O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, novembro 15, 2010

OS LOGROS DO INTELECTO


EXCERTO DE MENSAGEM QUE RECEBI DE UMA SENHORA MINHA DESCONHECIDA E QUE RESPONDEU A UM POBRE DIÁLOGO ENTRE MIM E UMA CONHECIDA, SOBRE FEMINISMO…NO FACEBOOK!(…) uma declaração de princípios ou mundividências seria exigível da parte de quem se considera visionária e mística, e adere a conceitos como Ontologia e Sagrado. Porque englobar estes conceitos na discussão, desde os tempos mais arcaicos, levar-nos-ia longe, pois seria necessário entrar em linha de conta com os contextos pré-históricos que, até por falta de documentação credível, se tornam difusos e difíceis de garantir como mais-valias para o Feminino. Tenho uma vasta biblioteca sobre o tema, mas é preciso separar as águas e olhar para a entidade bio-psico-social que pertence ao género feminino. Entendo esse maravilhamento com o sagrado e com os "poderes" das deusas primitivas, muito característico dos grupos sociais que têm falta de auto-estima e que precisam de afirmar a sua superioridade, caso da "negritude", conceito criado por Leopod Sengor que também pretendia dar um cunho especial e nobilitar a raça negra. Além disso, o poder feminino "sagrado", via ontologia metafísica, é glosado por todas as grandes teóricas do feminismo e do pós-feminismo (Simone de Beauvoir, Benoîte Groult, Germaine Greer, Betty Friedan, Francoise Heritier, etc.) como advento da consciencialização de género. O que não se pode é ficar por aí, num encantamento inócuo e ineficaz. (…)



A MINHA RESPOSTA SEM RESPOSTA,
INÓCUA E INEFICAZ, MAS ENCANTADA…

(…)

Tenho, há mais de 12 anos, um Blog: MULHERES & DEUSAS (e um livro com o mesmo nome e mais dois livros de poesia, por assim dizer, Mulher Incesto e Antes do Verbo era o Útero editados resp. em 1996 e 2003) que não deve conhecer, pois sou e estou fora de qualquer contexto intelectual ou literário; pesquisei segundo o meu próprio discernimento pessoal ao longo de toda a minha vida, tudo o que me foi possível apreender mentalmente e depois dei “o salto”… embora confesse que não fui nem sou uma rigorosa estudiosa do assunto (segundo as cânones) e portanto, como deve calcular, não lhe darei qualquer documentação credível...nem testemunho plausível, nem farei qualquer discurso “coerente e razoável”, por isso disse que era visionária e selvagem à minha maneira e prezo muito isso…
“Sou Pagã e anarquista com uma pantera que se preza” (F.E.)

Não tenho uma vasta biblioteca nem qualquer formação académica, nem considero demais nem de menos as grandes pensadoras do feminino, todas as que me citou, sejam elas feministas ou não, nem considero POR AÍ ALÉM os cientistas ou escritores badalados.

Li o “Erro de Descartes” de Damásio, mas para mim os cientistas estão muito longe do conhecimento interior, digamos, e desde que ele afirmou sobre o seu último livro e últimas pesquisas… que a alma é uma ilusão do cérebro, nunca mais poderá evidentemente ter o meu crédito. Veja lá como as coisas são…

Creio acima de tudo na ALMA, na vivência interna, na espontaneidade do ser e não no conhecimento instituído ou intelectual. Ligo-me a um SABER interno como essência, acredito que temos 12 sentidos e não 5…) e não estou nada interessada hoje (com 64 anos) no que pensam ou dizem os milhões de autores, os mais eruditos, sobre o assunto. O que eu sinto e penso basta-me. E isso devo-o ao facto de ter nascido MULHER.
Sou autodidacta e livre pensadora mas sou sobretudo livre do jugo da racionalidade, do conceito, da razão, da sua lógica que faz a diferença entre o que é consensual e o que não é. Eu não o sou. Não pertenço a nada e estou sozinha no meu caminho e nem defendo as minhas ideias ou o meu saber. Apenas ESCREVO. E quem sentir como eu sente. E é assim que sinto quem eu sinto e é assim sinto a MULHER -mulher.

