O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, outubro 11, 2007

O PRAZER DA MULHER



“Para uma mulher chegar ao ponto em que pode apreciar o seu prazer como mulher será certamente necessário um longo desvio pela análise dos diversos sistemas que a oprimem”
A Mulher
"A mulher tem órgãos sexuais por todo o lado. Experimenta prazer em quase todo o lado...a geografia do seu prazer é muito mais diversificada, mais múltipla nas suas diferenças, mais complexa, mais subtil do que se imagina - num sistema imaginário centrado demasiado num único e no mesmo.

“Ela “ é infinitamente outra em si mesma. Esta é concerteza a razão porque é chamada de temperamental, incompreensível , perturbadora, caprichosa - para não mencionar a sua língua, em que “ela” dispara para todo o lado, e na qual “ele” é incapaz de discernir a coerência de qualquer significado. Palavras contraditórias parecem um pouco loucas à lógica da razão, e inaudíveis para ele, que ouve os filtros prefabricados, um código preparado antecipadamente. Nas suas afirmações, pelo menos quando ousa falar, a mulher redefine-se constantemente.”

ESCREVER O CORPO - Anne Rosalind Jones
In Género, Identidade e Desejo
Antologia Crítica do Feminismo Moderno


"As mulheres dizem, a linguagem que falas envenena a tua glote língua palato lábios. Dizem, a linguagem que falas é feita de palavras que te estão a matar. Dizem, a linguagem que falas é feita de signos que rigorosamente falados designam aquilo que os homens se apropriaram”
Monique Wittig, As Guerrilheiras
Imagens:TAMARA DE LEMPICKA: A MUSA DÉCO

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