O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 29, 2008

UM PEQUENO INTERREGNO...

Não tenho escrito muito ou passo aqui deixando um ou ou outro texto alheio mas dentro do contexto mulheres & deusas, porque estou, desde que cheguei da viagem ao País Cátaro, a corrigir e a rever os textos que fazem parte do livro Mulheres & Deusas e cujo lançamento já está marcado para breve...
Não queria falar nisso até ao momento final, não por superstição, mas porque não gosto muito de fazer alarde das coisas que para mim são muito importantes...nem afinal das minhas coisas mais pessoais...

Para mim vai ser muito importante publicar em livro o trabalho destes anos todos e dar assim um contributo palpável para a divulgação deste trabalho a que dedico tanto de mim e do meu tempo...senão mesmo da minha vida!

O que eu queria salientar neste momento é que o descurar aparente desta página e das minhas leitoras e leitores não é negligência mas o estar completamente concentrada e um pouco stressada com o livro. Não me levem pois a mal as minhas amigas e amigos que dentro de uma semana ou duas, volto com a mesma regularidade à minha página para por tudo em dia . Portanto se falhar um comentário ou outro, ou uma visita a isso deve-se ao meu stresse...

Quanto à Viagem extraordinária que fiz, espero também falar de um aspecto ou outro em particular ou do que foi a minha experiência ao subir ao castelo de Montsegur e estar ali num lugar tão previligiado pela minha memória...

sábado, setembro 27, 2008

A TERRA E A MULHER


(...)
A questão do feminino está entre aqueles temas que não se prestam tão facilmente a uma discussão, porque se situam no fundamento da cultura, para além daquilo que é imediatamente manifesto. Esse é um assunto basilar, constitutivo do próprio fundamento de onde tudo deriva, a trama primeira sobre a qual os outros fios são dispostos. De certa forma, pode-se dizer que tais temas nos possuem e nos dirigem e são insuficientemente visíveis, pois estão submersos por nossas criações. Talvez se possa dizer que é a partir dessas imagens primordiais, como a da Terra-Mãe, que todo o nosso imaginário é montado, em camadas, uma mesma idéia se diferenciando em inúmeras variações, vinculadas, entretanto, àquele desenho elementar, e que só ao olhar acurado ela se revela.
Na verdade, as nossas relações com o mundo, de modo geral, são reflexo da nossa relação com essas imagens primordiais, destacando-se, entre elas, a Terra e o Feminino. Tudo o mais seria como um jogo de espelhos, em que nos perdemos com imensa facilidade. De forma que, ao contrário do que é sugerido de imediato, uma visão cabal do feminino não se tece sem uma enormidade de elementos e, pelo menos para começar, torna-se imprescindível escolher uma fresta apenas, para olhar esse complexo quadro sem tanta dispersão.

O simbolismo da Terra pode nos fornecer um paradigma seguro para o feminino, porque sobre ela lançamos nossas raízes, dela viemos, dela nos nutrimos. Há todo um paralelo entre a Terra e o Feminino. E, uma vez que mantemos relações bem materiais com ela, é possível que, a partir de um escrutínio dessas relações, possamos explicitar melhor o lugar ocupado pela mulher em nossa cultura. A Terra, pois, será um bom ponto de partida para uma investigação rica do feminino, quanto mais que essa identidade, em outros tempos, promoveu um desenvolvimento harmônico em muitas sociedades.
Portanto, não partimos de uma idéia original. Muito pelo contrário, essa é uma visão que remonta a alguns milhares de anos, cultivada e vivenciada por nossos ancestrais em culturas das quais restam apenas o que a arqueologia consegue resgatar. É para com essas culturas que nos tornamos devedores. E, ao lado delas, para com algumas outras poucas sobreviventes, ditas primitivas, pouco influenciadas e pouco influentes no nosso mundo industrializado e globalizado.

(....)
(excerto) de A TERRA E A MULHER
de Josina Roncisvalle & Lais Mourão

sexta-feira, setembro 26, 2008

Um longo texto que vale a pena ler


A fauna silvestre e a mulher selvagem são espécies em risco de extinção.

Observamos, ao longo dos séculos, a pilhagem, a redução de espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina. Durante longos períodos ela foi mal gerida, à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens. Há alguns milênios, sempre que lhe viramos as costas, ela é relegada às regiões mais pobres da psique. As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros.

Não é por acaso que as regiões agrestes e ainda intocadas do nosso planeta desaparecem à medida que fenece a compreensão da nossa própria natureza selvagem mais íntima. Não é tão difícil compreender porque as velhas florestas e as mulheres velhas não são consideradas reservas de grande importância. Não há tanto mistério nisso. Não é coincidência que os lobos e os coiotes, os ursos e as mulheres rebeldes tenham reputações semelhantes. Todos eles compartilham arquétipos institivos que se relacionam entre si, por isso, têm reputação equivocada de serem cruéis, inatamente perigosos, além de vorazes.

Minha vida e meu trabalho como analista junguiana e cantadora, contadora de histórias, me ensinaram que a vitalidade esvaída das mulheres pode ser restaurada por meio de extensas escavações "psiquico-arqueológicas", e, através de sua incorporação ao arquétipo da Mulher Selvagem, conseguimos discernir os recursos da natureza mais profunda da mulher. A mulher moderna é um borrão de atividade. Ela sofre pressões no sentido de ser tudo para todos. A velha sabedoria há muito não se manifesta.

O título do livro, Mulheres que correm com os lobos, mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem, foi inspirado em meus estudos sobre a biologia de animais selvagens, em especial os lobos. Os estudos de lobos Canis Lupus e Canis rufus são como a história das mulheres, no que diz respeito à sua vivacidade e à sua labuta.

Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e uma extrema coragem.

No entanto as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor que os seus detratores. Foram alvo daqueles que preferiam arrasar as matas virgens bem como os arredores selvagens da psique, erradicando o que fosse instintivo, sem deixar que dele restasse nenhum sinal. A atividade predatória contra os lobos e contra as mulheres por parte daqueles que não os compreendem é de uma semelhança surpreendente.

(...)
Chamo-a Mulher Selvagem porque essas exatas palavras, mulher e selvagem, criam llamar o tocar a la puerta, a batida dos contos de fadas à porta da psique profunda da mulher. Llamar o tocar a la puerta significa literalmente tocar o instrumento do nome para abrir uma porta.Significa usar palavras para obter a abertura de uma passagem. Não importa a cultura pela qual a mulher seja influenciada, ela compreende as palavras selvagem e mulher intuitivamente.(...)

Quando as mulheres reafirmam seu relacionamento com a natureza selvagem, elas recebem o dom de dispor de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, um oráculo, uma inspiradora, uma instintiva, uma criadora, uma inventora e uma ouvinte que guia, sugere e estimula uma vida vibrante nos mundos exterior e interior. Quando as mulheres estão com a Mulher Selvagem , a realidade desse relacionamento transparece nelas. Não importa o que aconteça, essa instrutora, mãe e mentora vagem dá sustentação às suas vidas interior e exterior.

Portanto, o termo selvagem neste contexto não é usado em seu atual sentido pejorativo de algo fora de controle, mas em seu sentido original, de viver uma vida natural, uma vide em que a criatura tenha uma integridade inata e limites saudáveis. Essas palavras, mulher e selvagem, fazem com que as mulheres se lembrem de quem são e do que representam. Elas criam uma imagem para descrever a força que sustenta todas as fêmeas. Elas encarnam uma força sem a qual as mulheres não podem viver.

O arquétipo da mulher selvagem pode ser expresso em outros termos igualmente apropriados. Pode-se chamar essa poderosa natureza psicológica de natureza instintiva, mas a Mulher Selvagem é a força que está por trás dela .

(...)
A mulher selvagem carrega consigo os elementos para a cura; traz tudo o que a mulher precisa ser e saber. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos. Ela é tanto o veículo quanto o destino.

