O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, dezembro 14, 2009

3 velhas amigas....

E MARIA...OU MARIA MADALENA...

Ontem jantei com mais 3 amigas. Éramos quatro mulheres à mesa. Todas com mais de 50 anos…e todas, divorciadas ou separadas e com filhos e netos, excepto eu…

Uma delas, que é pintora e astróloga, está a fazer agora um mestrado sobre mulheres na Universidade, cheia de ideias e informação académica, registos e estudos, muito entusiasmada com as descobertas sobre Maria Madalena etc.; discutia com uma outra que tinha acabado de fazer uma viagem à Turquia onde visitou a casa onde, supostamente, a Mãe de Jesus, Maria, teria vivido com João o apóstolo…A outra amiga, em casa de quem estávamos e nos convidou, é bibliotecária e canta num coro, falava das suas experiências e evidentemente também os homens vieram à baila, pois a minha amiga, divorciada há anos, é uma dessas mulheres que continua a sonhar com o homem ideal…


Cada uma de nós tentou inicialmente focar a sua experiência e trocar informação e a minha ideia era chegar a uma consciência comum, tirar partido das diferentes informações, mas o que se gerou foi a controvérsia e no final, o que verifiquei e confirmei uma vez mais é que as mulheres não se entendem, por mais bem-intencionadas que estejam à partida …


O ponto em que essencialmente discordávamos era: se era (ou fora?) Maria Madalena a amante, a discípula eleita, se Maria, a Mãe a preferida e a detentora do poder do feminino…e que continuou com a missão de evangelizar. Para mim Maria Madalena era a iniciadora do Mestre aos Mistérios da Deusa… e quem deu origem ao culto do Graal, sendo a Mulher o Cálice…a Busca nos séculos do Feminino perdido…

Ora, como cada uma puxava a conversa para o seu lado, defendia o que pensava, pensando, claro, que era quem estava mais certa, achava que a outra não sabia ouvir…e a confusão do ponto de vista intelectual era enorme e ninguém se entendia mesmo subjectivamente e claro fui eu a mais acusada de não querer ouvir ninguém…

No fim a frustração foi enorme e a minha certeza é de que de facto estamos sós no nosso caminho e é muito difícil alguém nos entender verdadeiramente…


Posso pensar que o problema é em grande parte o nosso ego e que é um mal geral no mundo, mas também que na verdade ninguém sabe nada de nada e as fontes diversas são contraditórias e a menos que o nosso objectivo seja realmente defender uma causa comum, seguindo a nossa própria intuição e a visão do feminino integrado, num plano de consciência alterado ninguém se entende no plano da informação objectiva e menos ainda do ponto de vista académico…

rlp

7 comentários:

Anónimo disse...

Sendo a amiga que recebeu as amigas na sua casa, só quis ter o privilégio, não de uma aferição de ideias (que, subindo dos efeitos para as causas, acaba no conceito de deus/deusa, que é indefinível), mas de partilhar simplesmente o que cada uma de nós tem para partilhar . O que tenho em comum com essas amigas está para além das ideias, mas baseia-se na consciência partilhada da dádiva que é a própria vida, fonte da diversidade. Elisa

rosaleonor disse...

A minha sábia e focalizada amiga
responde ao fundo da questão que eu não trouxe à baila...
A consciência partilhada da dádiva que é a própria vida e que, como dizes, nos é comum, está para lá das ideias é certo... só não compreendo que às vezes se não consiga falar em paz e harmonia nessa diversidade...
Claro que o calor da discussão nos afasta do foco essencial, mas uma coisa é o ser interior,no silêncio de dentro e outra, as questões variadas de que se falam...
É bom saber que a vida é essencialmente amor apesar dos confrontos e conflitos que ao nível da personalidade (ego) surgem com as diferentes ideias na mesa...
...mas, na mesa, a verdade seja dita, o bacalhau com natas e couves estava muito bom e o vinho era óptimo, para não falar do bolo de chocolate e do queijinho francês...

e obrigada pelo jantar!

