O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 30, 2010

A MULHER REALMENTE MULHER


“O FEMININO DO SER
Para acabar de vez com a costela de Adão”


Anicke de Souzenelle
(…)
"Sobre os dois hemisférios cerebrais, as ciências dizem-nos isto: “O hemisfério esquerdo é sobretudo verbal, lógico, analítico e científico, enquanto que o hemisfério direito é mudo, espacial, analógico, sintético e artístico, O hemisfério esquerdo rege a orientação no tempo, o hemisfério direito no espaço…”

(…) O saber adquirido pelo exterior e que exige um grande esforço de memorização é obra do cérebro esquerdo; o conhecimento adquirido pelo interior e imediatamente memorizado em cada célula do corpo que ilumina é obra do cérebro direito.

(…)

A palavra como representação simples de uma coisa é o cérebro esquerdo, mas a ressonância dessa palavra no Verbo que funda a coisa expressa, é do cérebro direito. A entrada na ressonância onde se inscreve toda a música do Verbo é obra de amor.
(…)
A mulher realmente mulher, iniciada nos mistérios do amor e da maternidade, nos da sua “carne” seja qual for o grau do eros verdadeiro onde são vividos, engendra em si mesma os espaços alados do Espírito! Pelo seu hemisfério direito aberto na aurora da sua vida, ela não parece perder totalmente o contacto (com a sua alma); mantém-se tão sensível ao outro lado das coisas, tão rebelde ao seu encerramento nas prisões do racional, tão prostrada quando se sente amarrada pelas algemas da lei! Quando a masculinização das escolas a não deformou…Mas a verdade é que ela está hoje tão deformada!

A carruagem da masculinização, que trouxe numa mesma braçada o racionalismo religioso e o positivismo científico, provocou a dessacralização da sexualidade e a redução do eros a festim da corporal – se é que ainda é festim!

(…)
Reina tanto mais a confusão quanto uma clivagem se cava no coração da humanidade; está em ressonância quase completa com aquela que eu exprimia mais atrás, separando o homem da mulher: de um lado estão aqueles, homens e mulheres, que por enquanto só olham para fora (…), a seu ver normativa em si mesma; do outro estão os que se viram para o oriente. Os primeiros debatem-se num dilúvio de violência e não sabem mais do que sobreviver radicalizando ao extremo, no terror de uma perda de segurança, os velhos esquemas masculinizados das éticas religiosas, políticas, sociais, etc; os segundos, começam a aceitar morrer para esses valores passados, porque aceitam morrer para esses valores passados começam a viver.


Annick de Souzenelle

terça-feira, junho 29, 2010

A CHAVE: O CORPO É SAGRADO


CAPÍTULO XX
Sexualidade - Uma Ponte para Níveis Superiores de Consciência


Quando a vossa biblioteca foi arrancada das prateleiras e espalhada, e do vosso DNA só restaram duas fitas com pouquíssimos dados e pouquíssima memória, a vossa sexualidade foi deixada intacta no corpo físico. Foi deixada como forma de reprodução, claro - como forma de manter a espécie em contato com sua própria essência e trazê-la à vida e, no fundo do mecanismo da sexualidade encontra-se uma sequência que pode ser atingida, e que tem sido procurada e mal compreendida por muitas pessoas. Chama-se orgasmo.

O orgasmo foi distorcido de seu propósito original. O vosso corpo esqueceu o orgasmo cósmico que é capaz de atingir, porque a sociedade vem dizendo há milhares de anos que a sexualidade é ruim. Ensinaram-lhes isso para mantê-los sob controle, para impedi-los de buscar a liberdade disponível através da sexualidade. A sexualidade liga-os a frequência do êxtase, que os une novamente à vossa fonte divina e à informação.
A sexualidade ganhou uma conotação de palavrão nes¬te planeta, e este palavrão está arquivado na vossa memória celular. Não apenas nesta encarnação; há milhares de anos vem sendo usado de forma desapropriada. É necessário que lim¬pem toda a negatividade que envolve a sexualidade nesta vida, para experimentar a energia sexual e a expressão sexual nos vossos Eus multidimensionais.
Os vossos órgãos sexuais são avenidas que levam ao prazer e criam frequências que estimulam o corpo e potencialmente conduzem ao Eu espiritual superior. A sexualidade é tão mal compreendida neste planeta que, quando é comparti¬lhada entre duas pessoas, é muito raro existir a intenção de uma ligação espiritual. A sexualidade invoca uma espiritua¬lidade livre que reconhece seu poder criador. Contudo, rara¬mente ela é usada como ponte que os conduz a níveis mais elevados de consciência.

Nós temos conversado com várias pessoas que vêm utilizando a luz.
Uma vez encontrado o parceiro adequado, dentro de uma situação monogâmica, elas têm conseguido atingir estados de ser muito elevados. A monogamia funciona muito bem para vocês por causa do nível vibracional em que se en¬contram. Quando têm muitos parceiros, há uma tendência a ser menos honesto com cada um deles e a esconder a vossa verdadeira essência: compartilham um pouco aqui, um pouco lá, um pouco acolá, espalhando suas sementes. É melhor estar com uma só pessoa, o que não significa a mesma pessoa para sempre sejam leais, abertos e compartilhem tudo com a pes¬soa com quem estão trabalhando, e sigam com ela até onde for possível. Se for a vida inteira, ótimo.Se não, quando chegarem a um ponto em que não mais se comunicam nem servem um ao outro e sentem que o relacionamento não vai evoluir mais, terminem e procurem outra pessoa que trabalhe com a vossa vibração.

Quando trabalham um-a-um intimamente, desenvolvem a confiança.
A maioria das pessoas tem dificuldade em confiar em si mesmas porque não possuem um modelo de comportamento para a confiança. Podem aprender muito sobre confiança num relacionamento porque o relacionamento age como um espelho mostrando-lhes, a partir do outro, o que não conseguem enxergar a partir do vosso ponto de vista. Mostra-os vistos de fora, quando se abre a comunicação através da sexualidade e da intimidade profunda e quando não estão usando a sexualidade como simples distração. muitas pessoas usam a sexualidade como distração e como forma de fugir da intimidade, em vez de desenvolvê-la. Quando começam a receber energia, a olhar nos olhos da outra pessoa e a sentir calor e excitação, em vez de explorar um ao outro intimamente e espiritualmente, fecham o chakra do sentimento, vestem a vossa armadura e fazem sexo genital, superficial, pois é muito amedrontador e muito intenso aprofundar-se na rota da união plena dos dois corpos e dos dois espíritos. Às vezes uma relação sexual quente é uma delícia, é maravilhoso. Nós só estamos dizendo que existe mais. Existe muito mais e ninguém esta impedindo que experimentem, quem os impede são vocês mesmo, vossos preconceitos e o medo de derrubar vossas barreiras e limites.

Muitos dos medos que sentem baseiam-se naquilo que vocês mesmos criaram para si e naquilo que fizeram para os outros na vossa vida sexual.
A vossa história sexual afeta todas as outras partes da vossa alma e, como tudo o que acontece com a alma, é transmitida em alto e bom tom por todo o corpo. Parem de se julgar, adotem uma posição neutra em relação a suas atitudes anteriores - não importa o que descobrirem, não importa se parece terrível, não importa que seja difícil, e não importa quanta violação envolve. Compreendam que o vosso propósito foi reunir dados e conhecerem a si mesmos.
A sexualidade é uma frequência. Representa aquilo que não foi roubado de vocês, embora a vossa história, memória e identidade tenham sido pilhadas e espalhadas. A capacidade de descobrir quem são foi deixada intacta, e o caminho para essa descoberta é a experiência sexual. É claro que isso nunca lhes foi ensinado. As igrejas tornaram-se organizações empresas com o objetivo de controlar a religião e o desenvolvimento espiritual, como também de criar empregos, uma hierarquia, um clube. Pouquíssimas igrejas têm o propósito de informar o povo. Vocês normalmente não pensam em religião como algo que os mantém informados, pensam? Qualquer religião que traga informação está operando na vibração da verdade.

Os planos espirituais são lugares de existência aos quais o corpo humano não tem acesso. Como a sexualidade era uma oportunidade para que os seres humanos recuperassem sua memória, se unissem a seu Eu espiritual, ao criador espiritual e encontrassem a avenida que conduz ao plano espiritual, as igrejas chegaram e anunciaram que a sexualidade destinava-¬se exclusivamente à procriação. Ensinaram-lhes que a única razão da existência da vossa sexualidade era a reprodução.

