O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Gosto das Mulheres Que Envelhecem


Gosto das mulheres que envelhecem,
Com a pressa das suas rugas, os cabelos
Caídos pelos ombros negros do vestido,
O olhar que se perde na tristeza dos reposteiros.
Essas mulheres sentam-se
Nos cantos das salas, olham para fora,
Para o átrio que não vejo, de onde estou,
Embora adivinhe aí a presença de outras mulheres,

Sentadas em bancos
De madeira, folheando revistas baratas.

As mulheres que envelhecem
Sentem que as olho, que admiro os seus gestos lentos,

Que amo o trabalho subterrâneo
Do tempo nos seus seios.

Por isso esperam
Que o dia corra nesta sala sem luz,
Evitam sair para a rua, e dizem baixo,
Por vezes, essa elegia que só os seus lábios
Podem cantar.


nuno judice

2 comentários:

Anónimo disse...

Não tenho medo de envelhecer...
não quero e ficar careta, carente, patriarcal... é diferente...
Quero envelhecer sim, mas cada vez mais solta da língua e de mim mesma, mais bacante e mais baubo do que nunca...
Quero envelhecer aprofundando as mudanças nas quais iniciei junto de mulheres naravilhosas como vc,
fazendo a ponte para as novas gerações, passando a tocha... não deixando esse fogo apagar até que o mater muundi reine e a Deusa esteja de volta em todos os altares...

O envelhecer era mais no sentido de voltar atrás, andar pra trás,
ficar ressentida, inibida, disfarçada...

Beijos... de longe pra não passar conjuntivite

Nana

Luciana Onofre disse...

Olá!
Tomei a liberdade de linkar seu blog no meu:

http://sementeperegrina.blogspot.com/

Um abraço,

Luciana Onofre