Falo de um despertar-revelação interior da Mulher, principalmente na Menopausa, em termos de essência, de uma revelação luminosa, da sua intuição pura aliada a um discernimento também interior, baseada na sua experiência de vida, e não de um saber teórico, instituído ou consentâneo. Sou uma adepta dos Mistérios Antigos e aí ninguém pode racionalizar os temas ou pôr ordem mental nas questões, discutir princípios etc.. É pelo coração que falo e não de cor…porque li ou estudei… (sabendo que par coeur seria o saber mesmo do coração e não o saber mental como hoje sabemos as coisas sem relação com as emoções ou o sentimento nem com o Ser Real…)

Acredito no Conhecimento inato. Na Inteligência do Coração (a verdadeira e única Inteligência segundo os egípcios…)
A senhora deve pensar claro que a revelação, os sonhos, a meditação e a intuição, a visão (o espírito de síntese), são uma doença psicológica ou ainda histerismo ou neurose …coisa de mitos ou falta de auto-estima de grupos minoritários…ou um modismo estilo “nova era”…Pois não sei, nem me interessa. Isso é consigo. Por mim, estou, na medida do possível, fora do Sistema e nem quero fazer parte integrante dele como mulher... por isso me demarco desde há muito tempo.


Do livro OS MISTÉRIOS DA MULHER de M. ESTHER HARDING cito para finalizar:

"Não raramente ouvimos a informação de que não há nenhuma diferença essencial entre homens e mulheres, excepto a diferença biológica. Muitas mulheres têm aceite esse ponto de vista e têm feito muito para alimentá-lo. Têm se sentido contentes em serem homens de sais e assim perderam o contacto com o princípio feminino dentro delas mesmas. Essa talvez seja a causa principal da infelicidade e instabilidade emocional hoje em dia. Ora, se a mulher está fora de contacto com o seu princípio feminino, que dita as leis da integração, não pode assumir o comando do que é, afinal de contas, o domínio de feminino, ou seja, o das relações humanas. E, até que o faça, não poderá haver muita esperança de ordem nesse aspecto da vida. Muitas mulheres sofrem seriamente na sua vida pessoal por esse abandono do princípio feminino.
São incapazes de relacionamentos satisfatórios, ou podem mesmo cair em neurose pela inadequação do seu desenvolvimento nessa área, que é das mais essenciais. Por essa razão, a relação de uma mulher com o princípio feminino dentro de si mesma não é um problema pessoal, mas também um problema geral, até universal para todas as mulheres. É um problema da humanidade.
(...)
É preciso considerar que a essência ou princípio feminino NÃO PODE SER ENTENDIDA ATRAVÉS DE UM ESTUDO INTELECTUAL OU ACADÉMICO. A ESSÊNCIA ÍNTIMA DO PRINCÍPIO FEMININO não se permite tal ataque, o sentido real da feminilidade sempre escapa ao interrogador directo. Essa é a razão pela qual as mulheres são misteriosas para os homens – isto é, para o homem que persiste em tentar compreender intelectualmente a mulher."


Disse-me ainda com imensa complacência, repare, que eu admiraria da parte dos seres superiores, caso os houvesse: “

"Entendo esse maravilhamento com o sagrado e com os "poderes" das deusas primitivas, muito característico dos grupos sociais que têm falta de autoestima  e que precisam de afirmar a sua superioridade, caso da "negritude"…
Não sei se se referia a mim uma vez que me desconhece (e a minha obra ao negro…), mas eu acho que essa afirmação parte de um ego insuflado próprio do conhecimento mental…quer da parte do autor que pouca ou nada me interessa quer da parte de quem o toma a letra e de facto não tem acesso ao NUMINOSO…de quem não tem acesso à experiência da revelação do saber via coração. Não sou feminista, mas não creio em nenhum homem que se debruce sobre as origens do que quer que seja… "até por falta de documentação credível, se tornam difusos e difíceis de garantir como mais-valias para o Feminino…”.








