O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, novembro 25, 2008

OS MEDOS DAS MULHERES...


A "confusão" sentida e vivida pela mulher vítima de atrocidades psicológicas reside, na maioria das vezes, no equívoco de "confundir" os sentimentos. Desvalia, ódio, rejeição. Esta mesma mulher que pensa que ama, pode não amar o marido. Muitos outros motivos podem estar contribuindo para que ela viva o sentimento de "confusão". Medo de encarar outra realidade que ela pensa ser mais difícil, que ela pensa que não vai conseguir alcançar. O medo da separação, do divórcio. O medo de ter "fracassado" no seu casamento e por fim, também a possibilidade de ela confudir-se no sentimento de culpa e perder-se no desconhecimento da auto-punição ou auto-destruição."

(...) in Violência psicológica, Maria da Penha Vieira


- "Encontro-me em situação de violência psicológica e não sei como sair disso..."
- Esta situação é tremendamente comum e apesar de hoje em dia começar a ser retratada em cinema e telenovelas, mesmo debatida em conferências muito bem-intencionadas, nunca é tratada de forma correcta e em profundidade, com as questões essenciais como referência, que para mim são evidentemente a divisão da mulher em si mesma e a sua falta de consciência do verdadeiro feminino. O que a mulher enfrenta social e familiarmente e por consequência a nível psicológico tem a ver sobretudo e basicamente com essa divisão interna do seu ser como o cerne de toda a questão. Ao olharmos apenas para os aspectos económicos e sociais, a falta de dinheiro, de educação ou de cultura como as únicas causas de abuso sexual e psicológico que a mulher sofre, estamos a afastar-nos do âmago do problema. Todo o ataque verbal ou físico à mulher, por mais cultura que tenha, passa pelos antigos tabus e conceitos religiosos ou preconceitos machistas relacionados com essa divisão das mulheres em duas pela igreja de Roma e o sentido de posse e de direito de ajuizar que o homem, seja ele o marido o político ou o padre, ainda têm sobre a mulher em todo o mundo.
Quantas mulheres de nível social e cultural elevado não são violentadas e abusadas pelos maridos, como citei há dias o caso de uma mulher jovem que a família, católica com certeza, achava que o desentendimento entre o casal e a violência sobre a mulher, são coisas de foro íntimo e não devem ser faladas?
A mulher é como se fosse um ser expiatório de todos os males. A mulher é como se fosse um saco roto sobre o qual recai toda a miséria do Homem como sendo ela a Culpada dos males da humanidade de acordo com o que é apontado na Bíblia (associada ao diabo) e outros livros ditos “sagrados” (Sagrado é o corpo da Mulher e Mãe) e isso se perpetuasse e propagasse ad infinito sem que ninguém queira ver isso porque teria de por em questão a ordem do mundo patriarcal. Mas é esta ideia e este sentimento que o inconsciente colectivo carrega como informação básica dos males do mundo e descarrega impiedosamente sobre a mulher. A mulher tem servido de cobaia para o descarregar todo o tipo de frustrações acumuladas pelo homem e é a vítima principal de todas as desgraças…

O Homem, ao ir à prostituta "em busca de prazer" vai é descarregar a sua raiva até ao ponto de a assassinar, exerce a mesma violência que em casa, esta, digamos, de forma atenuada, desde o exercício “normal” da sua sexualidade à violência doméstica, apreendida e acentuada ainda através da pregação religiosa da submissão da mulher, da publicidade e dos média em geral e da violência cinematográfica. Seja no mito do amor romântico, em que ela é adulada, por suposto numa falsa imagem, seja na abjecção da mulher através da pornografia, em que a mulher é sempre instrumentalizada, o que podemos ver nesses filmes é o reflexo de uma só e a mesma coisa: o ódio e o medo ancestral do homem de um ser que lhe escapa ao entendimento, porque baseado na divisão da mulher entre a santa e a puta…
A mulher é o objecto de descarga emocional e sexual do homem, ela é a causa da sua felicidade nunca alcançada e a causa da sua permanente infelicidade e ele acaba por a possuir pela violência e pelo ódio…Mesmo quando diz amá-la, vinga-se na mulher, na amante e na mãe, na filha, de todos os infortúnios e frustrações e ignorância…Ela aceita e sofre porque não é nada sem o Homem …e ele, que não é nada sem ela de facto, se a não pode amar porque não sabe quem ela é, só a pode odiar e maltratar…porque a mulher que ele quer é inconciliável…ele quer as duas e é obrigado a escolher entre uma metade, a casta esposa e a outra metade, a prostituta.

