O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 10, 2011

A diferença essencial entre evolução cultural e biológica


PARCERIA OU DOMINAÇÃO?

“Retornamos também a um outro ponto, de igual importância: a diferença essencial entre evolução cultural e biológica. A evolução biológica acarreta o que os cientistas denominam especiação; o surgimento de uma grande variedade de formas de vida cada vez mais complexas.

Em contraste, a evolução cultural humana relaciona-se com o desenvolvimento de uma espécie bem complexa — a nossa —, a qual se apresenta de duas formas: a feminina e a masculina.

Este dimorfismo humano, ou diferença na forma, como vimos, atua como uma coerção fundamental das possibilidades de nossa organização social, a qual pode basear-se tanto na supremacia quanto na união das duas metades da humanidade. A diferença crítica que outra vez deve ser enfatizada é a de que qualquer um dos dois modelos resultantes possui um tipo característico de evolução tecnológica e social. Em consequência, a direção de nossa evolução cultural — especialmente no que se refere a saber se ela será pacífica ou belicosa — depende de qual destes possíveis modelos será o guia para a evolução.
Nossa evolução social e tecnológica pode — o que, como vimos, de fato aconteceu —
passar de níveis mais simples aos mais complexos, primeiro sob uma sociedade de parceria e depois sob uma sociedade de dominação. No entanto, nossa evolução cultural, que direciona os usos que fazemos das maiores complexidades tecnológicas e sociais, é radicalmente diferente para cada modelo. E, por sua vez, esta direção na evolução cultural afeta profundamente a direção de nossa evolução social e tecnológica.

O exemplo mais óbvio é a tecnologia. Sob a direção cultural do paradigma de parceria, enfatizam-se as tecnologias com fins pacíficos. Mas com a ascensão do paradigma dominador, houve a grande mudança para o desenvolvimento de tecnologias de destruição e dominação, que ascenderam gradativamente ao longo de séculos, até nossa época ameaçada.
Como não estamos acostumados a considerar a história em termos de um modelo de dominação ou de parceria da sociedade, que molda nosso passado, presente e futuro, é para nós difícil enxergar o profundo efeito que esses dois modelos exerceram em nossa evolução cultural.”

O CÁLICE E A ESPADA, Riane Eiseler (versão brasileira)
Copiado de: http://saberdesi.blogspot.com/2011/09/parceria-ou-dominacao.html

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