O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 05, 2009

ninguém o sabe...


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
*
Estás só.
Ninguém o sabe.
Cala e finge.
Mas finge sem fingimento.
Nada 'speres que em ti já não exista,
Cada um consigo é triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte é dada.
*
Breve o dia, breve o ano, breve tudo.
Não tarda nada sermos.
Isto, pensado, me de a mente absorve
Todos mais pensamentos.
O mesmo breve ser da mágoa pesa-me,
Que, inda que mágoa, é vida.

(fernando pessoa - heterónimos)

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis "
(Frases e Pensamentos de FERNANDO PESSOA)

5 comentários:

josaphat disse...

Eu gostei, também estou melancólico...

rosaleonor disse...

A melancolia não é um estado depressivo como hoje em dia se julga mas um estado de alma elevado meu amigo...são os que não são capazes dela que menosprezam a tristeza e a melancolia. a verdadeira poesia é quase quase sempre nostálgica e os melhores poetas sempre foram tristes.
abraço

rleonor

Anónimo disse...

Intenssidade
de coisas perdidas e vividas
Vivo no passado
e no futuro da morte

Vivo diferente
Sinto minha pele
meus ossos se movendo
mutando mudando

E o chamado Dela
Ecoa em minha mente
Tanto tempo
Sem senti La
E hoje eu a sinto
A tristeza doce me invade
como um mel
Sedido pelas ninfas
Eu a Sinto
Só mais uma vez...

Ninnan Oitri

Anna Geralda Vervloet Paim disse...

Aos cinquenta, um pouco mais, um pouco menos, temos com certeza rugas nos olhos. Mas em alguns afortunados, há mais. Muito mais que isto. Há um brilho intenso que não se apaga. São portadores de olhos que riem. E já que dizem que os olhos são o espelho da alma, podemos imaginar que alegres almas habitam estes seres.
O que sabem eles, o que garante a eles esta porção diária de alegria?

Acredito que a magia venha do fato de não darem guarida a ressentimentos. Isto mesmo.
Não requentam sentimentos já vividos, impressos em papel amarelo e já sem bordas.
Não choram por dores de anos atrás.
Não pranteiam amores há muito esgotados.
Não enterram os mesmos mortos todos os dias.

Ao acordarem lavam o rosto e o coração. Ao invés de ressentir (sentir novamente) o já vivido, preferem sentir, atualizando-o.

São aquelas pessoas que a gente encontra na rua e que estão sempre de braços abertos. Que nos abraçam forte, mas nos deixam ir quando chega nossa hora.

Braços abertos que se abrem na direção do que vem. Braços abertos para não reter o que vai.
Não antecipam, não recusam. Não recuam. Ao invés de ressentimento, aceitação.

Aprendizado que leva uma vida. Conquista. Aceitam que a vida corre por caminhos nem sempre escolhidos por nós. Aceitam que amores acabam. Que os filhos crescem e não gravitam mais em torno de nós. Que temos que andar para fazer baixar nosso colesterol. Que algumas dores no corpo vêm para ficar. Que os cabelos brancos crescem muito mais depressa que nossos cabelos antigos. Que amizades especiais e únicas se desfazem, deixando em nós o furo da saudade. Aceitam que já andamos mais da metade do caminho.

E por aceitarem a vida como ela é e por não se ressentirem pelo fato dela não ser como queriam que ela fosse é que seus olhos estão sempre rindo, escancarando a alegria dessa alma de ainda estar na vida.
A ela, dizem sempre: Que venha!

Encontrado em http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=08861

...Mas confesso que meus melhores poemas escrevo quando estou melancólica e depressiva...

Abraços

rosaleonor disse...

muito obriga anna pelo texto e a Ninnan pelo poema...

um abraço

rleonor