O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, maio 31, 2009

UMA PISTA DO CAMINHO...


"O sentimento erótico é a poderosa ”semente” do misticismo.

É a emoção original do amor, um sentimento que estimula as paixões, ”incendeia” os sentimentos e desperta a energia Kundalini no centro sexual. O sentimento erótico e evocado através do agradável contato dos sentidos com o mundo exterior.

O erotismo, quando refinado e cuidadosamente canalizado, leva a experiência da transcendência e do êxtase. Na tradição tântrica ou ”secreta”, o sentimento erótico correlaciona-se com o paladar da doçura. Vishnu, o Preservador, também conhecido como ”Senhor das Águas”, é considerado como aquele que governa o sentimento erótico; isto e corroborado pela antiga referencia do elemento água ao sentido do paladar e pela necessidade da saliva para distinguir sabores. Os textos hindus relatam as muitas façanhas eróticas de Vishnu que, encarnado como o jovem Krishna, é o protótipo do amante. Mais adiante falaremos sobre suas aventuras amorosas e seu jogo sutil.

O erotismo desperta as chamas do amor em todas as suas variedades. Os antigos textos indianos como o Kama Sutra e o Ananga Ranga referem-se a quatro diferentes tipos de amor: amor habitual, imaginário, natural e sensual. E claro que tal classificação é uma simplificação, já que a maior parte dos amores e uma mistura dos diferentes tipos.

Entretanto, a importância desta classificação tradicional de Eros deve-se ao fato de ser ela baseada nos ensinamentos místicos mais profundos da tradição tântrica. Vamos encontrar esta divisão quádrupla repetidas vezes à medida que nos aprofundamos nos segredos do Oriente, mais notadamente na transformação da energia sexual e nos estágios do êxtase.

O sentimento erótico esta ligado ao elemento fogo e ao sentido da visão. Shiva, o ideal iogue de transcendência, está sempre associado ao fogo e ao erotismo místico. Para compreendermos o que isto significa, temos que nos lembrar da relação entre o ”fogo interior” no centro umbilical do Corpo Sutil (plexo solar) e o ”Terceiro Olho”, no centro da cabeça. Este olho oculto e colocado em ação através da destilação e transformação do ”fogo” interno do estômago, fígado, baço, coração, e assim por diante; consegue-se tal efeito através dos diferentes tipos de Ioga.
(...)
cONTINUE A LER EM: http://www.pistasdocaminho.blogspot.com/

A GRANDE AVENTURA...


"O meu desencanto é que querem fazer de mim um ser de gráfico cartesiano com eixos bipolares, macho-fêmea, o que é impossível, Oh Coração. " NEANDERTHAL

Os “eixos bipolares, macho-fêmea” são apenas o jogo da aparência das coisas, na manifestação física e visível e correspondem em princípio à forma expressa de todos os seres vivos na Terra havendo todavia espécies que se auto reproduzem etc.. Correspondem ainda aos princípios da alquimia, mais precisamente à Obra alquímica e a uma filosofia dos princípios opostos, não antagónicos mas complementares…Pode ser uma tese da vida e do Conhecimento-realização como pode ser só uma especulação razoável da vida humana. Mas essa é uma contingência de todos os humanos à partida a que só escapam os génios, os iniciados e os iluminados…seja lá o que isso for. As alternativas dos caminhos depende de cada indivíduo e cada um é responsável por si e pela sua descoberta interior ou realização “espiritual” – o que quer que seja que tomemos como espiritual…
Quero dizer que no plano racional e do entendimento possível dos fenómenos da vida e da existência humana, dependentemente do grau de evolução da Consciência do Ser (como alma e espírito), há diferentes graus de entendimento do que é a vida e portanto ninguém reduz ninguém (ah! fomos manipulados, certo, somos condicionamos pelos sistemas de crenças e de pensamento e ainda por qualquer coisa alheia a nós, parasitas do espaço ou por seres inorgânicos e alienígenas?) mas sim, entre nós espécie, cada um se reduz ou se limita ao que acredita…ao que sente e ao que vê ou ao que quer ver e portanto tem a liberdade de escolha…Tem sempre a possibilidade de saída dos sistemas de crenças e entrar noutros – mais elaborados ou subtis - ou não. Mas não me parece que haja alguém que possa senão aventurar-se como o fez Descartes ou Platão e outros à teoria do conhecimento e uma visão “unilateral” que lhes foi possível na sua época e no seu tempo…Há ainda assim uma diferença entre os filosófos e os Mestres …
Mas então se consideramos os/as Mestres, os/as videntes e os/as profetas, podemos pensar que esses talvez saibam o que nós não sabemos mas nem sabemos como é que eles sabem…Podemos então presumir que lhes foi revelado um Segredo, ou que lhes foi dada uma Visão unívoca e uma missão e esses sim são privilegiados por uma inteligência superior ou ainda têm acesso a códigos secretos e esferas desconhecidas da mente comum, outras dimensões? Tudo isto são pressupostos. E quem é quem para nos dizer o que é verdade?
Na verdade ninguém sabe o que é a grande Inteligência…ninguém sabe ao certo o que é a Alma e o Espírito e podíamos de novo falar da Essência de tudo, do Prana, do Élan vital, depois dos chakras e da Kundalini ou da força da energia atómica que sobe em nós e sei lá que designações e métodos, há milhares de anos, dos Vedas à Cabala, aos Maias e aos Egípcios, às mais antigas civilizações, às grandes cosmogonias e do que resta em forma de dogmas das religiões obscurantistas ao esoterismo em geral .
Na realidade circundante, tirando os estados alterados a que acedemos de maneiras várias, nós seres humanos ordinários, por meditações, mantras ou ervas alucinogénicas e à nossa visão subjectiva, quiçá onírica, o que é que sabemos de facto filtrado pelo intelecto racional e lógico?
A propósito, Descartes, mais do que um filósofo era um místico…um vidente, e foi reduzido à síntese do seu pensamento “cartesiano”… “eu penso logo existo”…Ou será que um filósofo não é também um místico?
Onde é que as fronteiras se estabelecem e os conceitos e as filosofias nos levam?
E o pensamento o que é? Onde chega? De onde vem? Quem somos nós realmente? Descendemos dos macacos ou somos seres geneticamente concebidos à semelhança dos “deuses”, os Anunakys?
E se um OVNI, uma Nave, nos levasse e víssemos as estrelas de cima…que diferença faria, quem são eles para nos contar a verdade também?
Será que fomos condicionados, alterados os originais códigos genéticos, foram reduzidas as fitas do ADN? Realmente por quem? Por quê? Temos provavelmente chips, fomos abduzidos por extraterrestre há milhares de anos? E o que são os sonhos em diferentes planos? Onde é que pairamos quando dormimos? O que é que em nós sonha?
Isso já nada tem a ver com a função do macho-fêmea aqui…ou dos eixos bipolares, mas onde é que os sexos opostos conspiram na encarnação? Um e outro, porquê diferentes à partida?
Os Orientais falam do Yin e do Yang como a base do Tão…
Realmente ao certo o que é que cada um de nós sabe com precisão, qual é a verdade Universal?


O que é que se pode partilhar com os outros se não for esse CORAÇÂO? Sim se não for ao nível do coração cósmico, do coração inteligente, do coração amoroso, o que é que nós sabemos?

Sem dúvida que é porque não sabemos ainda o que seja a verdadeira inteligência que chamamos MILAGRE ao acto de Amar e de sentir Amor como uma força centrípeta e centrada no coração e só nessa altura percebemos que a vida é uma coisa bem diferente do que a MENTE humana, os cientistas e os filósofos e os religiosos nos disseram ou quiseram fazer parecer e acreditar…
Agora, cada um de nós está no seu sítio, no seu lugar, no seu caminho…e o resto são as pistas…do caminho…cada um de nós, dá as suas. Ninguém obriga ninguém a nada!

rlp

sábado, maio 30, 2009

O ENCANTO E O...

DESENCANTO
JOSÉ SARAMAGO
Todos os dias desaparecem espécies animais e vegetais, idiomas, ofícios. Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Cada dia há uma minoria que sabe mais e uma minoria que sabe menos. A ignorância expande-se de forma aterradora. Temos um gravíssimo problema na redistribuição da riqueza. A exploração chegou a requintes diabólicos. As multinacionais dominam o mundo. Não sei se são as sombras ou as imagens que nos ocultam a realidade. Podemos discutir sobre o tema infinitamente, o certo é que perdemos capacidade crítica para analisar o que se passa no mundo. Daí que pareça que estamos encerrados na caverna de Platão. Abandonamos a nossa responsabilidade de pensar, de actuar. Convertemo-nos em seres inertes sem a capacidade de indignação, de inconformismo e de protesto que nos caracterizou durante muitos anos. Estamos a chegar ao fim de uma civilização e não gosto da que se anuncia. O neo-liberalismo, em minha opinião, é um novo totalitarismo disfarçado de democracia, da qual não mantém mais que as aparências. O centro comercial é o símbolo desse novo mundo. Mas há outro pequeno mundo que desaparece, o das pequenas indústrias e do artesanato. Está claro que tudo tem de morrer, mas há gente que, enquanto vive, tem a construir a sua própria felicidade, e esses são eliminados. Perdem a batalha pela sobrevivência, não suportaram viver segundo as regras do sistema. Vão-se como vencidos, mas com a dignidade intacta, simplesmente dizendo que se retiram porque não querem este mundo. C
IN DN 30/5/2009
*
Eu por vezes partilho deste desencanto de que Saramago fala.
Sempre que vejo ou ouço os políticos e os Partidos e toda esta luta cega por poder. A farsa das campanhas para as eleições europeias ou outras e o histerismos dos candidatos, galos de poleiro.

