O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, novembro 14, 2009

O SILÊNCIO DAS MULHERES


"As aberrações brutais e bárbaras de uma espécie virada contra si própria"

“Práticas como a mutilação sexual feminina, o espancamento doméstico, e todos os outros modos mais ou menos brutais que serviram para a androcracia manter as mulheres “no seu lugar” não serão evidentemente vistas como tradições consagradas, mas como o que realmente são - crimes gerados pela inumanidade do homem para com a mulher.

Quanto á inumanidade do homem pelo homem, à medida que a violência masculina deixa de ser glorificada por epopeias e mitos “heróicos”, as designadas virtudes masculinas de dominância e conquista serão igualmente vistas pelo que são - as aberrações brutais e bárbaras de uma espécie virada contra si própria”

in "O CÁLICE E A ESPADA" de Riane Eisler

(...)

"O discurso feminino é captado pelos homens como um ruído de fundo.

(...)

Eles não têm ouvidos para as mulheres. Isso não lhes interessa. Não há lugar no nosso sistema para aquilo que não interessa aos homens.

(…)

As mulheres têm a opção entre não dizer nada ou só dizer aquilo que eles querem ouvir.”

in “Todos os homens são iguais...mesmo as mulheres”- Isabelle Alonso



11 comentários:

MOLOI LORASAI disse...

no tempo antigo, quando um menino dizia para o outro: 'você não é homem' não estava a se referir a práticas sexuais, mas a falta de caráter, covardia.
Esta falta de caráter é manifesta em quase todos os homossexuais masculinos. A tremenda violência e agressividade é fantasiada por trejeitos.
No tempo antigo o povo sabia das coisas.

André Louro (o outro) disse...

Olá Rosa,

Quanto à homossexualidade, Federico Garcia Lorca, o grande poeta andaluz, por exemplo, não era gay, mas tinha uma frustração erótica com as mulheres. Desejava as mulheres, mas elas rejeitavam-no. Li isto na biografia dele de Ian Gibson. Ao contrário do que muitos estudiosos pensam, Lorca continuou sempre com esperanças de um amor heterossexual até à morte, quando foi executado por um playboy homossexual dos Camisas Negras. Os outros homens é que o massacravam, metendo ideias de homossexualidade na cabeça dele. Lorca era um devoto da Lua e do misticismo cigano. A Deusa ocupava muita da poesia dele.
Isto tudo para dizer que os homossexuais surgem precisamente onde há muitos homens, por exemplo, na tropa, na prisão, na Guerra, na Marinha, na polícia, em grupos de extrema direita...Precisamente porque o ideal da Dama, trovadoresco, desaparece nesses grupos. A virilidade é algo muito presente e a virilidade leva a perversões, sado-masoquismos. Vejamos por exemplo o caso do Aleister Crowley, o mago, com o poeta Victor Neuberg, ao iniciar o poeta que era heterossexual, nos mistérios da homossexualidade e dos desequilíbrios resultantes do sado-masoquismo. Assim tentou também com Fernando Pessoa, mas Pessoa bem que escapou!

Um abraço,

André Louro

Anónimo disse...

Não doure a pílula. No tempo antigo quando se dizia "vc não é homem' estavam mesmo é querendo dizer que não possuia as qualidade masculinas e machas e por conseguinte só poderia ser mesmo um "mulherzinha".

Anónimo disse...

Qual a solução para nós mulheres nesse mundo?
Revolução, excerto de A mulher eunuco de Germaine Greer
1 _ Reação não é revolução. Não é sinal de revolução os oprimidos adotarem as maneiras dos opressores e praticar opressão em seu próprio favor. (...) Guerra é a admissão de derrota face de interesses conflitantes: pela guerra o problema é entregue à sorte, e a suposição tácita de que o melhor homem vencerá não é de modo algum justificada. Guerras não podem ser ganhas (...) Mulheres que adotam atitudes de guerra em sua busca de libertação, condenam-se a imitar a última perversão da virilidade desumanizada, que só tem um desfecho previsível, o fim especificamente masculino de suicídio.
2 – Se as mulheres ao menos oferecessem uma alternativa genuína da violência, o mundo poderia respirar um pouco com menos dor. Se as mulheres se negassem a ser espectadoras de lutas, a indústria entraria em colapso; se os soldados tivessem de enfrentar com certeza a retirada de todos os favores femininos como Lisístrata observou há tanto tempo atrás, haveria de súbito menos encanto na luta. Não somo huris, não seremos a recompensa do guerreiro.

