O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, outubro 13, 2007

A MULHER COMO INDIVÍDUO AUTÓNOMO

HÁ NA MULHER
UM PONTO MAIS IMPORTANTE DO QUE O "g" OU O y...

As mulheres precisam de uma ajuda específica ao nível da alma e da sua identidade profunda!. Precisam de consciencializar-se de si mesmas, nas partes que a constituem, unir as duas mulheres cindidas pela sociedade patriarcal. Isto não é uma questão ultrapassada ao nível espiritual pelas mulheres que se dedicam a uma via de iniciação ou cura, conforme possa parecer. Algumas mulheres
acham que sim, precisamente por se encontrarem em caminhos ou processos ditos
espirituais, mas é ainda uma fuga à sua fragmentação interior,
ao seu conflito
como mulheres, ao quererem ignorar a sua Sombra, aquela que dentro de si (e
exteriormente) renegam como a “outra”, a rival, a inimiga, a santa ou puta...A mulher tem de unir as duas partes de si, a mulher sensual e sensitiva e a mulher maternal e esposa. Não tem de continuar a dividir-se nesses estereótipos, nem aceitar essa divisão quer dentro quer fora como sempre a sociedade falocrática lhe impôs. A vida da mulher não tem de se cingir à sua função sexual e maternal, mas ser olhada e respeitada como um indivíduo autónomo.

É isto que quero dizer a todas as mulheres: temos de acabar com o estigma de puta, dissipar a diferença entre os arquétipos da imaculada e da madalena arrependida, da pecadora ou da culpada, que a mulher encarna nos modelos tradicionais que ela é a obrigada a representar seja no papel de uma ou de outra! Isto não quer dizer legalizar a prostituição nem fazer do sexo “trabalho” e do corpo um instrumento como os legalistas querem! Quer dizer que cada mulher deve livremente expressar-se na sua natureza intrínseca na expressão natural seja da sua sexualidade seja da sua maternidade sem diferenças morais, sem etiquetas, sem Ter de corresponder ao modelo social e psicológico que os homens lhe impuseram de mulher séria, aquela que não tem prazer e mulher dissoluta aquela que exige um orgasmo...ou tem mais de um homem!
É isto que eu quero dizer a todas as mulheres para acabar de vez com a luta entre si, para que se unam na mesma causa comum, isso sim, para que finalmente haja lealdade feminina, fidelidade a si próprias e não ao homem, mas ao Princípio Feminino e à Deusa!

A mulher precisa de SE ASSUMIR NA SUA TOTALIDADE para que a Terra inteira seja salva
da mão predadora do homem-macaco - sejam eles evolucionistas ou criacionistas - pois não preferem eles ser descendentes dos macacos ou “crucificados” do que serem filhos da Deusa Mãe e da Mulher?!
rlp

“A grande obsessão dos homens continua a ser a liberdade das mulheres: já não se trata de queimar uma boa parte delas, como no tempo das bruxas, mas a lei, uma vez que o Estado tem condições de, em nome da sua soberania, promulgá-la e fazê-la aplicar, é um meio que permite refrear a autonomia de todas as mulheres. Impedidas de ser um poder real, perdem esse outro poder que em tempo de incerteza sobre a sua identidade os homens lhes tinham imaginado: as bruxas podem desaparecer. A vassoura que outrora lhes servia para fugir do lar será doravante usada pelas mulheres...para varrer, reencontrada uma serventia que nuca devia Ter perdido.” (...)*

in As Putas do Diabo - de Armelle Le Bras-Chopard (ed. Temas & Debates)

* Isto refere-se a um período entre 1800 a 1900 e em dois séculos o que é que mudou para as mulheres da Europa? Quem varre já não são as “portugaises” em Portugal mas fazem-no em França, enquanto por cá temos as moldavas e as ucranianas...e as brasileiras nas “passereles”)

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