E vejo estarrecida as lutas mesquinhas e as guerras entre pessoas supostamente idóneas...os insultos e as agressões...Seres humanos adultos e doutores, engenheiros...e os médicos e as suas receitas a martelo para fazerem viagens de loucos totalmente inconscientes da sua responsabilidade pelos doentes. O embaixador de Portugal no Senegal, proxeneta...
Um mundo virado do avesso em que tem valor o mais ignóbil e corrupto...é nesses que a maioria vota e escolhe. Como o Berlusconi...eles são os poderosos e os heróis das multidões...
E são estas pessoas que nos governam?
Ou serão elas apenas as cobaias de outros poderes mais sinistros ainda?
Deixo a pergunta...
Sim a "ignorância espande-se de forma aterradora"...

rlp

sexta-feira, maio 29, 2009

A CULTURA DOMINANTE

"No princípio era a Mãe. O Verbo veio muito depois e iniciou uma nova era: o patriarcado."
(Marilyn French)

O Futuro

"Como podemos dar forma a um futuro se a base do amor se encontrar perturbada? Se os melhores de entre os nossos filhos se opuserem aos adultos, cheios de indignação, já que estes não querem ver como destroem o ambiente, e se não fizeram seu o amor?

A nossa esperança são as mães. Por conseguinte tem de ser dada às mulheres a possibilidade de deixarem de ser consideradas propriedade do homem, a fim de incentivar o que houver vivo nos seus filhos e na vida.
Dizer isto não quer dizer que a própria maternidade deveria ser transformada num fim obrigatório. É esse o problema. Estamos programados pela nossa sociedade de tal forma que a “bondade” se transforma numa parte de toda essa loucura. É que somos sugestionados no sentido de que a bondade é um fim em si, e assim uma boa mãe transforma-se na expressão da mitologia masculina do sucesso. Se alguém quiser ser uma boa mãe por esta razão isso equivale a venerar o mito masculino sem disso ter consciência. Passa a ser este a determinar o valor de uma mulher, e não os objectivos autênticos dela. Parir tornou-se um êxito. A destrutividade da cultura dominada pelo Homem infiltra-se em tudo o que seja vivo.
...E assim as vítimas firmam um acordo com quem as destrói. E as mulheres que interiorizam desta forma o mundo masculino, embora sejam suas vítimas, ainda podem ter efeitos mais destrutivos que muitos desses homens, já que transmitem a ideologia masculina sob a capa da feminilidade.”
(…)
In FALSOS DEUSES DE ARNO GRUEN

noutro tempo...



ESFINGE


Nasci antes de Cristo, muitas vidas antes de Buda ou Maomé,
Vivi em Atlântida e Mu, muito antes da Queda.

Conheci os egipsios, vivi nos seus Templos antigos,
fui iniciada nos Grandes Mistérios, antes mesmo das Pirâmides de Gizé.

Viajava no Nilo entre as duas terras, era fiel a Hapi e a Ptah.
Lia nas estrelas a glória de Nout e cantava nas festas a Hathor!

Ah! era dourada a sua imagem e como os teus
os seus olhos brilhavam doces na alvorada...

Outras vezes iamos ver Shekmit, evocar a deusa Bastit,
a quem me ensinavas a amar nas noites de luar.

E como a gata do templo, tu dançavas e esvoaçavam as tuas vestes,
deixando antever o teu corpo nu de estátua...

E eu extasiada pela tua excelsa visão, não sabia se eras tu
ou a própria deusa encarnada quem para mim dançava!

Nesse tempo era feliz...
Amava a vida e a Terra ainda era sagrada!

R

OSA LEONOR PEDRO - ANTES DO VERBOR ERA O ÚTERO

  .
 

quinta-feira, maio 28, 2009

E SE EU MORRER ESTA NOITE?


Toda a gente aqui se assustou com a pergunta...mas o melhor é pensar suavemente como a vida e a morte estão interligadas...um dia nascemos e no outro morremos, assim sem mais. Porquê ficar tão surpeendido com a pergunta?

Eu penso nisso todos os dias e agora mais do que nunca...

E se as pessoas pensassem mais nisso naturalmente a sua vida seria muito mais rica e mais verdadeira porque ao ter presente o efémero que é a vida no sentido em que nada é garantido, relativizariamos as coisas triviais e dariamos mais importância às coisas importantes, pensariamos menos no futuro e viveriamos mais no presente; de certeza que estariamos muito mais perto do nosso coração do que da nossa mente...


"Às vezes precisamos nos sacudir e nos perguntar de fato: "E se eu morrer esta noite, o que vai ser?" Nunca sabemos se vamos acordar no dia seguinte, ou onde. Se você expira e não pode voltar a inspirar, está morto. É mesmo simples assim. Como diz um ditado tibetano: "Amanhã ou a próxima vida — o que vem primeiro, nunca se sabe."

É importante refletir com calma, muitas e muitas vezes, que a morte é real, e chega sem aviso. Não faça como o pombo do provérbio tibetano, que passa toda a noite fazendo barulho, preparando sua cama, e a madrugada o surpreende antes que possa dormir. Como um importante mestre do século XII, Dragpa Gyaltsen, dizia: "Os seres humanos gastam toda a sua vida se preparando, se preparando, se preparando... para afinal chegarem a uma outra vida despreparados."

Levar a vida a sério não quer dizer passar a vida inteira meditando, como se vivêssemos nas montanhas do Himalaia ou nos velhos dias do Tibet. No mundo moderno, temos que trabalhar e ganhar nosso pão, mas não nos devemos enredar em uma existência das-oito-às-seis onde vivemos sem noção do significado mais profundo da vida. Nossa tarefa é chegar a um equilíbrio, encontrar um caminho do meio, aprender a não nos estendermos além do possível em atividades e preocupações irrelevantes, e simplificar mais e mais nossas vidas. A chave para encontrar um equilíbrio feliz na vida moderna é a simplicidade."

Sogyal Rinpoche. O livro tibetano do viver e do morrer

VEJA MAIS EM: PISTAS DO CAMINHO http://pistasdocaminho.blogspot.com/

E APROVEITE PARA VER OS VIDEOS...

uns e outros...


HÁ PESSOAS E PESSOAS...

Há pessoas muito invasivas. Pessoas que não têm a menor noção do espaço dos outros: basta a sua presença e é já o sinal dessa invasão que a todo o instante nos ameaça… na forma como olham e falam, na forma como observam as coisas à sua volta, como dizem o que pensam sem o menor respeito pelo que a outra pessoa sente. Muitas delas dizem-se “assertivas”. Mas são apenas pessoas incapazes de se colocar na pele dos outros, que não se importam nada com o que os outros pensam ou sentem e que acham que tudo lhes pertence ou que os seus direitos abarcam o que é o espaço restrito dos outros.

Uns são assim por carência e é uma forma reactiva de invadir a propriedade alheia que sentem também como sua, não reconhecendo os direitos dos demais, e os outros porque acham que tudo é deles à partida e nunca tiveram fronteiras para o seu ego…ísmo! Uns fazem-no inconscientemente por complexos de inferioridade e os outros fazem-no com soberba, cheios de um sentimento de superioridade, o que vai resultar no mesmo: falta de amor por si próprios e pelo próximo.
Não sei qual dos dois tipos de pessoas são as piores…
rlp

quarta-feira, maio 27, 2009

Poetas intemporais...


"No alto do ramo mais alto, uma tão rosa maçã. Mulher.
Esqueceram-na os apanhadores de frutas? Não.
Mãos não tiveram para a colher..."
Safo
*
" E eis que o meu mal me domina. Sou ainda a cruel rainha dos medas e dos persas e sou também uma lenta evolução que se lança como ponte levadiça a um futuro cujas névoas leitosas já respiro. Minha aura é de mistério de vida. Eu me ultrapasso abdicando de meu nome, e então sou o mundo. Sigo a voz do mundo com voz única."
(...)
"Estou triste. Um mal estar que vem do êxtase não caber na vida dos dias. Ao êxtase devia seguir o dormir para atenuar a vibração de cristal ecoante. O êxtase tem de ser esquecido.

"Os dias. Fiquei triste por causa desta luz diurna de aço em que vivo. Respiro o odor de aço no mundo dos objectos."

EM ÁGUA VIVA -Clarisse Lispector
*
Há mágoas íntimas que não sabemos distinguir pelo que contêm de subtil e de infiltrado, se são da alma ou do corpo, se são o mal-estar de se estar sentido a futilidade da vida, se são a má disposição que vem de qualquer abismo orgânico - estômago, fígado ou cérebro. Quantas vezes se me tolda a consciência vulgar de mim mesmo, num sedimento turvo de estagnação inquieta! Quantas vezes me dói existir, numa náusea a tal ponto incerta que não sei distinguir se é tédio, se um prenúncio de vómito! Quantas vezes...

FERNANDO PESSOA - O LIVRO DO DESASSOSSEGO

terça-feira, maio 26, 2009

SÓ A VIDA É SINCERA...



NEANDERTHAL -
AS PUTAS SÃO SINCERAS disse...

- Só a Vida é Verdadeira, ou só a Vida é sincera, para o caso serve.

Dizer que as putas são sinceras é apenas um cliché, é estar a abismos de distância da historia real de cada puta, que é sempre uma historia de dor, mas duma dor que nenhum homem conhece ou pode conhecer, mesmo os que se prostituem, porque a natureza deles é outra.

Dizer que as putas são sinceras é não saber nem QUERER SABER nada do que se passa com cada uma delas, apenas querer usá-las. Nem que seja com os olhos.
Quando os homens se deitam com uma mulher é lhe chamam "p..." ou derivados, eles não estão com aquela mulher, não estão unindo-se com aquela mulher, estão a obrigá-la a identificar-se com uma imagem, uma personagem , que a sua histeria (dos homens) fabricou.

Nunca uma Vestal, ou mulher consagrada ao eros divino, que as há, por aí, levaria a que um homem lhe chamasse isso. Para se poder deitar com ela, e banhar-se noutro nivel de prazer, ele teria largado há muito, essas toscas imagens, mecanicamente herdadas.`E que têm uma historia , ou muitas historias, tão tristes, por detrás.

UMA PUTA NUNCA É MENINA:

Ela perdeu para sempre o contacto com essa menina que em si existiu, mesmo que as vezes tenha de fingir esse disfarce. Para ser puta, a menina morreu. Ela carrega uma criança morta dentro de si.

A "menina puta" ou as "putas que são sinceras" são imagens-recurso de um estado doente. De quem, da mulher, nada toca e por nada , da mulher, verdadeiramente é tocado.
AS PUTAS SÃO SINCERAS?!

(resposta no comentário anónimo)

segunda-feira, maio 25, 2009

resposta a um anónimo...

