O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 22, 2009

A CONFUSÃO DAS PALAVRAS...

Nana Odara disse...

Eu tenho alguma dificuldade em entender bem essa questão da divisão da mulher... sobretudo no q diz respeito a ser puta ou santa...pq me faz confusão vendo as gerações mais novas em contraste com as antigas, umas muito mais p putas e as outras muito mais pudicas... mas será q os termos utilizados não poderiam ser outros?
Assim como os termos masculinos e femininos já tão gastos de outras guerras não chegam mais p nominar características humanas, yin e yang, acho q esses termos santa e puta tbm ja forma gastos e esses papeis ja não estão assim tão bem definidos socialmente... hj em dia as mulheres já não são mais nem tanto uma coisa nem tanto a outra, isto é nem são as mães pudicas e puras devotadas e religiosas, nem são as putas assim, as profissionais do sexo, detendoras das vivencias, trejeitos e atitudes sexualmente ousadas... abundam cursos de strip tease e sedução, e as meninsa fugiram das missas para os bailinhos, faz tempo...
Assim sendo... há outras palavras q tbm ilustrem a divisão da mulher pra q se possa compreender melhor e quiça encontrar mais rápido o caminho para essa reunificação interna?
Por exemplo, eu, não me considero santa, mas tbm não me considero puta... que mulher sou eu? A mulher em transição para a mulher selvagem?
É provocando q a gente se entende...
*
Resposta:

"No cristianismo tradicional, as falsas divisões deram-nos duas personagens: a Virgem Maria e Madalena. Claro, para que uma cristã se sentisse realizada, estas duas personagens deviam ser unidas - e não polarizadas - na sua psique. A Virgem Maria foi desprovida da sua sexualidade conservando a sua espiritualidade, enquanto que Maria Madalena foi despojada da sua espiritualidade ficando apenas com a sua sexualidade. Ora cada uma delas devia aceder à sua plenitude. É o que eu chamo "casar as duas Marias"...
Tori Amos - in Os Segredos de Maria Madalena, ed. Via Medias, 2006

“Entendo que essa antiga e venerável missão das prostitutas é uma ética congenitalmente feminina que só por um desvio de uma religião patrística foi reservada às sacerdotisas do amor a fim de cindir a humanidade feminina na projecção do abominável e do sublime masculino. Uma antítese inventada por esse ser eminentemente melodramático que é o homem, sem a mínima verosimilhança no cosmo da realidade da mulher que não distingue o espírito da carne. Eis porque as mulheres honestas sempre no fundo invejaram as prostitutas e vice-versa.” (...)