O ciclo é vicioso e está viciado em todos os sentidos. Mas o mais grave é a mulher que acaba por absorver essa violência física ou psicológica, implícita em tudo ou tácita e acaba odiando-se a si e às outras mulheres. Ela está contra a sua natureza essencial, ela está envenenada de detritos do homem, desde os seus preconceitos, à energia da raiva e do ódio, ao esperma infectado de vírus…e ela, a cobaia, a vítima, sofre e adoece em 90% dos casos de cancro da mama e do útero ou dos ovários.

Porquê urge perguntar? Porque sofre e morre a mulher afectada por doenças de foro sexual e principalmente ao nível dos seus órgãos reprodutores?
E a “ciência”, que não quer saber e também não vai à origem das doenças nem conhece as suas causas, só descobre os “remédios” os químicos e os analgésicos, os anti-depressivos, para todas as dores… que remedeiam, que atenuam os sintomas, mas que acabam por causar maior sofrimento pela alienação do seu ser natural provocando outras doenças a curto ou longo prazo…Ao tomar esses medicamentos, como a pílula desde cedo muito cedo para não engravidar, que alteram o sistema nervoso, ansiolíticos ou calmantes para se manter em pé e outros químicos de prevenção, há uma óbvia fragilização interna na mulher a nível celular, hormonal e endócrina, para além da manipulação psicológica e cultural que se baseia à priori numa inferiorização consentida e ainda propagada por todos os meios de diversão na alienação social da mulher, do seu corpo e da sua sexualidade, servindo-se dela de todas as maneiras como uma espécie feita para o efeito, como há uma centenas de anos era legítimo ter escravos para servir a sociedade feudal. A mulher e a sua imagem continua a ser um ser que se usa para entretenimento a todos os níveis…como um ser de segunda que se descarta ou sobre quem se descarrega a violência e a frustração e isso é o que tem de ser visto à luz de outra verdade, não social nem política, mas espiritual e dentro de um novo paradigma.

Não se pode defender um estatuto da mulher e a sua dignidade de um lado, como pretendem os políticos e intelectuais e por outro ela continuar a servir de caixote de lixo de todas as indignidades…ela é feira da pornografia, ela é cobaia científica, ela é uma boneca insuflável de silicone, escrava do alterne, da moda e dos cosméticos, dos médicos e proxenetas…explorada e morta, no Islão, em África na Índia ou no Ocidente sem apelo nem agravo.

A única maneira de sair desta situação é cada mulher de per se começar a tomar consciência da sua divisão interna e perceber que ela tem um valor intrínseco, um poder pessoal, feminino, um saber ancestral que vem no seu sangue e uma liberdade de ser que só essa consciência lhe poderá dar aos poucos, pela integração das duas mulheres em si e através da sua capacidade de reunir os pedaços, os fragmentos do seu ser dividido. É preciso que a mulher atinja, não o famoso e ignorado ponto G, que não é de um prazer sexual desconhecido, mas o de um poder interno que toda a mulher tem no seu útero, no seu sangue e no seu coração.
Só despertando esse Poder que já está dentro de si, essa consciência do seu ser profundo, a Mulher começará a sentir-se íntegra e confiante em si mesma, deixando de entregar o seu poder pessoal ao homem, ao amante, ao padre, ao médico, aos políticos, aos depressivos, aos ansiolíticos ou às operações plásticas…

MULHER, ACORDA PARA O TEU VERDADEIRO SER, O SER QUE JÁ ÉS.
SÓ TE FALTA ABRIR ESSA PORTA QUE ÉS TU PRÓPRIA PARA PERDER O MEDO DOS QUE NEGARAM O TEU PODER PARA REINAR IMPUNEMENTE SOBRE TI E SOBRE A TERRA.
RLP

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