Sugiro-lhe que veja este vídeo de uma das grandes antropólogas feministas, Marija Gimbutas que revolucionou o mundo da Antropologia com provas factuais sobre a existência de uma Deusa que é mais do que um mero conceito ou ideia de gente sem auto-estima e primitiva. Já agora recomendo-lhe o livro O Cálice e a Espada de Riane Aisler a escritora que entrevista neste vídeo a Marija.
Estamos como vê nos antípodas do conhecimento…
Cordiais saudações místicas

 rosa leonor

12 comentários:

Nana Odara disse...

ué?!!! deu a louca na macharada hj...
aki um intelectualóide contra o místico, na Gaia, um místico reivindicando a pureza das sacerdotizas castas e submissas aos maridos contra bruxas velhas e gaiteiras, safadas copulando com o galhudo...

hehehehehehehehe...
me lembra um funk carioca: Ah, q isso, eles estão deseperados...
a-ah k isso eles estão desesperados... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

ai ai...

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Pois é, eu tinha conversado sobre isso de tarde com a Rosa (com quem tive a honra de falar via facebook)e ela havia me falado disso...Mas não pensei que a senhora sem nome fosse assim tão... formal e inteligente, como as grandes intelictuais formadas nas escolas do machismo e patriarcado que não concebem e nem viram a conceber sua natureza profunda.
Creio que a Deusa está a nós testar e ver até onde podemos ir no nosso jogo de cintura e na nossa habilidade diplomática.
De qualquer forma responder as forças da Patriz do Controle cansa minha juventude e imagino que Rosa já deve estar farta disso...
A ainda algo que quero falar sobre o direito e o meu dever em responder o tal do mestre, mas isso eu faço no meu blog.

Abraços

betoquintas disse...

ah, queridas, é muito fácil disfarçar a ignorância e a cegueira debaixo de uma pretensa intelectualidade, é muito fácil [ab]usar do discurso acadêmico para fazer um discurso sobre o nada, como se estivesse dizendo algo...eu digo a essa/e pretensa/o acadêmica/o que ele/ela envergonha o diploma, os professores e a faculdade que a/o formou.
queridas, não deixem que esse discurso de autoridade barato lhes iniba.

Muryel Oliveira disse...

Oi fiz um trabalho sobre a Deusa Gaia, e achei muitas coisas boas em seus blogs, e gostaria que vc visse o meu, pois irei postar a minha pesquisa lá!
http://cerejeira-flor.myblog.com
Obrigada!

rosaleonor disse...

Olá Mury


Lamento mas não consegui abrir o seu blog...mande de novo o endereço. Gostava de ver o seu trabalho!

um abraço

rleonor

rosaleonor disse...

Pois é como vocês viram, Beto, Gaia e Nana...as pessoas escudam-se nos seus saberes académicos e na sua pretensão intelectual...para se afirmarem ou negarem os outros. Eu sinto-me na escrita como os surrealistas misticos que se abandonavam à sua ignorância (ao seu inconsciente) para escrever e de onde decorre o saber...eh eh eh
abraço aos pagãos que se prezam...
rleonor

MOLOI LORASAI disse...

não seria "mensagem enviada por senhora "

abaixo não seria "retrato fiel de uma realidade camufalada"?

MOLOI LORASAI disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rosaleonor disse...

MOLOI...SEJA BEM VINDO...HÁ QUANTO TEMPO?
Veio mesmo a propósito essa correcção, uma por lapso...camuflado...e a outra que estava incorrecta! era uma mensagem de e não por...já corrigi e obrigada!
Volte sempre...e não deixe de contribuir para uma maior clareza da língua portuguesa...eu agradeço!

abraço amigo (de paz...)

rosa leonor

Unknown disse...

