O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, abril 27, 2011

ESSÊNCIA E EXISTÊNCIA



Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo.

Clarice lispector

A GRANDE DIVISÃO BÍBLICA DA MULHER


“Será que não é necessário procurar as causas desta dicotomia dramática naquilo que precede Adão e Eva? Nascida das trevas das quais ela obtém o seu nome, LILITH precede Adão no jardim do Éden. Ela comeu o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e ela não sofreu nenhum dano. Ela pronuncia o “nome indizível” de Deus sem sofrer a mínima consequência. O seu desejo de absoluto, de Conhecimento torna-a igual a Deus. Assim, Lilith é considerada a primeira mulher de Adão: qual é o significado deste dado pelo Zohar?

O nome de LILITH poderá vir de Leila ou Lavlah que se podem traduzir por trevas, a noite. E a noite, é a obscuridade, o negro. Joelle de Gravelaine no livro “Le retour de Lilith” descreve: “O negro pode ser concebido simbolicamente com a cor mais escura devida à ausência de raios luminosos, ou ao no seu oposto, à sua absorção total.

Diz ainda: “Este negro, matéria-prima, cor da potencialidade mas também do poder contem tudo: ele é o portador do princípio fecundante e feminino, portanto mortal, que quer que a noite LAVLAH inquiete e – porque ela amplifica tudo, os barulhos, as sensações, os medos – que as trevas sejam associadas ao diabo. Na armadilha colocada por LILITH, poder da sombra, mais do que um caíram o que fez que ela se tornasse a “mãe obscura”, “a parte maléfica” “a mulher fálica” ou essa “bruxa cuja vagina tem dentes” e que assusta o inconsciente masculino desde o começo dos tempos.”

Associada à Lua Negra, ela evoca com o sol negro – luminares metafísicos segundo Jean Carteret – a diferença entre a ESSENCIA e a EXISTÊNCIA, entre o Inconsciente e o Hiper-Consciente.
O autor acrescenta: “No entanto ninguém pode passar sem ela quem deseja abandonar as suas velhas peles inúteis, aceder ao coração essencial, passar para o outro lado, para uma vertente mais intensa de luz, ultrapassar-se a si mesmo e aceder ao inconsciente puro.
COMO é que isso se faria sem sofrimento, sem sacrifício, sem dor? COMO faríamos nós a economia desta ferida aberta que nos faz passar do Existencial ao Essencial?”

Do Livro Le Retour de LILITH. La Lune Noire. L’Espace Blue, 1985

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