Aproximar-se da natureza instintiva não significa desestruturar-se, mudar tudo da esquerda para a direita, do preto para o branco, passar do oeste para o leste, agir como louca ou descontrolada. Não significa perder as socializações básicas ou tornar-se menos humana. Significa exatamente o oposto. A natureza selvagem possui uma vasta integridade.
(...)
E então, o que é a Mulher Selvagem? do ponto de vista da psicologia arquetípica, bem como da tradição das contadoras de histórias, ela é a alma feminina. No entanto, ela é mais do que isso. Ela é a origem do feminino. Ela é tudo o que for instintivo, tanto do mundo visível quanto do oculto-ela é a base. Cada um de nós recebe uma célula refulgente que contém todos os instintos e conhecimentos necessários para nossa vida."
++
Clarissa Pinkola Estés, in "Mulheres que correm com os lobos"

quinta-feira, setembro 25, 2008

ESTA TERRA...

É Aqui nesta terra que todas as metamorfoses e todos os anseios se engendram. A cadeia dos seres que se estende para além dela só é reconhecida a partir dela. Àquele que a excede está prometido por isso um duplo regresso: ao arco-íris e à mina profunda do coração.

in O ABSOLUTO QUE PERTENCE À TERRA
Maria Filomena Molder
+++
"Rezo por um mundo em que possamos viver em associação e não sob domínio; onde a “conquista da natureza pelo homem” é considerada suicida e sacrílega; onde o poder não mais seja equacionado com a espada, mas sim com o santo cálice – o antigo símbolo do poder de dar, nutrir e estimular a vida. E, não só rezo, como também activamente trabalho, para o dia em que assim será. "

RIANE EISLER

segunda-feira, setembro 22, 2008

A CULTURA BÉLICA


"As emoções destrutivas ligadas à cultura, matam em nós mesmos a harmonia e a paz de nossa sabedoria primordial". Pierre Weil

Que cultura é essa que matou em nós a harmonia e a paz?

A cultura da violência e da falta de amor, a cultura do medo e do abuso...a cultura do Homem que baniu a Deusa e a Mulher das suas sociedades, para as subjugar e usar a seu belo prazer...para as matar ou violar...A cultura da Espada contra o Cálice...

A sabedoria primordial, da ligação da Terra com o Céu, através das suas iniciaciações e dos seus ritos, manteve-se nas sociedades matrilineares no culto da Deusa e foi destruída pelas invasões bárbaras e pelos padres do deserto, que a rejeitaram e à mulher, para dominar os mais fracos, fomentar a divisão e a guerra, a separação entre os homens e as mulheres!

Eu diria, que a falta de emoções verdadeiras e dos sentimentos negativos dos nossos dias, começaram na destruição do ser mulher por essa cultura, que matou em nós o feminino sagrado e as suas características no mundo, destruindo a harmonia e a paz dessa sabedoria primordial ligada à Terra e à adoração da Deusa Mãe o que permitia pelo mesmo respeito da Natureza o equilíbrio que nascia da integração dos opostos, do masculino e do feminino…essencialmente no respeito da mulher!
rlp

domingo, setembro 21, 2008

O ADEUS ÀS RUGAS, OU À FALTA DE EXPRESSÃO...

A TRAIÇÃO À BELEZA DA VIDA...E DA NATUREZA, À PRÓPRIA BELEZA DA IDADE...

Portugal desperta para festas de 'botox'
SÓNIA RAMALHO (in dn)

"Estética. Bastam 500 euros e uma simples picadela para as pequenas rugas de expressão desaparecem. Ao fim de seis meses é preciso repetir a operação, mas quem já aplicou não tem qualquer dúvida em repetir a receita. Apesar da facilidade do tratamento, a FDA, agência norte-americana que regula produtos alimentícios e farmacêuticos, já emitiu alertas sobre os efeitos secundários da aplicação do 'botox'.
Agência norte-americana emitiu alerta ao seu uso

Um grupo de amigas, um médico e o desejo de dizer adeus às rugas de expressão. Eis os ingredientes necessários para realizar uma festa de botox, a mais recente tendência na alta sociedade. A moda começou nos Estados Unidos, mas os especialistas alertam para os riscos das aplicações caseiras."


A DEGENERAÇÃO da Sociedade e a alienação do SER, a aberração da mente humana e a falta de sentido da vida, principalmente a falta de consciência do sagrado feminino, assim como o sentido do sagrado da vida em si mesma, leva cada vez mais as mulheres das classes favorecidas ou as mulheres mais expostas ao consumo e venda dos seus corpos, a práticas e usos degenerativos do seu corpo em nome da estética e da juventude e da aparência...
Os médicos que as exploram, são uma espécie de magos negros ao serviço da mentira e da destruição para servirem apenas os seus interesses económicos e outros como predadores que são... ao serviço de uma ciência negra!
É inconcebível que se façam anúncios de estética do corpo feminino em que este aparece marcado como carne retalhada para o mercado...das aparências!
As clínicas são sumptuosas e atractivas, prometendo corpos magníficos e vidas novas...

...corte aqui e ali, tire um bocado de si...
meta um enchido nisto e naquilo e vai parecer mais Jolie

O Século XXI serve-se da tecnologia e da ciência como forma de destruição do Ser e da sua integridade celular e organânica para manipular e anular os processos de consciência especialmente da mulher, mais sujeita às influências do Poder Patriarcal e de domínio masculino...
Acredito que qualquer alteração forçada da evolução natural do ser ou da transformação do seu corpo e psique que não seja natural e de dentro para fora, tendo em conta a natureza cósmica do Ser Vivo, através dos processos inerentes à própria natureza química e hormonal, é uma aberração e manipulação social e psicológica do ser humano a fim de beneficiar um Sistema ou Monopólio de Interesses de um Grupo - seja ele qual for - que explora a Humanidade para proveito próprio...
rlP

sábado, setembro 20, 2008

Rainhas sábias e Mulheres cultas


"TODA A ALEGRIA DO MUNDO É NOSSA
SENHORA, SE NÓS NOS AMAMOS"

Leonor nasceu na corte mais literada e culta do seu tempo. O seu avô tinha sido Guilherme IX, Duque da Aquitânia Guilherme IX , um dos primeiros trovadores e poetas vernaculares. Era tambem um homem extremamente culto, que, naturalemnte transmitiu o gosto pela aprendizagem ao herdeiro Guilherme X que, por sua vez, ofereceu uma educação excepcional às suas duas filhas. A Leonor e de igual modo a Petronilha que eram fluentes em cerca de 8 línguas, aprenderam matemática, astronomia e que discutiam leis e de igual maneira filosofia a par com os doutores da Igreja.

Esta educação, era estranha nesta época por serem mulheres, por outro lado sendo a maior parte dos governantes analfabetos, isso permitiu-lhes, desenvolver um espírito crítico e grande sagacidade política, muito útil especialmente a Leonor que, naturalemente haveria de governar ela própria.

Guilherme X teve tambem o gosto de envolver a sua herdeira nos variados aspectos da governação, levando-a tambem em várias visitas através dos seus territórios.
(...)
Leonor, Duquesa da Aquitânia 'Leonor da Aquitânia' (cerca 1122 - 1 de Abril 1204) foi Duquesa da Aquitânia da Gasconha, Condessa de Poitiers e também rainha consorte de França e de igual maneira Inglaterra. Era filha do Guilherme X, Duque da Aquitânia Guilherme X, o Santo , a quem sucedeu tambem em 1137, e de igual maneira de Leonor de Châtellerault. A sua fortuna pessoal e o seu apurado sentido político fizeram-na 1 das mulheres mais poderosas e influentes da Idade Média.*

LEONOR DE AQUITÂNEA




O AMOR CORTÊS

"O conceito de o “amor cortês” é introduzido por Leonor e pela sua “entourage” nas cortes da Europa, revolucionando por completo os costumes. Como exemplo, leia-se o seguinte poema, escrito no século XII por Beatriz de Diaz, uma nobre senhora da Provença, ao seu cavaleiro e amante. É possível depreender-se daqui que o amor que estas damas expressavam tinha pouco de espiritual e muito de terreno.



“…os homens não são nada, incapazes de beber na fonte do bem se não estão transformados pelas mulheres…e devem esforçar-se por servir as damas para que possam ser iluminados pela sua graça.”