A sexualidade foi considerada uma coisa muito ruim. Disseram às mulheres que a sexualidade era algo a que tinham de se submeter para servir aos homens, e que elas não dispunham de controle sobre o processo da reprodução. Elas acreditaram; por isso, até hoje, vocês acreditam não possuir controle sobre esta parte do vosso corpo. Decisão e intenção é que concretizam as experiências do ser humano. Vocês podem determinar quando ter, ou não ter, um bebé. Se a mulher tivesse percebido que possuía essa capacidade no decorrer dos últimos milénios, se tivesse sido capaz de explorar seu Eu sexual sem medo de engravidar, homens e mulheres talvez tivessem descoberto que eram muito mais livres do que lhes foi induzido a acreditar.

A descoberta da frequência mais elevada da sexualidade tem origem no amor.
Nada tem a ver se o relacionamento é homo ou heterossexual. Tem a ver com dois seres humanos dando prazer um ao outro e com isso abrindo novas frequências de consciência. Vocês compraram muitas idéias sobre o que é adequado e o que é inadequado na expressão sexual.
O amor é a essência a ser criada em todos os relaciona¬mentos. Se você ama e respeita uma pessoa, não importa sua composição de densidade. O que importa é a vibração do amor e como você explora esse amor, essa união que ocorre com a integração das partes masculina e feminina formando a chama gémea.
O ideal é que a sexualidade seja explorada através dos sentimentos. O terceiro e quarto chakras ligam vocês ao Eu emocional e compassivo, que os liga ao Eu espiritual. O Eu espiritual é a vossa parte multidimensional - através da qual existem em várias formas simultaneamente. A vossa missão, o vosso compromisso e tarefa consiste em estar consciente dessas realidades na identidade em que se encontram. Quando estão conscientes podem sintonizar-se com diferentes frequências, podem lembrar-se de quem são e alterar a frequência vibratória deste universo.
Nós gostamos muito de falar sobre sexualidade devido ao mistério que a cerca neste planeta. Certas escolas esotéricas guardaram secretamente algum conhecimento sobre o potencial da sexualidade. vocês são criaturas eletromagnéticas e, quando se unem fisicamente a outra criatura humana, somam as freqüências eletromagnéticas. Quando as vossas frequências estão sintonizadas e unidas pela vibração do amor coisas incríveis podem acontecer.
Há milénios, quando a sociedade possuía uma visão mais matriarcal em determinadas áreas do planeta, a energia da Deusa podia chegar e trabalhar dentro de certos indivíduos. A mulher tinha consciência de sua força, sua intuição, seu chakra do sentimento, sua ligação e seu desejo de criar vida.

Ela sabia, também, que jamais teria de conceber um filho se não fosse essa a sua intenção. Para que a sociedade patriarcal pudesse se estabelecer, e a Terra estivesse preparada para essa transformação de consciência, a energia feminina teve de adotar uma posição secundária. Assim, a força feminina, a energia, a compreensão da sexualidade foram suprimidas. Nos tempos modernos - os últimos dois mil anos - as mulheres que habitavam o planeta não acreditavam poder controlar a natalidade, consideravam a sexualidade perniciosa e repulsiva, achavam que o sexo só poderia ocorrer dentro dos laços matrimoniais, etc.. Isso tudo foi uma campanha publicitária.

Uma das campanhas publicitárias atuais para criar um medo ainda maior em relação à sexualidade e sua expressão são as novas doenças: AIDS, herpes e todo o resto. Vocês lêem sobre essas coisas nos jornais e sentem medo da vossa própria expressão, da vossa própria intuição, da vossa própria alegria. Percebem?

Antes do vosso DNA ser rearranjado, a maneira pela qual muitas pessoas atingiam os planos superiores, e conseguiam subir as escadas de si mesmas para alcançar as frequências extra-planetárias, era pela união eletromagnética através do amor. Elas criavam uma experiência semelhante a um foguete que as lançava em outros sistemas de realidade. Este foi um dos maiores segredos do planeta guardados a sete chaves.

Conversamos com muitas pessoas que já tiveram experiências sexuais de absoluta profundidade. Desejamos salientar que não estamos fazendo distinções ou julgamentos em relação a seus parceiros, e gostaríamos de sugerir que vocês também não o fizessem. Esse tipo de programação está superado. Não tem a menor importância o fato de se unirem a uma pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto. Estamos falando da união de dois seres humanos, da maneira mais apropriada que encontram para ligar-se fisicamente e criar amor, porque estão partilhando amor. Quando integridade e amor estão faltando numa união de corpos humanos, os seres humanos co¬meçam a não gostar da experiência. Isto pode criar toda a espécie de resultados nocivos no corpo físico.
Foi-lhes permitido ficar com a frequência do orgasmo na sexualidade para que pudessem lembrar-se da vossa identidade superior. Quando essa energia, ou a história de cada um de vocês, for revelada e descobrirem quem são, vão unir diversos corpos da vossa identidade pessoal multidimensional na forma física. Para receber o impacto total da estrutura da vossa identidade, deixem as doze hélices se acomodarem no corpo e permitam aos filamentos de códigos-luminosos se rearranjarem. Este processo está ligado ao corpo mental que, é evidente, liga-se ao corpo físico. O corpo emocional, ligado ao corpo espiritual, é o corpo que todos querem evitar. Vocês dizem: "Eu quero evoluir. Eu quero uma aceleração rápida, mas não quero passar pelo chakra do sentimento para realizá-la”.

