O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, março 08, 2007

O DIA DA MULHER É TODOS OS DIAS...


Se fosses flor serias o perfume
Concentrado e divino que perturba
O sentir de quem nasce para amar!-
Se desejo o teu corpo é porque tenho dentro de mim
A sede e a vibração de te beijar!

A.B.

Não nos fiquemos por aqui neste dia…este dia evocativo da mulher não pode significar apenas um dia festivo em que a mulher recebe flores e presentes e fica muito contente…
Este dia significa muito mais.
Foi um marco no século passado do início da luta da mulher por maior justiça no trabalho e na vida, um passo para uma mais larga conquista. Mas foi muito pouco. Foi apenas o esboço do que deveria ter sido e não foi ao longo do século: uma verdadeira emancipação e luta pela integridade da mulher. Confundiram-se direitos e liberdades e lutou-se por uma igualdade em vez de pelo direito à diferença que consiste no grau de consciência que a mulher tem de si mesma e não apenas da sua força de trabalho ou papel sexual seja no caso da prostituta, seja no caso da mãe...
A mulher não é igual ao homem nem pode lutar só para ter direitos iguais no trabalho. As vitórias socias e políticas das mulheres foram importantes mas não lhes trouxe globalmente nem a dignidade nem a liberdade só por si e que só a consciência plena do seu ser em profundidade lhes poderá dar…
SÓ UMA NOVA CONSCIÊNCIA DO FEMININO QUE PASSA PELA INTEGRAÇÃO E UNIÃO DAS DUAS MULHERES DIVIDIDAS PELO PATRIARCADO, LHES PERMITIRÁ TER ACESSO À PLENITUDE DO SEU SER .




Ficariamos mais na mesma se assim NÃO fosse, se a mulher não fizesse só por si e em potência a real diferença podendo vir a contribuir para um mundo novo com mais paz e sabedoria, através do seu dom de cura e AMOR ancestral.
Não é pois a igualdade na guerra, nos desportos nem nos bares ou nas fábricas, na literatura ou nas assembleias, ou no uso da força ou da violência; não é a igualdade dos ordenados e nos cargos ou nas chefias, nem a liberdade sexual que deviam apenas estar em causa, mas a verdadeira dignidade da mulher, de todas as mulheres; a sua integridade física e psicológica, a sua coesão, na busca da sua verdadeira identidade, uma vez que elas podem ter acesso a esses lugares e cargos mas depois não são nem respeitadas nem consideradas na prática pelos homens… Porque a mulher dos nossos dias continua dividida e fragmentada e a lutar contra a “outra” que ainda é ela própria… Não há emancipação da mulher enquanto as mulheres estiverem divididas na sua essência. A mulher comum continua a aceitar essa divisão de si mesma em duas (a boa e a má segundo o preceito católico) sem ver que nega a sua “sombra”, culpando a “outra” dos seus males e abandono, passando por cima das outras mulheres para subir na consquista dos cargos e dos machos…

Era urgente e necessária a união das mulheres de todos os quadrantes, de todos os géneros, de todas as classes; era urgente e necessário o fim da prostituição - possível sem a divisão secular da mulher em dois tipos de mulher – era urgente e necesssário o fim da violência doméstica…da violência psicológica, do uso e abuso dos mídea do corpo da mulher, da aceitação tácita dessa utilização por parte dos responsáveis, da promoção impune de filmes e vídeos pornográficos que são nos nossos dias a expansão da escravização da mulher ao corpo e ao sexo!

Essa sim devia ser a luta constante das mulheres. E depois unirem-se como força de consciência e amor universais, lutando contra a guerra e contra a fome no mundo, contra o assassínio dos animais e a destruição massissa da natureza.

Isso sim seria uma verdadeira emancipação da mulher e faria toda a diferença a diferença pela qual valia a pena viver, lutar e morrer.

Enquanto isso não acontece, segundo os “direitos do homem”: (ironia: subentende-se que as mulheres não têm direitos…)


5 mil mulheres traficadas por Mafias, a maioria brasileiras, passam hoje por Portugal. 7 mil mulheres são vítimas de violência doméstica hoje em Portugal…

E quantos milhares mais de mulheres não passam hoje mesmo, fome, abuso, violência e guerra neste mundo…
Sim, quantas mulheres neste momento não estão a ser violadas ou a ser espancadas neste exacto segundo em que lê estas palavras e me acha a mim exagerada?

rlp

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