O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, setembro 29, 2011

A DIVISÃO INTERIOR DAS MULHERES...

“As conexões com e entre as mulheres são as mais temíveis, mais problemáticas e as forças mais potencialmente transformadoras do planeta.”
Adrienne Rich

COMO A DIVISÃO INTERIOR DAS MULHERES SE REFLECTE NO EXTERIOR E NAS OUTRAS MULHERES EM AGRESSÃO E CONTUNDÊNCIA...

DIZ-SE E  São de facto as relações entre as mulheres porventura as mais temíveis quando estas entre si rivalizam...as mais problemáticas quando entre si não se entendem e as mais devastadoras quando se odeiam...
As mulheres que se odeiam enquanto rivais podem destruir-se mutuamente sem se darem tréguas...ninguém como uma mulher para destruir outra mulher. E não são precisos factos concrectos nem dados reais para esse ódio se instalar...basta uma ofensa, mesmo provocada sem intenção ou uma divergência que acenda o sentimento de rejeição ou um simples tocar na ferida de abandono ou mesmo o abalar de uma qualquer crença arreigada para despoletar o maior ódio...
Por vezes basta uma dúvida apenas ou a mulher sentir-se preterida para a mulher atacar e ferir sem hesitação a outra por quem se sente ameaçada. Anos e anos de sobrevivência da mais fraca...perante a mãe ou o pai, professores ou amigas...rivais, irmãos e namorados, pode fazer com que a mulher se sinta de novo ameaçada e agredir sem pensar. E fá-lo com tanta precisão e empenho como se estivesse diante do maior inimigo. Professoras, amigas mais velhas, e principalmente terapeutas sofrem essas projecções e muitas são fatais para quem agride quando o não para a outra mulher se for uma pessoa desprevenida.
Não será a primeira nem a última vez que aconteceu comigo e no fundo do meu espanto admito, que mesmo sabendo ser este um dos mais difíceis aspectos nos relacionamentos com as mulheres, o que me aconteceu recentemente e sem eu saber como nem porquê, e de forma alguma quero estar a armar-me de inocente nem de vítima, resultou apesar disso, num choque brutal e num desgosto enorme. Ver que as razões pelas quais trabalho e luto árduamente há anos, por estabelecer um entendimento maior entre as mulheres, resulta numa nova cisão de mulheres num grupo ou na exclusão da minha pessoa como "autoridade"...como um reflexo da sua cisão interna...e  que, na essência, e a níveis mais profundos, toda essa oposição e agressão exterior é apenas o reflexo da sua cisão interior milenar.
Sei, evidentemente, que ao focar aspectos contundentes e complexos das relações entre mulheres, vou sujeitar-me a julgamentos e a sofrer acusações, as mais diversas, e longe de me sentir isenta, pois eu própria estou no processo e por isso cometo erros, acabo por ser o alvo preferencial de quem entra em desacordo comigo, seja qual for a razão de cada uma das opositoras...

Por isso digo que essas mesmas conexões entre mulheres, sem que estas façam um trabalho profundo ao nível da sua psique, são perigosíssimas. Não integrando as duas mulheres cindidas não é possível ser-se uma mulher total e menos ainda respeitar as diferentes etapas da vida das mulheres. Só havendo uma integração das "duas" mulheres e os seus respectivos esteriótipos (a santa e a prostituta) dentro da própria mulher será possível ultrapassar todas essas barreira de coisas mal resolvidas na infância e adolescência, provenientes de uma má relação com a mãe ou com uma irmã, e que acabam inexoravelmente por se manifestar no ódio a outra mulher por quem é confrontada, seja na rivalidade por um amante, seja na competição entre si no trabalhho ou num grupo.
Sem essa integração dos arquétipos e a consciência da sua fragmentação interior, as mulheres não vão nunca poder aprender a respeitarem-se nas suas diferenças idades nem se entenderem e amarem como irmãs, filhas e mães, para por fim poderem realmente transformar o mundo.
Todo o empenhamento das mulheres numa causa mesmo que seja de mulheres e deusas...sem esse trabalho feito a nível individual, mais tarde ou mais cedo acabará em cisão e confronto de mulheres em maior grau ou menor grau de agressão entre umas e outras...

rosaleonorpedro

quarta-feira, setembro 28, 2011

DIZER O CORAÇÃO...


In A METÁFORA DO CORAÇÃO

E assim, o amor faz transitar, ir e vir entre as zonas antagónicas da realidade, penetra nela e descobre o seu não-ser, os seus infernos. Descobre o ser e o não-ser, porque aspira a ir para lá do ser e o não ser; de todo o projecto. E desfaz todo a consistência.
Destrói e dá nascimento à consciência, sendo como é a vida plena de alma. Eleva ao obscuro ímpeto de vida; essa avidez que é a vida no seu fundo elementar, leva-a na alma. Mas, ao mostrar a inanidade de tudo aquilo em que fixa, revela à alma também os seus limites e abre-os à consciência, fá-la dar nascimento à consciência. A consciência aumenta após um desengano de amor, como a própria alma se dilata com o seu engano.
Mas não existe engano algum no amor, que, por o haver, obedece à necessidade da sua essência. Porque, ao descobrir a realidade no duplo sentido do objecto amado, a consciência de quem ama não sabe situar essa realidade que a transcende. Se não houvesse engano não haveria transcendência, porque permaneceríamos sempre encerrados dentro dos mesmos limites. (...)

Maria Zambrano
***

Há em mim a Mulher, como género da espécie humana e há em mim o SER acima do género e da espécie...
Enquanto mulher eu luto por ser inteira e pela espécie ser mais humana...Como Alma que ama e anseia sempre mais, busco o Amor mais profundo e Universal e desejo fundir-me com O Todo que sou...

rlp

terça-feira, setembro 27, 2011

UMA LONGA, LONGA HISTÓRIA DE ATROCIDADES...



"Eu venho desde ontem,
do escuro passado e esquecido
com as mãos amarradas pelo tempo,
e a boca selada das épocas remotas.