Vocês estão ligados a seus Eus multidimensionais através das emoções, e é nestas mesmas emoções onde primeiro esbarram e ficam presos. Aceitem a vossa "bagagem" emocional, ela tem uma razão de existir. Muitos gostariam de embru¬lhar sua "bagagem" emocional e jogá-la no lixo, como se fosse uma coisa muito feia e não fizesse parte de vocês. Essa "bagagem" é a porção sombria da vossa identidade que não querem aceitar e com a qual nem querem conviver.
Nós compreendemos quando, às vezes, dizem: "Detesto essa parte de mim. Quero acabar logo com isso, varrer tudo para baixo do tapete e esquecer. Chega dessa história!" Mas lembrem-se, a vossa "bagagem" - os vossos assuntos pessoais - são os tesouros da vossa vida. Vocês aprendem com eles.
Concordaram em mudar, em atrair luz para o vosso corpo e a receber a Família da Luz neste planeta. Uma vez que luz é informação, vocês precisam lidar com todas as coisas que esconderam de si mesmos. A sexualidade é o primeiro tema, pois se trata do vosso Eu secreto - o Eu de quem vocês se escondem. A sociedade disse a vocês: "Isto é bom. Isso é ruim. Podem fazer isso. Não podem fazer aquilo." De onde vieram essas leis? Aliás, quem fez todas as vossas leis?
Vocês ficam presos por não conseguirem ler os símbolos da linguagem que falam consigo mesmo. Por isso alongam as vossas histórias, só gostam delas porque distraem a vossa aten¬ção. Se não tivessem uma história, quem conversaria com vocês? Observem o vosso corpo e percebam o que ele lhes está ensinando. O ideal seria que curassem suas mazelas, criando bem estar e alegria à medida que fossem aprendendo a perma¬necer mais centrados no vosso corpo e a adquirir uma nova identidade da vossa sexualidade.
A sexualidade é a chave. É a porta de entrada para os anos superiores da consciência. Quando se redefinirem, quando os filamentos de códigos-luminosos lhes derem uma nova definição de si mesmos, vocês vão mudar o vosso com¬portamento sexual. A sexualidade vai aflorar em todos e a nossa experiência nos permite dizer que esta é a área que vocês atualmente mais temem. Garantimos que, no futuro, outras áreas mais amedrontadoras surgirão.
Se estão obcecados pelo tema do amor e não conseguem compreender o que está ocorrendo, saibam que a vossa dificuldade consiste em procurar o amor fora de vocês. Estão pro¬curando uma outra pessoa que dê significado a suas vidas e os autorize. O não ter essa pessoa, os faz sentir irritados, inúteis, sem valor. Este foi o padrão em que cresceram, que seus pais e a sociedade lhes apresentaram. Repetimos que o mais importante é amar a si mesmo e respeitar a Terra. Mas vocês esquecem e continuam procurando o próximo relacionamento que esperam torna-los inteiros, completos. Acham que sem um companheiro serão menos aceitos pela sociedade e assim começa a solidão. Precisam aprender a ficar sós. A solidão é um estado mental. Vocês nunca estão sozinhos. Existem milhões de entidades à vossa volta. Se parassem de sentir pena de si mesmos, descobririam que existe uma quantidade enor¬me de informação sendo constantemente enviada, e a vossa vontade seria, sem dúvida, estar sozinhos para poderem receber os contatos.
Quando amam a si mesmos e param com a obsessão de encontrar uma outra pessoa para amá-los, são capazes de aceitar o que os outros têm a oferecer. É imprescindível valorizar-se, para não começar um novo amor disfarçado. Se se decidem por um companheiro, se desejam vibrar com alguém e não recebem o que estão querendo, nada de resmungar, reclamar, fazer biquinho e querer que a pessoa mude de acordo com as vossas necessidades. Se estabelecem um ideal para si mesmos e ele não acontece, simplesmente mudem a vossa realidade e sigam em frente sozinhos até encontrar alguém que reflita esse ideal. Enquanto isso, vibrem em amor por si mesmos, respei¬tem-se e percebam que a jornada aqui na Terra visa o auto-conhecimento através do relacionamento com outras pessoas, não apenas com casais, marido e mulher. A jornada aqui é dedicada a respeitar o vosso corpo físico e a singulari¬dade do vosso Eu, à medida que vão cruzando com as vidas de outros seres. Permitam-se trabalhar com o Eu, deixem o vosso Eu evoluir.
Vocês têm medo da intimidade consigo mesmos - de estar sozinhos com o Eu. Uma vez desenvolvida essa intimidade, o silêncio, o amor por si, a contenção da própria energia, irão estabelecer esse mesmo aspecto de intimidade como pa¬drão de intimidade com outra pessoa.
A sexualidade pode ser muito confusa nos dias de hoje, porque vocês estão elevando e estudando as suas frequências. Quando corpos se juntam, mesmo que seja através de um abraço, há uma troca de frequência. Quando têm uma experiência sexual, há uma liberação e harmónios dentro do corpo. Os harmónios despertam determinadas energias dentro das células, que provocam uma transferência da essência de urna pes¬soa para a outra. É por isso que, quando têm urna relação sexual com alguém, nem sempre conseguem eliminar a energia dessa pessoa. Mesmo não querendo estar com a pessoa, a experiência sexual permanece com vocês, porque houve urna troca eletromagnética.
Vocês vão seguindo através desta modulação de freqüência, aprendendo corno elevar a vossa freqüência para um local de informação consistente, amor por si mesmos e intimidade consigo. Pode parecer muito confuso e até amedrontador unir essa vulnerabilidade toda, que estão aprendendo sobre si mesmos, com outra pessoa, mas quanto mais se tornarem conscientes, e dominarem o uso do vosso corpo, melhor irão saber onde ligá-lo, onde sentar-se e, sem dúvida, com quem unir-se sexualmente.
Se agora a expressão da vossa sexualidade incentiva e aumenta o vosso crescimento, automaticamente irão criar essa experiência para si mesmos porque estarão prontos para ela. Precisam saber que, durante o processo de evolução do Eu ocorre frequentemente um período de dormência na ativida¬de sexual. Dentro da frequência sexual a urna troca. Assim, se existe uma união e uma troca química com uma pessoa que não está na vossa sintonia, vocês estão recebendo todo o lixo dessa pessoa, porque estão trocando energia com muita intimidade.
Às vezes vocês se afastam dessa espécie de troca. Podem pensar: "Que coisa, o que está acontecendo? Será que estou ficando velho? Será que estou ressecando? O que houve?" Nada disso. Vocês podem aprender a usar a energia que os estimula sexualmente sem dá-la para outras pessoas. Em vez de entrar no caos e na loucura, podem explorar essa energia através da arte da masturbação, sabendo que é perfeitamente válido e saudável fazê-lo. Ou simplesmente observar quando sentem uma excitação sexual e decidir o que fazer com ela. Podem dizer: "Bem, não vou trabalhar isso agora. Vamos ver para onde vai esta energia. Peguem a energia, deixem-na subir pelo corpo e usem-na em outras áreas.
Vocês vão chegar a um ponto em que devem venerar, sustentar e amar a si mesmos como se estivessem carregando um bebezinho recém-nascido em seus braços, sabendo que es¬tão dando o melhor de si mesmos. Muitas pessoas se dispersam. Encontrem um local de serenidade e silêncio onde possam encontrar respostas às vossas perguntas. Não irão con¬seguir encontrar respostas fazendo perguntas a todo mundo ou falando o dia inteiro no telefone. Se fizerem isso demonstram que estão procurando fora de vocês. Quando aprendem a voltar-se para dentro de si para encontrar as respostas, o Eu falará. Normalmente não conseguem ouvir porque estão trancados dentro de padrões de comportamento que já sabem ser necessário mudar, mas falta-lhes coragem para enfrentar o desconhecido.
Com a maior honestidade, vocês têm medo de si mesmos. Isso é muito comum. Têm medo de não estar completos, e vocês querem muito ser completos. Então dizem: "Estou completo. Sou soberano. Preciso de alguém. Estou atraído por alguém. Não! Não quero ver! Tenho muito medo disso! Não preciso de ninguém. Não, eu preciso sim!" Vocês vão para a frente e para trás. Aprendam a aquietar vossa mente. Aprendam a ter o controle total da vossa energia. O que isso significa? Significa que, onde quer que vocês estejam, estão observando a si mesmos - a postura do vosso corpo, o movimento das mãos, estão se repetindo muitas e muitas vezes, se estão falando ou em silêncio. Aprendam a observar-se sem julgamento. Aprendam a observar-se (constatando como são) e a corrigir-se (determinando como gostariam de ser). Aprendam a silenciar a mente.
As frequências são transmitidas de uma pessoa para outra, especialmente se houver uma ligação de amor. Uma ligação de amor não significa grudar-se no outro para sempre. Significa simplesmente que existe um relacionamento enquanto o considerarem apropriado, em que há respeito mútuo, troca de energias e que estas energias podem fluir livremente num circuito aberto. Quando vocês não se amam e não estão ligados, não há troca positiva, o circuito não se abre. Isso não significa que não possam ter prazer no sexo; significa simples¬mente que o circuito não está aberto.
Com a elevação da corrente elétrica, os orgasmos vão ficando cada vez mais intensos e longos; o corpo humano consegue atingi-los e mantê-los porque o sistema nervoso é capaz de sustentar frequências orgásticas altíssimas. O sistema nervoso que determina como você se expressa e sente. Se você tiver um sistema nervoso pouco evoluído, sua experiência sexual será muito limitada, pois é ele o condutor da corrente elétrica. O orgasmo cura e realinha o corpo físico.
Com o passar do tempo, não conseguirão se aproximar nem ter relações com alguém que não esteja operando na mesma voltagem. Simplesmente não vai dar. Seria comparável a uma pessoa que usa sapato n° 41, calçar um n° 35. Não serve, não fica confortável. Vocês não combinam porque as vibrações não se misturam.
Na sequência também vão perceber a importância da nu¬trição vibracional à medida que começam a ligar-se sexualmente, a ligação sexual é a única forma de comunhão total com pessoas que estejam na mesma voltagem ou em voltagem compatível. A realidade de vocês nos interessa muito porque existem muitas pistas a serem seguidas no vosso mundo que desperta. Quando viajam para outros países, os vossos aparelhos elétricos não podem ser ligados. Eles não servem, é necessário um transformador de voltagem. Seria muito estressante se, cada vez que se envolvessem intimamente numa relação sexual, precisassem adaptar-se a outras voltagens. Exigiria um esforço muito grande. Gastariam toda a vos¬sa energia criando mecanismos de adaptação. E então entrariam em abstinência, não se permitindo avançar porque acabariam baixando as expectativas.
Os anos sessenta marcaram a abertura da exploração sexual. Imediatamente, o paradigma mudou. Grande parte da energia que se encontrava no planeta naquela época, somada à ingestão experimental de diferentes substâncias alucinógenas, criou instantaneamente um novo paradigma que os separou das gerações precedentes. Os limites deslocaram-se instantaneamente. Estavam separados de uma geração que acreditava em guerras e não tinha sentimento - uma geração cuja expressão sexual ocorria no escuro e talvez com muitas roupas cobrindo o corpo. Vocês escancararam o paradigma de muitas maneiras, estabeleceram novas tendências e novas maneiras de ser. Foi maravilhoso. "Vau, amor livre, vamos exi¬bir nossos corpos!” Vocês disseram.
Agora chegou o momento de uma nova revolução global, através da qual vocês vão se unir vibracionalmente a uma pessoa. Acabou a sexualidade leviana, o fingimento de sensações - acreditar que se é sexualmente liberado por ficar nesta e naquela posição, dizer isso ou fazer aquilo, isto não passa de aeróbica na área da sexualidade. Nós queremos que entrem na aeróbica e nas contorções da alma - a vibração. A profundidade de duas pessoas atingindo o orgasmo simultâneo e unindo-¬se nessa capacidade é o que todos desejam. Se existe medo, é devido à falta de um modelo de comportamento. Vocês devem projetar um. Precisam acreditar que, de alguma forma, a energia do projeto cósmico, instantaneamente, irá provocar um novo movimento baseado no desejo de dar o passo seguinte em direção ao auto-conhecimento.
Vocês vão lembrar com grande clareza as expressões da vossa sexualidade em diferentes realidades quando foram homens e mulheres e exploraram a sexualidade em todos os aspectos. É necessário muita coragem para fazer isso. Se existe uma área em que se julgam a si próprios, e onde o planeta também julga, é a área sexual. Vocês têm idéias muito defini¬das sobre o que é próprio e impróprio sexualmente. Por isso, muitos de vocês podem ficar chocados ao se lembrarem do que fizeram com sua sexualidade.
Compreendam que, neste planeta, a sexualidade sempre foi o elo que ligou o corpo a vossa frequência mais elevada. Apesar de grande parte dos dados ter sido desmontada e es¬palhada dentro do corpo, o potencial de criar a vida permaneceu intacto, para que pudessem compreender inteiramente quem são no âmago do vosso ser. A vibração sexual tem sido a ligação com a vossa identidade cósmica, mas esse conceito global tem sido completamente incompreendido e perdido. Estamos informando que existe uma história muito maior e muito mais emocionante do que qualquer um ouse imaginar.
Existem pessoas que não querem entrar em sintonia com essas frequências, pois elas podem levá-los a áreas de liberação onde começam a compreender as coisas. A sexualidade foi-lhes deixada como frequência, onde vocês seguindo pelo sistema nervoso, podiam ligar-se à mente superior e sair do corpo. Se soubessem que esse era o caminho para fora, quem poderia tê-los controlado ou manipulado?
Precisam limpar a conotação negativa e os julgamentos que tingiram a vossa experiência sexual por eons. Precisam fazer as pazes com o sexo para integrar as frequências e a identidade. Houve tanta manipulação e limites tão estreitos foram estabelecidos, que a verdade da sexualidade foi escondida de vocês. Disseram-lhes que poderiam procriar e ter orgasmos, mas não lhes contaram que poderiam abrir frequências com ela. Podem contatá-la e usá-la como método para se lembra¬rem quem são e alterar a frequência vibratória do vosso corpo.

