O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, setembro 29, 2011

A DIVISÃO INTERIOR DAS MULHERES...

“As conexões com e entre as mulheres são as mais temíveis, mais problemáticas e as forças mais potencialmente transformadoras do planeta.”
Adrienne Rich

COMO A DIVISÃO INTERIOR DAS MULHERES SE REFLECTE NO EXTERIOR E NAS OUTRAS MULHERES EM AGRESSÃO E CONTUNDÊNCIA...

DIZ-SE E  São de facto as relações entre as mulheres porventura as mais temíveis quando estas entre si rivalizam...as mais problemáticas quando entre si não se entendem e as mais devastadoras quando se odeiam...
As mulheres que se odeiam enquanto rivais podem destruir-se mutuamente sem se darem tréguas...ninguém como uma mulher para destruir outra mulher. E não são precisos factos concrectos nem dados reais para esse ódio se instalar...basta uma ofensa, mesmo provocada sem intenção ou uma divergência que acenda o sentimento de rejeição ou um simples tocar na ferida de abandono ou mesmo o abalar de uma qualquer crença arreigada para despoletar o maior ódio...
Por vezes basta uma dúvida apenas ou a mulher sentir-se preterida para a mulher atacar e ferir sem hesitação a outra por quem se sente ameaçada. Anos e anos de sobrevivência da mais fraca...perante a mãe ou o pai, professores ou amigas...rivais, irmãos e namorados, pode fazer com que a mulher se sinta de novo ameaçada e agredir sem pensar. E fá-lo com tanta precisão e empenho como se estivesse diante do maior inimigo. Professoras, amigas mais velhas, e principalmente terapeutas sofrem essas projecções e muitas são fatais para quem agride quando o não para a outra mulher se for uma pessoa desprevenida.
Não será a primeira nem a última vez que aconteceu comigo e no fundo do meu espanto admito, que mesmo sabendo ser este um dos mais difíceis aspectos nos relacionamentos com as mulheres, o que me aconteceu recentemente e sem eu saber como nem porquê, e de forma alguma quero estar a armar-me de inocente nem de vítima, resultou apesar disso, num choque brutal e num desgosto enorme. Ver que as razões pelas quais trabalho e luto árduamente há anos, por estabelecer um entendimento maior entre as mulheres, resulta numa nova cisão de mulheres num grupo ou na exclusão da minha pessoa como "autoridade"...como um reflexo da sua cisão interna...e  que, na essência, e a níveis mais profundos, toda essa oposição e agressão exterior é apenas o reflexo da sua cisão interior milenar.
Sei, evidentemente, que ao focar aspectos contundentes e complexos das relações entre mulheres, vou sujeitar-me a julgamentos e a sofrer acusações, as mais diversas, e longe de me sentir isenta, pois eu própria estou no processo e por isso cometo erros, acabo por ser o alvo preferencial de quem entra em desacordo comigo, seja qual for a razão de cada uma das opositoras...

Por isso digo que essas mesmas conexões entre mulheres, sem que estas façam um trabalho profundo ao nível da sua psique, são perigosíssimas. Não integrando as duas mulheres cindidas não é possível ser-se uma mulher total e menos ainda respeitar as diferentes etapas da vida das mulheres. Só havendo uma integração das "duas" mulheres e os seus respectivos esteriótipos (a santa e a prostituta) dentro da própria mulher será possível ultrapassar todas essas barreira de coisas mal resolvidas na infância e adolescência, provenientes de uma má relação com a mãe ou com uma irmã, e que acabam inexoravelmente por se manifestar no ódio a outra mulher por quem é confrontada, seja na rivalidade por um amante, seja na competição entre si no trabalhho ou num grupo.
Sem essa integração dos arquétipos e a consciência da sua fragmentação interior, as mulheres não vão nunca poder aprender a respeitarem-se nas suas diferenças idades nem se entenderem e amarem como irmãs, filhas e mães, para por fim poderem realmente transformar o mundo.
Todo o empenhamento das mulheres numa causa mesmo que seja de mulheres e deusas...sem esse trabalho feito a nível individual, mais tarde ou mais cedo acabará em cisão e confronto de mulheres em maior grau ou menor grau de agressão entre umas e outras...

rosaleonorpedro

2 comentários:

Nana Odara disse...

Adorei a roupa nova...
Não vejo a hora de poder ter mais tempo pra matar minha sede...
Bjins

Astrid Annabelle disse...

Bom dia Rosa!

Quando compreendemos a vida com a visão linear é assim, conforme relata com excelência.

Porém, quando observamos a vida uma oitava acima,[e é uma minoria que consegue isto por enquanto] já não precisamos nos importar com isso...vemos, ouvimos e deixamos passar.
E mais, o fato de magoar serve unicamente como aprendizado pessoal: aonde foi que eu me magoei de maneira igual? Para que preciso disso?

Parabéns por seu trabalho que está pleno e maravilhoso...

Beijo
Astrid Annabelle