“A apreensão do divino faz-se pela dimensão do feminino”*

HÁ UMA DIFERENÇA ABISSAL
ENTRE A "INICIAÇÃO FEMININA" E O FEMINISMO.

O feminismo ao buscar a igualdade entre os sexos anula de certo modo as diferenças fundamentais entre o feminino e o masculino e retira à mulher o seu poder intrínseco naquilo que é inerente à sua essência e que lhe permite atingir a dimensão cabal do seu ser impedindo-a de ter acesso à expressão da sua auto-iniciação. A Mulher é "o lugar onde se prova e experimenta a fonte transcendente de todas as coisas"* .
Sem essa dimensão do sagrado ela é apenas a "consorte" anulada pelo macho numa função reprodutora ou de prazer. Separadas na tradição católica e mais ou menos integradas a partir de uma base errada (o feminismo) nos nossos dias, essa divisão subsiste no inconsciente das pessoas. Deriva ainda dessa circunstância a dicotomia da "santa e da put...” dentro da própria mulher e essas expressões desusadas mas comuns e populares (de acepção mais ou menos depreciativas) representam ainda a divisão da natureza da mulher na sua expressão simultânea de amante e mãe em duas naturezas distintas. O que não é mais do que a separação da natureza erótica e iniciática da mulher da função maternal e reprodutora que assim foram antagonizadas pelo catolicismo. Não há "putas nem santas" mas a visão desses aspectos separados que gera o conceito da mulher ordinária e da mulher "séria"...

Quando me perguntam se a "minha menina puta" (o que é uma forma insultuosa de o fazer) já saiu do porão e pôs as suas flores no altar da deusa, alude-se àquilo que chamam a "prostituição sagrada" com essa acepção ou carga negativa do sexo e da mulher como put...quer ela o expresse quer ela o esconda (no meu caso?). Querem dizer que a mulher tem sempre lá no fundo uma put…escondida que não assumiu e que se faz de sonsa...ou de santa, o que é típico do pensamento masculino misógino onde também paira sempre uma pontinha de inveja...
mas a questão não está nem aí...
Aquilo que eles chamam de "prostitutas sagradas" não corresponde de forma alguma ao espírito do paganismo puro mas sim já ao preconceito religioso cristão que denegriu a função das sacerdotisas como iniciadores do amor da Deusa aos homens (a troco de eferendas à Deusa e não ao proxenta ou ao chulo...). No espírito pagão puro está implícita a união natural do erótico e do divino ou do sagrado ser igualmente erótico...e puro...

Eu podia até fingir ou fazer de conta que estava numa via espiritualista qualquer e deixar-me persuadir pelos que pensam que a mulher já está liberta e branquear simplesmente, como a maioria faz, aquilo que ainda não foi feito ao nível da consciência do SER homem ou mulher, para podermos entrar numa iniciação verdadeira e transcender os opostos. Mas não o farei, e reitero que sem a consciência de uma sexualidade sagrada, de um erotismo místico e divino nem o homem nem a mulher chegam a nenhum lado no caminho.
- Quanto a mim, já vivi o que tinha de viver...agora é tempo de ser sábia e ascender...eh ehe..eh...é de bruxa não é?
Ah! Já não preciso de soltar a minha "menina puta", como maliciosamente me sugerem, mas a bruxa sábia porque essa é quem realmente mais faz falta neste mundo onde há tantas "meninas putas" forçadas a serem-no e a serem violadas e vendidas nesta sociedade tão avançada e culta...

(*Michel Cazenave)

PORQUE FAZ TANTO MEDO A MULHER NAS RELIGIÕES?



Palavra de Afrodite:

Eu sou Senhora do sangue sagrado. A meretriz dos sucos vaginais. Sou aquela que encarna o pecado e habita as grutas infernais. Fui eu que te dei o desejo que desenhei no teu corpo todos os riscos do sexo. Fui eu que te embalei nos braços e disse a todas que eras mulher. Sou eu que ainda te guio nos descaminhos que inventaste. Sou eu que sustento as violações de um corpo que mutilaste. Tu, que és parte de mim mesma, esqueceste o lugar que te gerou. Tomaste um rumo avesso e contrário e renegaste quem te criou. Mas tu és lua, mulher e loba, e serás assim até o instante final. Não serás ferida, porque és cura. Não será dor, porque és prazer. Não serás culpa, porque és vida. Não serás certeza, porque és abismo!"


(Fragmento de texto retirado do livro:
A panela de Afrodite - Márcia Frazão)


A PRETENSA EMANCIPAÇÃO DA MULHER NA SOCIEDADE PATRIARCAL É ANTI-INICIÁTICA..

Jean Markale, professor, investigador e estudioso da Mitologia Celta, do Santo Graal, O Excalibur, do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, escreveu:

“A mulher é a Deusa Mãe. A mulher dá tudo. Dá sua energia para que o homem possa viver, para que possa empreender acções, para que possa colocar em marcha o plano de Deus. A Dama faz o Cavaleiro ser o que é e sem ela o homem não é nada, ainda que este deva ser capaz de poder tirar proveito da maturidade obtida graças a ela”.
*
Friedrich Nietzsche em suas Oeuvres posthumes (Obras póstumas) (Mercure de France, 1934, pág. 156) vê na "emancipação das mulheres" uma "masculinização das mulheres", quer dizer, "uma degenerescência dos instintos da mulher que arruínam seu poder".
Suzanne Séchath em La renaissance de l’initiation féminine (O renascimento da iniciação feminina) (La Maison de vie, pág. 29), nos adverte mostrando a diferença entre "iniciação feminina" e "feminismo", esse "movimento sociopolítico, desejo de revanche da mulher sobre o homem, o que é anti-iniciático". Esta obra de 190 páginas reflecte na base os mistérios egípcios e mostra que se o homem constrói o Templo, a mulher deve alimentar seu brilho. *
*
http://www.gnosis-ed.com.br/num009.htm

domingo, maio 24, 2009

O QUE É QUE MUDOU NA CABEÇA DOS HOMENS?

“Fiquei sempre espantado por deixarem as mulheres entrarem nas igrejas. Que conversa podem elas ter com Deus? A eterna Vénus (capricho, histeria, fantasia) é uma das formas sedutoras do diabo.”
(J’ai toujours été étonné qu’on laissât les femmes entrer dans les églises. Quelle conversation peuvent-elles avoir avec Dieu ?
 L’éternelle Vénus (caprice, hystérie, fantaisie) est une des formes séduisantes du diable.)
CHARLES BAUDELAIRE, Mon coeur mis à nu : journal intime (1868)

Também existiram grandes poetas... misóginos...


Pesquisei na internet sobre “iniciações femininas” e não encontrei praticamente nada a não ser sobre uma vasta informação sobre “mutilação feminina”…quer dizer que no nosso tempo abundam as excisões, a mutilação da mulher e não "iniciações femininas"...
*

Esta exclusão da mulher parece tanto mais surpreendente, pois que com o culto da Deusa-mãe honra-se o princípio feminino que dá a vida pela "porta estreita e iniciática", como o demonstram essas representações ricas e variadas, remontando a mais de 20 mil anos antes de nossa era. Esse culto deu nascimento ao das Virgens negras e depois ao de Maria a Imaculada Conceição na irradiação da Luz. Georges Duby, em um admirável livro, com um tom bem-humorado e brincalhão, comenta de maneira brilhante a atmosfera dessas Damas do século XII. Vê-se aí desfilar Aliénor da Aquitânia, que repousa atualmente em Fontevraud; a nossa bela e doce Heloísa que permaneceu a amante de Abailard, esse extraordinário inovador; mas recomendo-lhes também esse retrato de Maria Madalena, a pecadora, que anunciou pela primeira vez a ressurreição de seu bem-amado Jesus. Devido à Companhonagem, penso mais Maria Madalena nos Santos Bálsamos que em Vézelay. Todas essas mulheres permanecem, no entanto, dependentes dos homens, mesmo a bela Aliénor com suas imensas propriedades. Um livro rico e muito agradável de ser lido.”*
*
http://www.gnosis-ed.com.br/num009.htm

sábado, maio 23, 2009

SER OU NÃO SER MULHER...

Iniciação feminina e iniciações de ofício
René Guénon
(Tradução de Luiz Pontual)

"Fazem-nos freqüentemente observar que parece não existir para as mulheres, nas formas tradicionais ocidentais que subsistem atualmente, nenhuma possibilidade de ordem iniciática, e muitos se perguntam quais poderiam ser as razões desse estado de coisas, que é certamente muito lastimável, mas que será sem dúvida muito difícil de remediar. Isso deveria aliás dar o que refletir aos que pensam que o Ocidente concedeu à mulher um lugar privilegiado que ela nunca teve em nenhuma outra civilização; é talvez verdade sob certo ponto de vista, mas sobretudo nesse sentido que, nos tempos modernos, ele a fez sair de seu papel normal lhe permitindo atingir funções que deveriam pertencer exclusivamente ao homem, de modo que não é senão um caso particular da desordem de nossa época. Sob outros pontos de vista mais legítimos, ao contrário, a mulher está em realidade em maior desvantagem que nas civilizações orientais, onde sempre lhe foi possível notadamente encontrar uma iniciação que lhe convenha desde que ela possua as qualificações necessárias; é assim, por exemplo, que a iniciação islâmica tem sempre sido acessível às mulheres, o que, notemos de passagem, é suficiente para reduzir a nada alguns dos absurdos que se tem o hábito de debitar na Europa a respeito do Islã.