Nos próximos anos, a expressão da vossa sexualidade terá adquirido toda uma nova dimensão.
Irão evoluir e crescer se tiverem um companheiro que também queira seguir pela mesma estrada e estar tão aberto. Mas se estiverem com uma pessoa que queira jogar o jogo da abstinência ou da fuga, infelizmente, não chegarão lá.
(...)
BARBARA MARCINIAK

sábado, junho 26, 2010

A mulher já é portadora do mundo transcendental


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"O ser humano que não se liga a outro, não tem totalidade, pois esta só é alcançada pela alma, e esta, por sua vez, não pode existir sem o seu outro lado que sempre se encontra no “tu”. A totalidade consiste em uma combinação do eu e do tu, ambos se manifestando como partes de uma unidade transcendente, cuja natureza só pode ser apreendida, simbolicamente, como por exemplo pelo símbolo da rosa, da roda ou da “coniunctio solis et luna”. Sim os alquimistas chegaram até a dizer que o “corpus, anima et spiritus” (corpo alma e espírito) da substância arcana são todos três em uma e a mesma coisa, “pois todos vêm do Uno e com o Uno, o qual é a sua própria raiz. Um ser que é fundamento e origem de si mesmo não pode ser outra coisa senão a própria divindade...”
C.G.JUNG
O homem a mulher o casal alquímico
(...) no homem existe a vontade, vontade de se realizar e de fazer isso em contacto com a mulher. Enquanto a mulher tem em si a sabedoria, um tipo de sabedoria inata, um catalisador único da realização.
(...)
A mulher potencialmente está ligada ao conhecimento e à sabedoria que são duas forças complementares na grelha de base. A mulher realizada domina a dualidade e ajuda o homem a transcendê-la. Enquanto o homem tem acesso ao conhecimento que está no início de tudo e além disso tem a vontade.
(...)
A busca da verdade é também a busca do outro. Essa questão toca bem claramente o problema da dualidade masculino /feminino, dia/noite...Quando essa dualidade é dominada, leva a um outro nível de consciência, tal como a expressão na grelha integrada. A mulher - conhecimento/sabedoria - tem um substrato de facto, enquanto o homem precisa partir sem demora em busca de si mesmo. A mulher é para ele uma iniciação ao progresso, um catalisador de futuro. Nesse sentido a mulher parece Ter vantagem em relação ao homem.
(...)
Chegarei mesmo a dizer que, nessa evolução do conhecimento, a mulher leva vantagem, mas não tenho a certeza se ela sabe disso. Ainda mais que em ralação à situação actual ela se choca com o poder do homem. Sejamos claros: constitutivamente, não existem relações de superioridade ou inferioridade entre homem e mulher. Tudo depende do contexto sociocultural da época considerada cujas consequências extremas se manifestam nas sociedades do tipo patriarcal e matriarcal.
(...)
A mulher já é portadora do mundo transcendental - a Virgem Maria, Ísis, as Virgens negras. O homem, em contacto com a mulher, teria acesso ao germe da iluminação. E o casal alquímico exteriorizaria isso.

«««««««««««««««
O PAR ALQUÍMICO
- “Amo-te de tal forma que creio ter-te sonhado”
Essa atracção, que parece racionalmente inexplicável (...), envolve energias vibratórias de qualidades bem específicas. Assim, o ser amado nos é totalmente desconhecido, significando que não conhecemos nada de sua vida passada e no entanto temos a impressão de conhecê-lo desde a eternidade no sentindo em que o nosso duplo é antecipadamente o complementar seu. É nesse nível subtil que se faz a comunicação entre as energias vibratórias, de duplo a duplo.

O AMOR À PRIMEIRA VISTA?
Uma troca vibratória de tal modo intensa entre dois seres que transcende cada um deles. Nesses momentos privilegiados, sentimos uma energia muito especial invadir o nosso ser. Somos irradiados de luz, transformados. Quando dois tipos de energias vibratórias complementares se encontram, elas podem se fundir se não existir nenhum freio da parte de um dos dois protagonistas e um novo ser começa a emergir: o casal alquímico. É um momento inesquecível e não é possível falar de complementaridade strictu sensu: devemos invocar então uma verdadeira sinergia, que tem sua fonte nos espaços-tempos transcendentes, dando acesso, ao menos, ao menos transitoriamente, à eternidade. É condição necessária para que o germe do casal comece a crescer.
(...)
Quando falo de casal alquímico, é geralmente homem-mulher, mas, como esta é uma escala distanciada da sexualidade strictu sensu, é possível imaginar casais homem-homem ou mulher-mulher.
BUSCA DO ABSOLUTO
No verdadeiro casal alquímico, nenhum dos dois componentes se nutre da “substância” do outro, substância tomada no sentido mais nobre do termo. Existe um prodigioso crescimento qualitativo das energias vibratórias do conjunto homem e mulher.
(...)
EM BUSCA DA MULHER MÍTICA

 A satisfação das necessidades materiais mesmo não elementares não conduzirá nunca a progressos correspondentes da consciência. O inverso não é verdadeiro, ou seja, não é necessário privar as pessoas a todo o custo, fazê-las sofrer de qualquer modo, para as fazer evoluir, o que significaria que temos que adoptar um comportamento masoquista ou sádico.
De facto, penso que existe no casal alquímico uma dinâmica subtil. Pode ser que eu tenha acesso melhor ao meu duplo descobrindo-o no olhar do outro, o olhar do outro desempenhando o papel de espelho para ver a outra face de minha dupla alquímica, e reciprocamente. Estou interessado na busca do absoluto. Humanamente, eu só tinha três soluções. Seja a mulher mítica, seja todas as mulheres com os seus limites desesperantes, seja nenhuma, e minha liberdade estava condicionada pelos meios que eu utilizaria para descobrir essa mulher ideal. Para mim esse esforço e esse caminho de conhecimento são ligados ao sagrado, à busca da mulher mítica.
 
in O HOMEM ENTRE O CÉU E A TERRA -
De ETIENNE GUILLÉ

segunda-feira, junho 21, 2010

O CAMINHO DA DEUSA É INTERIOR


TESTEMUNHO DE UMA JOVEM MULHER

Eu sei que sou nova, mas já passei por muito em minha estrada espiritual.
Nunca me encaixei junto às outras meninas da minha turma quando estava no colégio jesuíta. Uma força magnética me puxava para algo diferente, então busquei essa coisa com todas as minhas forças e, pela mão da Mãe, encontrei o seu blog, que me dizia tudo o que eu precisava ler.

Seus textos foram a chave para uma transformação gigantesca em meu ser, a chave para a minha reconciliação com minha Outra parte. É fácil, numa sociedade machista, eu me flagrar tendo pensamentos ruins sobre mim mesma, como vergonha, medo, angústia, raiva, tudo porque tomei alguma atitude que me exclui do 'padrão de normalidade'. Mas então eu venho ao seu blog, leio textos maravilhosos, reflito sobre eles, acho a Verdade em mim mesma e uno novamente as polaridades que nunca deveriam ter sido separadas.

