O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 14, 2009

A SUA FACE VERDADEIRA E OCULTA...



E só agora vejo que a rosa era a sua anunciadora, a que vinha antes, a ocultas, consigo ligada.
Ela vinha este e aquele dia, aparecendo-me em formas diversas, no sonho (que dizia: o mundo é construído como uma rosa – camadas e camadas que é preciso atravessar para chegar ao seu centro, que será o centro de dentro e o de fora); na praça romana surgiu como uma rosa verdadeira, atravessada pétala a pétala, até ao fundo; ou então reduzida ao seu único centro, coração de tudo, o fim, a ponte de passagem entre terra e céu. E então, só depois, nos anos seguintes, veio a Virgem, seu ser enfim revelado, aquele que antes tinha aparecido em símbolo, em imagem viva. Agora ela vem, três vezes, em três vindas sempre diversas e novas: do centro da Terra, brotando das suas entranhas, por um momento abertas, em altas e espiraladas chamas de fogo branco; aparecida súbita no meu quarto, ao meu lado, rodeada o meu ser que ele mesmo rodeava; de noite, em assunção no prado verde das árvores, em torres rendadas subindo para o céu: e eu nelas subindo.
Mas primeiro fui a sua flor, como sua face verdadeira e oculta. Face que a revelava e anunciava, em imagem transporta. Para mais tarde ser decifrada.


(17-VI-1967)
In A FORÇA DO MUNDO
DALILA PEREIRA DA COSTA

3 comentários:

NEANDERTHAL disse...

tripamos por demais e nos esquecemos da nossa origem NEANDERTHAL.
Afinal, apenas passaram 30 anos.

NEANDERTHAL disse...

uma mulher NEANDERTHAL anónima está a provocar-me. Isto é inadmissível em blog de tal monta!

Anónimo disse...

NÃO me sinto responsável por ela...

Quanto à nossa Origem remota que remonta há biliões de anos, não me lembro senão desta triste história vivida aqui entre seres que esqueceram essa origem diviana? e se tornaram tão só animais perigosos...predadores, egoistas, ignorantes, raivosos; esta é a espécie humana, mais "primária" que os animais selvagens...muito mais "humanos" e amorosos, porque muito mais verdadeiros...eles não precisam mentir nem disfarçar nada. são o que são e mais nada. Nós humanos estamos sempre a inventar uma importância que não temos. E somos doentes, eles não...
rleonor