“Ah, como eu desejo, pela madrugada,
Tomar nos meus braços
O corpo nu do meu cavaleiro,
Em êxtase, o seu rosto entre os meus seios

Formoso amigo, gentil e carinhoso
Quando poderei eu possuir-te
Deitar-me ao teu lado por uma hora
E cobrir-te de beijos apaixonados?

Sabes que daria quase tudo,
Para te ver no lugar do meu esposo;
Mas só se ouvir o teu juramento
De que farás tudo aquilo que eu quiser.”

Há duas grandes mudanças nesta altura : primeiro os Trovadores abandonam o tema das batalhas e substituem-no pelo o do Amor; em segundo lugar esse Amor, (bem como o Desejo), deixa de ser unilateral e passa a ser mútuo algo que, a princípio, foi considerado como subversivo e perigoso, uma vez o direito de escolha deixava de ser exclusivo do homem e passava , também, a pertencer à mulher. Foi na corte de Leonor, e mais tarde na de sua filha, Maria de Champanhe, que floresceu o conceito do “torneio do amor”. Segundo Diane Ackerman * aí “se compunham canções belas e ousadas, combinando histórias de amor com histórias de aventuras, como a do mito celta do rei Artur e seus Cavaleiros da Távola Redonda.” O amor era uma forma de arte com a música e a poesia. O desejo inflamado e o repertório dos trovadores incluía o amor sensual, subtil, elevado, quase sobrenatural, divertido, cínico ou meramente sexual, em todas as combinações possíveis. Os trovadores cantavam toda a magia e complexidade das primeiras fases do amor, os jogos de sedução, as torturas da incerteza, as noites passadas em claro, os olhares, os códigos secretos, os símbolos, as agonias da separação.
Ao consumar-se uma relação sexual, esta acabava, normalmente, com a história de amor (passava-se a fomentar uma outra, nova). O casamento, quase sempre um mero contrato negocial, era considerado enfastiante. É preciso acrescentar que o amor cortês celebrava a paixão e privilegiava o adultério em relação ao casamento e era totalmente irreligioso, pelo o que a Igreja o combateu vigorosamente.
Os jogos e “desafios”, como o Tribunal do Amor, serviam para debater questões variadas, tais como, “quem é mais fácil de conquistar, a mulher de um homem impotente ou a de um homem ciumento? “ ,ou, “o que é preferível, roupas quentes no inverno ou uma amante cortês no Verão?”, ou, “ se a sua amada se lhe entregar sob a condição de passar uma noite com um velho desdentado, prefere que ela cumpra esta condição antes ou depois?”, ou, “o que escolheria para amante, um velho virtuoso ou um jovem sem virtude”, ou, “devemos censurar mais quem se vangloria de favores que não recebeu, ou quem clama bem alto os que recebeu?; ou, “o que dá mais felicidade ao amante: a esperança de possuir ou a posse?; ou, "o amor reserva mais alegria ou mais sofrimento?"; ou anda, “ se tivésseis um encontro à noite com a vossa amante, preferíeis ver-me sair à vossa chegada, ou ver-me entrar quando saísseis?” Pode-se imaginar que estes serões funcionavam como uma espécie de concurso à maneira dos que existem na televisão hoje em dia, embora tivessem, para além do aspecto lúdico, um refinado caracter educacional e uma forte componente poética.
Os castelos tornaram-se lugares em que o civismo e a arte eram primordiais. Os homens, depois dos duros combates, iam descansar nesses recantos de paz e alegria. A vida era normalmente brutal, passada em permanentes cenários de guerra, mas quando as pessoas se entregavam ao amor tornavam-se requintadas, boas e gentis. André-o-Capelão, numa obra famosa na época, intitulada “Traité de l’amour”, afirma sem rodeios que “…os homens não são nada, incapazes de beber na fonte do bem se não estão transformados pelas mulheres…e devem esforçar-se por servir as damas para que possam ser iluminados pela sua graça.”
Leonor contribui decisivamente para o desenvolvimento do ideal de cavalaria, uma instituição e uma ordem com regras exigentes que obrigava o homem forte a colocar a sua força ao serviço dos fracos, um imperativo extraordinário que, infelizmente, nunca mais teve paralelo na história das civilizações. "

in LEONOR DE AQUITÂNIA, UMA RAINHA QUE SONHOU UNIR A EUROPA
Por Helena Vasconcelos

ver em: http://www.storm-magazine.com/arquivo/ArtigosDez_Jan/Artes/a_fev_marco2002_1a.htm#LEONOR%20E%20A%20IDEIA%20DE%20UMA%20NOVA%20SOCIEDADE

No Castelo de Puivert

Toda a alegria do mundo é nossa Senhora, se nós nos amamos.

De amor é todo o meu pensamento
E nada mais me importa que o amor ...
Porque do Amor procede o que quer que se diga,
Tanto o que de mais valor tem na loucura como na sabedoria
E tudo o que que se faz por amor é bem...

anne bonnon

Tapeçaria do sec. XII evocando Avalon...
Foto tirada (por mim) na Igreja do Castelo onde se reunia a Corte do Amor

Leonor de Aquitaine passou por lá em 1170 com os seus 13 trovadores...

"O XII século é, com efeito, a época do "Fino Amor" no qual a dama cristalisa os traços e virtudes da mulher ideal. Ela é adorada, ou seja, deidificada, como o ideal feminino da Virgem Santa. Ela é a promesa de amor perfeito, e a mediadora que deve levar o homem, o trovador ou o cavaleiro, a um plano ideal de aperfeiçoamento moral, e, no plano prático ela deve intervir a seu favor junto do senhor seu marido. O trovador está com efeito sempre ligado à donna por um laço de vassalagem.
O Fino Amor é uma arte de viver, uma ética, em que se mistura a ascese, domínio de si, o desfrutar do espírito, busca eterna, espiritualidade, sensualidade à flor das palavras, erotisto subjacente, desejo de completude carnal ao qual no entanto é necessário resistir."
(...)
(excerto de texto de A. Rouaud e C. Denis)

sexta-feira, setembro 19, 2008

amor...jóia que refulge no ar...


Só no ato do amor – pela límpida abstração de estrela do que se sente – capta-se a incógnita do instante que é duramente cristalina e vibrante no ar e a vida é esse instante incontável, maior que o acontecimento em si.
No amor o instante de impessoal jóia refulge no ar, glória estranha de corpo, matéria sensibilizada pelo arrepio de instantes.
Clarice lispector

quarta-feira, setembro 17, 2008

MILHARES DE ESTRELAS



“sem mãe não se pode amar, sem mãe não se pode morrer”

"Encontramos em Herman Hesse alguns dos melhores exemplos da experiência transformadora da morte e da vida da mulher que a representa. Em Demien, Frau Eva é a iniciadora do herói e revela-se-lhe no fim como uma força cósmica, que ao mesmo tempo que se alimenta da vida (por isso é morte) a transforma e gera de novo. O seu corpo, grande como uma montanha, engole hostes humanas. As estrelas brilham no seu cabelo, e na fronte tem um sinal que a distingue (o sinal dos eleitos). O processo de que ela participa é o da mutação do humano no cósmico, ou divino: absorve os homens, e dá á luz pela fronte (...) milhares de estrelas. Isto é, a matéria humana transforma-se, por obra e graça da morte, em pura energia espiritual.

Em Narciso e Goldmund a morte é dada igualmente por um símbolo feminino. Não a iniciadora, como em Demien, mas a mãe. É a mãe que agora se identifica com a morte. E a morte é cheia de volúpia e amor, é a força que atrai e liberta tanto quanto faz sofrer. É a grande mãe Eva, como lhe chama Goldmund. E conclui: “sem mãe não se pode amar, sem mãe não se pode morrer”

Esta é a Anima, que mesmo como morte pode ser transformadora, se foi bem entendida, e integrada, como acontece aqui com Goldmund. Ou a vida ou a morte, a alquimia conduz à harmonização, à resolução de conflitos e tensões, e o amor a sua verdadeira natureza."