Venho carregada das dores antigas,
Guardadas por séculos,
arrastando correntes longas e indestrutíveis…

Eu venho da obscuridade,
do poço do esquecimento,
com o silêncio nas costas,
do medo ancestral que tem corroído a minha alma
desde o princípio dos tempos…

Venho de ser escrava por milénios,
escrava de maneiras diferentes:
submetida ao desejo de meu raptor na Pérsia,
escravizada na Grécia pelo poder romano,
convertida em vestal nas terras do Egipto,
oferecida aos deuses em ritos milenares,
vendida no deserto
ou avaliada como uma mercadoria…

Eu venho de ser apedrejada por adúltera nas ruas de Jerusalém,
por uma multidão dos hipócritas,
pecadores de todas as espécies,
que clamavam aos céus pela minha punição…

Tenho sido mutilada em muitos povos
para privar o meu corpo dos prazeres
e convertida em animal de carga
trabalhadora e parideira da espécie…

Têm-me violado sem limites,
em todos os cantos do planeta,
sem levarem em consideração a minha idade madura
ou juventude, minha cor ou estatura…


Tive que servir ontem aos senhores,
submeter-me aos seus desejos,
entregar-me, doar-me, destruir-me
para esquecer-se de ser uma entre milhares.

Fui cortesã de um senhor em Castilha,
Esposa de um marquês
E concubina de um comerciante grego,
Prostituta em Bombaim e nas Filipinas
E esse tratamento foi sempre igual….


De um e de outros sempre fui escrava,
De um e de outros sempre fui dependente,
menor de idade em todos os assuntos,
Invisível na História mais antiga
e esquecida na História mais recente
Não tive a luz do alfabeto…

Durante muitos séculos,
reguei com as minhas lágrimas a terra
que devia cultivar desde a infância….

Tenho percorrido o mundo em milhares das vidas
que me têm sido entregues uma a uma
e tenho conhecido todos os homens do planeta:
Os grandes, os pequenos, os bravos e cobardes,
Os vis os honestos, os bons e os terríveis
Mas quase todos levam a marca do tempo…

Uns manejam vidas como patrões e senhores,
Asfixiam, aprisionam e aniquilam
Outros subjugam almas,
comercializam com ideias
assustam ou seduzem
manipulam ou oprimem…

Conheço-os a todos.
Estive perto de uns e de outros
Servindo cada dia,
Recolhendo migalhas,
Humilhando-me a cada passo,
cumprindo o meu karma…

Tenho percorrido todos os caminhos
arranhando paredes, ensaiando silêncios
tratando de cumprir as ordens de ser
como eles querem,
mas não tenho conseguido…

Jamais foi permitido que eu escolhesse
O rumo da minha vida.
Tenho caminhado sempre em disjunção
entre o ser santa ou prostitua…

Tenho conhecido o ódio e os inquisidores
que em nome da santa madre igreja
condenam o meu corpo ao seu serviço
às infames chamas da fogueira.

Têm-me chamado de múltiplas maneiras:
Bruxa, louca, adivinha, pervertida, aliada de Satã,
escrava da carne, sedutora ninfomaníaca
culpada de todos os males da Terra…

Mas segui vivendo,
arando, colhendo, costurando, construindo,
cozinhando, tecendo, curando, protegendo,
parindo, criando, amamentando, cuidando
e, sobretudo, amando…

Tenho povoado a Terra de senhores e escravos,
de ricos e mendigos, de génios e idiotas,
mas todos tiveram o calor do meu ventre,
meu sangue e seu alimento
e levaram com eles um pouco da minha vida…

Consegui sobreviver à conquista brutal e sem piedade
de Castilha nas terras da América.
Mas perdi meus deuses e a minha terra
e meu ventre pariu gente mestiça
depois que o meu patrão me tomou à força…

E neste continente mestiço prossegui a minha existência
carregada de dores quotidiana negra e escrava.
No meio da fazenda me vi obrigada
A receber o patrão quantas vezes ele quisesse
Sem poder expressar nenhuma queixa…

Depois fui costureira,·camponesa, servente, agricultora
Mãe de muitos filhos miseráveis,
vendedora ambulante, curandeira,
babá, cuidadora de velhos,
artesã de mãos prodigiosas, tecelã bordadeira,
operária, professora, secretária, enfermeira….

Sempre servindo a todos
convertida em abelha ou semeadeira,
cozendo as tarefas mais ingratas,
moldada como uma jarra por mãos alheias…
Vieram milhões de mulheres juntas escutar a minhas queixas.
Falou-se de dores milenares,
dos enormes grilhões que os séculos
nos fizeram carregar nas costas
e formamos com todos os nossos lamentos
um caudaloso rio
que começou a percorrer o Universo,
afogando a injustiça e os esquecimento…

O mundo ficou paralisado,
os homens e mulheres não caminharam.
Pararam as máquinas, os tornos,
os grandes edifícios e as fábricas,
ministérios e hotéis, oficinas, hospitais,
e lojas e lares e cozinhas…

Nós mulheres finalmente descobrimos:
Somos tão poderosas quanto eles
E somos muito mais numerosas sobre a Terra!
Mais que o silêncio, mais que o sofrimento,
Mais que a infância e mais que a miséria!

Que este cântico ressoe
nas longínquas terras da Indochina
nas cálidas areias de África,
no Alasca e na América Latina

Proclamando a igualdade entre os géneros
Para construir um mundo solidário
-diferente, horizontal, sem poderes -
a conjugar a ternura, a paz e a vida
a beber da ciência sem distinção.

A derrotar o ódio e os preconceitos,
O poder de uns poucos, as mesquinhas fronteiras,
a amassar com as mãos de ambos os sexos,
o pão da existência…"



Jenny Londoño

CONDENADA A MORTE


«O que fez o vosso profeta para salvar os homens?»

ELA SÓ DISSE ISSO
PARA SER CONDENADA A MORTE...

"Asia Bibi, uma cristã paquistanesa, é a primeira mulher condenada à morte no século XXI. A jornalista Anne-Isabelle Tollet conta a sua história.

