O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, junho 22, 2009

A VOZ DAS XAMÃS

(...)
“ ...ela explicou que as mulheres, mais do que os homens, são os verdadeiros sustentáculos da ordem social, e que, para cumprir este papel, elas foram educadas, uniformemente em todo o mundo, para estarem a serviço do homem.Não faz diferença se elas são criadas como escravas ou se são mimadas e amadas—observou ela.—A finalidade e o destino fundamental das mulheres continuam sendo os mesmos: nutrir, proteger e servir os homens.Clara olhou para mim, creio que para avaliar se eu estava acompanhando seu argumento. Creio que estava, mas minha reação mais íntima era negar tudo que ela estava dizendo.
— Isto pode ser verdade em alguns casos — concedi —, mas não creio que você possa fazer tamanha generalização e incluir todas as mulheres. Clara discordou veementemente.
O lado diabólico da posição servil das mulheres é que ele não parece ser simplesmente um ditame social—disse ela—, mas um imperativo biológico fundamental.
— Espere um momento, Clara — protestei. — Como você chegou a essas conclusões?
Ela explicou que cada espécie possui um imperativo biológico para perpetuar-se, e que a natureza proporciona instrumentos para assegurar a fusão das energias masculina e feminina da maneira mais eficiente. Disse que, na esfera humana, conquanto a função primordial da relação sexual seja a procriação, ela também tem uma função secundária e velada, que é assegurar o fluxo contínuo de energia das mulheres para os homens. Clara enfatizou tanto a palavra "homens" que tive de perguntar:
— Por que você diz isto como se fosse uma avenida de mão única? O ato sexual não é uma troca uniforme de energia entre homem e mulher?
— Não. Negou ela enfaticamente.

Os homens deixam linhas energéticas específicas dentro do corpo das mulheres. Assemelham-se a tênias luminosas que se movimentam no interior do útero, sugando energia.Isso me parece definitivamente sinistro — comentei ironicamente.
Ela prosseguiu com sua exposição em total seriedade. Elas são colocadas ali por uma razão ainda mais sinistra — falou, ignorando minha risada nervosa —, que é assegurar o suprimento constante de energia para o homem que depositou essas linhas energéticas. Estas, estabelecidas através da relação sexual, recolhem e roubam energia do corpo feminino, a fim de beneficiar o homem que as deixou ali. Clara falou com tanta certeza que não consegui gracejar e tive de levá-la a sério.
— Não que eu aceite por um instante sequer o que você está dizendo,
Clara — falei —, mas, só por curiosidade, como chegou a uma conclusão tão despropositada? Alguém lhe falou disso?
— Sim, meu mestre me falou a respeito. A princípio também não acreditei nele — admitiu ela —, mas ele também me ensinou a arte da liberdade, o que significa que aprendi a ver o fluxo da energia. Agora sei que estava certo, pois posso ver os filamentos semelhantes a vermes nos corpos femininos. Você, por exemplo, possui vários deles, todos ainda ativos.
— Digamos que seja verdade, Clara — concedi, inquieta. — Apenas para continuar com o debate, permita-me perguntar-lhe por que isto seria possível? Este fluxo de mão única da energia não seria uma injustiça com as mulheres?
— O mundo inteiro é injusto com as mulheres! — exclamou ela. — Mas o
problema não é esse.
— Qual é o problema, Clara? Acho que não percebi.
— O imperativo da natureza é perpetuar nossa espécie. Para assegurar isto, as mulheres têm de carregar um fardo excessivo em seu nível energético básico. O que significa um fluxo de energia que sobrecarrega as mulheres.— Mas você ainda não explicou por que deve ser assim — insisti, já começando a oscilar com a força de suas convicções.
— As mulheres são o alicerce para a perpetuação da espécie humana — replicou Clara. — Grande parte da energia provém delas, não apenas para gestar, dar à luz e nutrir sua prole, mas também para assegurar que o homem represente seu papel em todo esse processo. Clara explicou que, teoricamente, esse processo assegura que a mulher alimente seu homem energeticamente através dos filamentos deixados por ele dentro do seu corpo, de modo que o homem se torna misteriosamente dependente da mulher em nível etérico. Isto fica claro na atitude evidente do homem que retorna repetidas vezes para a mesma mulher, a fim de manter sua fonte de sustento. Deste modo, disse Clara, a natureza possibilita aos homens, além do impulso imediato de gratificação sexual, estabelecer vínculos mais permanentes com as mulheres.
— Esses filamentos energéticos, deixados nos úteros das mulheres, também se fundem com a composição energética do filho, caso ocorra a concepção — acrescentou Clara. — Este pode ser o rudimento dos laços familiares, pois a energia do pai se funde com a do feto e permite ao homem
sentir que o filho é seu. Estes são alguns fatos da vida que a mãe nunca conta à filha. As mulheres são criadas para serem facilmente seduzidas pelos homens, sem terem a menor idéia das conseqüências do ato sexual em termos do escoamento energético produzido em cada uma delas. Esta é minha opinião e é isto que não é justo.”
(...)
Trecho do Livro: A Travessia das Feiticeiras, Taisha Abelar
 

ADENDA:
Verdade ou mentira, efabulado ou pura experiência da autora do livro não me cabe a mim pôr em causa as suas afirmações e sim considerá-las como probabilades diante do imenso desconhecido que são as energias e toda a nossa ignorância dos processos ocultos...

Creio na "voz peremptória" das mestras e xamãs e nas mulheres sábias e considero o nosso intelecto e a razão muito redutoras das fontes de conheciemento antigo e julgo que o melhor que temos de fazer é dar sempre o benefício da dúvida a quem sabe mais e ir sempre mais longe dentro de nós...
A nossa história está toda ela obstruída e adulterada, e o que resta da voz das mulheres é quase nada...ouçamos pois com atenção a voz antiga das xamãs...
Deixemos que O SEU ECO SE REPERCUTA BEM DENTRO DE NÓS, NO NOSSO ÚTERO...
rlp

3 comentários:

Luíza Frazão disse...

Faz todo o sentido, o texto que transcreveu. As mulheres é que suportam isto tudo, suportando o homem, a família, acabam por suportar todo o sistema. E com tão pouca consciência... O servilismo e a falta de consciência e de sentido crítico das mulheres é confrangedor.

Abraço

Luíza

rosaleonor disse...

Que prazer na sua visita...já me fazia falta a sua assertividade...

um abraço

rleonor

Astrid Annabelle disse...

Para mim também faz sentido Rosa...mesmo porque aprendi, ao estudar sobre energias, que ficam vínculos estabelecidos assim mesmo como descreve a autora, pelo menos por um bom tempo, entre os casais que se relacionam sexualmente. Na época estava estudando o comportamento das mulheres que trocam de parceiros como trocam de roupa...imagine então se for verdade tudo isso acima, o que sobra para a mulher????!!!!
Muito bom.
Beijos
Astrid Annabelle