Anónimo disse...

3 _ A perversão masculina da violência é uma condição essencial da degradação das mulheres. O pênis é concebido com uma arma (...) O processo a ser seguido é o oposto: as mulheres precisam humanizar o pênis, tirar dele o aço e fazê-lo de novo carne. (...) E não quero dizer que o lesbianismo em larga escala devesse ser adotado, mas simplesmente que a ênfase devia ser tirada da genitalidade masculina e recolocada sobre a sexualidade humana. Os órgãos femininos precisam assumir o seu papel.
4 _ Precisariam deixar de lado sua desesperada necessidade de admirar um homem, e aceitar o papel mais gentil de amá-lo. (...) Se as mulheres estão para efetuar um melhoramento significativo em sua condição, parece óbvio que devem se recusar a casar. (...) Se a independência é um concomitante necessário da liberdade, as mulheres não devem casar. (...) A libertação das mulheres, se abolir a família patriarcal, abolirá uma subestrutura necessária do Estado autoritário. (...) Porque a moça média casa? A resposta provavelmente será dada: __ amor. O amor pode existir fora do casamento __ na verdade por longo tempo supôs-se que sempre existia assim. O amor pode tomar várias formas; por que precisa ser exclusivo? Segurança? Segurança é uma quimera, especialmente se se supõe que significa a preservação de um estado de feliz comunhão que existe por ocasião do casamento. (...) Se uma mulher se casa porque está farta de trabalhar, ela merece tudo o que arranja. Oportunidades de trabalho devem ser melhoradas, não abandonadas. (...) A negociação entre gente casada geralmente funciona de modo desigual: a mulher finalmente descobre que sua vida mudou de forma radical, mas não a de seu marido.

Anónimo disse...

5 – Na medida em que o ímpeto da população feminina cresce, seria de esperar que vários tipos de empresa cooperativa surgissem para reforçar a independência do indivíduo (...) O principal valor de uma organização não é a formação de uma frente política, porém o desenvolvimento da solidariedade e ajuda mútua.

6 – O fator essencial na libertação da mulher casada é o entendimento de sua condição. Ela deve combater a culpa por ter fracassado num cenário impossível, e examinar o cenário. Ela deve ignorar descrições interessadas de sua saúde, sua moralidade e de sua sexualidade e examiná-la todas por si mesma. (...) Ela precisa analisar seus hábitos de compra, suas desonestidades e evasões do dia-a-dia, seus sofrimentos, e seus sentimentos reais para com os filhos, seu passado e seu futuro. Suas melhores auxiliares em tal avaliação são suas irmãs. (...) Ela tem de essencialmente recapturar sua própria vontade e seus próprios objetivos e a energia para usá-los.

Anónimo disse...

7 _ Podemos do mesmo modo abandonar as garantias e tornar a família patriarcal uma impossibilidade insistindo em preservar a paternidade para todo o grupo _ todos os homens são pais de todas as crianças. (...) a má-vontade das mulheres de se comprometer com juras de completa monogamia e devoção canina, pode ter de ser reforçada por verdadeira “promiscuidade”.
8 _ As mulheres devem também rejeitar seu papel de principais consumidoras no estado capitalista. (...) Na medida em que os cosméticos forem usados para adorno de uma maneira consciente e criadora, não são emblemas de inautenticidade: é quando são apresentados como a coisa real, cobrindo invisíveis defeitos, disfarçando uma coisa repulsiva de modo que ele seja aceitável para o mundo, que sua função é profundamente suspeita.
9 _ O meio principal de libertar as mulheres é substituir compulsão pelo princípio do prazer. (...) A essência do prazer é a espontaneidade. Nestes casos espontaneidade significa rejeitar a norma, o padrão segundo o qual se deve viver e estabelecer um princípio auto-regulador.