Estava-se em meados de Junho de 2009 e, no Punjab, faziam 45ºC. Asia Bibi trabalhava no campo para sustentar os seus cinco filhos. Fez uma pausa para matar a sede quando algumas mulheres muçulmanas a acusaram de contaminar a água do poço por ser cristã. Insultada, ripostou: «O que fez o vosso profeta para salvar os homens?». Foi o suficiente para desencadear a fúria dos aldeãos.

No dia seguinte Asia foi declarada culpada e presa por blasfémia. Em Novembro de 2010, quando o marido já preparava uma festa para a receber, a setença de pena capital por enforcamento era confirmada.

Dois homens que assumiram a causa de Asia Bibi acabaram mortos pelos radicais: o ministro das minorias Shahbaz Bahtti (dois dias depois de se ter encontrado com Hillary Clinton) e o governador do Punjab, Salman Taseer, assassinado pelo seu próprio guarda-costas com 25 tiros. Asia teve esperança de receber um indulto presidencial, que nunca chegou, e teve uma rara alegria ao saber que o Papa Bento XVI havia chamado a atenção para o seu caso na Praça de S. Pedro do Vaticano."
(...)
IN HOLOSGAIA

segunda-feira, setembro 26, 2011

MAGNÍFICO CORAÇÃO...DE MAAT


DO CORAÇÃO...POR DENTRO

O ..."abrir-se da entranha coração"
(...)
“Somente aquilo que constitutivamente é fechado pode ser a sede de uma intimidade; aquilo que com suprema nobreza pode abrir-se sem deixar de ser cavidade, interioridade que oferece o que era a sua força e o seu tesouro, sem se converter em superfície. Que, ao oferecer-se, não é para sair de si mesmo, mas para fazer adentrar-se nele o que vagueia fora. Interioridade aberta; passividade activa. Tal parece ser a vida primeira do coração, víscera onde todas as restantes cifram a sua nobreza, como se nela tivessem delegado para executar essa acção suprema, delicada e infinitamente arriscada. Porque neste abrir-se da entranha coração, arrisca-se a vida das restantes que não podem fazê-lo, mas que estão comprometidas por participação. Pouco valor teria essa abertura do coração se ocorresse sem participação das demais entranhas somente passivas, puro trabalho também -. Se tal participação não sucedesse, o coração poderia Ter uma vida independente e solitária, como chega a Ter o pensamento.
(...)
A profundidade impõe tanto e é tão misteriosa porque é o espaço que sentimos criar-se, pela acção de algo que está a ponto de trair o seu ser para oferecê-lo numa entrega suprema, como é toda a entrega daquilo que não se tem primariamente e se adquire para entregá-lo a quem somente assim pode ir a quem o chama. O profundo é uma chamada amorosa. Por isso, toda a gruta atrai.”
(...)

In a Metáfora do Coração
E outros escritos.
Maria Zambrano

ANTES DE DEUS....ERA A DEUSA...


"Ela é a virgem eterna, o que não quer dizer intocada, mas sim a que não vive sob o domínio do homem . "

(Agustina Bessa-Luis)

ASHERAD - A DEUSA PROIBIDA DOS PRIMÓRDIOS...

(...)
Podemos claramente perceber que a elaboração e instituição do monoteísmo não se deu de forma democrática e muito menos pacífica. A partir de um contexto politeísta, a centralidade em Yahweh é um processo violento, de destruição da cultura religiosa do outro e da outra, de proibição do diferente, demonizando-o e tornando-o uma ameaça. Um processo nítido de intolerância religiosa.

A supressão do culto e da imagem da Deusa Asherah traz consigo conseqüências profundas para as relações entre os gêneros, afetando em especial aos corpos das mulheres, que tinham na Deusa uma possibilidade de representação do feminino no sagrado. A religião judaica vai se constituindo em torno de um único Deus masculino, legitimando historicamente uma sociedade patriarcal. Este poder divino imaginado somente como Deus afetou as mulheres, as crianças, a natureza, pois quase sempre partiu de um pressuposto de dominação, opressão e hierarquização das relações, tanto humanas como ecológicas.

Afirmar Asherah como Deusa é polêmico, mas necessário à religião e à pesquisa bíblica. Dar voz a uma época em que Deuses e Deusas eram adorados, em que o próprio Yahweh foi adorado ao lado de Asherah, nos impulsiona a re-pensar não só as relações pré-estabelecidas entre homens e mulheres, bem como, a própria representação do sagrado estabelecida.

Re-imaginar o sagrado como Deusa é re-imaginar as relações de poder, não numa tentativa de apagar a presença de Deus e sim de dar espaço ao feminino no sagrado, novamente o feminino não como um atributo do Deus masculino, mas como Deusa.
Esta talvez seja uma grande contribuição da reflexão feminista, que nos desloca e nos provoca a re-imaginar o sagrado, como possibilidade de re-imaginar a sociedade e as estruturas cristalizadas secularmente.
(...)

ASHERAH:THE FORBIDDEN GODDESS
Ana Luisa Alves Cordeiro

Graduanda do Bacharelado em Teologia pela Universidade Católica de Goiás. Assessora do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI). Correio eletrônico: analuisatri@yahoo.com.br
IN PISTAS DO CAMINHO

domingo, setembro 25, 2011

A CORAGEM DE VIVER...



Ah, como tudo é incerto. E no entanto dentro da Ordem. Não sei sequer o que vou te escrever na frase seguinte.
A última verdade a gente nunca diz. Quem sabe da verdade que venha então. E fale.
Ouviremos contritos.


A coragem de viver: deixo oculto o que precisa ser oculto e precisa irradiar-se em segredo.


Calo-me.


in "ÁGUA VIVA" - CLARISSE LISPECTOR

sábado, setembro 24, 2011

REFLEXÕES...


ENTRE AS MULHERES...

COMO AGRADAR A GREGAS E A TROINAS...?

