O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 31, 2011

EM ESPANHOL


Mujeres y Diosas em espanhol...
por Maria Magdalena

Uma querida e muito nova amiga espanhola sugeriu e prontificou-se a traduzir o Blog Mulheres & Deusas para espanhol...
Os meus textos que ela escolhe e vai traduzindo formam agora uma cópia do blog em língua espanhola. Os meus textos assim como excertos e citações de outros autores e livros são traduzidos pela mão de uma mulher dedicada na busca do seu ser e a sua identificação com Mulheres & Deusas é um motivo para mim de grande orgulho.
Além de lhe estar profundamnte grata pelo trabalho que está a empreender com imenso carinho e gosto, a sua afinidade com o que eu escrevo tem em mim um eco muto grande e dá-me uma enorme força para continuar fiel a este propósito de chegar a cada vez mais mulheres, agora já não só em Portugal e no Brasil, mas também em Espanha, onde já conto com a Shakti e a Hathor...
Espero que um dia possamos organizar um encontro ibérico de Mulheres & Deusas, assim como espero ainda um dia ir ao Brasil e encontrar-me com as irmãs que lá se dedicam também ao trabalho de consciencialização da Deusa e da Mulher. Porque sem a consciêncialização da mulher em si e do seu potencial, sem o resgate da mulher ancestral, a Deusa não se pode manifestar, pois a Deusa não é uma crença nem uma Fé, mas uma realidade tangencial quando a mulher acorda para o feminino sagrado.

¿COMO FUE EN El INICIO?

“En el principio era Lilith. Digan lo que digan, en el origen era el Andrógino. Y después de su exilio, o incluso de su destierro, el Éden nunca más volvió a ser lo que era antes."
(...)
"Eva es la mujer muda, la sombra de la mujer, casi un fantasma. Eva está incompleta, le falta alguna cosa: se trata del aspecto de Lilith que ella a veces toma al revolverse" .

sexta-feira, janeiro 28, 2011

A DEUSA NO CORAÇÃO DA MULHER

PARA QUE A DEUSA VOLTE A NOSSA CULTURA,
PRECISAMOS DE NOS FOCAR NO SEU ARQUÉTIPO, DENTRO DE NÓS...

“Se você meditar acerca de uma deusa ou imaginar um diálogo com ela, esta parte sábia de si se torna mais consciente e acessível na vida do quotidiano. Aquilo que tem o nosso foco, tem a nossa energia. Aquilo que imaginamos que vai acontecer, precede o nosso desenvolvimento.
Quanto mais quisermos conhecer um arquétipo de mulher sábia, tanto maior a probabilidade de que ele surja em nós; e quanto maior for o número de mulheres interessadas neste processo, tanto maior será a certeza de que o arquétipo da Deusa voltará à nossa cultura.”

Jean Shinoda Bolen
AS DEUSAS E A MULHER MADURA

SER MULHER...


O QUE OS HOMENS PENSAM QUE É UMA MULHER…
As vezes fico abismada com o que os homens e mulheres pensam da mulher
mesmo nos meios pretensamente cultos digamos, ou pelo menos mais sofisticados, e que as opiniões sejam quase sempre uma chacota, uma leviandade ou mesmo injúria para a mulher…e com as quais elas convivem normalmente, ou até corroboram por incapacidade de resposta ou de falta de consciência de si mesmas ou ainda por mera sujeição ao homem. Há sempre uns “senhores” jocosos e convencidos que sabem muito das mulheres…e que têm o domínio da “coisa”…da sua “coisa”…

Acabei de constatar isso no facebook pelas respostas a um repto lançado pela Rita Ferro:

“Pergunta para senhoras e cavalheiros:

- O que é para ti uma Mulher?”

E podemos ler uma série de respostas sem sentido, ou melhor, todas vão num único sentido que é o da ignorância profunda do que é REALMENTE A MULHER. A enorme banalidade das respostas mostra como a mulher é (está, diria eu) um ser dividido, fragmentado, incoerente, contraditório e desconhecido de si mesma. Avaliada quase sempre pelos seus atributos físicos e de sedução. Ver como as mulheres se contentam com uns tantos elogios e larachas acerca do seu ser superficial é igualmente constrangedor e mostra a grande pobreza de sentimentos e de auto-estima em que se encontram.
Vê-las ceder ao tom paternalista e de supremacia dos homens…supostamente conhecedores e dominadores nas entrelinhas…é mais grave ainda…

Digno de nota, tirando o poema de Venícius, só uma citação feita pela Rita F. do pai António Quadros (esse sim um grande senhor!) :

«Uma só mulher contém todas as mulheres
e todas as mulheres não são ainda a Mulher.»

E a partir deste mote, afirmo não há dúvida de que a mulher não é ainda A Mulher, essa mulher que os poetas e os visionários ou os místicos sabiam que era a Mulher autêntica, a mulher essência, a mulher verdadeira. Essa Mulher, tal como diz Pawels citado por André V.L. que desapareceu há séculos, que foi dispersada, que foi aniquilada…e que nos nossos dias não existe!

"O problema é que quase não há mais mulheres. Sustento que as mulheres desapareceram, que houve uma catástrofe, que a raça das mulheres foi dispersada, aniquilada sobe os nossos próprios olhos, que não puderam ver.

Senhores, a mulher, a descendente do paleolítico e do neolítico, a nossa fêmea e nossa deusa, o ser que chamaria de mulher do homem, e que já não sabemos o que é, foi perseguida, atingida em seu corpo físico e em seu corpo mental, e devolvida ao nada!"

