O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, junho 17, 2008

AS DUAS FACES DA DEUSA


“A Deusa é dupla: dela esperamos tudo o que é bom, deusa do amor, da fecundidade, da fertilidade, da vitória, mas ela é também o medo de todas as crueldades. Ela encarna ao mesmo tempo a luz e as trevas. Ela tem a face negra e a face branca, exactamente como a mãe humana e ao mesmo tempo ainda é a fada e a bruxa para a sua criança.

Artémis, deusa lunar, é uma Deusa bondosa e criadora na sua fase ascendente mas na sua fase decrescente como a lua ela dá a morte. Isthar envia chuvas fertelizantes na primavera mas destrói as colheitas nas tempestades de verão. Estas Deusas da Lua são também deusas da Terra e a terra tem o negro como símbolo. Cibele era representada por uma pedra negra e a Deméter chamavam-na “a Negra”. Ísis era também representada em estátuas negras porque ela era habitada pelo eterno conflito do poder criador e do poder destruidor.”*

Assim a Deusa… Assim a Mulher…
Também a mulher quando acede e evolui para uma consciência superior, integrando a Deusa, integrando os dois lados do seu ser, encarna essa duas faces, como a autora se refere no caso da mãe humana. E é dessa mulher que a criança tem medo assim como o homem…Mas tanto a mulher como o homem precisam de conhecer essas duas faces. A descida aos infernos pela deusa e a busca do seu lado instintivo pela mulher é a única condição de a mulher essencial se realizar na sua totalidade. A outra mulher que a mulher busca não é outra senão a Deusa da Noite, Deusa Negra…que completa a mulher diurna. Da união desse lado lunar com o seu lado solar, nasce uma nova Mulher nasce um novo Sol…

É dessa Mulher que estamos à espera...

Pensar apenas no lado bom, como uma bondade permanete, na imagem de uma mulher doce e terna é um erro secular e grosseiro, pois a mulher encarna perfeitamente essa dualidade e assim se passa com toda a manifestação de vida na Terra. Não querer compreender isso é de facto participar da farsa católica de uma Nossa Senhora imaculada e na alienação geral do planeta, que divide a mulher em duas e afasta o homem do seu lado negativo-feminino, por uma suposta ideia de bem o que levou a humanidade ao desequilíbrio e ao caos. Porque o caos nasce da não-aceitação de um suposto mal em nós…do lado obscuro, natural e instintivo. Teme-se a morte e a noite e cultua-se o sol e a vida…festeja-se o nascimento e chora-se a morte e tudo faz parte do mesmo Amor e Vida!Eterno paradoxo, é o que parece ser à vista desarmada, esta questão do bem e do mal, mas é só nas profundezas do SER e na conciliação dos dois lados opostos e complementeres da natureza-mulher e do homem que a vida se expressa na sua harmonia. A Justiça e a Verdade nascem dessa dualidade integrada e não de uma ideia ou conceito de um bem que só é uma parte de um todo que engloba as duas faces.
O conceito dualista de bem e mal, através das religiões, levou a humanidade a criar sociedades doentes pela repressão do suposto lado mau…quando o lado mau é só o outro lado da vida…Não confundir o mal com as acções degradadas de seres humanos primários na sua miséria e inconsciência. Não falo desse nível de mal e bem católicos de acções relacionadas com comportamentos primitivos, mas da dualidade sombra luz, yin yang, que fundamentam os dois princípios pilares deste mundo e em que toda a realidade terrena se baseia.
Foi através do medo primário da sombra e e do desconhecido como origem do nascimento e da morte que este  mal gerado pelo oculto, representado na mãe e na mulher  pelo seu poder de dar vida e morte que essa repressão se foi acentuando ao longo dos séculos e causou essa cisão na mulher, tornando-a um ser fragmentado  uma espécie de “verbo de encher" ao serviço dos patriarcas de todo o mundo. Não compreender os dois lados da mulher em primeiro lugar nem a dualidade do homem, é continuar a servir a Espada e não o Cálice…

A GRANDEZA DA DEUSA SUPERA TODAS AS ANTINOMIAS
A Mulher liga o a Terra ao Céu...é a mediadora das forças cósmico telúricas...

Vida e Morte são a mesma manifestação da Vida. Luz e Sombra a condição da manifestação neste mundo. A Mulher é o Cálice da vida e a Terra é o útero da morte…
A mulher é o útero do Amor e a Terra é o Cálice da vida eterna…
A ALMA É LUZ E RETORNA À LUZ
rlp

*LaFemme Solaire
de Paule Salomon
(Traduzido directamente do francês)

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