O meu lado místico não agrada às feministas e ateias....
O meu lado esotérico não agrada às intelectuais ou cientistas...
O meu lado pagão não agrada as cristãs budistas e new ages...
O meu lado subversivo não agrada às conservadoras e artista da ribalta...
O meu lado elitista não agrada às comunistas e revolucionárias...
O meu lado devocional definitivamente não agrada as góticas, vampiras e às deusas do caos...


  rlp

quarta-feira, setembro 21, 2011

SENHORA DA MINHA ALMA...



“Senhora da Harmonia toma conta de mim”

"Enquanto a alma não nascer só há conflito. E os conflitos existem para nos dizer: “ainda não és alma o suficiente, ainda não trabalhaste na criação da alma” porque a alma no plano dela é plena, é uma lua, uma receptora, uma mediadora, uma diplomata e é uma Grande Senhora da Harmonia. Ela é a única entidade que não pertence a nenhum território, nem o do mundo terrestre nem o do mundo celeste, é uma gueixa porque ela tem de agradar a um senhor e ao outro, e quando se diz que ninguém serve a dois senhores ao mesmo tempo, isso refere-se às coisas do divino e às coisas anti divinas. Agora, o problema da alma é adaptar o potencial dos corpos superiores (corpo crístico, corpo monádico e regente avatar) ao potencial dos corpos inferiores – o potencial da imortalidade do físico, o potencial da Bem Aventurança do nosso emocional e o potencial da iluminação do nosso mental.

Esta Senhora raramente é compreendida, raramente é invocada e consciencializada e nós estamos com os olhos postos em Deus, e noutras coisas, e nunca temos os olhos postos nela. E todo o nosso sofrimento acontece porque a alma ainda não atravessou o suficiente para o lado de cá porque nós não olhamos para ela. Nós olhamos para a mónada com muito mais facilidade do que olhamos para a nossa humilde alma.

A alma é a fonte de toda a Humanidade e de toda a Paz e eficiência integral porque ela não pertence nem ao mundo dos deuses nem ao mundo dos homens.

Há milénios que ela faz o trabalho secreto sem que o Homem consciente a reconheça. A tarefa incrivelmente simples, descomplicada, de uma pessoa se sentar e dizer: “hoje nem Deus nem a Terra, mas a minha alma”. É conseguir cultivar a alma, dar à luz a sua própria alma, reconhecê-la e dizer: “Senhora da Harmonia toma conta de mim” porque a lei da iniciação da Humanidade é a Lei da Harmonia. Nós não somos iniciados nem para cima nem para baixo, mas, ao meio."

ANDRÉ LOURO DE ALMEIDA

terça-feira, setembro 20, 2011

As grandes sacerdotisas da Atlântida...



QUEM EM DERA QUE ELAS VIESSEM
...AS GRANDES SÁBIAS DA ATLÂNTIDA...

"...as grandes sábias da Atlântida estão todas reunidas na civilização intraterrena de Lis/Fátima, cuja porta principal se encontra na região de Fátima. Essa civilização coordena, magnetiza hostes femininas que foram grandes sacerdotisas da Atlântida. Mulheres de uma sabedoria e de uma competência, hoje desconhecida. Esse feminino profundo está lá, nos níveis de Lis, guardado para a iniciação da psique feminina nos próximos anos."

André Louro de Almeida
*****

Este trecho para além de magnífico e belo...foca o ponto essencial: todo o trabalho da mulher neste tempo reside no trabalho a fazer na descoberta da sua psique. A psique que não é pensamento nem intelecto apenas...não é ideia...nem conceitos. A psique é muito mais do que isso e é a parte da mulher que mais está dividida...Por isso é preciso que a mulher integre todas as partes de si e seja una com ela mesma, e enquanto ela não souber quem verdadeiramente é - e não julgar que é apenas os váriso fragmentos de si própria, ela não pode manifestar essa Sabedoria...
A psique é a alma do corpo...enquanto que a alma faz a união com o espírito...Sem que a mulher trabalhe e integre a sua totalidade ao nível da psique, ela não vai poder entrar em contacto com a sua Alma do Espírito...e consequentemente com o espirito vivo e uno da Mãe Divina...porque a Mãe é Terra e Céu e une o que está em cima ao que está em baixo.
rlp

segunda-feira, setembro 19, 2011

Sem ConSciência de si não há união...

A ENERGIA DE LILITH

AS DUAS MULHERES EM NÓS...

Sem dúvida que a energia de Lilth é destabilizadora ou desencadea emoções fortes e subversivas... A mulher que não estiver minimamente preparada para a olhar nos olhos e sentir a sua falsa segurança interior abalada, e porque Lilith mexe nas entranhas mais profundas da mulher e dos seus medos, é capaz de se sentir muito mal na sua pele e até possuída do "diabo" e a breve trecho vai até associá-la a um demónio e ao vampirismo...
Se Lilith porém se revelar à própria mulher em sonhos ou de forma numinosa, ou de uma forma consciente, na busca de si mesma, é mais fácil integrá-la, mas se ela se manifestar através de outra mulher como uma força alheia a si, e isso pode acontecer nas relações comuns das mulheres de forma inesperada, e se neste caso se manifestar de forma intensa na relação com a "outra" mulher que é ainda a potencial rival ou inimiga, a que lhe espelha-revela esse poder, torna-se a seus olhos efectivamente uma força demoniaca... E então temos duas vítimas...a que espelha e a que se sente espelhada que passa a agredir a primeira...como culpada do mal que se sente, da desordem dos seus sentimentos e emoções profundas que vem a superfície de forma caótica, o que a leva a condenar a outra mulher - como toda a história o indica - a vampira e demónio...Isso ainda acontece no nosso tempo, nos nossos dias, apesar de tantos séculos e numa cultura que se pretende moderna e civilizada. A mulher comum continua a reflectir sobre “a outra” mulher as mais arcaicas impressões de inveja e ciúme, raiva e ódio, quando se sente ameaçada perante aquela que lhe sugere ou espelha o que ela não tem consciencializado, seja a nível da sua sexualidade seja a nível das suas ambições ou do seu ego…

Há realmente duas formas de Lilith se manifestar na sua natureza indómita e selvagem: enquanto mulher mais jovem que a vive e representa pela sua sensualidade e pelo  seu corpo ou pela  sua ousadia e mais ainda  se for  bela, e na mulher mais velha quando esta a encarna depois da  menopausa, como energia  irradiante e só por si demolidora de forças obscuras e neste caso Lilith  pode ao ser evocada,  pode manifestar-se já não através do corpo ou da sexualidade, mas da emoção e do Saber...na Mulher Mais Velha, Aquela que Sabe… (atrevo-me a dizer como eu...e malgré moi)… Quando isso acontece, em ambos os casos, quer na mulher nova quer na mulher velha, estas mulheres Liliths são expostas a esse ódio antigo, registo celular, e vítimas de perseguição (como no caso famoso das “bruxas” condenadas às fogueiras da Inquisição e denunciadas pelas outras mulheres) e hoje a nível social quem sabe mediático causado por todo esse medo arcaico ancestral que divide e separa as mulheres no mundo...