Para voltar ao mundo ocidental, nem se precisa dizer que não pretendemos falar aqui da antigüidade, onde teria certamente havido iniciações femininas, e onde algumas o eram mesmo exclusivamente, da mesma maneira que outras eram exclusivamente masculinas; mas, como teria sido na Idade Média? Não é seguramente impossível que as mulheres tenham sido admitidas então em algumas organizações, possuindo uma iniciação que dizia respeito ao esoterismo cristão, e isto é mesmo muito verossímil (1); mas como estas organizações são daquelas que, depois de longo tempo, não resta mais nenhum traço, é muito difícil falar disso com certeza e de maneira precisa, e, em todo caso, é provável que não tenha havido aí jamais senão possibilidades muito restritas. Quanto à iniciação cavaleiresca, é muito evidente que, por sua natureza mesma, ela não poderia de modo nenhum convir às mulheres; e é o mesmo para as iniciações de ofício, pelo menos das mais importantes dentre elas e daquelas que, de uma maneira ou de outra, continuaram até nossos dias. Aí está precisamente a verdadeira razão da ausência de toda iniciação feminina no Ocidente atual: é que todas as iniciações que subsistiram são essencialmente baseadas em ofícios cujo exercício pertence exclusivamente aos homens; e é por isso que, como nós dizíamos acima, não vemos como esta deplorável lacuna poderia ser preenchida, a menos que encontremos algum dia o meio de realizar uma hipótese que iremos considerar em seguida.

Sabemos bem que alguns de nossos contemporâneos pensaram que, no caso onde o exercício efetivo do ofício desapareceu, a exclusão das mulheres da iniciação correspondente tinha por isso mesmo perdido sua razão de ser; mas é um verdadeiro absurdo, pois a base de uma tal iniciação não é de nenhum modo mudada por isso, assim como já explicamos (2), este erro implica um completo desconhecimento da significação e do alcance real das qualificações iniciáticas. Como dizíamos então, a conexão com o ofício, completamente independente de seu exercício anterior, permanece necessariamente inscrita na forma mesma desta iniciação e no que a caracteriza e a constitui essencialmente como tal, de maneira que ela não poderia em nenhum caso ser válida para quem quer que seja inapto a exercer o ofício do qual se trata. Naturalmente, é a Maçonaria que temos particularmente em vista aqui, visto que, para o que diz respeito ao Companheirismo, o exercício do ofício não cessou de lhe ser considerado como uma condição indispensável; de resto, não conhecemos nenhum outro exemplo de um tal desvio senão a “Maçonaria mista” que, por esta razão, não poderia nunca ser admitida como “regular” por nenhum daqueles que compreendam um pouco mais que seja os princípios da Maçonaria. No fundo, a existência desta “Maçonaria mista”(ou Co-Masonry, como ela é chamada nos países de língua inglesa) representa simplesmente uma tentativa de transportar, do domínio iniciático propriamente dito, o que lhe deveria mais do que qualquer outra coisa estar ausente: a concepção “igualitária” que, se recusando a ver as diferenças de natureza existentes entre os seres, chega a atribuir às mulheres um papel propriamente masculino, o que está aliás manifestamente na raiz de todo o “feminismo” contemporâneo (3).
(...)
ler em: http://www.reneguenon.net/IniciacaoFeminina.html

Imagem: Hipácia, filósofa de Alexandria queimada viva pelos cristãos...

OM MANI PADM HUM


"Quando a respiração verdadeira se instala, o sangue transforma-se em secreções que, partindo da zona intermédia dos seios, circulam por todos os canais e irrigam o corpo inteiro. Estas secreções vivem graças a que se nutrem do “leite de jade” (yuru) que não é mais do que o alento vital da respiração interna, que brota de dentro do corpo. A mulher sublima o alento por meio de movimentos circulares no interior do palácio central.* Os procedimentos correctos da via feminina oferecem um método exclusivo que consiste em fazer com que o mantra búdico om mani padm hum produza remoinhos no centro do corpo. Cada uma das seis sílabas está orientada de maneira concreta em relação ao centro do corpo, que é onde se situa o OM. Ao respirar a adepta faz girar em remoinhos este mantra, para que as cinco forças psíquicas das cinco vísceras subam e se reúnam na fonte.
(…)
Tendo em conta o que dizem as Dez regras da alquimia feminina, é importante que a mulher cuide e harmonize a sua força espiritual original. Os resultados são obtidos primeiro que no caso dos homens dado que, ao chegar à respiração embrionária, ela já percorreu dois terços do caminho. Mas tem de fazer agora o possível para que se abra a flor da sua mente-coração; e isso sobretudo através do cumprimentos dos preceitos. Quando esta flor se abre, emite a luz do corpo original. A mente-coração entra numa fase de absorção, a sua luz ilumina o tórax e o abdómen. Neste estado, quando o sol e a lua iluminam o caos com a luz que tudo ilumina, aparece o elixir de oiro.
Quando a adepta entra nesta fase de absorção
, é como se estivesse morta, tem a tez branca e parece que já não respira. Faz falta então que alguém vele por ela dia e noite – este estado pode durar de um a dez dias – e evite-se qualquer grito ou qualquer ruído que a possa assustar, pois a sua força espiritual poderia ver-se afectada e precipitá-la no abismo dos demónios e da loucura. Quando ela sai da sua absorção, a sua respiração nasal é recuperada pouco a pouco e a luz divina se desvela parcialmente. Então é quando há que chamar a adepta pelo seu nome em voz baixa. A partir daí, ela retoma a vida habitual, ainda que se mantenha alerta, pois os perigos não se podem descartar completamente antes que se cumpra a etapa seguinte: a etapa em que será capaz de fazer sair a sua força espiritual (original).


Taoísmo e Alquimia Feminina
(traduzido do espanhol)
Catherine Despeux


*Nudan shize, regra quatro, “por em movimento silenciosamente a respiração embrionária”…

sexta-feira, maio 22, 2009

"o significado real da iniciação..."


A UNIÃO DOS PRINCÍPIOS, FEMININO E MASCULINO

"Inventemos, escreve Pessoa, um Imperialismo Andrógino reunindo as qualidades masculinas e femininas; um imperialismo alimentado de todas as subtilezas femininas e de todas as forças de estruração masculinas. Realizemos Apolo espiritualmente. Não uma fusão do cristianismo e do paganismo, mas uma evasão do cristianismo, uma simples e estrita transcendência do paganismo, uma reconstrução transcendental do espírito pagão."

Fernando Pessoa

"Mas o significado real da iniciação é que este mundo visível em que vivemos é um símbolo e uma sombra, que esta vida que conhecemos através dos sentidos é uma morte e um sono, ou, por outras palavras, que o que vemos é uma ilusão. A iniciação é o dissipar - um dissipar gradual e parcial - dessa ilusão"

[F.P., in FP e a Filosofia Hermética, org. de Yvette Centeno]
*

Também no oriente a Mulher e o Princípio Feminino foi denegrido pelo vulgo...

“Onde quer que o fanatismo antivital do princípio espiritual masculino seja dominante, o Feminino adquire uma feição negativa e perversa, precisamente em seu aspecto criador, mantenedor e intensificador de vida”.

Isto significa que a vida – e o Grande Feminino é o seu arquétipo –
fascina e prende, seduz e encanta. Os impulsos e instintos naturais subjugam os seres humanos e o princípio masculino da luz e da consciência usa para isso a trama da vida, o véu de Maya, a ilusão “encantatória” da vida neste mundo.
Por essa razão, O Grande Feminino, que deseja a permanência e não a mudança, a eternidade e não a transformação, a lei e não a espontaneidade criadora, é descriminado e visto para seu descrédito como demoníaco por um tal princípio masculino da consciência.

"Assim procedendo, contudo, o princípio masculino consciente deprecia inteiramente o aspecto interior espiritual do princípio feminino, que exalta o homem mundano pela transformação espiritual e glorifica, ao conduzi-lo ao seu mais elevado significado.

(...) Entre os tibetanos, o demônio da Roda do Mundo é considerado igualmente feminino e interpretado como a Feiticeira Srinmo. Isso é em parte devido à tendência misógina do budismo que considera a mulher o principal obstáculo à salvação, pelo facto de ela gerar continuamente novas vidas, e de ser o instrumento da paixão sob o jugo da qual padece o mundo.”

in TAOISMO Y ALQUIMIA FEMININA
CATHERINE DESPEUX

A ROSA DE FOGO...



SOB O SIGNO DA ROSA...

“Acho interessante o termo sub-rosa querer dizer algo feito em segredo. A expressão “sob o signo da rosa” quer dizer algo específico para os iniciados. Para eles, como já vimos, o segredo é a rosa - a rosa vermelha da outra Maria, a Maria M. que representa o Eros, o aspecto nupcial apaixonado do feminino que foi renegado pela igreja estabelecida. Eros é um anagrama de rosa e a rosa é sagrada para a deusa do amor desde a antiguidade.”

Sofia a Reveladora dos Mistérios...

(...) "A mulher divina no gnosticismo é essencialmente, Sofia, entidade de múltiplos aspectos e nomes. Identificada por vezes ao próprio Espírito Santo, é também, segundo os seus diversos atributos, a Mãe universal, a Mãe do Vivos ou Mãe resplandecente, o Poder do Alto, "A da Mão Esquerda" (em oposição ao Cristo, considerado seu esposo e "O da Mão Direita"), a Luxuriosa, a Matriz, a Virgem, a Esposa do Macho, a Reveladora dos Mistérios, a Santa Pomba do Espírito, a Mãe Celeste, a Extraviada, Helena (isto é Selenia, a Lua); foi concebida como a Psique do mundo e o aspecto feminino do Logos. Na "Grande Revelação" de Simão o gnóstico, o tema da díade e do andrógino é dado em termos que merecem ser referidos aqui:

" Este é o que foi, que é o que será, o poder macho-fêmea assim como o poder preexistente ilimitado que não tem começo nem fim, porque existe na Unidade. Foi através deste poder ilimitado que o pensamento, escondido na Unidade, agiu primeiro, tornando-se dois... Sucedeu assim que aquilo que através dele se manifestou, embora um, é de facto dois, macho e fêmea, contendo a fêmea em si próprio".

In " A Metafísica do Sexo" de Julius Evola


AS MULHERES NO ORIENTE ANTIGO...

