O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, outubro 18, 2012

SABER DESTINGUIR...


 

 SENTIMENTALIDADE... E SENTIMENTOS...

 
O que eu defino por sentimentalidade nas pessoas, nomeadamente nas mulheres, é quando estas se focam muito no seu sofrimento pessoal como forma de chamar a atenção dos outros, dos amigos ou da família onde supostamente foi ou é vítima, e que de forma algo masoquista procura atrair simpatias e pena, mas não querem sair dele.
Ora acontece e convém esclarecer que um grupo é ou deve ser uma dinâmica de trabalho focado em nós mesmas para uma tomada de consciência, de partilha de problemas comuns, é certo, mas relacionados com a vontade de sairmos dos nossos impasses e dramas e não para entreter ou afagar as nossas mágoas e muitas vezes de quem não quer fazer nada consigo e prefere chorar sobre o leite derramado, ou então manter tudo como está e andar em círculos a volta dos seus sentimentos de perda, de raiva, de ódio, de competição, de injustiça, de culpa ou de acusação…

A sentimentalidade, digamos,  é o excesso de sentimentos negativos, quase sempre, e um pouco inúteis porque quase sempre  ligados à falta de auto-estima, à susceptibilidade extrema e ao melindre pessoal, e que fazem das nossas vidas um inferno...nem  sempre é fácil porém distinguir essa sentimentalidade dos sentimentos verdadeiros, mas também não é só uma questão de semântica.

Existe uma diferença abissal entre os sentimentos banais, as dores pessoais, e com isto não digo que não sejam reais, - mas que nós mulheres gostamos muito de explorar e viver muitas vezes à conta deles - e os sentimentos profundos, o SENTIR que nos faz ir mais fundo e nos dá consciência e servem de alavanca para sairmos deles e ir para lá dessas especulações ou exploração das emoções primárias, das dores passadas...

Também achamos e não é o mais comum pensar assim, que todo o sofrimento é muito válido, mas não é bem assim. Há um sofrimento que nos torna dignas… e há um sofrimento indigno…

É verdade que nem sempre se pode distinguir em nós o sofrimento especulativo que nos mantêm cativas da dor (vivido na identificação com a eterna vítima ou como o predador, do lado de quem tem de castigar o culpado da nossa dor, ou como salvador/as de alguém que coitadinha sofre muito) e a não ser que se faça todo um trabalho de consciência connosco primeiro, um trabalho de foro psicológico para começar, vamos passar a vida a queixarmo-nos dos nossos males sem mudar nada em nós nem nos outros. Pensamos que ajudamos e não ajudamos nada.
Há muita gente a confundir pena, bondade e caridade, com amor. Ou que temos de ser sempre compassivas, boazinhas e aceitar tudo umas das outras etc. etc. Mas não. Eu sofro, pessoalmente e pelo sofrimento que vejo no mundo e por isso respeito o sofrimento em particular das outras mulheres, e até homens, mas não sou conivente com esse falso amorzinho e “curas em milagres” nem vou misturar ou meter tudo nesse saco que são as "alternativas" new age, que apregoam o amor incondicional, por sinal bastante bem caro…
Na verdade não tenho SACO!

 
EU PREFIRO O TRATAMENTO DE CHOQUE?

Eu sei que às vezes eu pareço fria demais e firo as (susceptibilidades) sensibilidades...eu sei isso. Mas cada vez mais - sim, à medida que envelheço - sinto que não há tempo a perder com a sentimentalidade...Nós mulheres gostamos muito do sentimentalismo como gostamos do romantismo etc. Gostamos de fazer de vítimas… ou heroínas ou salvadoras; ou queremos muitas vezes, quase sempre, chamar a atenção para nós: sou bonita ou feia, inteligente ou carente, mas sobretudo a tónica é: “vê o que eu sofro ou sofri”... E é aí que eu entro muitas vezes a matar e sei que dói...ou arde, mas o que arde cura. É, dizem-me, tratamento de choque, e eu digo que é puro exorcismo...mas eu não vou dizer que sou isto ou aquilo ou que sou Bruxa. Acontece...acontece quando eu menos espero...

Por favor isso não é NADA pessoal...mas é preciso acordar...de qualquer coisa que nos amarra nessa sentimentalidade...nesse romantismo serôdio e nos impede de uma liberdade verdadeira de SER…

 
ROSALEONORPEDRO

3 comentários:

Aliks disse...

Leonor eu detesto frescura ... costumo ser muito dura comigo e às vezes com quem está ao meu redor, mas a verdade é que não consigo verbalizar o que realmente sinto, acabo me enrolando nas palavras e não fica explícito o meu sentimento ... muitas vezes tento escrever na tentativa de exorcizar de vez esse sentimento que às vezes me paralisa, mas também nem sempre funciona ...

Um abraço

rosaleonor disse...

Não é fácil não...mas havemos de lá chegar...se continuarmos a ser sinceras connosco as pessoas aacabam por nos entender...

abraço

rleonor

Anónimo disse...

Isto não tem nada com frieza, pois somos capazes de sentir ternura, porém viver na ilusão é muito mais triste.