In A MADONA de Natália Correia



- Compreendo essa dificuldade EM SE SITUAR COMO MULHER porque a cultura de hoje e a propaganda mediática ou a cultura em geral nos dá a impressão que tudo é uma coisa e na verdade não é…
Quanto aos termos a que se refere claro que eles estão em crescente desuso em certos meios e contextos e culturalmente já não fazem sentido e o que diz está perfeitamente correcto, mas só quanto à superfície das coisas…Se tirarmos o verniz dos novos conceitos e ideias liberais e avançadas acerca dessas novas maneiras de viver e conviver das mulheres e homens e sobretudo no caso dos jovens eu acho estranho que continue a haver as expressões correntes “filhos da put…” ou és uma put…ou ainda o desprezo generalizado pela “prostituta”, a violência doméstica ou o ciúme, posse etc. cujas raízes vêm dessa divisão agora oculta pelo tal verniz da cultura de plástico.
É evidente que os termos a “santa e a put…” são termos, digamos, apenas simbólicos de uma descriminação e divisão cada vez mais disfarçada e mais inconsciente mas por isso mesmo mais perigosa porque é só aparentemente que essa mudança se passa…eles até podem não estar já tanto na mente dos homens ou nas ideias progressistas dos jovens, mas acaba por estar nas suas atitudes ou nos gestos e nas reacções do homem e da própria mulher…
O que é que você pensa que um homem pensa quando é traído ou simplesmente deixado por uma mulher, o que diz ele lá no seu íntimo, com os seus botões? “A grande put…vai pagar” ou tem dúvidas disso? Claro que ele pode ideologicamente e dentro do “politicamente correcto” dizer: “minha cara amiga, está tudo bem, cada um vai para o seu lado, ficamos amigos”…mas lá no fundo como é que ele reage? Sabe? Sabe da frustração e do ódio, da raiva que o leva mais tarde ou mais cedo à vingança do chinês?
Eu conheço intelectuais e gente muito culta ou evoluída, até muito “espirituais” que admite tudo e pensa assim, mas depois se a mulher não lhe é fiel ou já teve outros homens antes dele, mais tarde ou mais cedo vem o epíteto de “grande vaca ou put”…numa discussão ou num confronto mais aceso ou outro palavrão qualquer.
O que eu quero dizer quando emprego esses termos e que são meros símbolos – não há nem nunca houve verdadeiras santas nem put… mas uma separação subtil de dois tipos de mulher - e é essa separação que a mim me espanta que você não a sinta na pele…afinal porque é que os portugueses têm o conceito e vêem as brasileiras como se todas fossem put…em comparação com as portuguesas tão frias e caretas sexualmente? Que disfarçam tão bem um comportamento? Fingem que obedecem aos maridos e que são submissas mas estão mal na sua pele e acabam por odiar e invejar no fundo as mulheres mais ousadas e livres, como você sabe muito bem e já o viu em várias circunstâncias.
Vai-me dizer ainda que tudo isso já não existe nos nossos dias nas gerações mais novas? Sim, talvez o seu filho daqui a dez anos seja diferente quando for homem…mas não sei, não.
Enfim, não é porque as brasileiras não são santas, que são mal conectadas em Portugal, mas porque são em geral mais livres e espontâneas do que as mulheres portuguesas…
*
Outra coisa, feminino e masculino são termos insubstituíveis...dizer yin e yang é adoptar outra cultura, outros conceitos, com a qual não estamos tão familiarizados e por isso a sua conotação para nós ainda não está viciada porque não temos o hábito de as dizer e no fundo não nos pertencem. Como sabe há palavras que em português de Portugal e do Brasil têm sentidos diferentes e às vezes até antagónicos, depende do seu uso...
Mas não são os termos que devem ser mudados e sim o procurar o seu sentido profundo pelo conhecimento etimológico da palavra e na elevação da consciência que lhes dá o seu verdadeiro significado e lhes restitui o devido valor.
A globalização dá nisto: estamos a misturar culturas e conceitos e por isso acabamos por neutralizar tudo para fingir que não há diferenças... (Como você diz não se pode dizer índio…também não se pode dizer preto…não se pode dizer put…) e que tudo se resolve por palavras e termos, mas não é bem assim...só em essência e pelo respeito do outro - seja ele quem for - que podemos mudar as realidades do ser. E a confusão toda das palavras e o peso negativo que elas têm vem de termos perdido a ligação a essa essência, a esse amor universal...que dá sentido renovado às palavras e à vida.
*
Nota: A palavra puta dá erro no computador…não existe na net?
E é por suposto uma palavra que não se diz, nunca é dita pelos nossos intelectuais ou políticos, e dizê-la publicamente é francamente ordinário… mas já agora porque é que os brasileiros dizem tanto e constantemente “puta merda”? Certo, nós também as dizemos, mas não as juntamos…

- Olhe, se calhar vou ficar muito mal vista por dizer asneiras no meu Blogue por suposto tão espiritualizado e elevado…é assim que a mente humana funciona…hipócrita e disfarçada.
rlp

11 comentários:

Anónimo disse...

eu cá não tenho Maria no nome.

Se calhar é disso que por exemplo as imagens da virgem para mim são um pouco assustadoras.
não, eu não quero mesmo ser nem parecida...
quando a Rosa me chama por Maria, ou Mariazinha, é como se fosse um insulto.Sinto me diminuida, não sei porquê...
Mesmo como principio maternal encarnado, que é aquilo de que ela verdadeiramente é símbolo, aquela imagem assusta me .
puros são os lobos.
Em Portugal as mulheres são Marias comum-mente, e todas as minhas amigas que tem devoção por Maria julgam que são santas. Mas não são nadinha, são até, ou quase, o oposto, mas com aquele manto de purificadas que hoje em dia já não engana.
cópias da moral castradora, duma Maria q pertence apenas ao universo mitico colectivo do País, é para não desestruturarem ao dar de frente com a sua própria sombra. Então, lá vão andando a julgar que são boas que nem Maria.

Agora há um outro ser chamado Maria, ou a quem chamamos Maria ,
( é diferente "chamo-me" , de "meu nome é"..)
que provavelmente nem tem rosto ou figura "antropo", e que
Cura A ferida.
Esta ferida faz parte do universo fisico, tem a ver com a culpa incrustada na materia.Ela é responsável do universo fisico.

Mas essa eu nunca encontrei nem por acaso.
Minto... esse ser já me tocou. As lagrimas q verti eram de abandono.

Mas gosto mais, verdadeiramente mais da minha outra Mae, aquela que por chorar muito julgavam q era de arrependimento, mas não , era saudade, muita saudade. De um corpo que conhecera em tempos. que nem uma Gopi, sua natureza era chorar de amor. estas lagrimas são doces e não há perda, só intervalo ,até à proxima.

Hoje o "Neathy" faz anos...não sei quantas primaveras. Bendita então seja sua Mãe.

NEANDERTHAL disse...

