O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, março 29, 2008

Ode de repudio à violência













...e domínio dos homens sobre as mulheres. Domínio exercido pelas leis e pelo dogma católico.
Ontem como  Hoje:
O Governo e a Igreja discutem (ou disputam?) as leis do divórcio, contrato que obriga a mulher a ser objecto reprodutor e viver em função de uma prestação de serviços do seu corpo e do seu sexo...

Eu não quero esquecer a ignomínia de séculos, senão milénios, de uso e exploração das mulheres por parte dos homens em todo o mundo. O esmagamento de metade da humanidade reduzida à escravidão ainda em vigor numa parte enorme do globo e abusada e violada noutros sem excepção. Não, não me quero esquecer, de todas as afrontas, sofrimento e violência sobre as mulheres ao longo de séculos, em cada canto do mundo e em cada casa. E os mais recentes e pungentes casos das mulheres nigerianas condenadas à morte por lapidação, no Darfur ou no Congo, das violações sistemáticas e os assassínios brutais das mulheres em toda a parte por guerrilheiros, pelos maridos, sempre actuais...
Não quero esquecer a guerra nem a miséria em que foram as mulheres as primeiras vítimas sempre violadas e usadas para defender o interesse das famílias e do reino...as casadas à força ou tornadas freiras, as prostitutas e as mártires, as santas, as criadas e as amas, as rainhas e as servas...as mães e as filhas, a mais arrogante das rainhas e mais humilde das concubinas na China e na Índia, todas elas sujeitas ao domínio dos patriarcas, padres e bispos e senhores e maridos e reis ou governantes deste mundo construído pelo poder da espada e da guerra contra o cálice sagrado da grande Deusa.
Eu não quero esquecer nem me deixar enganar por uma falsa liberdade ou igualdade de direitos num mundo em que o mais grave de tudo é as mulheres não se “emanciparem” como mulheres e defendendo os valores inerentes do feminino, mas para serem como os homens e usarem as mesmas armas de domínio e poder ou sendo meros objectos de ostentação da vaidade do macho, não sendo essa a essência da mulher. Mais grave do que a escravidão e abuso das mulheres é transformarem-nas no seu contrário e estas se traírem assim na sua essência. E nesta pretensa simulação de uma igualdade e liberdade nunca a mulher esteve tão longe do que Ela é na verdade e longe da razão do seu ser e portanto destituídas do seu Dom que prevalece na diferença e não na luta por um lugar neste mundo onde os valores femininos de paz e amor, respeito pela natureza e poder de cura são ou deveriam ser o seu apanágio. Mas que isto não signifique a mulher ser apenas um ser passivo e amorfo, que aceite tudo e se conforme com esta realidade.

Por tudo isto deploro as “Faces de Eva” passiva e submissa, como deploro a caricatura da mulher seja como objecto sexual seja como o seu contrário assumindo atitudes e comportamentos masculinos. Não me revejo na mulher intelectual nem na empresária e muito menos na mulher política, como não me revejo apesar de tudo nas feministas.
A mulher tem em si a mulher selvagem e a guerreira, mas tem sobretudo uma deusa e a sua luta deve ser pela justiça e pela verdade e não por chefias, propriedades e bens, terras e nomes...armas e petróleo! A mulher tem de lutar sobretudo pela sua integridade pessoal, pela união das mulheres e das mães, pela salvação do Planeta Terra; deve diferenciar-se do homem e se for preciso lutar mas apenas para se afirmar como indivíduo e como ser independente, pela sua soberania...mas nunca pela força nem na guerra a seu lado...

A Mulher pelo exercício do seu dom natural de amor e de cura de que foi alienada pelos padres e pelas leis, pode salvar o Planeta, se antes acordar para si mesma e para o seu poder inato!
No dia em que a mulher se tornar na verdadeira Mulher e tomar as rédeas da sua vida no Mundo inteiro a Vida e a Terra será dignificada.
Podem chamar-me visionária...rlp

2 comentários:

Anónimo disse...

E não falou da questão do fim do divórcio litigioso e do possível fim do casamento! :) O que está em causa é a vitória da Mulher, na sua libertação das amarras masculinas. O que está em causa não é o fim do amor, minha amiga. É o fim das posses, que ainda custa muito a muita gente pequenina deste país pequenino, que não evolui! Custa muito ver pessoas que falam da libertação da Mulher e depois contradizem-se, com o seu conservadorismo! Sou de uma família matriarcal, de origem alentejana, em que as mulheres abundam...Só para lhe dar um exemplo :) Que Lilith e Sophia lhe transmitam o que mais precisa.

Com os melhores cumprimentos,

André

Anónimo disse...

Alguém falou no fim do amor?
Este texto já o escrevi há muito tempo, mas hoje quando o revi e republiquei pensei que me iriam chamar visionária mas não pensei que me iriam logo chamar reacionária...
André aprecio o seu amor pela causa política e o seu credo nos sistemas, mas eu não creio em nenhum sistema a favor da mulher nem que o homem possa realmente perceber a essência do feminino. Integre o seu feminino e fale por si mas não fale pelas mulheres, fale para os homens acerca desse feminino no homem, mas da mulher deixe-a sentir e pensar por si. A perspectiva da mulher é diferente e como você não pode estar na sua pele, não se dê ao luxo de a julgar...
talvez daqui a uns anos largos você me dê razão...
abraço
rosa leonor