Isso acontece sempre regra geral quando a mulher cuja Lilith está adormecida e Lilith constitui uma boa parte da sua Sombra que não é apenas o seu lado "negativo" e recalcado, mas muito mais do que isso, podendo até sentirem-se atraídas por elas de forma sensual emocional ou sexual, porque é essa   a sua sombra, de forma não consciente claro, que lhe é espelhada  nessa energia, nessa paixão, nesse fogo, sendo a sua própria Lilith que se manifesta  porque também obviamente está dentro delas, mas logo elas recuam e vêm na outra mulher o Mal. Elas têm um medo pavoroso dessa sua parte em si ignorada desde sempre e estão tão tolhidas por ele, que  em vez de vencerem essa barreira da Sombra, da qual Lilith é a guardiã do Umbral, (tratando-se de uma primeira grande etapa a mais difícil do caminho da mulher para si mesma na descoberta do seu verdadeiro ser), e porque  isso implica verem muitas coisas de si negativas, quem sabe memórias ou experiências devastadoras de infância, abusos ou traumas, e como não querem encarar nem voltar a sentir coisas que nunca sentiram (até mesmo a atracção sexual ou emocional pela outra mulher) é então que esse trama antigo proveniente da cisão das mulheres, volta em forma de ódio e se transforma numa perseguição ou como dizia simplesmente numa fuga de si mesma...e num retrocesso na sua evolução.
Para mim, é como que uma prova de fogo na vida da mulher e ...se a mulher não o passar e passar pela outra mulher, aceitando-a ou mesmo amando-a, então temos mais uma inimiga para toda a vida..


Mulheres que iniciam a senda do feminino sagrado sem enfrentarem essa descida e que não tendo feito nenhum trabalho a nível da sua psique, sem uma consciência psicológica dos seus complexos e traumas, sem um qualquer trabalho interior, quando começam a entrar em contacto com a sua sombra sem nenhuma preparação, acabam por se sentir entrar como que no inferno...e a ver vampiros nas mulheres que lhes espelham o seu próprio poder ou fogo interior, sobretudo  frente a outra mulher que a tenha já integrada...e então ou fazem o movimento de fuga inconsciente ou a perseguição caluniosa e predatória é iniciada porque essas mulheres se sentem acossadas pelos seus fantasmas...mas têm de ter um bode expiatório...e esse é um dos maiores dramas das relações entre mulheres, face à sua necessidade de  evolução!!!


PORQUÊ A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES
E O ÓDIO DAS MULHERES ÀS OUTRAS MULHERES...

A violência contra a mulher manifesta-se desde que a mulher foi destronada e a Deusa Mãe apagada do mundo, substituída pelo Deus pai... Isso aconteceu de forma progressiva em todo o planeta...com as invasões bárbaras primeiro e depois com o domínio dos homens, a sua religião patriarcal, a sua cultura misógina as suas leis descriminatórias e as suas armas. Dessa maneira a mulher perdeu paulatinamente o seu poder social e consequentemente também pessoal, mas perdeu principalmente não só a sua integridade como ser individual, como a sua profunda identidade e o facto de mesmo com uma suposta igualdade social dos dias de hoje a mulher não ter atingido a sua plenitude interior e poder pessoal foi porque ela não recuperou a sua verdadeira identidade.

E porque a mulher não sabe ainda de si nem do seu poder interior é e foi e continua a ser vitima disso...penso e esse é e foi e será o meu propósito continuar a tentar que a mulher se aperceba dele e tome consciência do seu valor em si e da sua divisão interna, nas duas mulheres que a parte feminina da humanidade se tornou...
Sem consciência dessa sua divisão tanto interna como externa, como sempre digo, essa violência vai continuar porque até é, como todas sabemos, a própria mulher quem a comete sobre si mesma e sobre as outras mulheres...
Eu sei que isto que acabei de dizer pode até ser chocante...mas continuo a afirmar que enquanto a mulher não deixar de ser vítima de si e perseguir como culpadas as outras mulheres ela será sempre perseguida...de uma forma ou outra...pelo predador...

A força da Mulher está na união das mulheres...mas sem essa ConSciência não há união nem empatia...isso já se viu bem no grupo (facebook) Mulheres & Deusas. Não é preciso ir mais longe...
As mulheres em vez de se amarem e aceitarem – o que não acontece sem se exporem a esse processo de consciencialização de si enquanto mulheres-mulheres - continuam a odiarem-se e a agredirem-se umas as outras, mesmo por palavras...e esse é o registo traumático que as mantém separadas e divididas dentro de si mesmas. Elas perdoam todas as ofensas e violências ao predador, mas nunca perdoam a outra mulher. Nem a uma irmã ou a mãe...
Vemos isso num qualquer filme entre irmãs, ou mesmo entre filhas e mães, só porque uma irmã foi ocasionalmente para a cama com o namorado desta... o ódio é infernal e demolidor... (são séries sobre séries, filmes sobre filmes, telenovelas, a explorar esse ódio ancestral da mulher à mulher...por causa do homem e não só...)
rlp

sexta-feira, setembro 16, 2011

SERÁ TUDO ISTO, APENAS UMA UTOPIA?