"A China sempre gozou de uma profunda tradição Xamânica. Onde ela mais se desenvolveu foi no reino meridional de Chu. Nele, as mulheres desempenhavam um papel fundamental. Chamavam-se WU, ZHU ou LING, e rendiam culto ao invisível por meio de danças e de cantos. Convidavam os espíritos a baixar (jiang) até elas e mantinham com eles uma autêntica relação de amor. Nem toda a gente podia optar por se chamar Xamã : "Na antiguidade...só se chamava xamã àquele ou àquela que tinha uma essência de vida própria e desenvovida e que fosse capaz de assegurar uma rectidão e grande sinceridade. O seu saber alcançava tanto o que está em cima como o que está em baixo. O fulgor da sua sabedoria iluminava tudo em seu redor e os seus ouvidos podiam ouvir tudo. Os espíritos celestes e terrestres entravam nela"

in TAOÍSMO E ALQUIMIA FEMININA de Catherine Despeux

Tao Te King

"Quem conhece o outro, é conhecedor.
Quem se conhece a si mesmo, é sábio
O que conquista o outro, tem força
O que se conquista a si mesmo, é poderoso
Quem sabe contentar-se, é rico
Quem é firme no seu propósito, tem carácter
O que não perde a sua interioridade, resiste
O que sabe morrer, mas não perece, possui a vida eterna"


Lao Tse

A CONFUSÃO DAS PALAVRAS...

Nana Odara disse...

Eu tenho alguma dificuldade em entender bem essa questão da divisão da mulher... sobretudo no q diz respeito a ser puta ou santa...pq me faz confusão vendo as gerações mais novas em contraste com as antigas, umas muito mais p putas e as outras muito mais pudicas... mas será q os termos utilizados não poderiam ser outros?
Assim como os termos masculinos e femininos já tão gastos de outras guerras não chegam mais p nominar características humanas, yin e yang, acho q esses termos santa e puta tbm ja forma gastos e esses papeis ja não estão assim tão bem definidos socialmente... hj em dia as mulheres já não são mais nem tanto uma coisa nem tanto a outra, isto é nem são as mães pudicas e puras devotadas e religiosas, nem são as putas assim, as profissionais do sexo, detendoras das vivencias, trejeitos e atitudes sexualmente ousadas... abundam cursos de strip tease e sedução, e as meninsa fugiram das missas para os bailinhos, faz tempo...
Assim sendo... há outras palavras q tbm ilustrem a divisão da mulher pra q se possa compreender melhor e quiça encontrar mais rápido o caminho para essa reunificação interna?
Por exemplo, eu, não me considero santa, mas tbm não me considero puta... que mulher sou eu? A mulher em transição para a mulher selvagem?
É provocando q a gente se entende...
*
Resposta:

"No cristianismo tradicional, as falsas divisões deram-nos duas personagens: a Virgem Maria e Madalena. Claro, para que uma cristã se sentisse realizada, estas duas personagens deviam ser unidas - e não polarizadas - na sua psique. A Virgem Maria foi desprovida da sua sexualidade conservando a sua espiritualidade, enquanto que Maria Madalena foi despojada da sua espiritualidade ficando apenas com a sua sexualidade. Ora cada uma delas devia aceder à sua plenitude. É o que eu chamo "casar as duas Marias"...
Tori Amos - in Os Segredos de Maria Madalena, ed. Via Medias, 2006

“Entendo que essa antiga e venerável missão das prostitutas é uma ética congenitalmente feminina que só por um desvio de uma religião patrística foi reservada às sacerdotisas do amor a fim de cindir a humanidade feminina na projecção do abominável e do sublime masculino. Uma antítese inventada por esse ser eminentemente melodramático que é o homem, sem a mínima verosimilhança no cosmo da realidade da mulher que não distingue o espírito da carne. Eis porque as mulheres honestas sempre no fundo invejaram as prostitutas e vice-versa.” (...)

In A MADONA de Natália Correia



- Compreendo essa dificuldade EM SE SITUAR COMO MULHER porque a cultura de hoje e a propaganda mediática ou a cultura em geral nos dá a impressão que tudo é uma coisa e na verdade não é…
Quanto aos termos a que se refere claro que eles estão em crescente desuso em certos meios e contextos e culturalmente já não fazem sentido e o que diz está perfeitamente correcto, mas só quanto à superfície das coisas…Se tirarmos o verniz dos novos conceitos e ideias liberais e avançadas acerca dessas novas maneiras de viver e conviver das mulheres e homens e sobretudo no caso dos jovens eu acho estranho que continue a haver as expressões correntes “filhos da put…” ou és uma put…ou ainda o desprezo generalizado pela “prostituta”, a violência doméstica ou o ciúme, posse etc. cujas raízes vêm dessa divisão agora oculta pelo tal verniz da cultura de plástico.
É evidente que os termos a “santa e a put…” são termos, digamos, apenas simbólicos de uma descriminação e divisão cada vez mais disfarçada e mais inconsciente mas por isso mesmo mais perigosa porque é só aparentemente que essa mudança se passa…eles até podem não estar já tanto na mente dos homens ou nas ideias progressistas dos jovens, mas acaba por estar nas suas atitudes ou nos gestos e nas reacções do homem e da própria mulher…
O que é que você pensa que um homem pensa quando é traído ou simplesmente deixado por uma mulher, o que diz ele lá no seu íntimo, com os seus botões? “A grande put…vai pagar” ou tem dúvidas disso? Claro que ele pode ideologicamente e dentro do “politicamente correcto” dizer: “minha cara amiga, está tudo bem, cada um vai para o seu lado, ficamos amigos”…mas lá no fundo como é que ele reage? Sabe? Sabe da frustração e do ódio, da raiva que o leva mais tarde ou mais cedo à vingança do chinês?
Eu conheço intelectuais e gente muito culta ou evoluída, até muito “espirituais” que admite tudo e pensa assim, mas depois se a mulher não lhe é fiel ou já teve outros homens antes dele, mais tarde ou mais cedo vem o epíteto de “grande vaca ou put”…numa discussão ou num confronto mais aceso ou outro palavrão qualquer.
O que eu quero dizer quando emprego esses termos e que são meros símbolos – não há nem nunca houve verdadeiras santas nem put… mas uma separação subtil de dois tipos de mulher - e é essa separação que a mim me espanta que você não a sinta na pele…afinal porque é que os portugueses têm o conceito e vêem as brasileiras como se todas fossem put…em comparação com as portuguesas tão frias e caretas sexualmente? Que disfarçam tão bem um comportamento? Fingem que obedecem aos maridos e que são submissas mas estão mal na sua pele e acabam por odiar e invejar no fundo as mulheres mais ousadas e livres, como você sabe muito bem e já o viu em várias circunstâncias.
Vai-me dizer ainda que tudo isso já não existe nos nossos dias nas gerações mais novas? Sim, talvez o seu filho daqui a dez anos seja diferente quando for homem…mas não sei, não.
Enfim, não é porque as brasileiras não são santas, que são mal conectadas em Portugal, mas porque são em geral mais livres e espontâneas do que as mulheres portuguesas…
*
Outra coisa, feminino e masculino são termos insubstituíveis...dizer yin e yang é adoptar outra cultura, outros conceitos, com a qual não estamos tão familiarizados e por isso a sua conotação para nós ainda não está viciada porque não temos o hábito de as dizer e no fundo não nos pertencem. Como sabe há palavras que em português de Portugal e do Brasil têm sentidos diferentes e às vezes até antagónicos, depende do seu uso...
Mas não são os termos que devem ser mudados e sim o procurar o seu sentido profundo pelo conhecimento etimológico da palavra e na elevação da consciência que lhes dá o seu verdadeiro significado e lhes restitui o devido valor.
A globalização dá nisto: estamos a misturar culturas e conceitos e por isso acabamos por neutralizar tudo para fingir que não há diferenças... (Como você diz não se pode dizer índio…também não se pode dizer preto…não se pode dizer put…) e que tudo se resolve por palavras e termos, mas não é bem assim...só em essência e pelo respeito do outro - seja ele quem for - que podemos mudar as realidades do ser. E a confusão toda das palavras e o peso negativo que elas têm vem de termos perdido a ligação a essa essência, a esse amor universal...que dá sentido renovado às palavras e à vida.
*
Nota: A palavra puta dá erro no computador…não existe na net?
E é por suposto uma palavra que não se diz, nunca é dita pelos nossos intelectuais ou políticos, e dizê-la publicamente é francamente ordinário… mas já agora porque é que os brasileiros dizem tanto e constantemente “puta merda”? Certo, nós também as dizemos, mas não as juntamos…

- Olhe, se calhar vou ficar muito mal vista por dizer asneiras no meu Blogue por suposto tão espiritualizado e elevado…é assim que a mente humana funciona…hipócrita e disfarçada.
rlp

UM TEXTO MUITO BELO


"Não me importa o que você faz para sobreviver. Quero saber qual a sua dor e se você tem coragem de encontrar o que o seu coração anseia. Não me importa saber a sua idade. Quero saber se você se arriscaria parecer com um louco por amor, pelos seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me importa saber quais planetas estão quadrando sua lua. Quero saber se você tocou o âmago de sua tristeza, se as traições da vida lhe ensinaram, ou se omitiu por medo de sofrer. Quero saber se você consegue sentar-se com as dores, minhas ou suas, sem se mexer para escondê-las, diluí-las ou fixá-las.
Quero saber se você pode conviver com alegria, se pode dançar com selvageria e deixar o êxtase preenchê-lo até o limite sem lembrar de suas limitações de ser humano.
Não me importa se a estória que você me conta é verdadeira. Quero saber se você é capaz de desapontar o outro para ser verdadeiro para si mesmo, se pode suportar a acusação da traição e não trair sua própria alma. Quero saber se você pode ser fiel e consequentemente fidedigno. Quero saber se você pode enxergar a beleza mesmo que não seja bonitos todos os dias, e se pode perceber na sua vida a presença de Deus. Quero saber se você pode viver com as falhas, suas e minhas, e ainda estar de pé na beira do lago e gritar para o prateado da lua cheia... "Sim"!
Não me importa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de pesar e desespero, exausto, e fazer o que tem de fazer para as crianças.
Não me importa saber quem você é, ou como veio parar aqui. Quero saber se você estará ao meu lado no centro do fogo sem recuar. Não me importa saber onde, o que, ou com quem você estudou. Quero saber o que sustenta o seu interior quando todo o resto desaba. Quero saber se você pode estar só consigo mesmo e se verdadeiramente gosta da companhia que carrega em seus momentos vazios."