NANA ODARA , NEANDERTHAL CONSIDERAM O MUNDO EM PERMANENTE INVESTIGAÇÃO E NÃO CAGAM REGRAS...

Anónimo disse...

Olha q conheço umas portuguesas q deixam qqr brasileira mais tímida do q a menina do clube das virgens...kkkkkkkkkkkkkkkk...
inclusive eu!!!

Sim, existe a divisão, quer dizer, o q eu queria dizer é... ainda há as putas, mas já não há são as santas... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
agora a diferença é só em diferenciar quem é profissional de quem é amadora...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

eu não sei...

como te disse acho q até a pornografia exagerada e as revistas com mulher pelada, pq as pessoas procura? procuram a deusa lá... procuram shakti... mas ficam pelo prazer superficial... e não sabem q o q verdadeiramente procuram é a deusa, a energia da deusa, o amor da deusa, mas vivemos numa sociedade tão doente q tudo fica baralhado e sem sentido...

acho q os portugueses acham q todas as mulheres são putas, menos a mãe dele... pq como eu postei no perfil do agressor tem baixa auto-estima e se sentem rejeitados...

enfim... vou dormir... to com sono... beijos...

Nana

Anónimo disse...

Se calhar vc está unindo a sua sombra puta a sua outra santa, por isso ficou desbocada...

ou então é por osmose mesmo, de tanto me ouvir falar besteira...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

tá vendo só...
pra q fazer um blog erótico à parte, aí sim eu vou separar ainda mais as duas mulheres, dentro de mim e dentro das outras...

não dá pra separar... pode parecer chocante pra vc q é virgem... mas tem de por essa mulherada p ter prazer na vida Rosa, não pode deixar q as mulheres vivam reprimidas sexualmente, pq é isso sim q vai provocar a divisão na cabeça das pessoas...

mesmo q demore um tempo até haver o equilíbrio desejavel de uma pratica sexual livre e saudavel... a energia esteve aprisionada muito tempo, agora explode dia após dia... é assim... depois a poeira assenta e poderemos, poderão viver uma sexualidade sagrada outra vez...

claro, a minha vivencia e opinião só vale pra mim, cada mulher tem de conquistar a sua propria identidade sexual, com autonomia, mas sem hipocrisia... e sem se reprimir mais, unindo as duas mulheres...

ai ai complicado isso...
não sei se me explico ou se me complico aqui, livre-pensando, ou melhor livre-escrevendo...

vou dormiiiiiiiiiiiiiiiiiir...

Nana

Anónimo disse...

EU FALO EM NOME DA ROSA...SUB ROSA...PARA QUEM ENTENDER ENTENDE QUEM NÃO ENTENDE NÃO ENTENDE...NÃO TENHO NENHUM PROPÓSITO, SÓ UMA VISÃO: A DO FEMININO FERIDO. É DESSA FERIDA QUE TRATO EM MIM MESMA OU NÃO...O RESTO SÃO PALAVRAS E CONCEITOS, SOMOS LIVRES DESSA FANTOCHADA DE ACREDITAR NO QUE QUER QUE SEJA COMO A VERDADE...

Sei que cada um se espelha e vê o que quer...nada mais sei.

- as palavras são sempre traiçoeiras...e valem o que valem. sentir a vida ou a morte é tudo o que nos resta.

rleonor

Anónimo disse...

Quanto ao "não cagar regras" pode ser mas todos cagam setenças...lamento mas é a última vez que entro nestes diálogos.Não por não querer ser desbocada,mas porque sei que não vale a pena contrariar ninguém...assim, fecha-se a caixa de pandora. Por mim, discutam à vontade aqui. Sintam-se em casa! e fiquem com os louros todos...faz favor. Eu agradeço!
...sinceramente...

rl

NEANDERTHAL EXULTANTE disse...

viste, NANA ODARA, o louro é meu!

NEATHY disse...

O BLOG DE ROSA LEONOR NÃO É EXORBITAL, ESTÁ ESTRUTURADO NA LÓGICA DOS CONVENTOS E OS SEM VENTO FICAM AQUI DESAMPARADOS.

Anónimo disse...

Nana considera que "procando é que a gente se entende"...eu não entendo assim. Neathy é provocador, logo que se entendam os dois...é um bom casamento.
Eu cá fico no meu convento!!!
rleonor

Anónimo disse...

(Posso?)

Com vento ou sem vento,
menina rosa, só apetecia saber
se a sua menina puta ainda está enclausurada no porão desse convento?
ou se já há flores em seu altar?

Anónimo disse...

Não respondo a cobardes, digo a anónimos...mas cá vai: é mesmo de "homem" e de mulher às vezes pensar em "putas meninas"...o sonho de todos os misóginos...e de todas as santas...ou de bichas para ser mais prosaica...

rl