Este texto que se segue foi escrito para o Grupo Mulheres & Deusas no Facebook, mas é igualmente válido aqui apesar de não haver a mesma dinâmica nem conhecer as opiniões das suas leitoras... Acontece muitas vezes que sinto o mesmo em relação ao Blog, por cansaço ou desânimo, apesar de aqui nunca ter sido acusada de manipulação psicológica....
rlp



A SEPARATIVIDADE DAS MULHERES

É verdade que me apetecia apagar toda esta desarmonia vinda das ideias e da separação das mulheres...Que isto que está a acontecer é o contrário do que desejaria e sonho e me choca tanto atrito, tanta incompreensão. Que este sonho de união e de fusão com as nossas forças anímicas, através do feminino sagrado, parece uma utopia apenas...
Não há canto... nem união, nem mãos dadas como eu imaginei que poderia haver; mas parecem prevalecer as acusações e a luta para cada uma fazer vingar as suas ideias, os seus conceitos...entre divisões, confrontos pessoais e ideias adquiridas, práticas ou vivências divergentes. Não estarei de toda isenta, seria loucura pensá-lo…mas procuro ser coerente apenas com o que é este grupo à partida, mesmo que falhando.

Pensei acabar com ele, desligar-me…afinal era tão fácil…Mas vi que é só por mim que devo continuar…por uma questão de integridade e respeito para comigo mesma…mesmo que isso, a minha maneira de ser, por vezes pareça uma ofensa as outras mulheres. Essas outras mulheres que são afinal quem me lê e são tão poucas e inconstantes e não têm qualquer compromisso aqui afinal…e para quem é fácil sair, basta um clike...
Vocês que vão e vêm ou ficam em silêncio….ou então rebelam-se por eu não ser como acham que eu devia ser, acusam-me de todos os mal entendidos?

Mas eu não pretendo mais do que fazer o meu trabalho como eu sei…sigo um trilho…e não me desvio do meu caminho…Por isso finco o pé…não que não creia ou não acredite noutros caminhos…Mas este é o meu caminhar…
Sejam pois bem-vindas todas as Mulheres que vierem por bem, que desfrutam…que tiram partido do que eu escrevo e do aqui publico…senão…que adianta?
Estar do contra…eu nunca julguei o trabalho de nenhuma mulher nem ataquei as suas áreas, nunca invadi os seus espaços…e não confundam com acusação ou negação quando eu digo e apenas digo e insisto que enquanto a mulher não for una consigo mesma e não integrar a sua sombra, e não fizer as pazes com a outra Mulher em si ou fora de si, seja a mãe a filha ou a irmã, em suma, a Rival, ela vai transferir e projectar sempre a MÁ MÃE…e essa á a razão de tanto conflito.

As mulheres estão muito presas no seu intelecto, e no seu sexo...foi isso que lhes ensinaram e aprenderam com os pais; foram essas as faculdades que desenvolveram na sociedade que as domina...As mulheres estão feridas na sua essência e elas não querem ver onde está a sua cisão maior que é na Psique, porventura a ferida mais profunda...É onde a cisão as condiciona mais, onde a mulher está mais dividida. A mulher continua a por toda a energia nas ideais...no corpo e no sexo...é certo que as feridas são do corpo e das emoções, também, mas é preciso ir mais fundo para chegar à alma...pois só na alma a mulher encontra a sua totalidade...
Eu nunca neguei a necessidade de se trabalhar os aspectos distintos da vida e expressão do feminino, apenas ressalto no meu trabalho que é o que apenas procuro desenvolver… Focar os aspectos que são o meu campo de experiência não é negar nem diminuir os outros aspectos que outras mulheres trabalham.
Há muitos métodos e muitos meios, muitas pessoas a fazer trabalho de qualidade...e sendo a mulher um todo há que trabalhar esse todo. Mas respeitemos o trabalho de cada uma...o que cada uma faz, os seus esforços, a sua dedicação. Seja a dança, seja o Tantra, a Kundalini Yoga, as Constelações Familiares, tratamentos energéticos, Reiky, Psicologia etc…Tudo é importante desde que seja verdadeiro e tem o seu lugar. Eu nunca neguei a importância desses trabalhos…salvo quando há manipulação expressa ou deliberada, mas nem disso eu me vi fora de acusações... o que para mim é grave!
Eu apenas disse e digo e ressalvo, que esses trabalhos adiantam muito pouco se a mulher não integrar as duas mulheres…se a cisão das duas mulheres, que é a marca mais dramática da nossa cultura e civilização - haver uma mulher prostituída, uma mulher vendida ou comprada – e essa dicotomia permanecer dentro da mulher, isso sim é o veneno que mata todas as possibilidades da mulher vir a ser Una e íntegra, saudável…

O meu trabalho dirige-se exclusivamente para a tomada de consciência dessa cisão interior da mulher. É nesse sentido que envido os meus esforços. Nunca estive contra ninguém…a única coisa que quis e quero é manter este FOCO.
E gostaria de vos pedir que ficasse quem se sentir à vontade aqui…e com a forma como eu sei fazer ou dizer…pois só sei fazê-lo de uma maneira que é a minha. Pode ser deficiente e por vezes controversa, mas só o sei fazer sendo fiel a mim mesma seguindo um fio condutor que me anima…que me prende à vida…e tomo por minha “missão”. E esse fio condutor…é sem dúvida o meu Amor real e concreto pela Mulher-Deusa. Só esse amor me move, senão era impossível.
Por isso, disse que preciso de respeito, não por mim mas também; preciso essencialmente ver o respeito pelas diferenças de idade, de experiências e tratar as pessoas como elas me merecem…
Por isso exijo, sim exijo aqui e Sempre, onde quer que eu esteja: o Respeito, a Reverência e a Devoção….não a mim, como é óbvio…mas à Deusa em cada Mulher.
Sou elitista na linguagem? Talvez…
Mas ninguém é forçado a ficar e a tolerar ofensas, se as sentir ou as houver...

Rosa Leonor Pedro

terça-feira, setembro 13, 2011

Ser uma mulher inteira, plenamente viva



O feminino sagrado está ligado à devoção.

