O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 15, 2009

UMA MULHER SÁBIA, AO CENTRO...


..."OU EU ME VOLTO PARA DENTRO OU EU MORRO"...

"Daqui em diante se a gente não souber lidar com o impossível, o nosso cérebro não vai saber lidar com a realidade. Mas apesar de tudo isso é uma mensagem de esperança, uma mensagem de que a vida nasce do impossível..."

Rose Marie Muraro

Quando a cultura matricêntrica dá lugar ao patriarcado, rompem-se os laços de afeição que uniam mulheres às outras mulheres.

Agora, é a mulher que quando se casa vai para a casa do marido. A partir da dominação econômica exercida sobre ela pelo marido e sua família, a mulher introjeta a sua inferioridade.
E esta introjeção se traduz em dependência psicológica em relação ao homem em tendências masoquistas ( sentir prazer em humilhações e sofrimentos) frigidez e carência sexual.
Enquanto as mulheres se dividem entre si,os homens continuam capazes de fazes alianças e muitas vezes de viver em grupos solidários,o que reforça então a sua superioridade construída sobre a divisão das mulheres.

Quando se torna adulto, o homem já não é capaz de amar a mulher. Ele cinde o desejo sexual do afeto e, com isto, cinde também a imagem da mulher. De um lado a esposa, a santa, a sucessora da mãe, que pertence ao domínio do afeto. De outro a prostituta (a libertária, a punk, a alternativa) aquela que pertence ao domínio do prazer.
Assim, o homem se divide para não se entregar, pois desde a infância aprendeu que entregar-se ao amor é ser castrado, e portanto, morrer, ser vencido.

Cada um, pois, homem e mulher, assume o seu lugar no sistema patriarcal a partir do mais intimo de si mesmo, sem saber que são ambos fabricados para serem o combustível do sistema, vivendo papéis que este lhes destinou.”

Rose Marie Muraro

VER MAIS EM MATER MUNDI: http://lealdadefeminina.blogspot.com/
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PARA UMA NOVA ORDEM MUNDIAL
(...)
As mulheres já estão entrando nos sistemas simbólicos masculinos; ajudando a desconstruir a ordem universal de poder. As mulheres entram nos sistemas simbólicos masculinos no momento em que esses estão se mostrando implacavelmente destrutivos em relação à vida. A tarefa monumental que os movimentos de mulheres e as mulheres têm hoje é a de construir uma nova ordem simbólica não mais centrada sobre o falo (o poder, o matar ou morrer que é a sua lei), mas uma nova ordem que possa permear desde o inconsciente individual até os sistemas macroeconômicos, mas, agora, numa nova ordem estruturada sobre a vida. Essas reflexões não poderiam estar sendo feitas se esse trabalho já não estivesseem curso.
Já estão sendo construídos consensos entre os povos contra uma dominação global que exclui o grosso da humanidade e sobre uma nova ordem que inclua uma relação complementar entre os gêneros, uma família democrática, um tipo de relação econômica que não transfira a riqueza de todos para os poucos que dominam, que inclua relações comerciais e econômicas menos desumanas e destrutivas.
As mulheres já estão entrando nos sistemas simbólicos masculinos. E não só nas instituições convencionais (empresas, partidos etc.), mas também em outras, muitas vezes na contramão da história (nas lutas populares, ecológicas, pela paz etc., onde são a grande maioria). Elas estão construindo uma nova ordem simbólica, na qual o "grande outro" é a vida (viver e deixar viver), e ajudando a desconstruir a atual ordem universal de poder. Se não trabalharmos nessa profundidade, por mais que se transformem as estruturas económicas antigas, elas tenderão a voltar. Ou substituímos a função estruturante do falo pela função estruturante da vida ou não teremos mais nem falo nem vida.
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(Publicado na Folha de São Paulo Tendências e Debates - 08/03/01 )
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Autora-Rose Marie Muraro, 7? anos, escritora e fundadora do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
VER MAIS EM: http://rosemariemuraro.blogspot.com/

5 comentários:

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Muito inteligente e interessante e muito importante para as mulheres,precisamos mesmo conhecer as mudanças

Anónimo disse...

78 anos (11 de novembro...)

Saulo disse...

Que texto lindo! Com certeza estamos vivendo um momento de quebra profunda dos valores da sociedade, o amor está voltando para reinar a Terra!

Saulo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Eu tenho 44 anos e aí da me sinto acorrentada. Rogo para mulheres como você entrar no poder e mudar tudo isso, enquanto isso, você nos fortalece com sua sabedoria.