O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, janeiro 27, 2008

A MODA DAS ALTERNATIVAS...

SER "ESPIRITUAL" SEM CONSCIÊNCIA DE SI E DA SUA FERIDA
VALE TANTO COMO SER MANEQUIM DE ALTA COSTURA...


A Consciência do Feminino Sagrado de que eu falo e que evoco, não é uma consciência meramente intelectual ou mental, não é uma forma de ritual, não é uma moda, não é um saber superficial de matérias vastas lidas e copiadas sobre a realização espiritual dos outros ou informação colhida sobre a doença e as curas e terapias que une o ser e liberta a alma… Não, o que eu falo e escrevo, para além de citar os autores que confirmam a minha experiência de vida, é da minha lavra e clamo por uma experiência VIVA de vida também da parte de quem me lê, de uma coerência do ser, da união do seu corpo alma e espírito e não o uso falacioso da mente poderosa que copia e dita fórmulas mas a pessoa em si continua prisioneira do seu drama, do seu ego, da sua dualidade (entre o bem e mal) e da sua ignorância ao fim e ao cabo. Eu vejo tanta gente nomeadamente mulheres estilo “Maria vai com as outras” a pregar receitas e como os papagaios, falam, falam e não dizem nada de genuíno ou repetem fórmulas que não praticam nem integram, só para sair do tédio ou do conflito matrimonial, para fugir aos filhos ou à sua realidade medíocre.

Uma mulher que quer integrar a Deusa, que seja consciente de si mesma, do seu conflito interno, da sua vida insatisfeita, da sua depressão ou angústia, deve começar por aceitar e olhar a sua sombra, a sua fragmentação interior em primeiro lugar. Deve aceitar e olhar de frente a sua realidade tangível e não alienar-se em terapias alternativas ou conceitos muito elevados de transcendência, porque encobre o seu drama, esconde a sua dor e atrasa o seu processo. Sim, porque se a mulher não for consciente do seu drama e da separação seu ser, da sua divisão interna, se não for sincera consigo mesma então não vale a pena apregoar aquilo que não é verdade na sua vida! Para se curar tem de se saber onde e como dói…precisa de enfrentar a sua ferida! E a grande ferida da mulher é o seu vazio, que começa e acaba na negação de si mesma enquanto mulher total.

A sinceridade e a coerência perante nós mesmas é essencial a qualquer caminho de Luz, de Paz e de Amor, porque, a Luz a Paz e o Amor, só chegam através da nossa absoluta sinceridade e coragem de enfrentar a nossa Sombra. E a mulher tem a outra mulher para integrar, e este é, a meu ver, o ponto crucial para o seu desenvolvimento. Sem esse passo gigantesco nenhum ser humano – homem ou mulher - chega à Luz, nem à paz no seu coração…e o Caminho que devia ser um caminho de amor crístico, torna-se um caminho cristóide, de farsa ou mentira, um caminho para o ego espiritual, um caminho de engano ao serviço da Matriz de Controlo. Um caminho que nos atrasa a todos…
A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE COMEÇA NA CONSCIÊNCIA NA NOSSA SOMBRA.
E só se alcança a LUZ depois de percorrer a Sombra...porque da escuridão nasce a LUZ...
RLP

1 comentário:

Marianita disse...

Texto excelente e, como deduziste da nossa conversa, em completa sintonia com a minha meditaçao de hoje. Se porém, tivesse sido eu a escrevê-lo, nao o teria circunscrito à mulher - o drama do auto-encobrimento, da via do plágio e da repressao de parte do filme é de toda a humanidade...
Abraço cúmplice
Mariana