(...)
Muitas catástrofes, atrocidades humanas, atos destrutivos e desumanos têm a ver com a ausência do feminino sagrado. A mulher perde o contato com a dimensão instintiva, com o aspecto emocional da vida. E, com os desafios e exigências dos novos tempos, se masculiniza gradativamente.

O feminino sagrado está ligado à devoção. Devoção à Grande Mãe, à Deusa Mãe, hoje excluída do seio da Família Divina, pois existe apenas um Deus, que é o pai.

Resgatar o feminino sagrado tem a ver com a reinserção desta Deusa Mãe no Sagrado Coração. A Grande Deusa é a própria criatividade, a fertilidade, a sensualidade.
E o desafio do feminino hoje é o resgate. É ouvir a voz interior, a amorosidade, o cuidado, o autocuidado, a misericórdia, a sensibilidade.
Para entrar em contato com o feminino sagrado, vale a pena um exercício de imaginação: Antes, o silêncio interno deve chegar devagar, tomando todo o corpo de quem se propõe a realizar o exercício. Neste momento, imaginar que começam a chegar ao seu lado, atrás de você, sua mãe, suas avós; as bisavós, as trisavós e muitas outras avós, além das tias que se sente, são importantes na sua vida, vivas ou mortas, conhecidas ou desconhecidas. Estas são as suas antepassadas. É possível acessá-las, pedindo com amor que elas possam trazer as qualidades positivas para que se dê conta da vida, para que se possa ser feliz, ser uma mulher inteira, plenamente viva.
E se houver muitas dores relacionadas ao feminino, lembrar que “embora a película externa da alma seja magoada, arranhada ou chamuscada, ela se regenera de qualquer modo. Repetidas vezes, a pele da alma retorna a seu estado primitivo e intacto”, como afirma Clarissa Pinkola Estés.

Escrito por Ana Lucia Braga
(Terapeuta Corporal Neo-Reichiana)

segunda-feira, setembro 12, 2011

MULHERES & DEUSAS GRUPO...

NO FACEBOOK

QUAL A DINÂMICA IDEAL?

Verifico uma decrescente participação das amigas de Mulheres & Deusas...assim como o número da lista que continua a descer diáriamente, o que me prova esse desinteresse...Isso porém eu acho natural e se pudesse reduziria eu o seu número até ficarem apenas as que estão verdadeiramente interessadas...
Seja qual for o motivo desta desertificação entendo perfeitamente, menos o ser eu o impeditivo de participarem...Isso é que me preocupa...Embora saiba que há sempre reacções inesperadas...atitudes incompreensveis...para com a minha pessoa e aquilo que eu escrevo...Registo apenas isto...mas não tenho a mania da perseguição, nem sou paranóica. O que me preocupa é se sentirem desmotivadas pela minha posição reguladora ou demasiado assertiva...sim, isso já me custa, não é a minha intenção "controlar" ninguém, mas enfim, não sei fazer de maneira diferente e compreendo os equívocos que se geram - as lutas e as querelas, as antipatias ainda - e o difícil que é manter um FOCO...às vezes nem seu sei bem como fazê-lo.

Havia a ideia de criar outro grupo associado a este para podermos discutir outros assuntos, mas por doença ou razões de vida privada, as voluntárias em questão, deixaram de poder participar.
Quanto a mim, verifico que se eu não estiver activa, neste campo que é o da consciência do Ser Mulher em si, e trata-se da aposta da minha vida de todos os dias (aqui ou onde quer que eu esteja), este grupo passaria a ser apenas o palco de anúncios das várias actividades e terapias como tantos outros. Não que não receba de bom grado o anúncio de actividades das Mulheres que em tantas áreas contribuem para a Consciência do Feminino Sagrado. Não! Sejam Bem- Vindas todas...pois todas trabalhamos para a mesma causa!
Aqui porém o mais importante é a Palavra da Mulher, essencialmente da Mulher...e da Deusa em cada mulher! Da mulher Xamã, da poetisa, da curadora, da terapeuta, da parteira, da dançarina, da visionária...da mãe, da amante e da irmã...
Acrescentem à lista o que acharem que são...
rlp

NOTA A MARGEM:

Tenho de admitir que a interacção do facebook em relação ao grupo Mulheres & Deusas me tem ultimamente motivado mais do que escrever no blog e que por isso tenho publicado menos aqui. A razão óbvia é que lá a interacção é maior e mais imediata...mas lá como aqui os picos de interesse também oscilam e ora fica muito animado o grupo ora cai de repente. Ninguém é constante, mas atribuo isso ao facto de haver mais susceptibilidade na manifestação de ideias diferentes, no concreto...aqui estou sempre "salvaguardada", quase ninguém comenta e eu às vezes também não respondo aos comentários. Aliás eu não sei quantas pessoas me seguem com regularidade, nem sei quem são...também aqui as amigas de antes foram substituidas umas por outras...e eu perdi a conta e quase não sei quem me lê...ou sei quem são, mas se puderem digam algo ou escrevam...
rlp

quinta-feira, setembro 08, 2011

SER MULHER INTEIRA

Sem que a mulher integre efectivamente o seu feminino profundo, as qualidades intrínsecas que lhe pertencem por natureza prórpia e das quais foi drasticamente afastada e alienada na cultura e religião patriarcal, é muito difícil para ela hoje ter um verdadeiro discernimento do que é ainda a influência do masculino e dos seus atributos e as características inerentes ao seu feminino.

Vejo que muitas mulheres, mesmo dentro do campo de uma nova abordagem da mulher e da Deusa pretendem agir e afirmando-se mais pelos valores patriarcais, masculinos do que pelo seu feminino integrado e uma vez que ele não está ainda integrado, temos aí um verdadeiro problema.

Muitas mulheres pretendem afirmar-se como mulheres, mas ao seguir a linha mais ou menos das feministas, enquanto seres sociais, fizeram-no pela forma masculina apenas ao reivindicar direitos iguais...e fazem-no hoje ainda mesmo dentro de uma suposta perspectiva da Deusa e do feminino sagrado.

