O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, dezembro 29, 2011

QUANDO O PODER DA DEUSA SE INVERTE...



"O poder da Deusa, que se manifesta por meio das mulheres, é uma matriz emocional que convida a uma fusão ou simbiose inconsciente e transmite uma sensação de “chegada a casa”. J.S.B.


Nem sempre acontece como bem gostariamos que fosse que essa matriz emocional convide a uma fusão ou simbiose inconsciente com a sensação de volta "a casa" se ao nivel inconsciente precisamente as  mulheres não estiverem em sintonia com essa matriz que é a Matriz comum a todas as mulheres na essência e não na superfície...Ora aqui chegadas....infelizmente não a casa...temos de rever de forma clara o objectiva que há algo por fazer, algo por realizar de muito importante...pois sabemos que a Mulher ainda não é capaz de sentir essa simbiose nem fazer essa fusão com as outras mulheres porque não está ligada à sua própria essencia...e portanto está longe dessa matriz do feminino.

Hoje eu destaco aqui este aspecto porque mais uma vez fui surpreendida com a inversão desse Poder da Deusa...e em vez de sentir essa sintonia, essa empatia, essa cumplicidade, essa compreensão natural entre seres iguais... com uma ou várias mulheres que me lêem, senti mais uma vez, neste caso directamente na pele, a mágoa pela agressão gratuita ou a revanche antiga pela diferença e a não aceitação da diferença seja em ideias ou palavras ou mesmo experiências que nos marcam e diferenciam umas das outras - o que eu senti foi essa  total falta de simbiose entre as mulheres que é gerada pela competição e luta entre os estereótipos,  as idades, entre a filha e a mãe entre a mãe e a anciã...
E ver este antagonismo manifestar-se entre as mais diferentes mulheres, sempre umas contra as outras, só me fortalece na ideia de que as mulheres continuam inimigas umas das outras  e sem mexer no aspecto fulcral da sua ferida...e o que destilam é esse  veneno que cimenta a discórdia, a agressão e a divergência acérrima que as leva a acusar-se umas às outras  e a agredir "amigas"... e os espelhos  que as mulheres são umas para as outras acabam em estilhaços de acusações e briga, ferindo-se algumas mortalmente (na amizade digo)...E este facto vivido, mais uma vez, prova-me que todas as teorias da Deusa e do Feminino, sagrado ou profano, todas as ideias e lutas feministas, se não houver um verdadeiro trabalho ao nível da psique, ao nível psicológico e anímico, tudo não passa de boas intenções e ideias de superfície. Todos os grupos e círculos de mulheres que não se fundamentam nessas linhas de consciência e trabalho em profundidade consigo mesmas,  na união interior das duas mulheres cindidas dentro de si...levam inexoravelmente ao fim e à cisão dos grupos e ao antagonismo entre as mulheres...e as melhores amigas de hoje serão as maiores inimigas de amanhã...como acontece em todo os lugares e comunidades, no trabalho  e na sociedade em geral.
Portanto e mais do que nunca a grande e premente necessidade de todas as mulheres é de realizar um trabalho pessoal e interior em profundidade. Tudo ou quase tudo foi feito no exterior, mas não são as lutas sociais por direitos  e igualdades, nem as lutas económicas de classe, nem os rituais da Deusa, nem as ideias brilhantes, nem as mais belas filosofias que nos salvam...mas sim a consciência do SER EM Si, neste caso uma consciência integral do ser mulher.

Em resumo, tudo isto na verdade me mostra que enquanto a mulher não se enxergar a si mesma nessa divisão ancestral, e sempre como o pomo da discórdia e continuar a acusar a outra mulher da divergência e pretender ter razão...que ela não fez trabalho nenhum em si - pode até ser uma grande activista e uma grande estudiosa dos assuntos da mulher e da deusa...mas sem esse trabalho interior não vai a lado nenhum digo e afirmo -  mas apenas pretende afirmar-se pela mente e pela lógica...
Para mim não há nada pior do que uma mulher virar-se contra a mãe ou a irmã...não há nada mais grave do que uma mãe acusar uma filha...porque esse é o princípio que separou a mulher da outra mulher e as dividiu em duas, e as  fragmentou em múltiplas personas (e estereótipos) e a faz sentir-se continuamente perdida e contra as outras mulheres. Nada mais nefasto e venenoso do que o ódio de outra mulher. Uma mulher pelo ódio pode fulminar alguém tanto, e tão drasticamente  como pelo Amor da Deusa Mãe e esse pOder simbiótico Curar e salvar-se a si mesma e digo até  a Humanidade inteira. Mas enquanto a mulher lutar contra uma parte de si e contra a outra mulher não haverá Paz dentro de si nem no mundo.

rlp   

3 comentários:

guiomar disse...

mulher tem que se unir, precisam ser transparente, mostrar como ela é por dentro e por fora. Muitas vezes a mulher se acha frágil, só que sua fragilidade é só por fora. Por dentro está a mulher forte, tipo um gigante, e está sempre pronta para se defender de tudo e de todos. Nós nos sentimos frágeis às veses, pois não somos totalmente de ferro, embora parecemos ser de ferro e de aço, só que esses dois adjetivos ficam escondidos, e só aparecem na horacerta.

Vera Britto, presidente disse...

Rosa Leonor

Que maravilha este blog! Tentei me registrar como seguidora mas não sei se consegui.
De qualquer forma estarei sempre por aqui, já não me sinto isolada na minha busca.
Se houver um trabalho sendo desenvolvido do qual eu possa participar, me digam como e o que fazer.Fiquei esperançosa nesta passagem de ano.
Um abraço
Vera Britto

guiomar disse...

quando a mulher se caminha para a femenilidade ela se torna mais mulher. É como se a mulher que está dentro quizesse sair como um broto forte e pronto para lutar contra todos e contra ela mesma, porque renasce uma mulher muito forte e pronta para tudo. Ela quer lutar por ela e pelas outras que ainda se acham fracas, e uma precisa da outra.