"Senhores, o ser que chamamos de mulher não é A mulher. É uma degenerescência, uma cópia. A essência não está aí, nossa alegria e nossa salvação não estão aí"...Chamamos mulheres a seres que dela não têm senão a aparência, tomamos em nossos braços imitações de uma espécie inteiramente ou quase destruída."
(…)
Mas examinemos esse crime. Extermínio físico em fogueiras: evocarei as centenas de milhares de mulheres, chamadas de bruxas e queimadas como tais, e os outros milhões de mulheres vencidas e transformadas pelo medo.
(...)
Extermínio pela propaganda, arma mais certeira que todas as outras...Guerra revolucionária empreendida pela Cavalaria contra a mulher verdadeira a favor de um novo ídolo. E enfim num plano mais amplo, mais misterioso e concomitante, mutação decadente da espécie. De tal forma que o ser fêmea autêntica foi substituída por um ser diferente. "*

Riam-se “senhoras e cavalheiros”…

Muitas dessas pessoas algumas “cultas”, homens e mulheres, que lerem este excerto farão chacota e acharão um exagero e um despropósito esta visão, a de uma realidade completamente escamoteada pelos intelectuais de esquerda e de direita deste tempo de alienação colectiva, em que a superficialidade e a uniformização da informação reduz tudo a umas tantas ideias igualmente superficiais e uns tantos clichés, do que é ser mulher.

Na verdade hoje, não há mulheres nem há homens. Há um ser sucedâneo do macaco e que não faz mais do que imitar tudo o que vê e quer “possuir”. E nessa linha tudo tem um preço e tudo se compra; e homens e mulheres tornaram-se mera mercadoria mais ou menos vendável no mercado das convenções sejam elas familiares ou institucionais. Hoje em dia vivemos num mundo onde não existe a dimensão do ser profundo, do ser ontológico e tudo se baseia na aquisição de bens, de um estatuto, nome ou fama, no circo mediático em que a sociedade humana se tornou.
Os palcos do teatro humano onde as emoções e os desejos andam a deriva e ninguém sabe o que é certo nem errado vai tudo na vertigem e na voragem da queda de valores na queda das bolsas e da crise económica. Todos vemos a enorme confusão do mundo, a sua desordem, o seu desespero, os conflitos mundiais raciais, religiosos, e principalmente a violência perpetuada sobre as mulheres em todo o mundo e que culmina agora no maior caos da crise económica e de valores a nível mundial.

Digo e mantenho que só quando a mulher for a Mulher verdadeira, quando reunir em si as duas mulheres divididas pelas religiões e pelo patriarcado, que criou a prostituta e a esposa para o servirem em campos diferentes dos seus interesses, que criou normas e leis que inferiorizavam a mulher e a baniam da sociedade activa, desde há séculos, historicamente sempre reiterado, e que nos nossos dias elegeu ou fabricou uma mulher de plástico ou de silicone, criou uma sociedade neurótica, cada vez mais doente, uma sociedade que vive de drogas, remédios e químicos e se aliena cada dia mais de valores fundamentais, dos princípios universais que são o suporte da vida e da evolução no Planeta.
No dia que a Mulher recuperar o seu estatuto de Mãe e Amante em toda a sua dimensão espiritual e ontológica e a sua perdida dignidade humana, então sim, a Humanidade caminhará para um novo paradigma e uma sociedade mais justa, mais equilibrada, fundamentada nos seus dois pólos ou alicerces: A Mulher e O Homem.

Rosa Leonor Pedro

*in TANTRA - O CULTO DA FEMININLIDADE
de André Van Lysebeth

sábado, janeiro 22, 2011

UM SOPRO DE ESPIRITUALIDADE


"A reivindicação de uma igualdade com o homem não é senão a manifestação de uma mentalidade de escravidão. E qualquer mulher que tenha contacto profundo com a sua feminilidade detesta esta posição. Ela não quer parecer-se com o homem. Ela está intimamente persuadida da perfeição do seu estatuto, da sua riqueza biológica e psíquica, da sua nobreza interior.
(…) A verdadeira realização começa com a afirmação de uma diferença não só biológica, mas espiritual."
*Femme Solaire - Paul Salomon

É um Sopro de Espiritualidade que falta às feministas na sua luta ainda e que sempre faltou. E é precisamente por isso o mais difícil de aceitar é que se torna tão difícil olhar para as mulheres dentro de uma perspectiva da Deusa. Rejeitando a ideia de religião e o domínio do deus-pater elas rejeitaram também qualquer transcendência em si mesmas...Sobretudo falando das mulheres portuguesas que só começaram a sua luta depois do 25 de Abril - embora tenhamos uma minoria de antes da “revolução e algumas referências de mulheres pioneiras que lhes serviram de base e inspiração. Afastaram-se assim da religião e do catolicismo que as oprimia, mas não viram outra via dentro do Sagrado. Nem sequer alguém se lembraria da Deusa nos anos 60 e 70 por cá…e muito pouco na Europa. (Não fiz nenhuma pesquisa e admito poder estar errada nesse aspecto)
Só muito recentemente (há cerca de 20 anos) as mulheres em Portugal se deixaram aqui e ali aliciar por alguns movimentos supostamente espirituais, por guias, mestres e astrólogos, dentro da perspectiva patriarcal, em que são sistematicamente votadas ao descrédito de forma subtil ou óbvia, e, no entanto, elas aceitam isso e são seguidoras fiéis desses mentores, como o eram dos padres e dos pais, irmãos e maridos…Sem qualquer consciência do feminino em si e do Poder da Mulher.
Ou então, no caso das feministas, ainda presas aos conceitos redutores do marxismo ou do pragmatismo ateísta, ainda que à sua maneira, elas não abdicam de um posicionamento político e militantista. Não há qualquer indício porém de movimentos ecológicos relacionados com o Sagrado Feminino em Portugal. As mulheres, presas ainda aos primeiros movimentos democráticos, dependentes dos partidos socialista ou comunista, que lhes deram cobertura paternalista, sempre dentro do modelo patriarcal, elas não enxergam a forma redutora como a História as tratou e os próprios políticos ainda hoje as tratam em Portugal. Continuam subservientes às ideologias ou filosofias dos homens, ou mesmo até paradoxalmente das mulheres que se salientaram dentro do Sistema (de ensino académico) - as variantes das Faces de Eva - antes ou depois da revolução de Abril, mas sempre dentro do pensamento racionalista, estritamente masculino, com uns laivos de feminino no meio. Claro que tudo isto está em oposição ao feminino essencial, mas o mais grave e absolutamente paradoxal é como elas não vêm que o velho Sistema jamais lhes daria um lugar que não fosse o “direito igual” ao dos homens: poligamia, fazer sexo livre, ir à guerra, ser polícia, bombeiro, ser deputada ou estivadora ou ser prostituta com estatuto legal...
Falta a essas feministas ou activistas um sopro de espiritualidade, que seria um sopro de alma que perderam na convicção dos seus direitos e igualdades...
Não venderam a alma ao diabo, como acusaram os padres as suas irmãs bruxas na idade média, não, mas desta vez elas venderam a alma por um estatuto de novas escravas. Iguais aos escravos, são as escravas da guerra, da produção, do consumo e da alienação global do ser sagrado, da natureza e dos animais, do seu ser interior, do ser com alma e coração.