(...)
in “A Alquimia do Amor” de Y.K. Centeno

segunda-feira, setembro 15, 2008

O ANCESTREAL ÓDIO À MULHER

JAVÉ ORDENA: MALDITA SEJA A TERRA POR TUA CAUSA

“A Deusa é, já no período histórico, personificada com o mal que é preciso destruir. O episódio do pecado original no Génesis pode, como sabemos, revestir-se de vários significados. A serpente do Génesis é a representação da tentação, do mal. Eva cometeu a falta sob a influência da serpente. Mas a serpente é um símbolo da Deusa assim como a arvore se identifica com a deusa.
André Smet [7] diz-nos que Eva transgride a proibição patriarcal que é
representada por Javé: “ O pecado original da Bíblia pode ser considerado como o
primeiro acto desta longa luta de Deus Pai contra a Deusa-Mãe. Esta primeira
queda, que será seguida de muitas outras, será como todas as outras severamente
punida pelo Deus Pai. A inimizade é lançada entre a serpente e a mulher o que
significa que a mulher não terá mais o direito de honrar a deusa e de lhe
obedecer mas antes deverá lutar contra ela “.


Javé pune também a mulher precisamente naquilo que fazia a sua glória: a gravidez e a maternidade, quando lhe diz:

“ Aumentarei os sofrimentos da tua gravidez, os teus filhos hão-de nascer entre dores”. E em seguida “ procurarás com paixão a quem serás sujeita, o teu marido “. Em vez de suscitar o desejo dos homens, símbolo do culto sexual rendido à Deusa, a mulher é a eles subjugada. E por fim Javé ordena “ maldita seja a terra por tua causa “ [8].

Excerto de artigo de:
A MULHER, O DIVINO E A CRIAÇÃO
Ana Maria Mendes Moreira

sábado, setembro 13, 2008

AS DEUSAS GREGAS ENGOLIDAS PELOS PAIS...


NA PERIFERIA DA CULTURA

“Na verdade, muito do que Inana simbolizava para os sumérios foi exilado desde aquela época: muitas das qualidades ostentadas pelas deusas do mundo superior foram dessacralizadas no Ocidente, assumidas por divindades masculinas, (...) idealizadas pelo código moral e estático do Patriarcado. É por isso que a maioria das deusas gregas foram engolidas pelos pais e a deusa hebraica foi despotenciada. Restam-nas apenas deusas minimizadas ou restritas apenas a determinados aspectos. E muitos dos poderes antes apresentados pela Deusa perderam a conexão com a vida da mulher: o feminino apaixonadamente erótico e lúdico; o feminino multifacetado dotado de vontade própria, ambicioso, real.

Na verdade, as mulheres têm vivido apenas no domínio pessoal, na periferia da cultura do Ocidente, em funções fortemente circunscritas, frequentemente subordinadas a homens, posição social, filhos etc., ocultando sua necessidade de poder e paixão, vivendo em segurança e secundariamente na relação com nomes sobrecarregados, nos quais se projectou todo o poder que a cultura legitima para eles. O que se tornou assim comportamento colectivamente aceitável para as mulheres, perdeu a conexão com o sagrado, ao mesmo tempo em que a estatura da Deusa era reduzida. Tornou-se cada vez mais hiperbólico o superego patriarcal, originalmente necessário para inculcar a sensibilidade ética; a seguir, esse superego foi fortalecido pela Igreja cristã institucional, com o fim de disciplinar as emoções tribais e selvagens do mundo medieval. A partir da mudança do Utilitarismo e da época Vitoriana, o superego que comprimiu e reprimiu durante tanto tempo essas energias vitais, que agora elas têm de irromper, forçando entre outras coisas, o retorno da Deusa à cultura ocidental.”


CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
Sylvia B. Perera

sexta-feira, setembro 12, 2008

NESTES DIAS ANDO POR AQUI...


Durante os sec. XI e XII, as mulheres da Provença eram tidas em alta estima. Um exemplo clássico dessa “mulher livre” no mundo medieval foi Leonor de Aquitânia (1122-1204), cuja notoriedade e poder como esposa e mãe de reis abanou a Europa durante décadas.
(...)
Em 1209 o Vaticano lançou uma cruzada contra a região da Provença, incluindo as famílias nobres, muitas das quais tinham abraçado a heresia cátara.
(...)
A Inquisição, formalmente instituída em 1233, interrogava e sentenciava impiedosamente os hereges e executou milhares: Os seus registos nem sempre são claros quanto ao que os eclesiásticos de Roma achavam ser crenças hereges. De facto, a maior parte dos documentos da heresia de Albigense foi destruída. Naturalmente, não era do interesse do Vaticano e do seu braço direito, a Inquisição, guardar documentos que poderiam disseminar as mesmas doutrinas que eles tentavam desesperadamente expurgar.
(...)

A campanha impiedosa da Inquisição contra a heresia albigense e as famílias proeminentes da Provença, muitas das quais tinham membros Templários, esmagou rapidamente o botão do feminino e os seus corolários ramos da arte e da ciência.

Louis Charpentier, no seu livro OS MISTÉRIOS DA CATEDRAL DE CHARTRES, diz que o Espírito que inspirou as autênticas Catedrais Góticas morreu inexplicavelmente depois de 1250, se bem que tenham continuado a ser construídas cópias “virtuosas” e flamejantes. Talvez possamos explicar esta fuga do Espírito. O ano de 1250 corresponde ao poder cada vez maior do inquisidores, à devastação da Provença e à destruição da fortaleza de cátara de Monségur. Não admira que o Espírito tenha fugido! As tentativas posteriores de restaurar o feminino foram severamente reprimidas e os místicos, os artistas e os cientistas da igreja herege foram forçados a prosseguir os seus interesses em segredo. As disciplinas da medicina, da alquimia, da astrologia, do misticismo e da psicologia que tinham florescido foram forçadas a entrar para clandestinidade e passaram a ser denominadas “ocultas”.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Preservar os poderes à custa das mulheres...


"Os homens dominam coletiva e individualmente as mulheres. Esta dominação se exerce na esfera privada ou pública e atribui aos homens privilégios materiais, culturais e simbólicos. Um setor dos estudos feministas atuais tende, aliás, a quantificar estes privilégios e a mostrar concretamente os efeitos da dominação masculina.

A política atual, que, em nossa sociedade, visa a diminuir as "desigualdades", não deve nos deixar esquecer que elas perduram, sob pena de tomarmos nossos sonhos por realidade e não compreendermos mais nada.
A opressão das mulheres pelos homens é um sistema dinâmico no qual as desigualdades vividas pelas mulheres são os efeitos das vantagens dadas aos homens. Quando se atribui ao dividir uma torta sete partes aos homens e uma às mulheres, a luta por igualdade deve significar que se divida a torta em porções iguais. Logo, os homens terão menos! Não somente homens e mulheres não percebem da mesma maneira os fenômenos, que são no entanto designados pelas mesmas palavras, mas sobretudo não percebem que o conjunto do social está dividido segundo o mesmo simbólico que atribui aos homens e ao masculino as funções nobres e às mulheres e ao feminino as tarefas e funções afetadas de pouco valor.

Esta divisão do mundo, esta cosmogonia baseada sobre o gênero, mantém-se e é regulada por violências: violências múltiplas e variadas as quais "das violências masculinas domésticas aos estupros de guerra, passando pelas violências no trabalho" tendem a preservar os poderes que se atribuem coletivamente e individualmente os homens à custa das mulheres. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. "

Daniel Welzer-Lang

quarta-feira, setembro 10, 2008

quando o feminino não é valorizado a terra morre...





“O desequilíbrio das nossas instituições fundamentais, que reflectem um Deus pai no topo de uma trindade totalmente masculina, teve uma influência devastadora no mundo Ocidental. Com o rápido desenrolar dos acontecimentos devido a avanços da ciência nos últimos trezentos anos e especialmente nos últimos cinquenta, a fractura na sociedade Ocidental e na psique humana tornou-se cada vez mais evidente. A poluição do planeta e o abuso flagrante das nossas crianças estão intimamente relacionados com esta falha fundamental .
(...)
Uma das realidades mais tristes da nossa cultura é que a ascendência do masculino ferido levou à exaustão emocional. Onde o feminino não é valorizado, um homem não tem verdadeira intimidade com o seu oposto, a sua outra “metade”. Muitas vezes, não pode canalizar as suas energias na direcção de uma relação amorosa visto que o seu parceiro, supostamente, não tem valor. Privado do seu oposto igual porque o feminino é visto como inferior, o macho frustrado predominante fica esgotado: “onde o sol brilha sempre, há um deserto”. As florestas secam, os rios secam, o solo estala. A terra morre.”

