas mais próximas.

Toda a face do mal deste velho mundo em estertor, dividido em duas metades, foi projectado na mulher. A mulher foi a cobaia e o bode expiatório de todos os homens, mesmo dos escravos e dos mais fracos e é preciso que isso fique claro de uma vez por todas, pois só depois de se compreender este erro crasso contra metade da humanidade, e com o qual ainda compactuamos todos, homens e mulheres, o mundo chegará a um novo consenso e atingirá uma nova consciência. Essa Consciência nada tem a ver com a velha consciência da moral podre dos patriarcas, nem com a ordem social vigente neste mundo, mas com uma consciência alargada, não linear. Com uma nova visão do mundo e da mulher, um novo mundo que se aproxima ainda que invisível …
O universo dos homens foi a razão, o intelecto: análise e separação. O universo das mulheres é a intuição, o sentimento: percepção e síntese. Estes dois mundos têm de se encontrar e cruzar dentro de cada ser.

Cabe à mulher o papel de mediadora uma vez liberta das suas amarras e quando na posse do seu dom de iniciadora, tanto do amor do filho como do amante, pois a mulher é iniciada por natureza e essa foi e é a sua função na Terra.
Amar-se e amar os outros como a si mesma!
Assim o homem também quando a mulher for Mulher.


(republicando - r.leonor pedro)
pintor- Nguyen Dinh Dang

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