O drama aqui é que enquanto a mulher não integrar todo o seu potencial, enquanto não pacificar as duas mulheres em si e não fizer o seu processo de descida aos seus abismos, ao seu ser mais recondito, instintivo, psiquico e anímico, ela apenas vai trazer para o domínio da Deusa os valores patriarcais, afirmando-se pela força, pelo intelecto e pela agressividade, impondo uma forma de luta exterior que não é a que mais beneficia o SER MULHER INTEIRA.

rlp

quarta-feira, setembro 07, 2011

O QUE A MULHER PRECISA DE SE LEMBRAR:


AS TRÊS ETAPAS DA SUA VIDA

(…)
"Nas culturas celtas, a jovem donzela era vista como a flor; a mãe, o fruto, e a mulher mais velha, a semente. A semente é a parte que contém o conhecimento e o potencial de todas as outras partes de si.

O papel da mulher pós-menopáusica é voltar a semear toda a comunidade com a sua semente concentrada de verdade e sabedoria. Em algumas culturas nativas, considerava-se que as mulheres na menopausa retinham o “sangue da sabedoria”, em vez de o expelir ciclicamente, e eram portanto consideradas mais poderosas que as mulheres que menstruavam. Nessas culturas, uma mulher não podia ser “xamã” até ter ultrapassado a menopausa.

A “menopausa”, observa Slayton, “quando compreendida e apoiada, fornece às mulheres o nível seguinte de iniciação ao poder pessoal. Como parte do tabu menstrual que ainda perdura na nossa cultura, a voz da mulher menopáusica é temida e negada. Foi tornada invisível ou encorajada a permanecer jovem para sempre através da terapia de substituição hormonal, ou outra intervenção médica. Esta alienação cultural de um rito de passagem vital faz com que as mulheres mais velhas se sintam inúteis, isoladas e impotentes”

(...)
Quando uma mulher compreende que o verdadeiro significado da menopausa foi invertido e degradado, como muitos outros processos do corpo da mulher, consegue fazer o seu caminho durante o resto da vida, fortificada com objectivos e discernimento.

In “CORPO DE MULHER SABEDORIA DE MULHER” de Christiane Northrup

quinta-feira, setembro 01, 2011

AS TRÊS DEUSAS...E AS TRÊS MULHERES...

“A destruição do tecido social é antes de tudo a destruição da relação mãe-filha, sendo esse o sustendo de toda a urdidura humana, e compreender isso é compreender que essa má relação mãe-filha é a interiorização básica, e mais profundamente arraigada dentro do sistema…”

Casilda Rodrigañez Bustos

Creio na Sabedoria da Mulher e da Deusa como uma experiência intrínseca na mulher madura.
E isso não se compra em pacotes, workshops, nem em livros...Não, não são as leituras, não são os rituais, não são os nossos meros desejos que a fazem ser real nas nossas vidas, mas a nossa consciência alargada, integrada, e a abrangência da alma e do espírito, noutro plano, um plano mais elevado ou triplico (corpo alma e espírito), que nos fazem entender o aparentemente contraditório da natureza humana e da mulher...Mas só aí nos libertamos das nossas contradições e opostos sempre em conflito. Isso não quer dizer que se não viva a alegria e dor a decepção e a esperança ou a mágoa e o prazer...mas já não é o mesmo nem é derradeiro ou exclusivo...A alegria e dor serão sempre espectros da experiência humana, mas a consciência pode colocar-nos acima desse conflito...e é aí que entra a alma...A Visão imparcial da Deusa…

Não julgo ninguém, nenhuma mulher, mas não podemos andar sempre a esgatanharmo-nos por simples discordâncias...Principalmente vejo que não sabemos respeitar as nossas diferenças...seja de idade, seja de posição...Não vemos as três deusas em dinâmica nas nossas vidas e as suas respectivas posições que se complementam...Não vemos que cada cada uma reflecte um aspecto do conhecimento da Deusa em si e em nós...As três fases da vida da Mulher…e vejo que não há ainda respeito pela mulher mais velha sem que a mais nova não venha dizer que não há hierarquias...entre mulheres. É como na família, a avó a mãe e a filha...é só isso...mas hoje queremos que seja tudo igual e democrático...E atiramos as nossas experiências á cara umas das outras como se só a nossa fosse válida e verdadeira. Não abrimos espaço para a diferença. Estamos eivadas do vício da sociedade patriarcal que nos dividiu e nem damos por isso…tornamo-nos revolucionárias e não evolucionárias…
Pessoalmente sinto-me ferida na minha idoneidade, mas notem, não é por ninguém em especial, nenhuma de vocês em particular...de forma alguma...é pelos pressupostos, pelas misturas, pela confusão que geramos entre nós mas nenhuma é a culpada nem causadora de nada...é assim que as coisas ainda são...estamos impregnadas dos valores do Sistema, de valores que ainda nos aprisionam…
Vamos acabar com a CULPA E COM O ERRO…
Vamos trabalhar em nós e ouvindo as outras…aprender a escutar…não apenas a argumentar…a fazer valer os nossos direitos e igualdades…
O problema maior para mim e por onde devemos começar a trabalhar é na nossa relação com a nossa Mãe…ou com a nossa filha…Porque é aí que o sistema nos destruiu na nossa união básica e ancestral...e porque enquanto não resolvermos a nossa relação com a mãe ou a filha...inflaccionamos tudo com essa guerra que trazemos dentro de nós e revoltamo-nos contra todas as que não se situam no nosso ângulo de visão. Eu não nego nada nem nenhum ângulo, apenas só devo falar do meu como complemento...não estou contra as mais novas...nem contra as mais velhas – todas temos o nosso campo de experiência muito válido, não podem é atirá-lo à cara das outras como sendo o único…e digo isto por MIM...para mim!
Por mim sim, apenas gostava que nos respeitássemos mais dentro das nossas características...como uma mãe uma filha ou uma irmã...
Sejamos nós ou representemo-no a nós como a filha, a mãe ou a velha…
rlp