Antes eu sentia um vazio enorme, depressões terríveis, então descobri que o que faltava era metade da minha alma, do meu coração de mulher, a minha fêmea escondida, que hoje me guia ainda aos tropeços pelos caminhos que percorro.
Parabéns por esse blog lindo, pela sua consciência fantástica da realidade feminina e por, ao invés de se sentar e manter sua consciência para si, tentar dividi-la, semeá-la pelo mundo, ajudando cada mulher a se reconstruir de escombros que ensinamentos de uma sociedade que só visa o bem do masculino.

E muito obrigada por ajudar a fazer uma mudança tão grande em mim mesma e em muitas mulheres - mulheres estas que após mudadas, nunca mais serão as mesmas, e, aposto todas as minhas fichas nisso, vão fazer o mundo voltar a ser o que deveria ter sido desde o princípio.



Nota à Margem:

Deixei anónima a leitora que me testemunhou este sentimento tão verdadeiro e que me deixa a mim em estado de pura gratidão, aumentando a minha confiança quanto à valia do meu esforço em manter esta página viva durante mais de 10 anos...
Sim, não se trata de simplesmente falar de cor de coisas passadas, mitos e rituais sem vida, mas activar as memórias esquecidas no coração das mulheres a quem foi usurpado o SEU Dom da Vida e da Vidência, o dom do Amor verdadeiro e a sua LIGAÇÃO à Terra e ao Cosmos, a sua própria dignidade.
Que as meninas que me leram hoje e me acompanharam antes se transformem em mulheres plenas e conscientes de si e da Deusa no seu interior é o maior prémio que a vida me pode dar...

rlp

PISTAS NO CAMINHO...


OSÍRIS E ÍSIS

Quando Osíris é assassinado por seu irmão Seth seu corpo é desmembrado em 14 partes
, segundo a versão mais aceita do mito. Ísis, esposa de Osíris, sai em busca das partes do esposo na intenção mágica de fazer com que Osíris ressuscite, só que apenas 13 partes são recuperadas, menos o falo, que fica perdido.

O falo de Osíris não recuperado por Ísis é um símbolo do que estava por vir: uma profecia.

O falo de Osíris é o símbolo do princípio masculino perdido. Assim não é só o resgate do feminino que precisa ser feito hoje em dia, o masculino, o homem verdadeiro precisa ser recuperado, pois está castrado, destituído de poder em si.
No mito egípcio, Ísis é capaz de conceber mesmo sem o falo de Osíris mostrando que o princípio feminino é capaz de gerar por si mesmo. A partenogênese prova isso.

Osíris foi desmembrado (Olha o duplo sentido! Que Freud me desculpe, mas não parece que a inveja do pênis é uma coisa entre homens?) por Seth e reconstituído por Ísis e Néftis. O mito indica que o princípio feminino não só gera a vida, mas também é capaz de restabelecê-la e reorganizá-la.

Assim o mito revela seu caráter profético ao indicar a queda do masculino e ao mostrar como restabelecer o poder do masculino em nossa época: através do feminino.

No mito Ísis pede ajuda de sua irmã, Néftis. E Néftis é a esposa de Seth, portanto a sua contraparte feminina. Se foi Seth que matou e fragmentou Osíris, é Néftis que auxilia Ísis a recuperar o poder do marido morto.

Assim não podemos ver Seth como o mal, porque a sua contra-parte não o é.

Tenho visto análises do mito como se os deuses fossem expressões da mente humana e não forças impessoais da Natureza, assim nessas análises os deuses são cumulados com qualidades típicas de humanos (inveja, ira, luxúria, violência, etc) que incapazes de verem algo além de si mesmos tomam as forças impessoais da Natureza como se extensões suas fossem. Humanos...

Cada Deus ou Néter, como uma força impessoal da Natureza, cumpre uma função no mito.
Seth cumpre a função do destruidor, da morte.

Ísis cumpre a função da vida, da restauradora.

E Néftis media entre um e outro ficando no limite entre a vida e a morte, pois ela é esposa de Seth e irmã de Ísis.

Ver Seth como o mal é separar e fragmentar o entendimento do mito, pois não há o mal absoluto, se assim fosse Seth não teria nascido da mesma fonte dos outros Néteres.

Ver Seth como o mal é alijar a força da morte do processo da vida. E tal não pode ser feito porque a vida é o caminho onde a morte nos desafia, permitindo-nos a renovação.

O processo de demonização de diferentes mitos tem como objetivo o controle mágico, ideológico e religioso, pois o mal torna-se sempre o outro, o outro culto, o outro deus, o adversário.

Isso ocorre com Seth, com Exu e com Pã ao serem identificados com o diabo cristão. Não é deus uma invenção do homem dito civilizado e sim o diabo, pois expressão de seu próprio ego auto-importante e fragmentado. Não há conceito de diabo ou mal personificado nas tradições em harmonia com a Terra. O diabo nasce da desarmonia do homem com a própria Terra da qual é fonte.

Seth, Pã e Exu personificam forças que lidam diretamente com esse mundo, com essa realidade. Uma elite mística, religiosa e mágica identificou esses mitos com o mal apenas para que as massas ficassem alijadas do uso de tal poder enquanto eles mesmos executavam e executam ritos de magia com tais poderes. Um ponto cantado tradicional de Umbanda diz que "na batina do padre tem dendê", indicando como os antigos xamãs afro-brasileiros percebiam as manobras ocultas dos curas católicos. Vemos os padres vestidos de preto e vermelho, em especial os cardeais. Dizem que a própria Igreja Universal que persegue os cultos afro-brasileiros celebra em segredo os mesmos, basta para isso ver que adotam formas e práticas algo disfarçadas muito semelhantes em várias ocasiões. Eles usam essa vibração e conquistam posições no mundo material e alijam a massa de tal força.
Osíris e Seth são dois aspectos da mesma força. “Osíris é um deus negro”.

Há um ponto na Umbanda que revela a seu modo, sob a linguagem sincrética e misturada, o fato de Osíris ser um deus negro.

Exu que tem duas cabeças
Mas ele olha a sua banda com fé
Se uma é Satanás no inferno
A outra é de Jesus Nazaré.

É claro que tal ponto arrepia até a alma aqueles que não têm a compreensão da Unidade.

Alguns ouvirão no fundo da mente o coro inquisidor gritar: - Blasfémia, heresia!

Mas a maior blasfémia é a heresia da separatividade.
Quando separamos essas forças uma fragmentação ocorre e perdemos a conexão com o princípio masculino que fica em desequilíbrio.
Esse desequilíbrio tem dois pólos:

Osíris morto representa a espiritualidade morta e Seth assassino é a sexualidade exacerbada e descontrolada porque destituída de espírito. Sim, podemos ver Osíris como o espírito em nós e Seth como a sexualidade em nós, dois aspectos de uma mesma força. O mito mostra isso pois o falo é a única parte não recuperada do corpo de Osíris, pois ele pertence na verdade a Seth, que como Exu, é uma entidade fálica.

Assim recuperar a sexualidade sagrada é reconciliar Osíris e Seth, permitindo a ressurreição de um homem verdadeiro, capaz de honrar o feminino, a Deusa e a mulher porque integra em si o desejo sexual e espiritual. A sexualidade sagrada é uma relação entre o masculino e o feminino, que não pode ocorrer se o homem mantém-se fragmentado. Um homem fragmentado torna-se um padre ou um monge que odeia o feminino porque vê na mulher a imagem do pecado e da tentação ou um machista que tenta se impor pela agressividade, pela violência, pelo dinheiro, pelo poder que ostenta de diferentes formas, que vão de um carrão até a construção de monumentos como obeliscos gigantescos imitando um poder que não possui em si e que vê na mulher um objeto de consumo.

Há no machista e no monge que nega a si mesmo uma espécie de raiva da mulher, porque há uma inveja de seu enorme poder sexual e capacidade multi-orgástica. Essa inveja fez com que nossa cultura limitasse o poder do feminino em dois estereótipos: a virgem mãe e a prostituta arrependida. São tentativas desesperadas do macho fragmentado de tentar controlar a fêmea porque incapaz de fazer frente, pelo auto-domínio, ao poder sexual da mulher, ainda mais da mulher plena.