rosa leonor

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Rosa até mesmo eu Gaia Lil, sonhava até pouco tempo atras com um homem ideal, que ia me aceitar( como sou fantasiosa!) como bruxa e sacerdotisa , tambem como mulher...achava sinceramente que um dia encontraria um par perfeito um homem , espiritualizado e inteligente que entenderia a Deusa e amaria minha alma de Mulher e respeitaria meu corpo meu ser...Que me daria prazer satisfatorio na cama, que eu finalmente encarnaria A Afrodite...
Creio que Todas nos mulheres de nacimento ou na alma fomos condicionadas a isso, e são tantos os livros os romances as palavras perfeitas os poemas de amor...Toda a mesma maldita mentira de sempre que vira um homem ideal que amará a minha Deusa e minha mulher interior...como eu era Tola!
hoje tudo o que quero e amar profundamente a mim mesma e ter o meu hiero gamos interno o casamento do masculino com o feminino, o renascer de Anuket, a verdadeira essência da soberania de Hera...Centrada em mim mesma na minha alma, ...Nos tempos antigos muito remotos quando a mulher descia ao submundo ao enveis de se casar com o Rei dos Mortos , filho da Deusa, Ela se casava diretamente coma Mulher Selvagem, sua sombra unindo os polos masculinos e femininos que haviam na mulher...É este o unico tipo de união que quero no momento.E se no futuro eu quiser perder minha virgindade fisica ( e não arquetipa ou espiritual) e deitar me com um homem qualquer certamento o farei, mas agora sem culpa de não ser o homem ideal, a alma gemia...Eu gosto é mesmo de ser androgina!

Viva a Deusa Hera,
E a Deusa Anuket

MOLOI LORASAI disse...

eu também não consigo olhar para a minha própria alma, só para as marias madalenas...

rosaleonor disse...

MINHA QUERIDA GAIA LIL:

Eu acho que o amor como o vivemos até adquirimos a consciência de que, de certo modo é uma ilusão, no caso de não nos realizarmos a nós mesmas como seres individuais, é legítimo...sobretudo enquanto somos jovens, e é o seu caso! É vivendo que realizamos o que é verdadeiro e falso...não nos podemos recusar às experiências que nos ensinam...Eu falava sobretudo das mulheres com mais de 50 ou 60 anos que é a idade da sabedoria e das xamãns...a idade da mulher se dedicar ao amor universal e fraterno, ao tempo da mulher contribuir com todo o seu ser para a construção de novos alicerces e não ficar presa no jogo de sedução e de poder que a sexualidade lhe dá...
Creio que há um tempo para tudo e apesar de não vivermos o verdadeiro amor ainda, temos de viver o que temos para viver e tentar ser conscientes de nós enquanto seres independentes seja do homem seja da mulher...
O Amor é dádiva e liberdade, respeito pelo outro...não dependência e carência como o vivemos e matamos em nome dele...

Viva com fé e confiança na deusa acreditando em si independentemente do seu sexo... a sua alma é que conta...
um abraço grande

rosa leonor

rosaleonor disse...

Moloi...você gosta de brincar com verdades...ou mentiras...
Mas pode olhar à vontade para a sua anima...maria madalena é o arquétipo da anima...
Pode olhar as marias madalenas todas à vontade, até lhe fica bem!

maior é o meu drama...não consigo olhar só para o Mestre porque "sou pagã e anarquista como uma pantera que se preza", já dizia a florbela espanca......

abraço

rosa leonor

Juliana Xavier disse...

Ai ai ai... e tem alguma reunião de mulheres q não acabe em bafão!!!
Eu ainda não vi nem umazinha sequer, qdo elas estão reunidas pela mesma ideia e objetivo dá pano pra manga, imagina desprentenciosamente reunir amigas inteligentes... kkkkkkkk...

o fundamental é:
tanto Maria como Maria Madalena representam o feminino... kkkkk...


PRECISAMOS DESCOBRIR COMO ULTRAPASSAR ESSAS DIFERENÇAS E
VIVER ESSES MOMENTOS ENTRE AMIGAS
DE UMA FORMA MAIS POSITIVA, CONSTRUTIVA, APAZIGUADORA, ACALENTADORA...

femininamente...

não é o trabalho nem a idéia nem o ego nem a leitura nem a experiência... e talvez tbm não seja me mostrar à outra, mas sim ver na outra aquilo q em mim me incomoda, e fica escondido de mim mesma, q só ela me mostra...

ou simplesmente ver a outra... do jeito dela, e não passando pelo crivo dos meus proprios valores e preconceitos...

eu sou assim, vc é assim, ela é assim... sem tentar mudar ninguem, apenas aceitando-as e a si mesma, incondicionalmente...

mas eu já passo da q tenta conciliar as divergências p ser a q ri muito... de tudo isso...
pq não conseguimos sair disso???
é trágico, mas chega a ser cômico...
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

"não fiquem de mau, meninas!!!"
relevem tudo isso, não é nada pessoal entre vcs, e sim uma profunda questão feminina, um nó dificl de desatar... mas muito meeeeeeeeeeeeeeeeeesmo...

Bjos