O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

HEURESIS: DE VOLTA AOS MISTÉRIOS DA MÃE E DA FILHA

DURANTE MAIS DE 2 MIL ANOS ANTES DE CRISTO, O CULTO DE DEUS PAI E FILHO, PREDOMINAVA A CONSAGRAÇÃO DA TERRA E DA DEUSA NO CULTO DA MÃE E DA FILHA...

OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS

"Somente em um momento posterior, nos Mistérios Eleusianos, de Ísis e outros, é que os mistérios se voltam também para a questão da consciência na mulher e de sua autoconsciência; de acordo com uma característica essencialmente inerente à psicologia feminina, os primeiros mistérios ocorrem no nível da experiência directa, porém inconsciente. A mulher passa por uma experiência interior ao configurar uma porção da realidade, como “vida simbólica”, na qual não há a necessidade de se tornar consciente de qualquer um desses factores. Somente a intensidade e o teor emocional acentuado de sua conduta e, frequentemente, a confidencialidade da qual se vê revestida denunciam seu carácter de mistério.

O feminino, cuja essência procuramos discernir à luz das funções e dos símbolos do carácter elementar e de transformação, se torna criativo nos mistérios primordiais e assim actua como um factor determinante no inicio da cultura humana.

Enquanto os mistérios ligados ao instinto, envolvem os pontos centrais da vida feminina – nascimento, menstruação, concepção, gravidez, climatérico e morte -, os mistérios primordiais projectam um simbolismo no mundo real e assim transformam-no.
Os mistérios femininos podem ser divididos nos mistérios referentes à preservação; à formação, à alimentação e à transformação.
(...)

O grande motivo essencial dos Mistérios de Elêusis e, portanto de todos os mistérios matriarcais é a heuresis, a redescoberta de Core por Deméter, a reunião da mãe e da filha.

Esse reencontro significa, sob o ponto de vista psicológico, anular o assédio e o rapto masculinos e reconstruir a unidade matriarcal da filha e da mãe, depois do casamento. Isto significa que a hegemonia do grupo matriarcal _ legitimada pela relação da filha com a mãe -, que havia sido colocada em risco pela incursão do homem no mundo das mulheres e pela reacção destas àquele, é renovada e segurada nos Mistérios".

(...)
In “A GRANDE MÃE” de Erich Neuman
««««

BREVE NOTA:

Naturalmente que o drama da mulher e do homem no mundo começou com a perda de identidade da filha e da mãe, dos ritmos da natureza, passando a mulher a ser mera propriedade do homem e ambos sem consciência da dimensão do sagrado da Terra; esse foi o ponto de ruptura da consciência integral da mulher que se perdeu na história do hOMEM e que fez da mulher um utensílio de consumo e produção/reprodução ao serviço do patriarcado e do valor de mercado, hoje, a Grande Economia.
A exploração e anulação do Ser Humano em todos os seus aspectos começa na perda da sua relação com o Amor da Mãe, da Natureza e dos animais.
Este foi o princípio da destruição da Terra e do Planeta; começou com as invasões bárbaras e manteve-se até aos nossos dias vigente em todos os Sistemas capitalistas e não só.
rlp

2 comentários:

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

É muito interessante ressaltar o fato de que Demeter é a descendente direta do culto a Deusa Mãe cretense, no mito ela é fecundada por Zeus em forma de uma Serpente, ora isto nos faz relembrar mitos mais antigos nos quais a Deusa é fecundada por uma serepnte primordial.Sendo assim legitimamente Zeus não era a Serpente Sagrada.Ou seja a paternidade de Zeus é apenas alegorica na versão grega do mito, e mesmo assim a união matriarcal continua na Religião da Mãe e da Filha, que apos a descida se torna rainha do mundo inferior recuperando a antiga independencia e soberania da Deusa, sobre a Terra e sobre o submundo...Tais segredos só se perderam quando o culto á Terra Mãe foi desacreditado e suplantado por um culto do pai e do filho.Além disso em varios outros paises distantes da grecia haviam cultos semelhantes da unão da mãe e da filha, ou mesmo de duas deusas distintas que se tornam aliadas e amigas e em outros mitos eram irmãs.Em outros mitos a reunião
dessas duas deusas simbolizava plenitude.Varias outras deidades femininas mais antigas e em paises ditantes da gregcia são assim conhecidas, como "Rainha Cheia de Alegria", Rainha da Plenitude e outros nomes que nos fazem lembrar que a plenitude da mulher só é alcançada quando a união e parceria feminina.

Nana Odara disse...

Acho q voltar a um modelo onde os homens ficam excluidos da sociedade, matriarcal e matrifocal, mesmo matrilinear é mais complicado pq hj já os homens tem consciência da sua participação na concepção... Acho q o caminho é o amor e os modelos sociais de comunidades de partilha, da produção comum.

o pior do patriarcado não é ele ser dominado por homens e sim ele criar a noção da propriedade privada, da herança e or causa disso o casamento foi inventado, seguindo a descendencia do pai.

o caminho da mudança é voltar aos modelos comunitários, de comunidades de partilha e produção comum, mesmo com a particiação dos homens... como acontece nas tribos indigenas ou em lugares como Megalaya ou Musuo...

Não é o macropoder dominante q irá realizar essa mudança, e sim, qtas mais pessoas tiverem coragem de abandonar o sistema e formar comunidades ou eco-aldeias... não adianta continuar vivendo e consumindo dentro das cidades, as pessoas, homens e mulheres tem de formando suas células, criarem condição de ir vivendo à margem do sistema e da sociedade, criando comunidades em sistema de partilha e abandonando de vez o consumismo e o capitalismo, e voltando a viver de forma simples, em harmonia com a natureza...

essa é a importância do trabalho de conscientização e divulgação q fazemos, o passo seguinte é as pessoas deixarem o sistema, esvaziarem os templos de consumo e as praticas de consumo nocivas ao ambiente... abrir mão do conforto das cidades e do arsenal eletro-eletronico. cosmeticos, e inutilidades industrializadas... e irem se organizando à margem do sistema, criando espaços de permacultura... vivendo ecologicamente e humanamente, em comunidades... em irmandades... aos poucos esse nucleos irão crescendo... e o patriarcado esvaziando...

acho q é isso, quer dizer, em agum momento temos de viver de forma coerente com uma pratica da Deusa, ou seja com uma vida mais comunitaria e menos poluente...

é passar da palavra à ação... e concretizar as mudanças... as vezes isso acontece qdo as pessoas perdem tudo... em grandes cataclismas por exemplo é uma chance de um novo recomeço tbm... ou em casos de mudanças cataclismicas a nivel pessoal, falencias, etc...

pq nao recomeçar, de uma forma diferente... indo para fora do capitalismo e do patriarcado...

não, não é fácil... mas esse facil é o q tem nos matado e destruido a terra

não é hora de buscar o caminho facil e sim o caminho certo...