In MARIA MADALENA E O SANTO GRAAL Margaret Starbird

terça-feira, setembro 09, 2008

A CORAGEM DE UMA MULHER...PODEROSA

"O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos." - Simone de Beauvoir
“Música. Cantora volta a afrontar a Igreja Católica


Digressão que passa por Lisboa no próximo dia 14 já é motivo de polémica


Madonna continua a alimentar polémicas com a Igreja Católica. Na passagem da sua presente digressão por Roma, a 'rainha da música pop' decidiu homenagear o Papa Bento XVI, dedicando-lhe a interpretação do single de sucesso de 1984, Like A Virgin. Perante 60 mil fãs, a cantora de 50 anos dirigiu-se ao público antes de começar a cantar Like A Virgin nas seguintes palavras: "Dedico esta canção ao Papa, porque eu sou uma filha de Deus. Todos vocês são filhos de Deus." Até ao momento, o Vaticano ainda não comentou esta provocação. “(…) in dn

Pessoalmente nunca gostei muito de Madonna, que me perdoem as suas fãs…mas nem a música nem o seu estilo me diz lá grande coisa. Admito que é da idade….estou fora do contexto da Pope…e nunca me interessei por cantoras ou vedetas de qualquer tipo. No entanto se escrevo isto é porque reconheço e admiro a coragem desta mulher em ser tão frontal com a Igreja, coisa que poucas mulheres e homens até hoje ousaram! O facto de ela ter aderido ao Judaísmo para mim muda muito pouco na concepção da Mulher, porque a influência judaico-cristã é que colocou a mulher no patamar de inferioridade em que ela se encontra, não pela essência quer do judaísmo quer do cristianismo mas pelo que os patriarcas e os padres fizeram dela!
Mas o que ela não disse e talvez não saiba é que ela é e nós todas/os somos é Filhas/os da Deusa, e só a Deusa Mãe e não sempre o mesmo deus pai que suprime a mãe pode fazer a diferença...
Ela desafia o Pai todo poderoso, como muitas mulheres o fazem, mas sem a Consciência do verdadeiro Feminino .

No entanto, não queria deixar passar em claro este facto relevante de ela desafiar o Pai e ter tido a ousadia de em Roma confrontar o Papa, misógino e conservadorissímo, dedicando-lhe a canção, Like a Virgin…Acho isto incrível e só por isso passei a ter alguma admiração por esta mulher…espectacular!!!

segunda-feira, setembro 08, 2008

OS PRIMEIROS PASSOS NA TERRA...


Minha querida amiga,

Antes de mais nada, meus parabéns (ainda que atrasado) pela passagem de seus anos...

Sei que ando distante, mas estive (e estou) a cumprir a promessa que lhe fiz de trabalhar as "minhas amigas-irmãs mulheres" cá de minha cidade. Encontrei em meu caminho uma amiga tal qual você que acredita e luta pelo feminino vivo e pacífico, e juntas realizamos dia 06 de setembro o primeiro encontro do Sagrado Feminino, éramos 17 mulheres (um começo que considero muito bom).
Não abandonarei a luta porque acredito firmemente na possibilidade de resgatar minhas irmãs e despertar a paz que precisamos para salvar a humanidade. Segue anexo algumas fotos. Posso parecer em silêncio, mas estou muito viva e despertando outras, e agradêço a Mãe por ter um dia lido seu blog e encontrado o caminho de volta ao colo sereno da Mãe. Abençoada seja! Mil beijos e que a Mãe seja consigo sempre!
Paula Marinho

MINHA AMIGA:

NÃO PODERIA TER MELHOR PRENDA DE ANOS DO QUE SABER QUE MAIS MULHERES ESTÃO DANDO AS MÃOS E OS PRIMEIROS PASSOS NA UNIÃO DAS MULHERES NO ENCONTRO COM A DEUSA E ELAS MESMAS...
SOU EU QUE LHE ESTOU GRATA E DESEJO QUE CONTINUE A TRABALHAR NO CAMINHO DA DEUSA...
ASSIM QUE O MEU LIVRO "MULHERES & DEUSAS" FOR EDITADO INFORMO-A...

domingo, setembro 07, 2008

A DAMA E O CAVALEIRO


O Graal é, literariamente, o símbolo antigo do feminino, e o Santo Graal representa a divindade feminina e a Deusa, que por suposto se tinha perdido, suprimida de raíz pela Igreja.
***
O poder da mulher e a sua capacidade para engendrar vida foram noutro tempo algo de muito sagrado, mas representava uma ameaça para a ascenção da Igreja predominantemente masculina e por essa razão a divindade feminina começou a ser diabolizada pela Igreja que considerava a mulher impura.
***
Foi o homem, e não Deus, quem criou o conceito de pecado original, pelo qual dizia a Eva comeu a maçã e provocara a queda da humanidade. A mulher antes sagrada e a que engendrava a vida converteu-se na inimiga. (...)”*
* in O CÓDIGO DE DA VINCI

O "significado superior do amor sexual"

O "significado superior do amor sexual, que não deve ser identificado ao instinto de reprodução, é o de ajudar tanto o homem , como a mulher, a integrar-se interiormente (na alma e no espírito) na imagem humana completa, isto é, na imagem divina original".

Esta imagem andrógina, tornada incorporal após a queda, deve incarnar-se , fixar-se e estabilizar-se nos amantes de modo que "os dois se não reproduzam unicamente num terceiro ser, a criança, mantendo-se contudo iguais a si próprios, tais como eram (não regenerados) mas que ambos renasçam interiormente como filhos do divino"

in A METAFÍSICA DO SEXO de Julius Evola

O SONHO ANTIGO Dos Cavaleiros do Graal

"Quando o valor e pureza de um cavaleiro andante está acima de qualquer dúvida, a Dama do Lago aparece numa visão e recompensa-o não apenas com uma imagem do Graal, senão com a possibilidade de beber deste. São poucos os autorizados a sorver deste cálice, a mais sagrada das relíquias bretonianas, e somente os cavaleiros de uma pureza sem mácula sobrevivem ao provar das águas benditas do lago. Aqueles que bebem do místico cálice mudam para sempre, vivem muito mais tempo que qualquer outro mortal, e recebem outros estranhos presentes. Desde esse momento, o cavaleiro coloca-se irremediavelmente a serviço da Dama e do Graal, um vínculo que só será rompido com a sua morte. Cada cavaleiro do Graal adquire o dever de proteger os lugares sagrados da Dama."
(...)
Esta é a mais bela descrição do grande Mistério do Graal...
E sei que o Graal é o corpo santo da mulher, remonta ao tempo em que a mulher era sagrada e o seu corpo a revelação-iniciação à divindade do ser e o Cálice do qual se bebe e se vive para a eternidade o Símbolo dessa iniciação da origem da vida e do amor. Porque essa era a Grande iniciação ao Amor Supremo do Ser Humano, através da Mulher, como o era o da vida ao nascer. O Homem atingia o supremo amor da Deusa e a Mulher dava-lhe corpo e consubstanciava-a…a União era eterna.

O Cálice …era…a suprema dádiva. A Mulher, o Repouso do Guerreiro. A mulher autêntica, aquela que em si guardava a Chave dos Mistérios, a mediadora das forças cósmico telúricas, a mãe e a amante dos alquimistas…a Deusa de todas as Eras e que o patriarcado paulatinamente destruiu, ao longo dos séculos, substituindo o amor dos dois em Um, tangível, na Terra, pelo amor de impossível acesso ao Deus Único e no Céu…destruindo a mulher, dividindo a sua natureza, prostituindo-a e destruindo a Natureza Mãe…
A Mulher que os Cavaleiros buscavam em sonhos e partiam em busca do Graal e defesa da Dama, era mais do que um ideal, era o amor da Deusa que vivia em cada mulher…e se manifestava para o Homem puro de coração, ao homem que resgatava o amor divino e do espírito pela nobreza do seu carácter e pela sua fidelidade ao rei ele mesmo…
Como em todos os cultos da Deusa da antiguidade que foram obsorvidos pela igreja de roma, transformadas em santas e o culto da dama que se busca no Graal, passou a ser o cálice do sangue de cristo, o sangue da morte e da violência da Espada e não o sangue da mulher que é sinal de vida, concepção e regeneração e não de morte...