Por tudo isso não vejo nem acredito em nenhum rasgo de evolução do SER MULHER pela sua participação activa na politica, nesta sociedade patrista, porque ela não implica de modo algum uma Consciência verdadeira, ontológica, bem pelo contrário. As mulheres continuam a ser o que sempre foram: objectos de consumo e de prazer ou procriadoras, para chegar agora ao mais aviltante que é serem “barrigas de aluguer” dos casais gays e inférteis. E as próprias feministas não se revoltam com isso, assim como nunca se revoltaram com a prostituição das mulheres, quando muito quiseram legalizar e dar direitos às prostitutas sem considerar o que havia de errado nessa condição e como se prende com toda a mulher essa questão…

O Feminino Sagrado, a Ecologia, como dimensão de uma consciência da vida também sagrada, é essa espiritualidade que falta à mulher e que mais não é do que a sua própria essência, a essência à qual devia ser fiel e servir para lá de todas as barreiras e que lhe foi negada pela história do Homem...Daí que as mulheres que pensam em termos eruditos ou filosóficos fazem-no também, na base do conhecimento racional e intelectual, numa perspectiva cerebral e nunca na base do conhecimento intuitivo emocional...

Falta à Mulher SER Mulher total para se tornar a Mulher iniciadora, a mulher oráculo, a mulher inspirada, instintiva, a mulher que sente o fogo da sua alma, a mulher fonte de amor que é a Amante e a Mãe da Vida, e essa é a única mulher que ainda pode salvar o Planeta da alienação e da miséria.
Essa seria a mulher verdadeira que devia antes de tudo erguer a sua voz, a Voz do oráculo que foi silenciada, condenada ao descrédito durante milénios, a voz do útero, o útero que lhe foi arrancado...as entranhas que lhe foram sugadas, o Voz do verdadeiro oráculo que lhe foi proibido pelas religiões patriarcais e pelos seus filósofos.

A Mulher para voltar a ser uma Mulher autêntica, devia Acordar em si Lilith, a Pítia, a Grande Serpente, a Medusa, a Bruxa, a Sacerdotisa, a Vidente...era essa a Mulher que devia acordar para acordar a Humanidade para resgatar o seu fogo sagrado, a sua origem cósmica!
Só essa Mulher fará a diferença!


ROSA LEONOR PEDRO

quarta-feira, janeiro 19, 2011

UMA MULHER LÚCIDA



QUE "Saudades da nossa natureza intima e selvagem, livre e plena"!

Por Mize Jacinto

A propósito de um texto que li, de uma mulher que homenageia uma amiga cuja vida foi interrompida por "vontade" própria: . Independentemente dos motivos que estejam presente nesta história, ela faz-me reflectir, mais uma vez, sobre os modelos que criámos, e que em nada fluem com a Vida. Todas nós, nem que seja apenas em determinados momentos mentimos relativamente ao nosso estado emocional e mental. Todas temos momentos em que fugimos de olhar o espelho e encarar de frente, olhos nos olhos a pessoa que está do outro lado. A estrutura familiar e social não perdoa, e por medo de não encaixarmos, de não sermos suficientemente boas passamos a vida a fingir que está tudo bem. A verdade que observo no entanto diz-me precisamente o contrário - quase nada está bem, e muitas pessoas estão a experimentar o inferno nas suas vidas. Relacionamentos completamente desajustados, dependências, violência emocional, pressão económica, dor física... a maioria das pessoas vivem na espiral da embriaguêz do sofrimento a maior parte do tempo. E para dificultar, as mulheres divorciaram-se umas das outras, e a capacidade inata de nos curarmos mutuamente perdeu-se.

Um abraço, uma palavra, nem que seja a verdade nua e crua, mas que em Amor jamais poderá ferir... o silêncio, a cumplicidade... tudo se perdeu... em vez disso temos medo de dizermos que não estamos a aguentar a pressão, até porque ninguém tem paciência para pessoas que não estão bem... e por vezes são apenas momentos, nada mais do que isso... momentos que se poderiam diluir ou amenizar num desabafo...numa partilha amorosa. A solidão invadiu as vidas de muitas mulheres quantas vezes rodeadas de pessoas por todos os lados... Por isso sinto tanta falta das partilhas, das que vivi e das que ainda-não-vivi, da entrega, do brilho nos olhos, da dança das almas, da nudez... dos gritos, das lágrimas, dos uivos, dos sorrisos. Saudades da nossa natureza intima e selvagem, livre e plena.

... Podemos fazer tanto e fazemos tão pouco... ainda estamos tão mergulhadas no sono da inconsciência e nem nos apercebemos que à nossa volta outras estão a sufocar por um abraço... O meu coração fica suspenso quando me deparo com tamanho sofrimento e desespero... Quero acreditar que nos vamos levantar todas... uma a uma... pela Vida! Um Abraço.

- Obrigada Mizé pelas suas palavras tão certas...
rlp

segunda-feira, janeiro 17, 2011

UM MEDO ATÁVICO



O MEDO ANCESTRAL QUE AS MULHERES TÊM DE SI MESMAS
E DO SEU MUNDO ABISSAL


ELAS FOGEM DA SUA ALMA, DO SEU VENTRE E DO SEU ÚTERO...