As 13 partes de Osíris recuperadas nos indicam o arcano 13, a morte do Tarot. A 14ª parte indica, se recuperada, a possibilidade de uma transição para uma era de regeneração, 14 é o número do Tarot para a Temperança, que tem óbvias semelhanças com Aquário, signo da nova era, regido por Urano, regente no corpo humano das glândulas sexuais, onde está a força do espírito, a força feminina e regeneradora, a Energia Criadora, Shakti, Kundalini, Néftis, a Ísis velada e oculta em nosso corpo. No arcano 14 do Tarot vemos um anjo hermafrodita, símbolo da harmonia e da reconciliação do feminino e do masculino.
Assim cada homem é um Osíris assassinado que pode recuperar-se ao juntar em si o poder de Seth, sexualidade e o poder de Osíris, o espírito, por intermédio do feminino: Néftis como o poder oculto de Kundalini e Ísis como esse mesmo poder revelado e restaurado em nosso corpo, a serpente expressa pelo terceiro-olho dos iniciados egípicios.
Para tal Osíris – o homem - e Ísis – a mulher - devem celebrar o casamento mágico e alquímico.

obs: texto em construção - F.A.
in pistas do caminho
-->http://pistasdocaminho.blogspot.com/ *

Agradeço a F.A. a sua lucidez e consciência e espero que ele não se importe que publique o seu texto em construção na íntegra. Mulheres E Deusas abençoa os homens lúcidos e que percorrem o Caminho de retorno à origem sagrada!
rlp

sábado, junho 19, 2010

OS HOMENS PRIMITIVOS


UMA NOTA À PARTE:

Acabei de ver que tinha pelo menos dois indivíduos religiosos, supostamente cristãos, e certamente fanáticos que se tornaram seguidores de Mulheres & Deusas...
Sem dúvida que é um engano pernicioso para nós porque este blogue é assumidamente pagão e anticlerical e adverso a todas as seitas e crenças e elege a Mulher e a Deusa em contracorrente com todas as seitas e religiões que depreciam a Mulher...

Não entendo esta ligação e por isso sou obrigada a preservar o meu espaço da sua depredação e pregação fanática e obscura que para mim nada tem a ver com o Princípio Crístico nem com o papel do Mestre que esteve muito para além do que os seus seguidores fanáticos e as suas seitas aberrantes e as Igrejas fizeram do Homem e da sua Palavra.


Cristo, pelos seus evangelhos, respeitou e amou as mulheres e veio unir os Princípios feminino e masculino mas a Igreja de Roma encarregou-se de destruir esse propósito, ao considerar a mulher pecadora e passou a fomentar uma religião misógina que prega contra a liberdade e integridade da mulher original.

Deste modo e com muita pena minha volto a retirar o quadro dos seguidores da minha página.
Há sempre esse seres primitivos que se colam no intuito de "salvar" as mulheres pobres pecadoras...esses eu abomino!
Esses são o oposto dos Cavaleiros da Dama...
são as bestas negras do Apocalipse...


“SOU, CADA DIA, UM HOMEM MELHOR E MAIS PURO PORQUE SIRVO A DAMA MAIS NOBRE DO MUNDO E ADORO-A, DIGO-VO-LO EM VOZ BEM ALTA”

CANÇÃO DO SEC. XII do poeta Arnaut Daniel


“Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.

(...)

O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu, descobrir o famoso véu de Ísis.”*

*Jean Markale


"A CRUCIFICAÇÃO DA DEUSA - A ANULAÇÃO DAS CONVICÇÕES DOS VALORES FEMININOS- É O MAIOR DOS NOSSOS E MAIS PENOSOS DRAMAS. MAS A CRUCIFICAÇÃO É APENAS UM PRELÚDIO DA RESSURREIÇÃO DA DEUSA."

Excertos de O VALOR DE UMA MULHER - marianne williamson


EVOCANDO SARAMAGO...


O EVANGELHO segundo SARAMAGO…

FALA MARIA MADALENA:

"De mim se há-de dizer que depois da morte de Jesus me arrependi do que chamavam os meus infames pecados de prostituta e me converti em penitente até ao fim da vida, e isso não é verdade. Subiram-me despida aos altares, coberta unicamente pela cabeleira que me desce até aos joelhos, com os seios murchos e a boca desdentada, e se é certo que os anos acabaram por ressequir a lisa tesura da minha pele, isso só sucedeu porque neste mundo nada pode prevalecer contra o tempo, não porque eu tivesse desprezado e ofendido o mesmo corpo que Jesus desejou e possuiu. Quem aquelas falsidades vier a dizer de mim nada sabe de amor.

Deixei de ser prostituta no dia em que Jesus entrou na minha casa trazendo-me a ferida do seu pé para que eu a curasse, mas dessas obras humanas a que chamam pecados de luxúria não teria eu que me arrepender se foi como prostituta que o meu amado me conheceu e, tendo provado o meu corpo e sabido de que vivia, não me virou as costas. Quando diantes de todos os discípulos Jesus me beijava uma e muitas vezes, eles perguntaram-lhe porque me queria mais a mim que a eles, e Jesus respondeu: "A que se deve que eu não vos queira tanto como a ela?" Eles não souberam que dizer porque nunca seriam capazes de amar Jesus com o mesmo absoluto amor com que eu o amava. Depois de Lázaro ter morrido, o desgosto e a tristeza de Jesus foram tais que, uma noite, debaixo do lençol que tapava a nossa nudez, eu lhe disse: "Não posso alcançar-te onde estás porque te fechaste atrás de uma porta que não é para forças humanas", e ele disse, queixa e gemido de animal que se escondeu para sofrer: "Ainda que não possas entrar, não te afastes de mim, tem-me sempre estendida a tua mão mesmo quando não puderes ver-me, se não o fizeres esquecer-me-ei da vida, ou ela me esquecerá." E quando, alguns dias passados, Jesus foi reunir-se com os discípulos, eu, que caminhava a seu lado, disse-lhe: "Olharei a tua sombra se não quiseres que te olhe a ti", e ele respondeu:

"Quero estar onde estiver a minha sombra se lá é que estiverem os teus olhos."
Amávamo-nos e dizíamos palavras como estas, não apenas por serem belas e verdadeiras, se é possível serem uma coisa e outra ao mesmo tempo, mas porque pressentíamos que o tempo das sombras estava a chegar e era preciso que começássemos a acostumar-nos, ainda juntos, à escuridão da ausência definitiva. Vi Jesus ressuscitado e no primeiro momento julguei que aquele homem era o cuidador do jardim onde o túmulo se encontrava, mas hoje sei que não o verei nunca dos altares onde me puseram, por mais altos que eles sejam, por mais perto do céu que alcancem, por mais adornados de flores e olorosos de perfumes. A morte não foi o que nos separou, separou-nos para todo o sempre a eternidade. Naquele tempo, abraçados um ao outro, unidas pelo espírito e pela carne as nossas bocas, nem Jesus era então o que dele se proclamava, nem eu era o que de mim se escarnecia. Jesus, comigo, não foi o Filho de Deus, e eu, com ele, não fui a prostituta Maria de Magdala, fomos unicamente aquele homem e esta mulher, ambos estremecidos de amor e a quem o mundo rodeava como um abutre babado de sangue. Disseram alguns que Jesus havia expulsado sete demónios das minhas entranhas, mas também isso não é verdade. O que Jesus fez, sim, foi despertar os sete anjos que dentro da minha alma dormiam à espera de que ele me viesse pedir socorro: "Ajuda-me." Foram os anjos que lhe curaram o pé, eles foram os que me guiaram as mãos trementes e limparam o pus da ferida, foram os que me puseram nos lábios a pergunta sem a qual Jesus não poderia ajudar-me a mim: "Sabes quem eu sou, o que faço, de que vivo", e ele respondeu: "Sei", "Não tiveste que olhar e ficaste a saber tudo", disse eu, e ele respondeu: "Não sei nada", e eu insisti: "Que sou prostituta", "Isso sei", "Que me deito com homens por dinheiro", "Sim", "Então sabes tudo de mim" e ele, com voz tranquila, como a lisa superfície de um lago murmurando, disse: "Sei só isso." Então, eu ainda ignorava que ele fosse o filho de Deus, nem sequer imaginava que Deus quisesse ter um filho, mas, nesse instante, com a luz deslumbrante do entendimento pelo espírito, percebi que somente um verdadeiro Filho do Homem poderia ter pronunciado aquelas três palavras simples: "Sei só isso." Ficámos a olhar um para o outro, nem tínhamos dado por que os anjos se tinham retirado já, e a partir dessa hora, pela palavra e pelo silêncio, pela noite e pelo dia, pelo sol e pela lua, pela presença e pela ausência, comecei a dizer a Jesus quem eu era, e ainda me faltava muito para chegar ao fundo de mim mesma quando o mataram. Sou Maria de Magdala e amei. Não há mais nada para dizer.


http://caderno.josesaramago.org/


Haveria muito mais a dizer...

Que Maria de Magdala não era uma prostituta OU NINGUÉM sabe ao certo quem ela era ...não porque isso seja bom ou mau, mas porque esse é um conceito posterior ao paganismo e que ganhou uma acepção pejorativa: tornou-se num anátema difundido e enraizado pela tradição católica romana e pela cultura patrista através de SÉCULOS DE INFORMAÇÃO DETURPADA com o intuito de denegrir a Mulher
e Deusa, tirando-lhe o poder do seu sacerdócio.

