O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, setembro 17, 2008

MILHARES DE ESTRELAS



“sem mãe não se pode amar, sem mãe não se pode morrer”

"Encontramos em Herman Hesse alguns dos melhores exemplos da experiência transformadora da morte e da vida da mulher que a representa. Em Demien, Frau Eva é a iniciadora do herói e revela-se-lhe no fim como uma força cósmica, que ao mesmo tempo que se alimenta da vida (por isso é morte) a transforma e gera de novo. O seu corpo, grande como uma montanha, engole hostes humanas. As estrelas brilham no seu cabelo, e na fronte tem um sinal que a distingue (o sinal dos eleitos). O processo de que ela participa é o da mutação do humano no cósmico, ou divino: absorve os homens, e dá á luz pela fronte (...) milhares de estrelas. Isto é, a matéria humana transforma-se, por obra e graça da morte, em pura energia espiritual.

Em Narciso e Goldmund a morte é dada igualmente por um símbolo feminino. Não a iniciadora, como em Demien, mas a mãe. É a mãe que agora se identifica com a morte. E a morte é cheia de volúpia e amor, é a força que atrai e liberta tanto quanto faz sofrer. É a grande mãe Eva, como lhe chama Goldmund. E conclui: “sem mãe não se pode amar, sem mãe não se pode morrer”

Esta é a Anima, que mesmo como morte pode ser transformadora, se foi bem entendida, e integrada, como acontece aqui com Goldmund. Ou a vida ou a morte, a alquimia conduz à harmonização, à resolução de conflitos e tensões, e o amor a sua verdadeira natureza."

(...)
in “A Alquimia do Amor” de Y.K. Centeno

2 comentários:

Anónimo disse...

Sim, tem uma deusa na India que mesmo tendo devorado todos os bebês que nasciam, continua deusa até hoje!! Acho que pode ter relação com este mito de Frau Eva!

Xaxeila

Anónimo disse...

Obrigada pelo comentário
xaxeila!

Um abraço
rosa leonor