Estava a pensar porque razão na prática as mulheres não respondem nunca ou muito raramente ao Chamamento da Deusa. Sempre que se trata de trabalhar ou beneficiar de uma Consciência de Si mesmas, aliadas a outras mulheres ou participar num grupo de mulheres, elas fogem de si próprias…
Elas nem sequer suportam a ideia de um Fórum ou um Encontro só de mulheres…e para mulheres. Porque se for sobre “política”, relações humanas, religiões ou qualquer outra coisa que lhes seja exterior, que não as foque em si próprias, então elas aderem…As mulheres estão totalmente viradas para o exterior no sentido do servir ou ajudar sacrificar-se pelo outro/a mas não a si mesmas…

Quando se trata de encarar os aspectos da sua natureza profunda, elas não só se sentem desmotivadas como até se manifestam desconfiadas, receosas…Uma reunião só de mulheres não lhes interessa…a não ser para um chá…ou um copo à noite, com dança…africana, etc. Depende da preferência e das expectativas, ou então vão inscrever-se nas aulas de dança de salão ou de dança do ventre…um yoga ou mesmo o Tantra, só para assegurar as artes de sedução e pouco mais…ou então vão de bom grado participar de qualquer actividade social e altruísta ou cuidar de crianças pobres, são voluntárias de causas nobres…os resquícios da caridade cristã, muito Moral e muito Nobre, certo…

Mas quando são chamadas para qualquer actividade que lhes diga respeito apenas a elas, que foque os aspectos do seu ser desconhecidos ou mal tratados aí já não se sentem motivadas e raramente respondem aos apelos de reunião ou encontros no feminino. Consciente ou inconscientemente a moral católica ainda predomina e elas continuam subjugadas ao homem e às suas leis. Mesmo quando se julgam livres ou apregoam pagãs, wicas ou ateias…
Elas não se sentem motivadas verdadeiramente para si mesmas, para o seu ser interno, o seu lado reprimido e que sofre distúrbios vários e disfunções e que acabam em doenças graves, nem apreciam o convívio entre mulheres num espírito pagão e sagrado porque não entendem nada de si mesmas, porque o que as move ainda é quase sempre e apenas o apelo do sexo e do dinheiro ou da família/religião.
E é por isso que não vão a nenhum lado fora do programa mental estabelecido, a não ser que seja na esperança de encontrar um novo companheiro, um amante ou um marido, ou ainda algo que seja fora delas e que as valorize exteriormente no mundo dos homens, seguindo o padrão de referências estabelecido; mesmo quando falam de deusas ou de astrologia ou de feminismo, de yoga ou tantra… Vão quando muito a esses lugares, aos astrólogos e terapeutas, ou fazem Reiki para melhorar a sua saúde, a relação entre os filhos e os maridos e namorados, para saber se arranjam empregos ou se sobem na escala social. O que predomina nos interesses das mulheres em primeiro lugar é sempre a família, o sexo e o dinheiro, a carreira ou evidentemente a expectativa de um marido e filhos se é jovem….se for solteira, mas até viúva ou divorciada.

Mas SABEREM DE SI…encontrarem-se com os diferentes aspectos do seu ser, com a sua Sombra, com a Deusa, com as outras mulheres que lhe podem espelhar conscientemente essa fragmentação, e falar dela, elas fogem disso como do diabo…e isto tem um sentido. Poderiam dizer que as mulheres não são as culpadas do seu medo ancestral! Não. Disseram-lhes há muito que essas outras mulheres eram do diabo ou bruxas casadas com o diabo…Tudo isso assombra ainda as mulheres vindo de um inconsciente oculto nos séculos de alienação do Ser Mulher.
Assim, do que as mulheres realmente fogem e nem sabem pois para isso foram programadas, é da “outra” Mulher em si…da Mulher Verdadeira, completa…

Fogem da Mulher Selvagem, fogem da mulher ancestral, sim fogem da “outra”que são elas mesmas e têm medo delas como das cobras….sim, das cobras e das serpentes, das Liliths... Elas fogem da sua alma…do seu ventre, do seu Útero… elas deixam-se operar e que os médicos em quem confiam cegamente lhe arranquem os ovários e o útero – antes seguiam aos padres hoje em dia seguem os médicos – e tomam comprimidos para não menstruar e acham que a menstruação é suja e como mulheres “livres” pensam que têm de se libertar disso…e estão a condenar-se à escravidão de um modelo patriarcal que transforma as mulheres em objectos de consumo e de procriação. Elas continuam subjugadas ao poder do homem e estão debaixo do seu controlo a todos os níveis e mesmo inconscientemente quando se julgam independentes…

Elas fogem de si mesmas sempre não se conhecem em essência nem se lembram de um tempo em que realmente foram livresem que dançavam nuas das noites de luar ao sabor dos tambores e dos gritos de êxtase e prazer e viviam a sua sensualidade e a maternidade plenas e se davam umas as outras e aos homens e eram sementes de vida de amor e de luz…
As mulheres esqueceram quem eram e porque o esqueceram hoje as mulheres têm medo delas próprias e das outras mulheres…

Elas foram divididas e viradas umas contra as outras e aceitam esse destino sem se questionar, sem se revoltar, odiando-se umas às outras como eternas rivais….