Oriah Mountain Dreamer (Uma Anciã Nativa Americana)
in PISTAS DO CAMINHO...

quinta-feira, maio 21, 2009

A MULHER UMA ESPÉCIE EM RISCO DE EXTINÇÃO

CORPO DE MULHER,
SABEDORIA DE MULHER
"...Ela canta a partir do conhecimento dos ovários, um conhecimento das profundezas do corpo, das profundezas da mente, das profundezas da alma." - Clarissa Pinkola Estes

"Do ponto de vista da medicina da energia, os ovários são o equivalente feminino dos testículos masculinos. Podem considerar-se "os tomates da mulher" porque representam exactamente a mesma coisa no mundo.
(...)
Para uma mulher, sair para o mundo, particularmente um mundo virado para os homens, também exige "tomates", mas ela tem de usar a a energia dos seus ovários. Não deve imitar os homens, porque os ovários e o respectivo campo de energia podem ser afectados de forma adversa pelo seu relacionamento com o mundo exterior."
(...)
in CORPO DE MULHER, SABEDORIA DE MULHER
de Christhiane Northrup
*
Como dizia no meu texto de ontem, o corpo da mulher tem uma especificidade própria e isso significa que a mulher tem uma função e uma forma de ser diferente do homem. O seu sexo virado para dentro, e os seus órgãos interiores, são diferentes dos homens…e para além de ter o Útero e conceber e alimentar no seu ventre a criança que se forma a partir do encontro entre o espermatozóide e o óvulo, que é um processo em sentido único e inerente à fêmea, no resto das funções são complementares, em nada superiores ou inferiores um ao outro. Simplesmente cada corpo-ser, cada forma, seja na procriação seja no prazer cumpre uma função e tem uma maneira própria, não só biológica como emocional e cerebral, mas têm o mesmo fim que é realizar essa complementaridade interiormente do ser macho-fêmea. E nessa união fusional têm como propósito mais elevado realizar o SER total, para deixarem de ser feminino ou masculino e ser apenas o SER EM SI. Quero dizer que o ser individual vai para lá da sua categoria biológica, sexual ou cerebral, para se encontrar no centro de si mesmo, independentemente de ser à partida homem ou mulher mas sempre através dessa complementaridade, dentro e fora. Admito que há variantes sexuais, questões endócrinas, mas à partida o processo mais natural e simples é o da complementaridade sexual. Pelo menos da perspectiva alquímica.

Temos descurado completamente, no plano prático, a questão iniciática da activação dos dois cérebros. Nada ou pouco sabemos acerca do potencial da activação dos seus hemisférios e vivemos apenas uma metade também. Usamos e desenvolvemos o lado racional e lógico, o masculino, mas o intuitivo e emocional, feminino, não. E ao relegar as funções do lado feminino, ridicularizando o emocional, rejeitámos as funções do hemisfério que lhe corresponde e assim negamos também essa actividade dupla do nosso cérebro.
Até hoje considera-se o nirvana ou o samadi e o êxtase como manifestações espirituais, separados do indivíduo e dos seus processos na integração dos dois em Um através, por exemplo, do orgasmo. Apenas o Tantra nos dá uma ideia da necessidade do encontro supremo da mulher e do homem enquanto formas sexos e princípios diferenciados cuja complementaridade é essencial. A Tradição patriarcal raramente evoca a mulher nesse processo quando não mesmo a retira completamente das suas “altas iniciações”… como nos processos ascéticos…nuns casos elevam-na ao céu sem a tocar na terra, outros banem-na simplesmente do mapa.
Quanto aos processos xamânicos desconheço com efeito as suas premissas e práticas a não ser a do lado da iniciação masculina, o caminho do guerreiro…E do que leio em Carlos Castanheda quando este se refere às mulheres é obviamente machista e até um pouco misógino. Sei pouco de mulheres xamãs, cujo testemunho é raro pela mesma razão que aponta Clarissa Pinkola quando diz que “A fauna silvestre e a mulher selvagem são espécies em risco de extinção” conforme se lê no texto abaixo. Portanto a função mulher e a consciência do ser mulher além de nos dar uma ideia adulterada do seu verdadeiro ser não está de forma alguma nivelada à do homem pela perseguição secular das suas qualidades instintivas que a mantinha em contacto com a sua natureza íntima e portanto com a Terra. Ninguém me pode vir dizer que a mulher moderna está apta para se exprimir no expoente máximo das suas qualidades intrínsecas. Ninguém.
rlp

EM ACRÉSCIMO AO TEXTO ANTERIOR...


"A fauna silvestre e a mulher selvagem são espécies em risco de extinção.

Observamos, ao longo dos séculos, a pilhagem, a redução de espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina. Durante longos períodos ela foi mal gerida, à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens. Há alguns milênios, sempre que lhe viramos as costas, ela é relegada às regiões mais pobres da psique. As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros.

Não é por acaso que as regiões agrestes e ainda intocadas do nosso planeta desaparecem à medida que fenece a compreensão da nossa própria natureza selvagem mais íntima. Não é tão difícil compreender porque as velhas florestas e as mulheres velhas não são consideradas reservas de grande importância. Não há tanto mistério nisso. Não é coincidência que os lobos e os coiotes, os ursos e as mulheres rebeldes tenham reputações semelhantes. Todos eles compartilham arquétipos institivos que se relacionam entre si, por isso, têm reputação equivocada de serem cruéis, inatamente perigosos, além de vorazes.

Minha vida e meu trabalho como analista junguiana e cantadora, contadora de histórias, me ensinaram que a vitalidade esvaída das mulheres pode ser restaurada por meio de extensas escavações "psiquico-arqueológicas", e, através de sua incorporação ao arquétipo da Mulher Selvagem, conseguimos discernir os recursos da natureza mais profunda da mulher. A mulher moderna é um borrão de atividade. Ela sofre pressões no sentido de ser tudo para todos. A velha sabedoria há muito não se manifesta.

O título do livro, Mulheres que correm com os lobos, mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem, foi inspirado em meus estudos sobre a biologia de animais selvagens, em especial os lobos. Os estudos de lobos Canis Lupus e Canis rufus são como a história das mulheres, no que diz respeito à sua vivacidade e à sua labuta.

Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e uma extrema coragem.
No entanto as duas espécies foram perseguidas e acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor que os seus detratores. Foram alvo daqueles que preferiam arrasar as matas virgens bem como os arredores selvagens da psique, erradicando o que fosse instintivo, sem deixar que dele restasse nenhum sinal. A atividade predatória contra os lobos e contra as mulheres por parte daqueles que não os compreendem é de uma semelhança surpreendente.
(...)
Chamo-a Mulher Selvagem porque essas exatas palavras, mulher e selvagem, criam llamar o tocar a la puerta, a batida dos contos de fadas à porta da psique profunda da mulher. Llamar o tocar a la puerta significa literalmente tocar o instrumento do nome para abrir uma porta.Significa usar palavras para obter a abertura de uma passagem. Não importa a cultura pela qual a mulher seja influenciada, ela compreende as palavras selvagem e mulher intuitivamente.(...)

Quando as mulheres reafirmam seu relacionamento com a natureza selvagem, elas recebem o dom de dispor de uma observadora interna permanente, uma sábia, uma visionária, um oráculo, uma inspiradora, uma instintiva, uma criadora, uma inventora e uma ouvinte que guia, sugere e estimula uma vida vibrante nos mundos exterior e interior. Quando as mulheres estão com a Mulher Selvagem , a realidade desse relacionamento transparece nelas. Não importa o que aconteça, essa instrutora, mãe e mentora vagem dá sustentação às suas vidas interior e exterior.

Portanto, o termo selvagem neste contexto não é usado em seu atual sentido pejorativo de algo fora de controle, mas em seu sentido original, de viver uma vida natural, uma vide em que a criatura tenha uma integridade inata e limites saudáveis. Essas palavras, mulher e selvagem, fazem com que as mulheres se lembrem de quem são e do que representam. Elas criam uma imagem para descrever a força que sustenta todas as fêmeas. Elas encarnam uma força sem a qual as mulheres não podem viver.

O arquétipo da mulher selvagem pode ser expresso em outros termos igualmente apropriados. Pode-se chamar essa poderosa natureza psicológica de natureza instintiva, mas a Mulher Selvagem é a força que está por trás dela .
(...)
A mulher selvagem carrega consigo os elementos para a cura; traz tudo o que a mulher precisa ser e saber. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos. Ela é tanto o veículo quanto o destino.

Aproximar-se da natureza instintiva não significa desestruturar-se, mudar tudo da esquerda para a direita, do preto para o branco, passar do oeste para o leste, agir como louca ou descontrolada. Não significa perder as socializações básicas ou tornar-se menos humana. Significa exatamente o oposto. A natureza selvagem possui uma vasta integridade.
(...)
E então, o que é a Mulher Selvagem? do ponto de vista da psicologia arquetípica, bem como da tradição das contadoras de histórias, ela é a alma feminina. No entanto, ela é mais do que isso. Ela é a origem do feminino. Ela é tudo o que for instintivo, tanto do mundo visível quanto do oculto-ela é a base. Cada um de nós recebe uma célula refulgente que contém todos os instintos e conhecimentos necessários para nossa vida."
++
Clarissa Pinkola Estés, in "Mulheres que Correm com os Lobos"

quarta-feira, maio 20, 2009

ODE À NOITE - EM FORMA DE ORAÇÃO


(...)
Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
O domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!

Vem cuidadosa,
Vem maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso e inútil.

Vem, Noite silenciosa e extática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...
Serenamente como uma brisa na tarde leve,
Tranquilamente como um gesto materno afagando,
Com as estrelas luzindo nas tuas mãos
E a lua máscara misteriosa sobre a tua face.
Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem,
A lua começa a ser real.

EXCERTO DE POEMA DE FERNANDO PESSOA

OS DOIS EM UM, NEM MACHO NEM FÊMEA...



“Na medida em que o Pátrio Poder se desenvolve e a lei do mais forte se instala, o uso da agressão se impõe nas relações humanas gerando competitividade, poder, conquista, luta pela posse de um território, guerras. Surge a questão da herança, institui-se o casamento. E a posse sobre a mulher, sua sexualidade, prazer e direito à própria vida se concretiza. Ao dominar a função biológica reprodutora o homem passa a controlar a sexualidade feminina. O poder cultural passa a desenvolver-se em oposição ao poder biológico nato na mulher. A vulnerabilidade permeia a função de parir, a mulher se inferioriza, torna-se dependente e o homem trabalha e domina a natureza.”

