O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, março 23, 2012

DA HISTÓRIA AO MITO...da ficção a realidade...

COMO É  ENCARADO O FEMININO 
NAS SOCIEDADES OCIDENTAIS...

Porque esta obsessão da negação das mulheres pelas religiões patriarcais?
Esta impureza das mulheres mas mais do que isso, esta profunda misoginia, esta negação da humanidade no sexo feminino, encontramo-la nas três religiões monoteístas de forma exacerbada.
Também a encontramos noutros lugares. Esse caminho também foi percorrido pela Índia. Mas aquilo que espanta e também nos atrai é que ainda persiste a imagem do Grande F
eminino.
Nos templos, podemos encontrar a divindade feminina. Enquanto no ocidente, tem-se a impressão de se tratar apenas de folclore bárbaro, pura imaginação. Mesmo com as universitárias, falar do divino feminino parece lhes algo de carnavalesco. Para elas o divino feminino é unicamente mítico. Elas não vêm que o mito foi história. É nesse ponto que se fixa o meu trabalho. Contrariamente ao que dizia Jung, a mitologia não é um arquétipo fixo, é também história. Ora se ficarmos no mito apenas, por exemplo, o das amazonas, das mulheres fortes, portanto no inconsciente colectivo, isso não fará mal a ninguém porque o castramos da sua historicidade para deixar isso numa terra de ninguém, fora do tempo e do espaço. Então é aí que se torna curativo sublinhar que existiu um outro feminino para além da visão patriarcal, que não foi nem sujo nem demonizado. O casamento sujo é o casamento patriarcal, que é o casamento de um dominado e de um dominador.
Entretien avec Françoise Gange - Février 2001
 
LISBOA - 22 DE MARÇO DE 2012


Esta entrevista da qual extraimos esta nota, é de 2001, mas como poderemos fácilmente observar, não mudou ainda muito coisa sobretudo na Europa e menos ainda num País como Portugal em que a violência sobre as mulheres é já pública e oficial pelas "forças de segurança"...Esta violência é também reflexo da violência doméstica e vice-versa. Dois  jornalistas foram brutalmente agredidos, um deles mulher, em passeio de turistas onde a manifestação pacífica se desenrolava...pela tarde lisboeta...Os "brandos costumes" estão a desaparecer e o retorno ao fascismo muito evidente e as imagens não destoam nada das imagens de agressões as mulheres no Egipto...
Ora este texto releva de forma clara o que é a causa e está na origem da misoginia e ódio às mulheres muito visível na foto...Essa foto que ilustra o texto foi tirada ontem a tarde em plena Baixa Chiado...num brutal ataque aos manifestantes pacíficos a que não escaparam esplanadas centenárias nem o Café Brasileira percorrido na enxurrada da violência policial.
Minhas amigas, eu sei que vai ser muito difícil não olhar para este mundo e ficarmos estarrecidas com tudo o que se passa nele de gritante e de aberrante, de violento...Nós sabemos, ENTRE MUITAS OUTRAS COISAS E MUDANÇAS PLANETÁRIAS, que a faixa magnética da terra se está a alterar e que isso ameaça a completa loucura das massas...por todos os lados essa loucura estará patente...portanto o melhor é não olhar sequer para aquilo que não podemos mudar. Eu sei que custa, eu sei e falho tantas vezes em querer ainda lutar contra a injustiça... como sei  que é quase impossível, quando uma circusntância aberrante nos toca circunstancialemtne a nós de repente...mas também sei que isso de nada adianta e só nos faz a nós perder forças.
A questão mais profunda é o que nos está a ser  pedido neste momento para defesa isso sim da nossa sanidade: é que nos mantenhamos afastados dos centros de conflito...e manter a nosso própro centro...trabalhar para essa união interior de ser consigo mesma, nós mulheres, sim falo por nós...porque se bem que as mulheres estejam no mesmo barco que os homens, essa violência e agressão do Sistema é praticamente manipulada e criada e expressa pelos homens...nos Governos nas Instituições...nas polícias e nos militares.
Bem sei que são atacadas mulheres e homens, que os homens também sofrem, que também são vítimas dele, mas quem faz a guerra e a promove e desenvolve são os próprios homens. Eu não estou contra os homens, nossos pais filhos e irmãos...mas apenas consciente  de que o Sistema patriarcal que divide o mundo e mata, que afastou o feminino da nossa realidade, é um sistema regido e construido filosófica e ideologicamnte por homens, a parte masculina da humanidade, e que as mulheres são apenas nesse contexto, mesmo como soldados e nas guerras, sujeitas e vítimas das suas guerras e que mais depressa as encontramos nos hospitais como enfermeiras e médicas, também por sua vez másculas e desumanas...ou mesmo voluntárias da cruz vermelha etc. sempre fiéis aos seus líderes e leis, sempre manietadas e manipuladas pelo sistema, onde quer que ele mande...Há  algum sítio onde o sistema não tenha entrado e corruido e estragado, destruindo todos os valores da mais simples humanidade? Não são os hospitais e lares exemplo da maior indiferença mecanização do ser e até violência psicológica, e como vimos ontem violência brutal nas ruas?
Por mim, só espero poder livrar-me de tudo o que seja o domínio do Sistema patriarcal, cada vez mais corrupto e agressivo, e poder reunir PACIFICA E INTELIGENTEMENTE as pessoas que nele não se enquadrem. Como e quando eu não sei, mas sei que é cada dia mais urgente as mulheres unirem-se entre si e aos seres que amam, homens ou mulheres...
rlp

3 comentários:

Solanggé M Moúram disse...

Olá, concordo contigo, muito anos de história sufocadas e massacradas, nos calaram,e continuam,apenas nos deixam ter uma suposta liberdade,sobre total controle hora dos pais, patrão, marido, filho e governo.Mas acredito que fomos permitindo tudo isso como meio de sobrevivência, que mesmo nas entrelinhas atacamos, estudamos e nos informamos, usamos do poder que nos é dado, para assim ter Poder também.
Ainda assim a melhor arma é o Amor que vence toda guerra, mas é preciso auxiliar nossas irmãs, sobre nossa história,resgatando nosso poder divino, juntas somos fortes.
Um grande braço!

Anónimo disse...

Cara mestra, concordo plenamente.
Não sou contra homens tb, porém o sistema faz com que seja impregnado nas cabeças masculinas que devemos ser dominadas, assim como todo nosso mundo.

Olho a figura ao lado, da maçã sendo oferecida. Sim, a mulher é uma ameaça à ignorância. A maçã (verdade) sendo oferecida para "abrir os olhos" aos mistérios da vida, seu entendimento e a espiritualidade. Mas nem sempre quem detêm a sabedoria quer dominar e sim, como um como um professor movido pelo amor, compartilhar sua sabedoria. O combate a ignorância é sempre perseguido e visto como ameaça.

Como diz Lao Tsé, agir pelo não agir.

Obrigada por compartilhar conosco!

rosaleonor disse...

Obrigada eu a ambas a partilha e os pareceres tão importantes...todas nós temos agora uma Palavra a dizer...é muito importante que a digamos de verdade. É tempo de acabarmos com essa opressão e o medo de sermos nós mesmas...Fico feliz com a vossa participação...temos um grupo no facebook, Mulheres & Deusas, se quiserem interagir...convido-as desde já a participar...um abraço

rosa leonor