O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, outubro 26, 2008

BAUBO, A DEUSA DO VENTRE

OUÇAM A NOSSA HISTÓRIA...
(…)

“Esta é a minha versão de Baubo que ainda cintila na mitologia grega pós matriarcal e nos hinos homéricos:

Deméter, a mãe-terra, tinha uma linda filha chamada Perséfone, que estava um dia a brincar ao ar livre. Perséfone encontrou por acaso uma flor de rara beleza e estendeu os dedos para tocar o seu lindo cálice. De repente, a terra começou a tremer e uma gigantesca fenda abriu-se em ziguezague. Das profundezas da terra chegou Hades, o deus dos Infernos. Ele chegou alto e majestosos numa biga negra puxada por quatro cavalos da cor de fantasmas.
Hades apanhou Perséfone, levando-a no meio de uma confusão de véus e sandálias.
Ele guiou, então seus cavalos cada vez mais para dentro da terra. Os gritos de Perséfone foram ficando cada vez mais fracos à medida que a fenda se foi fechando como se nada tivesse acontecido.
Por toda a terra se abateu um silêncio e perfume de flores esmagadas....
Não se via Perséfone em parte alguma.
...E assim começou a procura longa e enlouquecida de Deméter pela sua filha querida.
...E quando recostou o seu corpo dorido na pedra fresca de um poço, chegou ali uma mulher, ou melhor, uma espécie de mulher.

E essa mulher chegou dançando até Deméter, balançando os quadris de um jeito que sugeria a relação sexual, e balançando os seios nessa sua pequena dança. E, quando Deméter a viu, não pôde deixar de sorrir um pouco.

A fêmea que dançava era realmente mágica, pois não tinha nenhum tipo de cabeça, seus mamilos eram seus olhos e a sua vulva era a sua boca. Foi com essa boquinha que ela começou a regalar Deméter com algumas piadas picantes e engraçada. Deméter começou a sorrir, depois deu um risinho abafado e em seguida uma boa gargalhada. Juntas, as duas mulheres riram, a pequena deusa do ventre, Baubo, e a poderosa deusa mãe da terra, Deméter.
E foi exactamente esse riso que tirou Deméter da sua depressão e lhe deu energia para prosseguir a sua busca pela filha, que acabou em suceo, com a ajuda de Baubo, da velha Hecáte, e do sol Hélios. Restituiram Perséfone à sua mãe. O mundo, a terra e o ventre das mulheres voltaram a vicejar."

Clarissa Pinkola Estés, em "Mulheres que correm com Lobos (via Internet)

(http://www.wildwolfwomen.com/index.htm)

1 comentário:

Ursula disse...

Lindo demais... tenho procurado informações sobre essa Deusa, cujo significado é tão belo. Grata.