Por isso elas têm que seguir os padrão dos homens, dos seus mestres e padres…os seus pais são ainda seus mentores, exemplo a seguir…de que são fiéis e orgulhosas e dos seus maridos e donos… o isso tudo foi o que eles lhes impuseram como ordem, como lógica e… depois de séculos terem sido apenas esposas castas e honradas, ou prostituías desprezadas, têm de ser hoje advogadas e médicas e ministras, frias e racionais e fugir de qualquer espelho que a outra mulher, a que ousa ser e ver-se sem medo lhe reflecte…
Estas são as mulheres ainda prisioneiras dos amantes, ou traídas e espancadas pelos maridos, caladas pelos chefes, desprezadas pelos colegas ou exploradas pelos patrões…abusadas em casa, ridicularizadas…sobrecarregas…

Elas são sim, caladas e reprimidas e frustradas…Elas vestem e cultuam a falsa imagem…e fingem-se emancipadas; mas elas traem a sua essência e a sua própria natureza a natureza da terra Mãe. Elas têm o medo de não serem amadas…de serem perseguidas, como no tempo das fogueiras, ou pelos media ou os outros, os que julgam e atiram pedras…mesmo que não sejam lapidadas aqui são julgadas sempre como putas e histéricas senão forem bem comportadas de acordo com as leis e a moral religiosa…
Estas são as mulheres patriarcais. Delas não podemos esperar nada nem amor nem solidariedade. Elas odeiam as mulheres que diferem delas e falam delas com azedume e raiva…

Eis o que eu penso ser a razão profunda e plausível da não aderência das mulheres a um Encontro de Espiritualidade Feminina e preferirem a companhia dos homens…ou de mulheres que falam exclusivamente de homens…são as mulheres que amam demais…os homens e não a si mesmas!
Sem dúvida que mesmo vocês que me lêem vão achar que eu exagero, que não se passa nada disto e que afinal as coisas não são bem assim e até alguma de vocês acabará por mandar-me a mim para o psiquiatra…remetendo-me ao valor do pater…

Não é fácil admitir tudo isto, eu sei. Preferíamos pensar que nada disto é verdade. E no entanto na prática é como estamos manietadas e presas seja no nosso conformismo seja na nossa impotência, na nossa ignorância do que está no âmago do nosso sofrimento em particular.

Porque às mulheres foi destinado um enorme vazio de si mesmas, criada essa separação, essa cisão do seu ser profundo em que elas pensam que a única coisa que as preenchem é um falo…sim um falo, um sexo, um corpo estranho a si pois se sentem incompletas sem um homem OU SEM UM FILHO. Ainda hoje uma mulher sem filhos ou sem homem pensa que falhou a "sua" vida... Porque o seu destino e o sentido único que deram "à sua vida" foi sacrificaram a sua vida própria aos filhos, aos maridos ou aos amantes, destruíram a sua saúde para manter a casa e a família como a sociedade lhe impõe…e os cancros e as depressões e o abandono e todo o sofrimento da mulher votada ao desprezo depois dos 50 anos…ou 60…
Vai mudar este quadro sem que as mulheres se mudem a si mesmas? Não! Porque são ainda estas as mulheres que mantêm este Sistema e o alimentam com a sua atitude de rejeição de si mesmas obedientes filhas do pai que são…

Se me perguntarem se eu tenho esperança nas mulheres, já não sei, mas às vezes tudo o que me resta é mesmo uma fé cega nas mulheres que se erguem e são capazes de se unir contra tudo e lutam para ter uma consciência da grande dimensão do perigo que corremos todas/os e a Terra se não acordarmos para o feminino sagrado e para Deusa e mudarmos este paradigma.

rosaleonorpedro

ADENDA:

Curiosamente no momento em que acabava de escrever este texto recebi este comentário de uma amiga do facebook...

"nfelizmente nós mulheres sofremos muitas condicionantes para agirmos no mundo de forma totalmente masculina. Não estou a dizer que o masculino deva ser banido, mas não acredito que nós mulheres ao copiarmos o jeito masculino iremos a algum... lado. Simplesmente estamos a anular as nossas características mais marcantes, que tanto fazem falta à nossa humanidade. A condição feminina é extremamente importante, e quando tratada com leviandade só pode levar ao caos.
Às vezes penso que em mim já alguma coisa se perdeu, principalmente quando mostro aquilo que não sou, isto só por uma questão de sobrevivência, não de mim mesma, mas de alguém que é mais que a minha própria vida. São estas condicionantes que na maioria das vezes nos fazem ser aquilo para que não fomos talhadas, quando na verdade tudo seria diferente se cada um soubesse ocupar o seu devido lugar, ou seja cada" macaco no seu galho", e não banalizarmos tanto a condição feminina como a masculina. União, complementaridade, comunhão, respeito, valores essenciais que se fazem urgentes à actual humanidade."


Comentário de Ana Paula Dias

quinta-feira, janeiro 13, 2011

A CIDADE DO SER E O FALSO FOGO (PROMETAICO)…



CONVITE

Neste mundo dedicado ao mundo prometaico da rentabilidade, que opõe modernidade à Iniciação, a Erótica permanece um dos últimos gestos sagrados, inscrevendo o mito de Orfeu que celebra a beleza e a criatividade somente para eles próprios. O nosso mundo prometaico pede aos seres humanos para TER e FAZER , para poderem ser, enquanto que o mundo órfico, simbolizando aqui o mundo de toda a Tradição, sabe que a realização só é acessível através da conquista, aqui e agora da Cidade do SER, conquista que exige a dissolução do ter e do fazer.

Eis porquê,
Sábio e Louco,
Mago e Herói,
Tal é o Adepto Amoroso,
Alquimista e coreógrafo de Deus
Eterno Nómada do Espírito e da Matéria

In o Louco de Shakti
Remi Boyer

Eu sou a Rainha da Noite



O ETERNO FEMININO



“ Eu sou a Rainha da Noite, por assim dizer, a parte mais sombria do eterno feminino. Desde a origem do universo, que eu elegi o meu reino nas profundeza da Terra. Se tomei o rosto do mal para os teus irmãos é porque eles não podiam compreender o meu grito, o aguilhão do meu sofrimento. Porque desde há muito, muito tempo que o psiquismo do homem impede os raios do sol de penetrar até aqui.

“Para que a grande alquimia seja possível, a Mãe deu-se ao mundo. Ela está presente em todo o lado, em todos os planos da manifestação. A missão do homem, a tua missão, é unir o eterno feminino das profundezas, Àquela que reina nos Céus na sua glória eterna. É tempo que a tua bem-amada reencontre para ti o seu corpo único!