Olá leonor,

Hoje quando acedi ao seu blog, fiquei surpreendida, com o que li, tanto de uma parte como de outra. pensei, reflecti e senti: o qunato precisamos de nos amar e de nos apaixonarmo-nos por nós próprias, primeiro individualmente, para depois nos podermos dirigir às outras mulheres, sem este (mau)sabor, sem esta agonia, sem esta competição. Cada vez mais, quando entrego o que sou e o que tenho em mim, a outras mulheres, num trabalho que decidi preservar, face ao exerior, me maravilho pelo quanto podemos fazer umas pelas outras num total ambiente de profunda compaixão. Nesses momentos, não existe certo ou errado. Existe apenas Perfeição Absoluta, e isso, sente-se no coração e na alma, mas também no cérebro, abrindo espaço para a manifestação da inteligência, que é apenas pertença da mulher, já que somos as grandes criadoras, e não a repetidoras. Existe uma grande confusão, no interior das mulheres sobeviventemente intelectuais, a essas, entrego-lhes as deusas invulneráveis, para que possam sentir-se úteis, experssando o ódio de morte, e a vontade de fazer justiça, repondo a verdade onde ela não existe, e que ao longo de infinitos milénios, circulou nas memórias celulares de todas nós, em forma de equívoco, forçando-nos a uma adaptação constante na energia masculina.
Gostei do que escreveu e do que respondeu. estou incondicionalmente consigo, mas também com todas as outras que ainda não podem fazer, ver ou sentir mais.
Quando olho para outra mulher, vejo claramente que é sempre mais o que nos aproxima do que aquilo que nos separa.

deixo-lhe um grande beijinho e o meu mais profundo e carinhoso Abraço de Luz, renovado na gratidão pela sua generosidade diária, por partilhar connosco tudo aquilo que é.
Amo-a profundamente, e amo todas as outras mulheres.
Ana Paula Ivo

Unknown disse...

Olá leonor,

Hoje quando acedi ao seu blog, fiquei surpreendida, com o que li, tanto de uma parte como de outra. pensei, reflecti e senti: o qunato precisamos de nos amar e de nos apaixonarmo-nos por nós próprias, primeiro individualmente, para depois nos podermos dirigir às outras mulheres, sem este (mau)sabor, sem esta agonia, sem esta competição. Cada vez mais, quando entrego o que sou e o que tenho em mim, a outras mulheres, num trabalho que decidi preservar, face ao exerior, me maravilho pelo quanto podemos fazer umas pelas outras num total ambiente de profunda compaixão. Nesses momentos, não existe certo ou errado. Existe apenas Perfeição Absoluta, e isso, sente-se no coração e na alma, mas também no cérebro, abrindo espaço para a manifestação da inteligência, que é apenas pertença da mulher, já que somos as grandes criadoras, e não a repetidoras. Existe uma grande confusão, no interior das mulheres sobeviventemente intelectuais, a essas, entrego-lhes as deusas invulneráveis, para que possam sentir-se úteis, experssando o ódio de morte, e a vontade de fazer justiça, repondo a verdade onde ela não existe, e que ao longo de infinitos milénios, circulou nas memórias celulares de todas nós, em forma de equívoco, forçando-nos a uma adaptação constante na energia masculina.
Gostei do que escreveu e do que respondeu. estou incondicionalmente consigo, mas também com todas as outras que ainda não podem fazer, ver ou sentir mais.
Quando olho para outra mulher, vejo claramente que é sempre mais o que nos aproxima do que aquilo que nos separa.

deixo-lhe um grande beijinho e o meu mais profundo e carinhoso Abraço de Luz, renovado na gratidão pela sua generosidade diária, por partilhar connosco tudo aquilo que é.
Amo-a profundamente, e amo todas as outras mulheres.
Ana Paula Ivo

rosaleonor disse...

Ana Paula, o seu comentário merece-me uma resposta mais séria...fá-lo-ei em breve...

Muito obrigada por ter comentado e pelo seu elevado sentimento pelas mulheres. De si não esperava outra coisa...mas tenho algumas objecções a fazer-lhe, de coração aberto ...
abraço

rleonor