Anónimo disse...

10 _ O medo da liberdade é forte entre nós, mas o próprio medo precisa ser entendido como sendo um dos fatores implicados na duração do status quo. Uma vez que as mulheres se recusem a aceitar a polaridade do masculino-feminino, tem de aceitar a existência do risco e a possibilidade de erro. (...) O abandono da escravidão é também o banimento da quimera da segurança. O mundo não mudará do dia para a noite, e a libertação não ocorrerá a menos que mulheres individualmente concordem em ser proscritas, excêntricas, pervertidas ou o que quer que os poderes constituídos as denominem.
11_ A chave da estratégia para a libertação reside em expor a situação, e a maneira mais simples de fazer isso é ultrajar os letrados e os espertos por clara imprudência de fala e gesto (...) A arma das mulheres é tradicionalmente a língua e a principal tática revolucionária tem sido sempre a difusão da informação.

Anónimo disse...

12 _ As mulheres representam a classe mais oprimida de trabalhadores vitalícios não pagos, para quem a palavra escravo não é uma descrição por demais melodramática. São o único verdadeiro proletariado que resta, e são por uma margem mínima a maioria da população, assim o que as está detendo? (...) Não precisamos desafiar ninguém para combate aberto, pois o método mais eficiente é simplesmente retirar nossa cooperação na construção de um sistema que nos oprime, a válida retirada de nosso trabalho. (...) As irmãs mais velhas precisam ensinar-nos o que descobriram. Em todas as ocasiões precisamos aprender com as experiências das outras, e não julgar apressada e pretensiosamente, segundo critérios masculinos. Precisamos lutar contra a tendência de formar uma elite feminina, ou uma hierarquia de autoridade do tipo masculino em nossas próprias políticas, e lutar para manter a cooperação e o princípio matriarcal de fraternidade.
13 _ O guia mais seguro para a correção do passo que as mulheres dão é alegria na luta. A revolução é o festival dos oprimidos. Por um longo tempo pode não haver recompensa perceptível para as mulheres a não ser seu novo sentido de propósito e integridade. Alegria não quer dizer júbilo clamoroso, mas significa o emprego propositado da energia em empresa escolhida. Significa orgulho e confiança. Significa comunicação e cooperação com outras baseada na delícia de sua companhia e na sua própria. Ser emancipada de desemparo e necessidade e andar livremente sobre a terra é seu direito de nascimento. Recusar peias e deformidade e tomar posse de seu corpo e se glorificar em sua força, aceitando suas próprias leis de amabilidade. Ter algo para desejar, algo para fazer, algo para realizar e por fim, algo genuíno para dar. Ser livre de culpa e vergonha e da incansável autodisciplina das mulheres. Parar di fingir e dissimular, de adular e manipular, e começar a controlar e simpatizar.

Anónimo disse...

14 _ A primeira descoberta importante que faremos enquanto trilharmos nosso caminho feminino para a liberdade é que os homens não são livres, e que eles tentarão fazer disto um argumento de porque ninguém deve ser livre. Apenas podemos responder que os escravos escravizam seus senhores, e assegurando nossa libertação vamos mostrar aos homens, o caminho que eles podem seguir quando pularem fora de seu próprio moinho.
O que fará?
__ Este é o ultimo capítulo do livro. Eu sei que muitos lerão e não concordarão com tudo o que está aqui, mas eu penso que se oferecem alternativas interessantes para as mulheres.

Tesenisis

rosaleonor disse...

OBRIGADA A TODOS PELOS EXEMPLOS DEIXADOS...E PELAS VOSSAS PRECIOSAS DEIXAS!!!

uM ABRAÇO
ROSA LEONOR