O Rei e a Rainha eram os pilares da encarnação, cada homem e cada mulher, deuses na terra e a terra o Paraíso…
rlp

sábado, setembro 06, 2008

A Sagrada Mãe Terra


Oração

à PACHAMAMA

Abençoado seja o Filho da Luz que conhece A sua Mãe Terra,
Pois é Ela a doadora da Vida
Sabe que a Mãe Terra está em ti e tu estás Nela
Foi Ela quem te gerou ao dar-te esse corpo e
Que um dia tu lhe devolverás…

Sabe que o sangue que te corre nas veias
Nasceu do sangue da tua Mãe Terra.
O Seu sangue cai das nuvens,
Jorra do Seu ventre,
Borbulha nos riachos das montanhas,
Flui abundantemente nos rios das planícies…

Sabe que o ar que respiras nasce da respiração da tua Mãe Terra
O Seu alento é o azul celeste das alturas do céu
E os sussurros das folhas da floresta.

Sabe que a dureza dos teus ossos foi criada dos ossos de tua Mãe Terra
Sabe que a maciez da tua carne nasceu da carne de tua Mãe Terra
A luz dos teus olhos,
O alcance dos teus ouvidos
Nasceram das cores e dos sons da tua Terra Mãe
E rodeiam-te como as ondas do mar envolvendo o peixe,
Como o ar flutuante sustenta o pássaro

Tu és um com tua Mãe Terra
Ela está em ti e tu estás Nela

Dela tu nasceste, Nela tu vives e para Ela voltarás novamente
Segue portanto as suas leis
Pois o teu alento é o alento Dela
O teu sangue o seu sangue e
Os teus ossos os seus ossos
A tua carne a sua carne
Os teus olhos e os teus ouvidos são Dela também.
Aquele que encontra a paz na sua Mãe Terra jamais morrerá …
Conhece essa paz na tua mente
Deseja essa paz no teu coração
Realiza esta paz dentro do teu corpo.


(Autor Desconhecido)

sexta-feira, setembro 05, 2008

VISÃO SUBLIME...


ESTE É UM LUGAR REAL NESTE MUNDO...
*
Eu dormia e sonhava que a vida era alegria.
Despertei e vi que a vida era serviço.
Servi e aprendi que o serviço era alegria.

*
Rabindranata Tagore

ESTA NOITE, FIZ ANOS...

Cada mulher que acordar para si mesma e o seu verdadeiro feminino, é uma pedra basilar na fundação de um Novo Templo da Deusa no seu interior e neste Mundo. Um Mundo, mais justo, mais pacífico, equilibrado e verdadeiro.


“A mulher não está sabendo, mas ela está cumprindo uma coragem. A coragem da mulher é a de não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem”.
Clarice Lispector


sou a tua coroa e o teu diadema,
a rosa que se abre no peito
quando o ar que pela tua boca respiro
entra na minha e te beijo...

amar-te mais não posso,
nem mais nada deste mundo desejo.

Porque és tu ó Deusa Mãe
quem desde sempre vive e repira
dentro do meu peito.
amén


in Antes do Verbo Era o Utero
rosa leonor pedro

quinta-feira, setembro 04, 2008

A IMPORTÂNCIA DO AFECTO

- Começa nas crianças, a destruição da parte sensível nos homens e mulheres...

“A questão do afecto foi fundamental no início do meu caminho pois compunha o tema de minha tese de doutorado em filosofia: "a reflexão emocional".
(…)

"O afeto diz respeito essencialmente à fenomenologia e a emoção diz respeito à fenomenologia ou à psicologia. Se eu retornar a essa questão, vou sem dúvida abordá-la a partir da clivagem traumática, (…): clivagem onde está em jogo uma tentativa de destruir a "parte sensível"; portanto essa destruição apoia-se numa estratégia de negação, que é cúmplice da delimitação de um campo intelectual. É sobretudo nesse contexto que encontro a questão do afeto no trabalho clínico: a aparente insensibilidade após a evocação de experiências intoleráveis. Portanto é o afeto abortado, enterrado, mais do que o afeto se manifestando na emoção, que me interessa essencialmente. Não obstante, a estrutura emocional será encontrada no seio do trabalho que o afeto anestesiado efetua na tentativa de reavivar-se, graças às condições trazidas pela escuta. “ - M. Schneider - Psicanalista


Todos estes aspectos correlacionados com a psicanálise, como forma de abordagem do trauma e sofrimento do ser humano e a sua cura, nos mostram a falta de relação com os aspectos fundamentais da vivência da pessoa porque sem qualquer conhecimento de causa da sua possível origem, remontando aos fundamentos da vida humana e a representatividade da Mãe como fonte inicial de afecto e amor e base emocional de toda a estrura mental e psicológica do ser humano. Justamente a partir dessa falta, que é a negação histórica e cultural do princípio feminino e do valor intrínseco da mulher, quer como mulher quer como mãe, que reflecte obviamente a falta de confiança das mulheres em si mesmas enquanto mães, e portanto na educação da criança também. Uma mulher que é fragmentada e amputada de parte de si precisamente a parte que representa como sensível, deixa de o ser para se tornar, vítima de experiências intoleráveis, e incapacitada para manifestar a sua natureza própria!

Daí a insensibilidade e a negação do afecto, que leva como consequência à doença à neurose à psicose…à violência e ao crime!

Este trecho mostra ainda a alienação da mulher académica da sua própria natureza ontológica e vemos até que ponto as mulheres, mesmo as psicanalistas conceituadas se baseiam na análise e no pensamento cartesiano e quão longe estão dessa essência da mulher e do seu papel na formação de um novo ser. Como desconhecem que o ser mulher representa exactamente a parte sensível da humaniade, a parte emocional do ser e a sua dimensão espiritual...e que ao ser violentada na sua essência isso recai directamente sobre a sociedade.
Isto mostra o quão redutora é a psicanálise e a ciência ao separar os vários aspectos do ser...
“O afeto diz respeito essencialmente à fenomenologia e a emoção diz respeito à fenomenologia ou à psicologia.” A autora coloca assim, o afecto e a emoção em campos diferentes….e vê o afecto ligado essencialmente à fenomenologia e a emoção mais à psicologia…Vemos neste excerto (de uma entrevista feita à autora) que a questão da emoção e afecto para ela se situa entre a psicologia e a filosofia…portanto ao nível da análise e da mente.

A questão do afecto, porém, a meu ver é muito mais simples…

Talvez pareça muito complexa aos olhos do cientista que disseca e separa as coisas e os factos, mas o que realmente traumatiza e fere o indivíduo e o priva de afecto, é o ataque à sua integridade desde que ele nasce, e o que mais o marca é sem dúvida a ausência do afecto de uma mãe confiante e equilibrada, uma mãe amada…uma mãe enquanto suporte e fonte de equilíbrio emocional. Ora se a mãe é ferida na sua essência, coarctada desde que nasce na sua liberdade, e expressão que lhe é própria, permanecendo subalterna do homem e a ele subjugada, em quase todas as sociedades, não pode na maior parte dos casos ser boa mãe ou garantir uma emocionalidade normal à criança… "Portanto é o afeto abortado, enterrado, ” na mulher primeiro, através dessas “experiências intoleráveis” e não podendo dar o seu afecto à criança, acaba por ser a criança quem paga todo o seu desamor e frustração emocional…. e assim a sociedade patriarcal, que, ao renegar os valores do feminino gerou uma sociedade de seres traumatizados porque sem mãe e sem afecto… e serão elas por sua vez como vítimas dessas “experiências intoleráveis” que as vão propagando assim de pais para filhos…até que um novo paradigma substitua este velho e violento paradigma das sociedades falocráticas, que vê nas armas e na violência a forma de se vingar da sua falta de auto-estima e amor…

Sem Mãe a sociedade está votada ao declínio e foi isso que o poder falocrático conseguiu no mundo ao impor um Deus Pai e anular a Deusa Mãe e o feminino por completo.rlp

A VIOLÊNCIA É SÓ UMA...