(…)
Isto quer dizer que o Princípio Feminino (Yin) foi anulado e que o Princípio Masculino (Yang) se desenvolveu, e assim acabamos por viver numa época que é o reflexo dessa assimetria causada pela exacerbação de um dos pólos, o masculino, em todos os aspectos da vida e da sociedade assim como da vivência humana mais íntima. Toda a área de acção social e humana foi-se desenvolvendo em detrimento do pólo feminino, que foi praticamente anulado e quase abolido da nossa vida, sendo que é ainda o lado que prevalece no conhecimento intelectual e histórico ou mesmo espiritual.


É NESSA PERSPECTIVA QUE VEMOS AINDA O FEMININO E O MASCULINO…

Ora o Feminino do SER é na Terra representado à partida pela mulher na sua forma e essência assim como o Masculino é representado pelo homem na forma e na essência. Isto é indiscutível. Eu chamo essência neste caso àquilo que particulariza o ser homem e o ser mulher original. Cada UM como representante legítimo de um dos dois lados dos pólos opostos complementares e que interagem continuamente para o equilíbrio de toda a manifestação no planeta.
Os Princípios Yin e Yang, o lado activo e passivo do Tão, as duas forças ou energias básicas da manifestação da vida são representadas na espécie humana em dois corpos distintos e geram na sua interacção, através dos sexos, o equilíbrio que a fórmula da Alquimia buscava consumar na Grande Obra e que se traduzia na união dos opostos e a consumação dos dois em Um…

"O MEU REINO VIRÁ QUANDO OS DOIS FOREM UM, O EXTERIOR IGUAL AO INTERIOR, O DE CIMA IGUAL AO DE BAIXO, E O MACHO E A FÊMEA NÃO FOREM MAIS MACHO NEM FÊMEA”…

Isto foi o que parece JESUS terá respondido à mulher que o interrogou sobre a vinda do seu reino e que já passou por montes de traduções… Mas parece que isso só é considerado pelos alquimistas e buscadores da verdade no plano espiritual mas nunca no plano prático e físico, nomeadamente no que diz respeito à mulher…
Assim, muitos alquimistas e espiritualistas consideram estas premissas como válidas mas de forma abstracta pois quando se trata de procurar a essência do SER partem sempre do princípio de que a mulher e o homem estão no mesmo patamar de evolução e que só por si a dita espiritualidade ou a sua busca traz a mulher para o mesmo plano do homem, pois dentro de qualquer espiritualidade por suposto já não existe o antagonismo social e psicológico. Mas esquecessem-se de um factor muito grave que é a realidade da história patriarcal nos mostrar que ela destituiu a mulher do seu valor intrínseco e a dividiu em duas “espécies” de mulher afastando-a assim não só da sociedade como elemento actuante íntegro, bem como da sua essência profunda, e portanto da dimensão natural e original do feminino. Deste modo e em consequência dessa divisão o homem também foi gravemente afectado ao ser privado da convivência com a verdadeira mulher. Ele cresceu e aprendeu a lidar com uma parte da mulher, em casa, a mãe ou esposa resguardada e recatada e com a outra parte na prostituta depravada como instrumento sexual na rua ou no Bordel…e as suas variantes mais modernas!

O problema, agora, já só no domínio da espiritualidade, está em que antes do mais a mulher que se quer re-ligar ao espírito tem de integrar esse seu lado renegado, convertido na sua sombra, do qual foi desligada, unindo as duas mulheres que a religião separou, para poder representar a mulher total e autêntica e dar expressão ao princípio feminino de que é nosso mundo foi privado há milénios; ela precisa de se reencontrar consigo mesma na exacta medida em que se tem ignorado e ver-se inteira na sua própria dimensão ontológica - encarando a sua sombra porque só esta a poderá conectar com a mulher primeva, a mulher instintiva, selvagem. Só depois dessa integração das “duas mulheres” cindidas pelo patriarcado, ela pode partir para uma caminhada espiritual em paridade com o homem e exprimir o seu verdadeiro feminino,

Não podemos continuar a escamotear o facto de a mulher ter sofrido ao longo dos séculos de uma diminuição do seu ser, de um afastamento lento e paulatino do seu verdadeiro lugar no mundo, da sua voz de oráculo e profetisa, destituída que foi das suas funções de sacerdotisa e parteira, vidente e curadora, para só muito mais tarde, já no mundo moderno, lutar por uma liberdade ou conquista que não é da Mulher Essência.
(Faço aqui um parêntesis para realçar que dos 4 militares cadetes da Marinha portuguesa que levaram o andor da Nossa Senhora de Fátima aos ombros, um era mulher…e que só estava ali através da “igualdade” de funções com o macho e não como mulher essência, no seu papel de sacerdotisa da Deusa Mãe…mas sim como militar, pela força da espada!)

Essas conquistas da mulher feminista e a pretensa igualdade dos sexos são pois só do plano da materialidade e dos direitos sociais com a imposição da racionalidade numa sociedade em que o princípio feminino é só símbolo e não realidade (como no caso da Nossa Senhora elevada aos céus e não na terra!). Não é neste caso realizado um trabalho de ligação da mulher à sua natureza profunda, á sua essência e portanto ela não pode representar o seu lado feminino. Assim o Yin (lado passivo) não está “activo”…apenas o Yang tanto no homem como na mulher.

Voltando ao feminino e ao masculino de per se, a conclusão a que quero chegar é que cada uma das partes à partida tem características de ser inerentes às do Princípio em causa - tal como os hemisférios cerebrais - e isso também é desvalorizado pela sociedade uniformizada segundo o padrão do masculino. O feminino não existe quase como qualidade em nenhum lado e as Mulheres são cada vez mais raras para que possam representar o feminino sem essa tremenda facturação de si mesmas e aí começa o nosso drama na actualidade no campo da procura espiritual.
Portanto minhas amigas/os o mais premente agora e antes do mais é a mulher unir-se em si mesma, unir as duas mulheres a partir de dentro, do seu mais profundo sentir, ser uma só Mulher, nem prostituta nem virgem…à procura do par…por compensação da sua carência ou falta! Só depois dessa integração, quando a mulher poder ser o espelho perfeito (já não santa nem puta!) para o homem o caminho espiritual começa… pARECE QUE ME REPITO E VOLTO SEMPRE AO MESMO PONTO, MAS este é só o meu ponto de vista baseado na minha experiência.

rlp

segunda-feira, maio 18, 2009

a alma maior que a vida...


Vem soleníssima
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.


Fernando Pessoa

A MANIFESTAÇÃO DO ARQUÉTIPO DA DEUSA

“Sintam no âmago das suas identidades,
a nutrição, a dádiva e o mistério da Mãe.
Haverá um retorno e um despertar da Deusa Mãe.”*

- A DEUSA MÃE É TODAS AS DEUSAS E UMA SÓ DEUSA DESDE O PRINCÍPIO DOS TEMPOS. A DEUSA É A FONTE POR DETRÁS DE TODAS AS COISAS...
AS APARIÇÕES DA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, COMO OUTRAS EM TODO O MUNDO, CORRESPONDEM SEM DÚVIDA, DE UMA FORMA OU DE OUTRA A UMA MANIFESTAÇÃO QUE DÁ EXPRESSÃO VISÍVEL E SIMBÓLICA À FORÇA CRESCENTE DO ARQUÉTIPO DA DEUSA-MÃE QUE FOI HÁ MILÉNIOS RELEGADO PELA HISTÓRIA DOS HOMENS PARA SEGUNDO PLANO E ESTÁ ADORMECIDO AO NÍVEL DO INCONSCIENTE COLECTIVO, DENTRO DE TODA A HUMANIDADE.

ELE SURGE DE NOVO NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XX COMO RESPOSTA ENERGÉTICA AOS APELOS DAS PESSOAS E DAS POPULAÇÕES ASSOLADAS PELAS GUERRAS. ESSE APELO VEM PRINCIPALMENTE DA PARTE DAS MULHERES, SEMPRE AS MAIS CASTIGADAS PELA VIOLÊNCIA DOS HOMENS. ELAS RESPONDEM POR SUA VEZ AO APELO DA DEUSA MÃE PELA NECESSIDADE INERENTE E PREMENTE DO PRINCÍPIO FEMININO NA TERRA, E SEGUEM FIÉIS DENTRO E FORA DE SI OS PASSOS DA GRANDE DEUSA COM FERVOR. A VOZ AMORDAÇADA DAS ANTIGAS SACERDOTISAS ECLODE...NO ENTANTO, ESSA FORÇA INATA EM CADA MULHER NA MANIFESTAÇÃO DO FEMININO SAGRADO E DA MÃE QUE É A EXPRESSÃO DA MULHER NA TERRA, É DESDE LOGO E MAIS UMA VEZ USURPADO PELA IGREJA DE ROMA E EXPLORADO PELOS BISPOS PADRES E POLÍTICOS EM DETRIMENTO DA MULHER VERDADEIRA QUE ESTÁ A ACORDAR.