“Sim, tu amas-me belo Cavaleiro. É o meu rosto que assombra as tuas noites. Mas aquela que eu sou agora, não sou eu inteira, e o meu corpo de carne que acorda em ti tamanho desejo no teu não pode estar vestido senão de negro. E este não se assemelha a um vestido de noiva, não te parece?”
(…)

in RENCONTRES AVEC LA SPLENDEUR
de MARIE ELIA

segunda-feira, janeiro 10, 2011

OS VALORES FEMININOS FORAM REJEITADOS



"Há mais de cinco mil anos que é proibido ser mulher…


No início das eras existia a Grande Deusa, e a Deusa era a própria Terra, Gaia, e a Terra era a Deusa. As origens do culto à Grande Deusa são encontradas na penumbra do tempo pré-histórico. A Deusa governou por milhares e milhares de anos, anos em que a Terra vivia os ciclos lunares perfeitamente em harmonia com a vida orgânica da Mãe. Ao longo do tempo a Grande Mãe foi sendo arrasada e relegada à escuridão, e iniciou o triunfo do mais patriarcal dos arquétipos, aquele do Grande Deus Pai, Allah, IHVH, que foi completamente adoptado com o crescimento do judaísmo, do cristianismo e da religião muçulmana. Foi somente na forma atenuada de Maria, Mãe de Deus, que alguns aspectos da Grande Deusa foram deixados subsistir. Várias Madonnas antigas ainda são resquícios do culto à Grande Deusa.

A figura de Lilith – A Lua Negra – representa um dos aspectos da Grande Deusa. Na antiga Babilónia ela era reverenciada como Lilitu, Ishtar ou Lamschtu. A mitologia judia já a colocou nos reinos mais obscuros dos demónios da noite, reino de Satã, capaz de subjugar os homens e matar crianças. O cristianismo fez dela uma prostituta por causa do medo que ela despertava nos homens."

**http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=03651

EM CONSEQUÊNCIA DISSO:

"Nossa civilização é doentia, hipócrita, psicopata. Autoridades religiosas nos ensinaram que somos pecadores, que somos um erro da Natureza, um erro de Deus: estranha concepção do Divino.

Deus seria um pai incompetente, que mandou seu filho único sofrer, de maneira inútil, para salvar a turma de vagabundos que somos e fracassou. Não é bem assim: Deus não é neurótico, nem somos vagabundos.

Há cinco mil anos atrás, mais ou menos, ocorreu uma revolução, quando a humanidade passou da vida perigosa da caça, devendo enfrentar feras, para a vida mais tranquila dos pastores de rebanho. Antes, quem dominava era a mãe, a vida, a intuição da mãe, capaz de avisar os caçadores: "Não vão por aí, tem feras. Mas, para lá, vão encontrar caça." Com a vida mais tranquila dos pastores, essa faculdade pareceu menos importante e o Pai pôde tomar o Poder. Ele tinha medo do Poder feminino: proibiu. Faz cinco mil anos que é proibido ser mulher. Ser mulher é um pecado imperdoável em um mundo patriarcal. A Bíblia começa pela culpa, continua pela culpa, acaba no Apocalipse da culpa e a culpa é de quem? Da mulher!

A imagem máxima em nosso mundo interior é a imagem de um Deus Pai. E a Mãe?
Fazemos de Deus uma palavra masculina: é um erro de gramática que, de maneira subtil, condiciona nosso inconsciente. Rezamos o "Pai Nosso", sem perceber que essa oração distorce nossa inteligência, nossa alma, nossa sensibilidade, nosso destino. Deveríamos rezar "Pai Nosso, Mãe Nossa. Mãe Nossa, Pai Nosso". Os Evangelhos contam que Jesus ensinou essa oração. Os Evangelhos não estão bem informados. Existe ainda um monólito da Babilónia, gravado dois mil anos antes de Cristo, que contém, palavra por palavra, essa oração patriarcal. Somos condicionados a perceber apenas a metade masculina do Divino, apenas a metade masculina da Realidade. Mas quem percebe apenas a metade, não é capaz de compreender a metade! Esse mundo que rejeitou a dimensão feminina da Realidade não é um mundo masculino, mas apenas um mundo patriarcal, um mundo de pastores de ovelhas. Até hoje, algumas pessoas se dizem Pastores. Não somos ovelhas. Somos gente.

Jung, de maneira confusa, fala dos arquétipos que condicionam o inconsciente colectivo. Os egípcios antigos tinham uma concepção clara dos arquétipos. Usavam, conscientemente, os arquétipos. Quando mudava a época, o momento da evolução, tinham a energia, a coragem de destruir templos, para edificar novos templos aos novos Deuses, aos novos arquétipos capazes de orientar uma civilização. A civilização deles perdurou quatro mil anos.

O novo arquétipo capaz de orientar nossa civilização patriarcal em agonia, o novo Deus é a Deusa.
Claro que o Divino, no plano espiritual, não tem forma, nem masculina, nem feminina. Mas, no plano astral, no subconsciente, tem uma forma. Consoante a forma que subconscientemente damos ao Divino, a forma que, subconscientemente, damos à Realidade, nossa vida é neurótica ou sadia. Nossa vida era neurótica.

Estamos diante do desconhecido. Os valores femininos foram rejeitados. Nenhuma teoria pode nos ajudar. Uma teoria é apenas um fragmento de Realidade e, pior ainda, lida apenas com o conhecido. Mas, se usarmos a imagem simbólica da Deusa, se imaginarmos e amarmos a imagem máxima do feminino, vamos fazer isso de maneira racional, sabendo o que estamos fazendo. Nossa imaginação vai compreender. Nossa sensibilidade vai compreender.

Vamos sentir, perceber a imensa dimensão feminina do Universo. Então, vamos também perceber a verdadeira dimensão masculina da Realidade. Vamos perceber a Realidade e a Realidade é linda: é divina.