ONDE NASCE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?

(continuação)

Todavia a mulher comum, a que verdadeiramente sofre todo o tipo de afrontas e violências, em casa e na rua, em todos os continentes, essa não têm voz activa nem identidade própria porque a verdadeira voz da mulher, a Voz que vem de dentro, do Útero, e que era o Oráculo da Deusa, assim com a sua essência, foi extirpada das suas entranhas há muito… A mulher não sendo respeitada como mãe, ela cria assassinos em potência, porque todo o desequilíbrio social vem da família antes, muito antes de qualquer educação...
Tudo isto aconteceu depois do cristianismo e já desde que o Oráculo de Delfos foi usurpado por Apolo na velha Grécia á imagem do que fizeram na pré-história os invasores bárbaros dórios, equeus e hebreus, a Igreja católica fez o mesmo bastante mais tarde com o culto da Grande Deusa-Mãe e que representava ou ritualizava as Forças da Natureza, o lado feminino da vida.

Todas nós pagamos ainda o preço da renúncia forçada por esse desvio cultural e histórico, o da anulação da mulher, sofrendo todas nós na pele essa divisão e fragmentação sexual e psíquica. Porque se a mulher não for santa é condenada ao ostracismo, ao Bordel ou à boite de alterne...Por essas e outras razões, sempre que ousámos ser fiéis à nossa natureza, fomos perseguidas e queimadas vivas. Fomos denegridas e acusadas de feitiçarias, males e culpa sem fim, sendo a Eva a grande pecadora apontada como a causadora do infortúnio dos homens.
Como querem que as mulheres não sejam desrespeitadas e mal tratadas pelos maridos e filhos se essa é ainda a educação que milhares de homens e mulheres recebem na escola e através da média e de um catolicismo ultrapassado? E se o próprio Papa vem apontar o dedo inquisitorial às mulheres e o Cardeal de Lisboa fala em santas para abraçar de amor o mundo, o que é a seus olhos a mulher senão uma coisa moldável e sem alma que eles querem controlar e reduzir “enaltecendo-as” à condição exclusiva de virgens e santas...
Assim, tal como o padre, também o marido o amante ou o patrão acabam por condenar a mulher por qualquer outro sinal de expressão feminina menos “casta” e devota, seja o prazer e a sensualidade ou a sua liberdade de escolha como sinal de insurreição, e a descriminação ou violência sobre a mulher aparece de forma acentuada ou subtil em toda o lado principalmente em casa onde ninguém vê…

A Única coisa que nos impede de ver claramente os factos á a grande hipocrisia da sociedade moderna que pretende ter dado valor à mulher mas que em termos práticos revela o muito pouco que de efectivo e real na vida tenha sido feito para mudar de fundo as coisas.

A manifestação popular em massa da procissão da Nossa Senhora de Fátima de passagem por Lisboa, considerada uma manifestação de fé católica, estava mais perto de uma manifestação pagã do que se poderia imaginar, pois ela não é senão um reflexo da grande premência do Princípio Feminino há muito calcado e apagado do mundo patriarcal, e não só como eles pregam,da necessidade de Compaixão e Amor da Mãe eterna dos católicos.
Apesar da manipulação religiosa Patriarcal dos fenómenos ligados às “Aparições” da Deusa que reflectem ou não o imaginário colectivo como uma necessidade fulcral no mundo do Seu Amor não só maternal, mas também erótico, é sem dúvida a falta do Princípio Gerador, a Face Feminina do mundo, a mulher sensual e lenitiva, o da Mulher Deusa, adulterada pelo dogma católico, e que tanta falta faz para salvar o Planeta da violência do masculino sobre o feminino mas sobretudo sobre a Natureza Mãe e a sua destruição iminente.

Só quando as mulheres, por elas próprias, sem paternalismos, se abrirem a essa Nova Consciência do Feminino - que passa por uma dimensão do Sagrado na mulher, toda a mulher - aliada às forças da Natureza e a compreensão da Grande Deusa Mãe, como princípio gerador e criador do mundo, poderão alterar os factos quer ao nível global do Planeta quer das sociedades em particular. Precisamos recuperar a nossa voz a Voz do útero que nos roubaram os padres do deserto e voltar a servir como sacerdotisas a Grande Mãe e a Deusa!
Sem a participação efectiva da Mulher livre na sociedade e o respeito pela sua integridade - na união das duas mulheres que a Igreja dividiu – pela afirmação da consciência do verdadeiro feminino, não haverá solução parcial, nem política social para a violência doméstica porque esta não é senão um pequeno rasto de uma muito maior violência exercida há séculos pela preconceituosa mentalidade religiosa que no mundo dividiu a mulher em a santa e a puta e insiste nessa dicotomia como o mais terrível e calamitoso erro da nossa História!

- Tenho uma amiga que me acha uma espécie de sufragista do século passado e outra que me acha fundamentalista do feminismo e o meu discurso ultrapassado...Penso igualmente que é o que as mulheres MAIS OU MENOS INTELECTUAIS, as católicas e as "estudiosas e moderadas" também pensam do que aqui escrevo...Para não falar dos homens claro, mas isso pouco me interessa...eles pensam sempre contra as mulheres! rlp

(A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E TODOS OS CRIMES VIOLENTOS, NOMEADAMENTE A GUERRA, COMEÇAM NO EXEMPLO QUE A CRIANÇA TEM NO PAI EM CASA E NA MÃE...MALTRATADA.
COMEÇAM NA FALTA DE AFECTO! ESSA É A ORIGEM DA VIOLÊNCIA, COMEÇOU COM A FORÇA DA ESPADA...E TUDO ESTÁ LIGADO)

quarta-feira, setembro 03, 2008

ONDE NASCE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?

A violência doméstica, tenho aqui dito repetidas vezes, não deriva apenas de um factor social económico ou mesmo de um factor de educação, mas sim de uma “religião e moral”, resultado final de um desvio cultural histórico a partir do qual as sociedades patriarcais ascenderam ao poder, suprimindo a divindade feminina, nomeadamente o poder religioso, ao destronarem o culto da Deusa Mãe, deusa da fertilidade. Ela começou depois de terem sido destruídas as bases em que a Mulher era honrada, consagrada à deusa e o seu amor sacralizado, e ao ser alterado para outro, que é ainda o dos nossos dias, um culto único de um Deus-Pai todo-poderoso, castigador e opressor baseado na repressão da mulher. Aí começou a violência doméstica e social que se repercute nos nossos dias e em todo o mundo!

Porque esse espírito patriarcal castigador e dominante é ainda difundido e cultivado através das catequeses e os seus padres e de uma educação generalizada em que as ideias machistas vigoram desde sempre e nunca as ideologias ou Governos de esquerda ou direita fizeram nada para minorar, aceitando ao longo dos séculos e das décadas a supremacia do homem e a inferioridade da mulher, mas principalmente a divisão da mulher em duas, a esposa legítima, propriedade do seu senhor e abençoada pela igreja e a mulher que não se sujeita aos seus códigos e leis, a prostituta, criando uma dicotomia interna e externa na mulher cindida em santa e puta… Ainda recentemente o Cardeal de Lisboa, tal como a anterior Papa, falava com grande ambiguidade da “santidade” como condição excelsa e única via para o amor da mulher…Da mesma maneira o Governo socialista fez tábua rasa das mulheres socialistas e elevou-as à máxima insignificância dentro do aparelho de Estado. Estes são factos bem evidentes em estados e governos do Mundo inteiro. Além de que o cinema e os media continuam a retratar a mulher com um ser de segunda sem sequer se aperceberem dessa descriminação.