MAS AINDA ASSIM, MESMO QUE OCULTA E RECALCADA DENTRO DE CADA MULHER A Deusa é uma consciência que permite todas as coisas. É a fonte que mantém toda a união, a cola da criação. Este é um conceito difícil de ser absorvido por algumas pessoas. É difícil para as mulheres conceber uma energia poderosa, que corre através do seu próprio sangue, em semelhança com elas mesmas. É chocante para os homens pensar que, talvez, uma vibração feminina possa ser a fonte que está por detrás de todas as coisas.”*

"É verdade que o Criador Primordial é uma vibração feminina. A Fonte, como a conhecemos, é uma vibração feminina. Os consortes deste princípio feminino, a vibração masculina, competindo pelo amor da Deusa, começaram a se fragmentar num mau uso da energia, há milhões de anos. Vocês constituem uma parte fragmentada desse mau uso de energia.”*
“Houve um declínio e uma queda da Deusa por razões muito importantes."(...) Mas agora é o tempo da Deusa voltar...
Que venha A Antiga e Deusa Soberana, que se manifeste, sim! Que o mundo inteiro Lhe seja consagrado, mas que sejam as mulheres as suas representantes e sacerdotisas em festa livre e pagã, vestidas de branco e enfeitadas de flores e risos de esperança, cheias de compaixão e amor no coração porque a Deusa sempre foi a festa e vida e não apenas a morte como os padres pregam..."A energia da Deusa sempre reconheceu o direito da fertilidade. A energia dela não é como no mundo ocidental; para ela, o sexo não era vergonhoso. A Deusa amava o sexo, que é obviamente, a herança natural dos humanos.”*
(...)
"A Deusa é muito generosa. Ela permaneceu por detrás da cena nessa batalha do patriarcado, porque sabe que é a força criativa em todas as coisas e que todas as coisas precisarão finalmente de reencontrá-la.”*
***Rosa leonor pedro com várias citações de TERRA - CHAVES PLEIADIANAS PARA A BILBLIOTECA VIVA de BÁRBARA MARCINIAK
REPUBLICANDO...

sábado, maio 16, 2009

NO CORAÇÃO DA MÃE


Missão Resgate Grande Lisboa - 16 de Maio
Written by Anjinho - Convocação dos Trabalhadores da Luz
Querid@s Trabalhadores da Luz!
É na vossa condição de Faróis de Luz que vos enviamos esta comunicação. Convocamos, especialmente, todos os COmandantes e Templários para esta missão que a todos diz respeito, a missão de resgate de Lisboa na senda do resgate da Terra!
Sábado, dia 16 de Maio às 14h, por ocasião do cinquentenário da inauguração do Cristo-Rei em Almada, a imagem de Nossa Sra de Fátima será trazida a Lisboa até ao Terreiro do Paço e, depois duma celebração da igreja romana, será levada para o Navio-Escola Sagres onde, escoltada por cacilheiros e uma imensidão de barcos, atravessará o Tejo para se unir ao Cristo-Rei em Almada. Isto é uma repetição do que aconteceu há 50 atrás quando se inaugurou o monumento ao Cristo-Rei.
Este é um acontecimento da maior relevância por várias razões:
• a este evento acorrerão inúmeros lisboetas e almadenses doando uma quantidade gigantesca de energia amorosa como há décadas não acontecia em Portugal
• a energia feminina - Yin - da Deusa-Mãe de Mãe Maria e Kwan Yin será unida à energia masculina - Yang - do Cristo-Rei num simbólico casamento de integridade tal como representado na estrela de David
• ocorrerá igualmente a reunificação das duas margens na energia de Deus-Pai e Deus-Mãe
o Cristo-Rei foi criado como agradecimento por Portugal não ter entrado na 2ª Guerra Mundial, é um monumento à Paz e (braços abertos) à inclusão, característica do Amor, por oposição ao separatismo, característica do desamor
• existe uma ligação energética entre o Santuário de Fátima e Almada-Lisboa que será reavivada
• o Cristo-Rei projecta com seus braços abertos essa energia sobre a cidade de Lisboa e mais directamente no governo do país e da cidade de Lisboa
a ligação energética já existente entre o Cristo-Rei de Almada e o do Corcovado no Rio de Janeiro unindo os dois povos lusófonos será reavivada
Já podem imaginar a relevância que isto irá ter para Portugal.
Acreditamos, segundo o input que temos dos Seres de Luz, que os sacerdotes da igreja romana estão a canalizar os Seres de Luz e com boas intenções. Assim parece, acreditando nas palavras de D. Gilberto, Bispo de Setúbal, co-promotor deste evento: "continua a ser este o significado maior do santuário (NE: Cristo-Rei): proclamar a realeza de Cristo, não apenas no coração de cada pessoa, mas na vida e nas estruturas sociais da cidade: “a realeza social de Cristo”…. é urgente salvar a pessoa e a comunidade humana do primado destruidor do materialismo e do individualismo, da escravidão, da injustiça e da morte…

(...) (Que) Maria - que vai estar connosco na celebração através da imagem que se venera na capelinha das aparições em Fátima - nos ajude a entrar no Coração de Jesus, a ser seus discípulos fiéis e felizes, a ser apóstolos do Seu amor e a ser construtores da civilização do Amor".
(...)
http://somostodosanjos.net/mensagens/artigos/40-artigos/96-missaoresgatelisboa16maio
*
Uma declaração pagã:

NENHUMA MULHER...

Neste momento a reportagem sobre este acontecimento nacional está a passar na televisão em directo. Quem me dera que este fosse um momento de verdade universal a ser veiculado SIMBOLICAMENTE por Portugal. É verdade, podia acreditar em todos estes pressupostos anunciados, mas não me posso alienar de um facto absolutamente relevante e que é o seguinte:

No Palco, no Púlpito, no Altar e junto do andor da Nossa Senhora de Fátima e em toda a cena dominante, estão representantes e dignitários dos mais altos cargos da Igreja e do Estado, bispos, padres e militares, várias comitivas representativas do Patriarcado e NENHUMA MULHER…
As mulheres, na Praça do Comércio, cá em baixo, aos milhares silenciadas, sem voz própria, a fazer penitências, a rezar e a chorar…quer sejam religiosas, freiras e outras, mulheres de todas as classes credos e raças, são o grande corpo da Fé em Portugal e no mundo e estão condenadas a uma imensa massa anónima deste culto dominado pelos homens há séculos. São as mulheres humilhadas e feridas pelo domínio patriarcal secular, sem voto na matéria…
Dizia uma freira que a Senhora estava triste…e só pode estar triste e indignada de ver como as mulheres, as grandes videntes e profetisas da história antiga, NÃO TÊM VOZ, e são maltratadas em todo o mundo e postas à margem do seu culto…
Este facto, merece toda a minha rejeição e a não adesão ao culto oficial da Nossa Senhora de Fátima, mesmo que hoje tenha sido solicitada por outras fontes supostamente mais elevadas e conscientes dos acontecimentos de cariz cósmico e angélico no mundo…
O aproveitamento social e político da Igreja que se serve da crise mundial para de novo deitar as suas garras às massas incultas e às mulheres e mães sofridas, amedrontadas pelas políticas de desemprego e as guerras das economias e as suas pandemias inventadas, sustentadas pelos Medias, faz com que o que poderia ser uma manifestação de Amor e Fé verdadeira se transforme para mim numa mentira mais. Eu lamento mas não consigo acreditar nos padres da Igreja...

E repudio um culto, mesmo que seja da Deusa Mãe, sem as mulheres como as suas mais dignas representantes. Um culto em que as mulheres são ainda proibidas de falar e de representar Deus na sua Igreja e nem sequer para erguer o andor da Deusa Mãe são solicitadas, como seria legítimo, pois era seu desde os primórdios, e em vez delas, são padres e militares que o fazem…para mim não pode ter crédito!

O lugar ocupado pelos bispos e padres e marinheiros, devia ser o palco das sacerdotisas e das mulheres nas suas vestes sagradas e paramentos que os padres lhes roubaram… Sim, as mulheres deviam resgatar o seu papel de sacerdotisas da Deusa e estarem na linha da frente e serem elas a honrar a Senhora na Imagem e na realidade e não padres castrados e misóginos que representam o poder de Roma e a sua repressão sobre a Mulher, os responsáveis pela destruição da Grande Deusa Mãe e da Terra.
Sim, eu queria acreditar que estamos perante a fusão das energias do pai e da mãe do yin e do yang e que os sacerdotes da Igreja estão com a Mãe…mas não só não consigo esquecer esta injustiça e parcialidade da igreja de Roma para com as mulheres ao longo de séculos, como não posso ignorar a sua ausência nos rituais cristãos e nomeadamente não serem elas a representar, como sacerdotisas do Princípio Feminino na Terra, a Grande Deusa-Mãe. Deste modo eu não posso dar crédito a nenhuma cerimónia oficial… mesmo com a salvaguarda de seres de luz que parece também se esquecem das mulheres...
Eu sei que os anjos não têm sexo, ou no céu somos todos anjos, mas na terra vivemos em dualidade; somos dois seres diferentes e precisamos de integrar esses opostos complementares; não falo de separatividade ou antagonismo de sexos como o vivemos hoje no patriarcado, mas da representatividade de energias dos dois em UM, mas isso não é oficialmente tomado em conta nem pelos sacerdotes católicos óbviamente nem subtilmente pelos trabalhadores da Luz
Enquanto as mulheres não ocuparem os seus lugares (energias) correspondentes na hierarquia terrena e celeste não há paz interior nem resgate. Dizerem-me que no Coração da Mãe não há homens nem mulheres é certo, mas por hora caminhamos em dualidade e precisamos unir essas as duas energias primeiro - esse casamento tem de ser concreto - tanto dentro como fora do ser humano, para que possa haver integridade, e verdade e justiça na Terra.
rlp

EIS QUE CHEGA...

LAUDA PARA O PRIMEIRO ANDRÓGINO...

(...)
Eis que chega quem nos liberta do Amor!

Eis que se erguem dos túmulos os amantes libertos!

Eis que se ergue o eu final e puro!

Eis que chega

Eis que se aproxima!

Eis o Desejado!
Ei-lo!

Ei-lo!
Eis que chega!

Salvé!
Salvé Andrógino!


ANA HATHERLY

CORPO DE MULHER

Declaração Divina

Certas noites dava uma volta por Pigalle e estudava miudamente os cartazes nas casas de strip-tease. Absorvia a nudez retratada das actrizes como se absorve um plasma forte. Elas eram intérpretes de Deus. Via nesses corpos uma declaração divina, e o jogo espectacular do que chamam vícios era uma espécie de escrita manifesta, uma alusiva visibilização de Deus. E tudo isso me era dado como um caminho de conhecimento, uma complexa viabilidade.

Todas as putas de Pigalle eram minhas mães; a carne fotografada, tornada viva em mim pelo enredo da comoção, era a carne-mãe, a matéria fundamental da terra. Deus instigava-me e amparava-me na descoberta e, posteriormente, na magnificação e glorificação do mundo.

Herberto Helder, in Os Passos em Volta


"O CORPO DA MULHER, O CORPO DE QUE O HOMEM USUFRUI.
PELO AMOR, QUE NÃO É SENÃO UMA FORMA INDIRECTA DE VIOLÊNCIA"


in IRREFLEXÕES
Yvete Centeno