Para descer ao mais profundo, precisa subir ao mais alto. Para dominar o subconsciente mais escuro, precisa ter acesso ao supra consciente. A viagem para encontrar Lilith começa com uma viagem a Urano, uma viagem ao supra consciente."*
«««


DESCER AO FUNDO DOS ABISMOS



*Por mim deste excelente texto só discordo de um pequeno nada…que pode ser um pequeno tudo: a viagem é ao fundo da Noite escura…ao fundo do Abismo, ao fundo da Caverna…ao fundo de nós mesmas, não numa perspectiva meramente astrológica tendo em conta Úrano como Astro no céu, mas o Arquétipo em si mesmo, como Deusa Mãe Gaia e Terra.…
Este pequeno aspecto portanto, pode induzir-nos de novo em erro…que é subir aos céus e esquecer a Terra e as suas profundezas. Quanto a mim só se sobe aos céus e se chega onde quer que seja o supra consciente se descermos como Inana ou Lilith ao fundo de si mesmas e ir desenterrar do fundo do nosso Inconsciente colectivo a Mulher Primordial, Lilith aquela que conheceu o Nome de Deus, porque era Deusa e foi sua igual… e assim se recusou a servir Adão…


...Uma figura misteriosa sai das trevas,
Uma mulher vestida de noite,
Uma mulher de uma grande e profunda beleza,
Lilith, a Deusa da noite profunda,
A Deusa rejeitada, está se aproximando.
A antiga Deusa dos bilhões de anos.
O tempo de um sorriso para você e Ela já desapareceu.
Mas o primeiro contacto com sua alma profunda está feito.
Você sabe:
Ela voltará...*

Só assim ELA voltará, mas voltará em cada Mulher que tiver integrado a sua Sombra, quando ela reunir todos os seus pedaços, os bocados de mulher que foram eleitos e outros que foram rebaixados, e deixar de se afirmar em mil nomes divididos – sempre umas contra as outras - seja como marxista, católica, ateia, mãe solteira, viúva, machista, feminista, lésbica, histérica, mãe, amante, prostituta ou esposa, quando ela for em si uma só e o Todo em si mesma.
rlp


Texto copiado de http://wwwjaneladaalma.blogspot.com/

quinta-feira, janeiro 06, 2011

O ENCONTRO ESPERADO


O Projecto Art for All vai realizar as I JORNADAS NO FEMININO, de 28 a 30 de Janeiro de 2011, em Monsaraz.

Num mundo em acelerada mudança e onde a maioria dos valores, crenças e instituições do passado perdem cada vez mais peso, decidimos reunir nove oradoras que, durante dois dias, nos falarão dos valores que emergem do lado feminino do ser humano e do papel que os mesmos poderão vir a desempenhar numa nova ordem paradigmática na Terra.

Agradecemos que os interessados se inscrevam sem demora, os lugares são limitados.
Saudações amigas
Projecto Art for All

PROGRAMA
Monsaraz, 28 a 30 de Janeiro de 2011
Moderadora: Mariana Inverno

Sexta, 28

Chegada durante a tarde ao Monte do Laranjal
19h00 – Recepção e entrega de dossiers
19h30 – Mariana Inverno
HIPÁCIA DE ALEXANDRIA – Breve introdução
20h00 - Jantar vegetariano
Passagem do filme “ÁGORA” de Alejandro Aménabar

Sábado, 29

08h30 – Pequeno almoço
09h30 – Mariana Inverno

JORNADAS NO FEMININO – objectivos deste Encontro

10h00 – Dalila Paulo
INTEGRAÇÃO DO FEMININO E MASCULNO INTERIOR – o Fim da Guerra
dos Sexos
11h00 – Intervalo (chá, bolos e frutas da época)

11h30 – Rosa Leonor Pedro
À DESCOBERTA DE LILLITH, A MULHER PRIMORDIAL
13h00 – Almoço Vegetariano

14h30 – Vera Faria Leal
MENSTRUAÇÃO, MATERNIDADE E MENOPAUSA
- As três grandes iniciações da Mulher
16h30 – Intervalo (chá, bolos e frutas da época)

17h00 – Felippa Lobato
A DOENÇA COMO INICIAÇÃO
18h30 – Fim dos trabalhos seguido de período livre

20h 00 – Jantar vegetariano

21h 00 – Vera Faria Leal
CERIMÓNIA DO IMBOLC CELTA
Invocação de Brígida, Deusa das Artes, da Cura e da Ferraria (ao ar livre),
seguida de círculo de mulheres com leitura de poesia (no interior)

Domingo, 30

08h30 – Pequeno Almoço

09h30 – Sandra Gonçalves
OS SONHOS E OS SÍMBOLOS numa perspectiva da Psicologia da Consciência
11h00 – Intervalo (chá, bolos e frutas da época)

11h30 – Mariana Inverno
O PAPEL DA CRIATIVIDADE NA PAZ, UM VALOR DO FEMININO
13h00 – Almoço vegetariano

14h00 – Luiza Frazão
ARQUÉTIPOS DO FEMININO-UMA VIA DE AUTO-CONHECIMENTO E
COMPLETUDE.
Sessão vivencial sobre um dos arquétipos.

15h30 – Intervalo (chá, bolos e frutas da época)

16h00 - Mizé Jacinto
DA OBSERVAÇÃO INDIVIDUAL À INTERDEPENDÊNCIA - comportamento
padrões comuns na mulher, reveladores de bloqueios.

17h30 – Iris Lican
a) Círculo “ A Mulher Selvagem – a importância do aspecto animal intuitivo
integrado na psique e os riscos da sua desvalorização e supressão”
b) Dança ritual com participação de todo o grupo.
c) Iris Lican dança a solo.

18h30 – FECHO DAS JORNADAS

Cocktail de despedida

As refeições serão confeccionadas por Rita Rodrigues com legumes e vegetais criados no Monte do Laranjal, pelo método de agricultura biológica, sem adubos artificiais nem pesticidas.
A organização das Jornadas está a cargo de Astrid Bishop, directora do Monte do Laranjal.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

ACABAR COM A MENTALIDADE DE ESCRAVIDÃO


A MULHER...NEM INFERIOR NEM IGUAL...
"A reivindicação de uma igualdade com o homem não é senão a manifestação de uma mentalidade de escravidão. E qualquer mulher que tenha contacto profundo com a sua feminilidade detesta esta posição. Ela não quer parecer-se com o homem. Ela está intimamente persuadida da perfeição do seu estatuto, da sua riqueza biológica e psíquica, da sua nobreza interior.
Instintivamente ela prefere a paz à luta; menos teórica e mais concreta, menos afastada das realidades quotidianas, mais próxima dos oprimidos, mais compassiva, ela tem muitas coisas a oferecer pela sua maneira de pensar o mundo e os seus grandes problemas. Não melhor, mas diferente, ela tem uma das chaves. A mulher revoltada não passa de uma caricatura de si mesma, e tem de, o mais rapidamente possível, ultrapassar esse estádio. A armadilha seria continuar a patinar por muito mais tempo num círculo vicioso de oposição e ódio ao homem, cristalização que se encontro nos velhos casais. A verdadeira realização começa com a afirmação de uma diferença não só biológica, mas espiritual."