Depois da Inglaterra é a primeira vez que a Alemanha elege uma mulher 1º ministro…Mas a senhora Tatcher considerada a Dama de Ferro, era sem dúvida, tudo menos uma “mulher feminina” na acepção ontológica do termo...assim como a senhora Merkel, que agora governa a Alemanha …
Os Estados e Governos continuam a servir-se da mulher como isca para os seus interesses e manobras políticas manipulando o eleitorado feminino, como na América com Mac Cain.
As mulheres activistas, as da primeira linha, sejam elas feministas, jornalistas artistas ou escritoras que se consideram mais independentes e que ousem expor as suas ideias são normalmente ridicularizadas tal como o foram as feministas da geração dos anos 60, e a sua intervenção acaba sempre minimizada quer pelos políticos quer pelos intelectuais e tudo se resume a uma aparência de igualdade. E tudo anda à roda de uma pretensa paridade, ou da legalidade da interrupção da gravidez ou da prostituição, porque as mulheres aceitam este estado de coisas para defender os poucos lugares a que têm acesso sem que nunca sejam verdadeiras líderes: ministras, directoras de empresas ou de bancos. E as que singram na vida ou são “meretrizes” como eles dizem ou têm “cabeça de homem” e são-lhes fiéis no trato e nos gestos, ingressando na política de forma agressiva e dura ou indo para a vida militar, assim como o foram activas na tortura no Iraque.
rlp
(continua)

UMA MULHER-HOMEM...DIGO DE ARMAS...

É CONVICTA, É. MAS NÃO O SERÁ DE MAIS?
Ferreira Fernandes - diário de notícias

"Ela não é só a favor das armas, ela mata ursos. Ela não é só antiaborto, mas avançou com a gravidez sabendo que o feto tinha a síndrome de Down. A candidata republicana Sarah Palin não tem semicausas, mergulha nelas. É bom para os fundamentalistas conservadores aplaudirem, é bom para os radicais liberais insultarem - com Palin as escolhas são fáceis. Para o seu campo, o par de John McCain, além de mulher (uma vantagem, com a ausência de Hillary), é sobretudo uma mulher de armas. Uma boa jogada entre os convictos, mas menos garantida nessas águas mornas onde se ganham as eleições. Aí, onde fica bem ser antiaborto e não abortar, arrisca-se a perguntas comuns: então, escolhe-se dar à luz um bebé com uma deficiência grave e, tendo ele cinco meses, escolhe-se a dedicação total que o cargo de vice-presidente pede? "(...)

...a filha do pai...
A isca dos republicanos...
(ela também pesca além de matar ursos!)

Ela não só trai a sua essência, como é evidente, não tem qualquer consciência do seu ser enquanto Mulher. Ela é o exemplo óbvio de como as mulheres dentro do sistema patriarcal servem a guerra e a violência mesmo que sejam "anti aborto" em nome da vida...E entre a "mãe" dedicada e o matar ursos, os desfiles na passerelle quando era jovem, e a fotografia madura na Vogue, ela é ainda o exemplo da mulher alienada da sua fragmentação, porque ela é o perfeito exemplo da mulher dividida e sem coração...entre a fama e o poder...entre a maternidade e a guerra que defende...

Ela é a mulher joguete nas mãos de políticos hábeis e retrógados, de gente sem excrúpulos que Governa o mundo para proveito próprio.

terça-feira, setembro 02, 2008

a alma do mundo

O que é isto que aperta o meu peito?
A minha alma que quer sair para o infinito…
Ou a alma do mundo que quer entrar no meu coração?


Tagore

no fundo do coração



No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.

Rabindranath Tagore

luto na alma


- Às vezes a nossa alma fica de luto diante da atrocidade deste mundo...

No entanto o nosso coração continua a bater...e a dizer-nos que a vida é magnífica para lá dos homens e dos seus crimes...mas como coexistir entre estes dois mundos?

Como deixar o coração ao largo como diziam os antepassados?

Onde focar o coração de forma a ter o nosso tesouro guardado sem que seja assaltado, espancado e ameaçado de morte?

Como sobreviver à loucura do mundo, a esta alienação crescente do ser humano sem perder a esperança nem a convicção de que há salvação para ele?

Continuo a acreditar que a Mulher apesar de ser a mais sacrificada no mundo inteiro, a grande vítima da insanidade humana, possa fazer uma diferença substancial e trazer dentro dela como uma filha ainda não nascida: a Paz o Amor e a Esperança de um Novo Mundo nascido das cinzas como a Fénix...

rlp

segunda-feira, setembro 01, 2008

costumes tribais em nome da honra do homem...

Em Jafarabad
Burying of women alive defended in Senate

UM OUTRO MUNDO
ONDE A MULHER
NÃO SEJA ENTERRADA VIVA...

UM OUTRO MUNDO ONDE A MÃE NÃO ESTEJA AUSENTE

"eu não prevejo nenhuma mudança para melhor até que tudo
NÃO VÁ DE MAL A PIOR.
Somente depois de uma completa desorganização política e religiosa é que os desejos reprimidos das raças ocidentais (de acordo com qualquer forma de prática e culto da Deusa que se reporte a uma forma de amor ilimitado no cuidado maternal e a um outro mundo em que a Mãe não esteja ausente) encontrarão enfim a sua satisfação."

Robert Graves
A Deusa Branca
 

AS ESTRATATÉGIAS POLÍTICAS


COMO OS HOMENS SE SERVEM DAS MULHERES NA POLÍTICA
E AS TRATAM EM CASA…


No editorial de hoje do Diário de Notícias destaca-se o título:

Violência doméstica merece mais atenção

(….)

"Mas as razões que dizem respeito à violência doméstica são uma questão de civilização. Não podemos permitir que o massacre (das mulheres) continue, e temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para acabar com esta situação.


E…


A governadora do Alasca, Sarah Palin, (CONSERVADORA E CONTRA O ABORTO, ADVENTISTA E RETRÓGADA… FOI ELEITA*) Por causa de uma escolha de candidatos a "vice" feita como se fosse num catálogo de compras, a desconhecida governadora republicana foi seleccionada para ser candidata a "vice" de McCain.

(…)Palin foi escolhida sob o mote "Precisamos de uma mulher!" e não pelo seu valor - embora ninguém lho retire, também ninguém a colocou à cabeça na lista de nomeáveis. E, no limite, deve a sua escolha a Hillary Clinton - foi o pensamento que era uma cartada de vitória recolher as suas votantes orfãs que presidiu à escolha de uma mulher. Se esta mulher, que está nos antípodas do pensamento de Hillary, recolher parte dos seus votos, então as mulheres darão razão a todo o pensamento misógino que está por detrás desta escolha. Porque, em Palin, McCain encontrou solução para dois dilemas, arranjou uma mulher e ela é tão conservadora que cobre a sua direita um pouco desreguardada.

Todas estas elaboradas estratégias não chegam para nos esconder o longo caminho que ainda falta percorrer até à igualdade real entre homens e mulheres.”
«««««

A VERDADE DAS MULHERES:

Como todas nós sabemos não se trata de uma questão de igualdade entre homens e mulheres mas sim uma questão de RESPEITO...que é aquilo que falta nos homens em relação às mulheres, seja em casa, seja no trabalho, seja na política!

Ora se os homens não se respeitam na igualdade uns aos outros também não iriam respeitar a mulher se ela fosse igual a eles. A questão fulcral é que a mulher NÃO É IGUAL AO HOMEM! e, não sendo igual, faz precisamente toda diferença e essa diferença está justamente em a mulher ter aquilo que falta ao homem...

Honestidade, respeito pelo próximo, sentido de
justiça e tudo o mais que representam os grandes valores da humanidade e que os homens apresentam sempre como Mulheres, nas suas estátuas e altares: seja a Compaixão, seja a Liberdade, a República, a Democracia, a Justiça, o Amor...
Mas o drama...é que a Mulher estando dividida em si não é essa mulher ainda e tem ela mesma um longo caminho a percorrer para o SER . E só quando a MUlher for Inteira, não mais olhada como a santa ou a devassa, reunindo esses dois lados de si mesma, então podemos ter a certeza de que os Estados e os Países, a Terra e o Mundo possam progredir em Paz e igualdade de direitos!
* o que está em itálico é meu...