O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

FERNANDO PESSOA PARA O MOLOI...


GRAVEMENTE ATENTO À IMPORTÂNCIA MISTERIOSA DE EXISTIR

"Tudo é orgulho e inconsciência. Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto. "
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"O poeta superior diz o que efetivamente sente. O poeta médio diz o que decide sentir. O poeta inferior diz o que julga deve sentir. Nada disto tem a ver com sinceridade. Em primeiro lugar ninguém sabe o que verdadeiramente sente..."
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Alguns anos andei viajando a colher maneiras de sentir. Agora, tendo visto tudo e sentido tudo, tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar, quanto possa e em tudo o que possa, para o progresso da civilização e alargamento da consciência da humanidade. Oxalá me não desvie disto o meu perigoso feitio demasiado multilateral, adaptável a tudo, sempre alheio a si-próprio e sem nexo dentro de si.
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Chamo insinceras às coisas feitas para fazer pasmar, e às coisas – repare nisto que é importante – que não contêm uma fundamental ideia metafísica, isto é uma noção de gravidade e do mistério da vida. Por isso é sério tudo o que pus sob os nomes de Caeiro, Reis, Álvaro de Campos. Em qualquer deste pus um profundo conceito de vida, diverso em todos os três, mas em todos GRAVEMENTE ATENTO À IMPORTÂNCIA MISTERIOSA DE EXISTIR...

TUDO FERNANDO PESSOA

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