IN Femme Solaire - Paul Salomon

UMA REALIDADE DOLOROSA


“O planeta Terra encontra-se envolvido num conflito sem fim. A vida colocou o homem e a mulher como eternos rivais, digladiando-se na arena da vida.
Estamos na era atómica, o mundo está quase a desabar. Outro aviso ao criador: se tiver que reconstruir o Éden que todos os seres sejam completos, incluindo a humanidade. Que sejam hermafroditas. Masculino e feminino no mesmo ser, para se atingir a perfeição suprema e com ela a paz por todos nós desejada, sem disputas, nem desilusões, nem desgostos de amor.” *

COMO FOI NO INÍCIO?
“No princípio era Lilith. Digam o que disserem,na origem era o Andrógino. E depois do seu exílio, senão mesmo do seu desterro, o Éden nunca mais voltou a ser o que era antes."
(...)
"Eva é a mulher muda, a sombra da mulher, quase um fantasma.
Eva está incompleta, falta-lhe alguma coisa: trata-se do aspecto Lilith que ela por vezes toma quando se revolta" .
««««««
Esta é uma realidade dolorosa em todo o mundo apesar de muito bem disfarçada no Ocidente pelas elites políticas e intelectuais. Nada de novo para mim, mas o mais grave é que agora são os pretensos espiritualista a querer escamotear o assunto branqueando toda a questão na sua origem e ignorar um cisma milenar, um desvio histórico e cultural, um crime contra a humanidade, como o foi a crime da anulação das mulheres, mas ainda mais grave que o mais grave é quase todas as abordagens "nova era" pretenderem dar o assunto por encerrado considerando que a mulher a partir desse vazio e o homem cheio de si são iguais e que na alma não há separação...

Isso é verdade ao nível da essência, é uma verdade absoluta ao nível do SER em Si, mas o caminho para essa realização é que ainda não está feito e por isso é que é mais grave, pois se parte do pressuposto que a mulher é a Mulher e o homem é o Homem...mas não é bem assim. Um e outro estão muito longe dessa Essência. Ao nível da encarnação e no caminho da evolução de cada indivíduo existem as particularidades e as especificidades de cada género e a necessidade de integrar os polos opostos complementares para a obra se realizar...esse é o princípio da Grande Alquimia. E não é agora que todos esses pressupostos fantásticos e fantasistas que vêm como por milagre colocar a mulher e o homem em plano de igualdade porque o erro de base é que eles não são iguais. São efectivamente diferentes, opostos e complementares, isso sim. E não estão de modo algum no mesmo patamar...porque à mulher falta-lhe a parte instintiva e a voz do útero, e ao homem falta-lhe conhecer a mulher que inicia e dá à luz...falta-lhe conhecer a Amante plena e a Mãe total.

Quanto mais a mulher for Mulher mais o homem é homem, mas isso não pode acontecer antes da mulher unir as duas partes de si separadas e antagónicas...a mulher que se perdeu dos Mistérios de Euleusis para ser aglutinada ao Homem e esvaziada de entranhas e banida do vocabulário humano desde a pré-história...
Poderemos voltar a ser andróginos, não ser nem macho nem fêmea no final de um processo inicático, mas não sem que primeiro a mulher seja mulher...e o homem homem. Só depois da união dos dois em Um, pela integração dos polos opostos complementares, dentro de cada ser se poderá a Humanidade transformar em Hermafrodita talvez...sim voltar ao Eden, voltar a unir Hermes e Afrodite...como eles foram criados desde o começo dos tempos e viviam no Paraíso.
Mas agora o grande perigo, a grande armadilha para a mulher será ela acreditar que, fragmentada como está neste mundo, entrará no Caminho Espiritual sem primeiro se Unir a si mesma, sem resgatar a mulher selvagem, a Mulher ancestral, a Xamã! E passar pela consciência dos mistérios profundos indo ao fundo da sua Sombra-Mãe, voltar aos Mistérios da Mãe-Filha/o. Porque é no quadro do mundo do poder do mais forte, do Pai-filho que ela é excluida dos mistérios antigos e votada ao pleno descrédito, escravizada e hoje violada e abusada em casa.

Por isso é que a Matriz de Controlo usa e abusa dos conceitos "nova era" para continuar a manter as mulheres na ignorância delas mesmas e dessa cisão. É precisamente para essa omissão que se reveste toda essa abordagem "espiritual" que a mulher tem de estar atenta!

rosa leonor pedro


*citação incial do livro O SÉTIMO JURAMENTO
DE PAULINA CHIZIANE
Da Ed. CAMINHO – uma terra sem amos

sábado, janeiro 01, 2011

RESPIRO O TEU NOME


MATER - MATRIZ


Há um nome mágico
evocativo.
O mais comum e o mais sublime:
Avé Maria
Yod-He-Vav-He

Tenho a voz cheia da tua substância primeira,
tenho-te na boca e nas entranhas.
Respiro o teu nome e estou de ti prenha.

As tuas mãos percorrem as artérias
do meu coração como safiras
e a minha alma acompanha-te enlevada
ao mais secreto de mim.

Nas tuas mãos abro-me inteira
e sou o teu jardim.
Tu és a Chave!
Eu sou o templo de uma nova era anunciada:
O Amor em MI (m).


In Mulher Incesto - Sonata e Prelúdio
rosa leonor pedro