Maria de Magdala – havia um Templo da Grande Mãe em Magdala - poderia ser uma das últimas sacerdotisas da Grande Deusa, uma iniciadora do seu amor e se iniciava os homens não era por dinheiro, nem se vendia como diz o texto romanceado do autor, que segue à risca a informação do catolicismo; no culto da Deusa faziam-se oferendas nos seus altares, mas por amor à Deusa do Amor. Foi essa cerimónia de iniciação do homem e de revelação da Deusa e a dimensão sagrada do sexo que se tornou num acto vil pelo servilismo ao deus pai da Igreja de Roma...

Se Jesus foi ou não iniciado aos Mistérios da Mãe e da Mulher é coisa que a Igreja de Roma escondeu piamente, excluindo evangelhos e corrigindo outros na missão de excomungar a Mulher, condenando-a num concílio a pecadora, descrita e pintada como penitente por pintores famosos, embora na realidade ela fosse a iniciadora, e neste caso talvez fosse ela a discípula dilecta do Mestre ou até mesmo sua mulher.

José Saramago é um agnóstico, humanista, fiel à doutrina comunista, ao Marxismo Leninismo e por isso não tem acesso ao paganismo nem o aceitaria como realidade histórica, nem pode dar crédito aos Mistérios Eleusianos, que se baseavam no culto da Grande Deusa, protagonizados pela Mãe e a Filha e que perdurou na Grécia durante mais de 2 mil anos antes de Cristo, porque o consideraria não sacrilégio, mas meramente mitológico...

O pensamento marxista por muito humanista que seja e no caso do escritor é-o de certeza, torna-se sempre redutor quando de algum modo não abrage nem sequer admite a transcendência humana…e mais ainda os Mistérios. O marxismo nega a primazia do espírito e deus...No entanto Saramago interessa-me por figuras bíblicas e num dos seus últimos liv
ros, Caim, ele aborda personagem ainda mais polémicas e ignoradas da história católica como é o caso de Lilith, por suposto a primeira mulher de Adão que antes de Eva já foi condenada a demónio e aos infernos no Zoar por não se submeter ao homem...

Todavia, esta não é uma questão de mitos nem de fé nem de crenças, mas uma questão de consciência da Consciência, um conhecimento alargado que não é intelectual, um conhecimento antropológico e ontológico, baseado na abertura do coração…uma inteligência-sensibilidade que não é apanágio dos homens pois é precisa uma grande intuição, uma grande Alma que toque o além, que se abra ao infinito que é a vida para lá da mente pequena e medrosa dos homens e da sua razão tão tão rasa. Mas ainda bem que não é crente, porque ao menos consegue pensar livremente!


RLP

Este texto foi escrito há já algum tempo. Saramago faleceu ontem...
Espero que neste momento
a sua alma tenha entrado em contacto com uma dimensão superior e faça a viagem do espírito de volta à Origem em paz e amor.
Neste momento talvez ele já compreenda quais os limites que este cérebro nos impõe, esta visão quadrada da existência...e esteja onde estiver a rir-se das nossas precariedades sociais e intrigas políticas.

sexta-feira, junho 18, 2010

PORQUE?


Shirlei deixou um novo comentário na sua mensagem "PORQUÊ?":

Oi Rosa! Pela primeira vez visitei hoje o teu blog, as suas mensagens mexeram comigo. O seu comentário também mexeu comigo. É muito interessante a observação, já que muitas são as visitas indicando apreciação, então onde estão os comentários?

Onde estão as várias palavras caladas de todos o que visitam?

Uma outra mensagem sua vai remexer meus pensamentos e sentimentos, lá você comenta sobre a necessidade das mulheres se conectarem o mais rapidamente com o seu universo interno e externo totalmente feminino; eu a muito tempo venho me degladiando com essa fêmea, e por vezes desejei não sê-la, simplesmente por ser tão submissa; sou jovem e confesso, faz muito pouco tempo mesmo que comecei a despertar! É por isso que a tua mensagem belíssima ou melhor, o teu blog belíssimo dedicado somente à mulheres e deusas. Eu me perguntei: onde estão as deusas? Será que uma adormeceu dentro de mim?! Rosa com varinha de condão tocou algo em mim... preciso atentar-me e descobrir logo, sinto que me fará muito bem.
Que o poder das Deusas te abençoe, e que escreva muito mais com o coração para despertar outras como eu - dorminhocas!

Abraços carinhosos, Shirlei.
baratinhapx@gmail.com

OBRIGADA SHIRLEI POR DEIXAR O SEU COMENTÁRIO...
Espero que não se importe que o tenha publicado! Abraço rl

ABUSCA DE IDENTIDADE FEMININA


"A mulher busca a sua identidade (...) mas o referencial interno, que é a sua própria terra psíquica, é negado. Ao fazer a substituição do seu ego feminino pelo ego masculino, fica desorientada e esquece que possui como potencialidades dentro de si mesma um princípio masculino que a pode ajudar"

"Na ansiedade de ser aceite socialmente, ela recusou a vivência dos princípios femininos, vistos como qualidades secundárias e inferiores, embora necessárias. "

"Pelo não reconhecimento da sua feminilidade (essencial) a mulher se afirma, como indivíduo, muito timidamente diante diante do homem. Ela procura vestir a máscara da objectividade masculina para ser aceite no seu mundo. E ele se impõe prepotentemente diante dela , exibindo a sua luz solar"


in O casamento do Sol e da Lua - Raissa Calvacanti

quinta-feira, junho 17, 2010

Ousar ser e escrever mulher ...



Epifania

“Olho para mim e vejo apenas amor.
Não imagino para habitação do corpo
Outra consciência
Senão a das coisas que são fontes”…

in Magna Mater - de Rosa Maria Oliveira


ESCREVER MULHER...


Há já algum tempo uma amiga contava-me que tinha estado com uma amiga sua, que eu também conheci, uma professora penitente e intelectual, mulher culta e esforçada que se esfarrapa nas lidas académicas e doutorais, sempre frustrada e a reclamar de não atingir o cume da carreira e por não lhe reconhecerem os méritos... a quem ela disse que eu tinha acabado de publicar o meu novo livro, Mulheres & Deusas ao que ela, com um ar constrangido e de uma censura contida, senão de quase desprezo, perguntou-lhe se eu era aquela fulana que tinha escrito um livro de poemas dedicado a mulheres...e deusas...

E de facto eu pensei que era uma blasfémia, que era um arrojo uma mulher escrever poemas de amor e de adoração à Mulher e à Deusa Mãe...que obsceno uma mulher evocar o corpo sagrado da mulher quando ele é tão desprezado pelas próprias, usadas como parideiras ou como caixotes de lixo do esperma e da raiva, da frustração e do ódio do homem, a sede de doenças venéreas e da sida.

Sim que aberração trair a cultura do macho e o falo logo existo das mulheres pensadeiras e amar as mulheres na sua essência e cantar a beleza à flor da pele...que aberração querer acordar as mulheres cuja alma está doente e adormecida e que ou é frígida ou ressabiada e odeia as outras mulheres, eternamente frustradas pelo abandono do homem, violentadas, divorciadas e abandonadas pelo senhor marido - seria o caso - de quem são pouco mais do que escravas...as cativas do pensamento cartesiano...dos seus doutos mestres.

Elas são as devotas dos homens e dos fabricantes de palavras sem alma...das construções estéreis de palavras sem sentido e sem amor...elas são as fiéis servidoras do patriarcalismo.
Estas mulheres intelectuais, incapazes de se amarem a si mesmas ou sentir outra mulher, em competição permanente com "a outra", meias histéricas e devoradoras de uma ideia de prazer fictício...são mulheres incapazes de chegar ao seu próprio centro, ao âmago do seu ser que é o seu coração e o útero de toda a mulher...são incapazes da Palavra profética, vinda da alma...são incapazes do grito selvagem que nasce das suas entranhas...
Pensei, sim, como é que eu ousei escrever poemas de amor da mulher e cantar o seu dom e ver a mulher como um ser sublime...

Ah! Sim, que blasfémia!
Ousar ser e dizer a mulher integral a mulher de corpo alma e espírito!

Cantar a Mulher, o corpo e a alma da mulher, o sexo e o sangue da mulher...sem se ser logo apedrejada e confundida com uma espécie de pecadora (invertida?), sem que a anátema não cai logo e o exílio seja o único destino da poesia verdadeira, a poesia que canta a mulher e a musa, a poesia que canta a deusa como fonte do saber e do conhecimento, da vida e da morte...


A poesia que os homens já não cantam...porque os homens já não cantam a Dama a Rainha nem a mulher ou a Musa... Não, eles hoje só cantam o seu triste falo e o seu umbigo, o seu deserto falocrático onde estão perdidos e por isso resvalam sempre para o seu ódio inconsciente à mulher e à Mãe...pelo domínio económico e na violência doméstica, na violência e manipulação psicológica...subvertendo tudo.
Escrevem aquela poesia rebuscada e complexa, árida, a e vazia que nada tem a ver com a Vida nem com a natureza e os sentidos, com o fulgor da Terra e a loucura das esferas em que eles rodopiam quando nos braços da Mulher e da Deusa Mãe...e eram iniciados aos mais altos mistérios...

rosaleonorpedro

TODA A MULHER TEM UM DESEJO DE (SER) MULHER

”Ela tem um desejo de mulher. Desejo de quê? Mas do Todo, do Grande Todo Universal.
(…)
A este desejo imenso, profundo, vasto como o mar, ela sucumbe, e deixa-se nele adormecer. Neste momento, sem lembranças, sem ódios nem pensamentos de vingança, inocente apesar de tudo, ela adormece na planície, confiante e entregue tal como a ovelha ou a pomba, descontraída e aberta, e se ouso dizer, apaixonada.
Ela dormiu e sonhou…o mais belo sonho. E como dize-lo? É que o monstro maravilhoso da vida universal, estava nela contido; e para lá da vida e da morte, tudo se mantinha no seu ventre e que ao fim de tantas dores ela deu à Luz a Natureza” *

* in AS FEITICEIRAS - J. Michelet

terça-feira, junho 15, 2010

SALVAR GAIA, A NOSSA MÃE TERRA




AINDA QUE...

"No nível mais profundo da psiquê, continuamos vinculados com a Mãe-Terra, que nos trouxe à vida e nos alimenta. A conexão entre o eu profundo e o mundo natural foi denominado de inconsciente ecológico, que estaria um passo além do inconsciente colectivo junguiano. Um espaço/tempo onde Psiquê encontra Gaia.

Quando o movimento feminino e o movimento ecológico se encontram, surge o Ecofeminismo, que busca uma nova visão de mundo, com ênfase nas transformações dinâmicas, nos processos cíclicos e na interrelação de todos os seres. Intimamente ligado a uma espiritualidade feminina, recupera o mundo natural como sagrado - matéria imbuída de espírito - revalorizando o corpo e suas funções, incluindo a sexualidade, o nascimento, o envelhecimento, a morte.

A espiritualidade feminina recupera a concepção da Deusa, entendida como esta totalidade que nos engloba a todos: mulheres, homens, plantas, animais, minerais. Ela é o próprio mundo e o princípio de vida que pulsa em cada ser criado. Ela é o ecosistema.

O que se busca é uma nova identidade humana, uma inteireza que inclua além da racionalidade, da auto-confiança e do poder do intelecto, os aspectos intuitivos, compassivos e o poder de cura de cada pessoa. Uma identidade humana que nos inclua, de modo consciente, na natureza sagrada de todos os seres na Terra.

Precisamos nos conscientizar que somos feitos dos mesmos elementos que constituem toda manifestação: terra, água, ar e fogo.

Nós somos parte - e apenas uma - do ecosistema!"

(in “Caldeirão da Bruxa)



SÓ UMA ESPIRITUALIDADE FEMININA que passa obrigatoriamente pela integração das "duas" mulheres cindidas pelo patriarcado ou seja, entre dois aspectos de si mesma, embora com conotações e funções diferentes, de acordo com os conceitos da Igreja de Roma (que inverteu o sentido do Amor-roma) e que dividiu basicamente a mulher entre a "santa e a p..." no mundo ocidental, pode dar a Dimensão do verdadeiro feminino.
Este aspecto pouco perceptível ao nível da nossa cultura em geral é um aspecto dissimulado e escamoteado pelas próprias mulheres e poucas se dão conta do drama que encerra essa divisão do Ser mulher, essa cisão vivida no seu âmago.

Este é o drama essencial das mulheres no mundo. Mas ele é vivido não só na nossa sociedade liberal como o é hoje a sociedade ocidental católica e protestante, mas também nas sociedades orientais, nomeadamente a muçulmana, embora com conotações e preconceitos diferentes, (outros profetas mas todos contra a mulher), com repercussões e repressão mais drásticas sem dúvida, mas mesmo assim, no fundo, em todas as religiões as mulheres são limitadas a padrões de comportamento de acordo com os "estatutos" atribuídos pela norma social e religiosa. Numa sociedade, a ocidental, mais permissiva, a mulher é despida e serve de objecto sexual podendo sofrer agravos de ordem moral e psicológica enquanto a mulher oriental é espancada ou morta por infringir a lei dos homens, vive fechada e anda toda tapada na rua...

Não é difícil compreender que existem esses dois padrões de mulheres na base de todos os estereótipos associados às mulheres no mundo inteiro. Só não os vemos porque estamos cegas pelo hábito da repressão e pela alienação em que vivemos. Mas eles são velhos como o tempo... vivemos sempre de mulheres livres a escravas, de esposas a concubinas, de mulheres a amantes, de senhoras a prostitutas, elas são sempre de duas espécies...até aos nossos dias.

Essas duas espécies de mulheres são na realidade o resultado da divisão que a sociedade representa como natural para os dois tipos de mulheres que nos habituamos a encarar com "normalidade" e que são, digamos assim, a "mulher séria" e a "mulher fácil", a esposa e a prostituta...sempre designadas por um valor sexual, sofrendo sempre a mesma humilhação entre muitas designações pejorativas e outros epítetos que servem para distinguir essas qualidades ou defeitos que a sociedade machista e misógina atribui à mulher à partida e que nada tem a ver com os valores que se atribuem aos homens como qualidades e defeitos, tais como a honestidade ou a valentia ou a nobreza de carácter...

As mulheres pertencem sempre a esses dois padrões e só depois lhes são atribuídas as qualidades "morais"...

Independentemente disso temos sempre uma mulher desabitada de um fundo próprio, privada da sua totalidade, obrigada a viver ora como objecto sexual ora reprodutor, educada e preparada sempre para servir o homem e a sociedade sem ter em conta a sua pessoa, a sua intimidade - pois os seus interesses são sempre em função do homem ou dos filhos - e a sua verdadeira natureza de Mulher Essencial. Mesmo a sua sexualidade raramente é sua mas a resposta ao prazer do homem e não seu...

A mulher, apesar de forma diferente talvez, é ainda hoje totalmente sacrificada à ditadura da "beleza" ou aos ideais de uma beleza masculina para consumo do homem e dos seus interesses e tem de corresponder sempre aos seus estereótipos. Ela veste-se, pinta-se, faz dietas, opera-se e mutila-se para agradar ao homem.

Destituída do seu valor próprio e da sua integridade a mulher habituou-se a corresponder a esses padrões sem conseguir articular um pensamento próprio ou ter capacidade para se insurgir e colocar-se acima deles...mesmo as mulheres mais inteligentes e capacitadas intelectualmente não conseguem enxergar que partem de uma condição de sujeição a esses padrões e que lutam dentro do quadro social e psicológico em que foram aprisionadas há séculos e por isso não saem deles senão a muito custo. Por essa mesma razão acham legítimo serem cartazes de pornografia e anúncios que as aviltam e sentem-se livres por posarem nuas para a playboy e agradar aos rapazes...elas já nem percebem o grau de degradação que vivem em nome de uma pseudoliberdade que a sociedade de consumo hoje lhes aponta como alternativa.

Por tudo isso não vêm que a Natureza da Mulher se encontra cindida em duas e que foi fracturada tanto na sua psique como na sua alma e mesmo no seu corpo, e assim limitam-se a viver e sofrer as consequências de uma divisão profunda que se deu num dado momento histórico e que progressivamente esqueceram o seu dom de iniciadoras da vida: assim esqueceram a
sua ligação com a Natureza, aliadas naturais que eram das forças vivas da Natureza e dos animais enquanto sacerdotisas ou representante da Grande Deusa Mãe. Foram contaminadas e feitas prisioneiras das sociedades patriarcais que inicialmente destruíram os elos e ritos que mantinham a coesão da vida das mulheres ao reprimirem o seu lado instintivo e intuitivo. Os homens separaram a natureza instintiva e sensual da mulher para eleger uma mulher social reprimida, escrava, castrada e frígida que os serviu durante milénios para gerar filhos escravos.

Enquanto a Mulher não integrar essa parte essencial de si mesma
,
reflectida na sua Sombra ou na "outra" que foi ensinada a temer, ela não poderá chegar a esse nível profundo da sua psique...nem voltar a ligar-se à Natureza e salvar Gaia de uma destruição iminente.

Enquanto a mulher não fizer a ligação dessas partes de si cindidas não poderá afirmar-se no seu real valor e ter o seu verdadeiro lugar na sociedade e no mundo. Apesar das mulheres terem cada vez mais lugares de destaque e de liderança, admitamos isso, a sua força não lhes vem de um Verdadeiro Feminino Integrado, mas de um simulacro que ela vive dentro da Ordem Masculina, em que impera a força da violência, a diferença social entre os seres e a guerra como monopólio da terra.
rosaleonorpedro