O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, novembro 05, 2012

MAS SERÁ AMOR?




O "ANTES" E O DEPOIS...

(...)

"Antes era pecaminoso e vergonhoso a mulher sentir prazer, agora ela “tem” que ter prazer para o parceiro sentir-se o poderoso sedutor.

Assim, o homem cobra da mulher o prazer, o gozo para garantir que seu papel é perfeito, ele não apenas possuí a mulher, mas é tão poderoso que a faz sentir prazer.
Esse é o enfoque para muitos.
“Eu dou prazer a minha parceira”.
Aliás os termos associados ao ato sexual denotam bem como ele é encarado.

“Possuir uma mulher”; “Fazer amor”; são dois termos que revelam a profunda incompreensão por detrás da sexualidade. Pensem nos outros!
Não podemos deixar de lembrar que existe um componente biológico, instintivo no sexo, regulado por hormônios e mecanismos outros puramente ligados a continuidade da espécie.
Consideram que o sexo, como algo dotado de poder, pois é capaz de gerar uma vida, coisa que você
nunca conseguiria rezando, por exemplo.Como dizia um ocultista que conheci, com seu jeito irreverente:

- “Reze trinta terços ao lado de uma mulher e ela quando muito dormirá, mas uma única relação sexual concluída e o milagre da vida se manifesta.”
Para entendermos o Tantra temos de compreender certos paradigmas das culturas que o adotam.
A visão do ser humano é um dos pontos fundamentais.
Para o mundo racionalista o ser humano é um conjunto de átomos que se organizaram em moléculas que se organizaram em organelas, que se organizaram em células, que se organizaram em tecidos, que se organizaram em órgãos que se estruturaram num organismo.

No artigo anterior citamos a visão mecanicista ainda dominante no pensamento científico, dentro da qual somos apenas máquinas complexas, compostas de partes que se juntam e criam um corpo.
Assim faz parte dos instintos, uma espécie de “programa” dessas máquinas, estabelecer um conjunto químico de estímulos e respostas que levam um homem a procurar uma mulher e a liberar dentro dela seu sêmen para que os genes se encontrem e a vida continue.
Essa abordagem nada tem a ver com a visão de outros povos que consideram presente no ser humano um outro aspecto, algo que podemos chamar de espiritual, embora este termo também tenha sido muito deturpado.

Note que as religiões mais conhecidas apenas citam que existe um algo a mais no ser humano, confusamente chamam esse algo a mais de “alma” ou “espírito” e o contrapõe ao corpo.
Nas religiões oficiais a alma é algo que pode se salvar ou se perder pela eternidade se o seguidor acata ou não as verdades prontas que a religião lhe dá.

“Aceite sem questionar nossas verdades e será salvo, questione e penará no fogo eterno.”

No fundo esse é o regulamente implícito na maior parte das religiões.
Ainda, para uma grande maioria dos seres, mesmo entre os tidos por “esotéricos” o corpo é o veículo impuro e imperfeito onde a alma está “presa” neste mundo de dor e sofrimento.
Assim negar o corpo e seus “desejos” impuros é o objetivo mais ou menos confesso de muitos, e, por extensão, o sexo faz parte das impurezas a serem “sublimadas”.
Para os xamãs e certos ramos do misticismo oriental somos muito mais que isso.
Somos um todo complexo, energia em vários graus de manifestação.
Essa energia é dual, não em oposição, mas em complementação.

Assim o corpo físico é a densificação de uma outra realidade, uma realidade que podemos chamar de energética sutil.
Dentro do conceito físico moderno, que matéria é apenas energia condensada, fica mais claro, quer falemos do corpo físico quer de sua contraparte energética, que estamos apenas falando de dois aspectos de um mesmo fenômeno.
Num mundo onde sabemos que a luz e o elétron é um fenômeno complexo que se manifesta ao mesmo tempo partícula e onda fica mais fácil lidar esse aparente paradoxo.
Assim como o gelo e a água num copo são dois estados diferentes da mesma substância o corpo de energia e o corpo físico são dois estados diferentes da mesma energia universal, atuando em meios distintos, mas mutuamente equilibrados.
Mas cada um desses dois planos tem suas leis e suas peculiaridades, entretanto não se opõe, complementam-se.
Em nenhum momento o puro misticismo apóia a divisão esquizofrênica que se estabeleceu entre corpo e espírito.
Para podermos de fato entrar em níveis mais amplos de consciência, nos chamados estados amplificados de consciência, ou ainda, nos estados de consciência intensificada precisamos de energia.
E aqui uma analogia pode nos ser útil.
Os elétrons ao redor dos núcleos atômicos não estão aleatoriamente distribuídos, mas existem áreas que eles tem a tendência de existir.
Essas áreas são chamadas de orbitais.
Para um elétron passar de um orbital mais perto do núcleo para outro mais distante ele precisa ter energia para isso.
Analogamente dizemos que a percepção para ir a níveis mais amplos de consciência precisa ter energia.
Sabendo o imenso poder do sexo fica claro que podemos dele tirar essa energia que necessitamos.
Estamos num campo científico, não o cientificismo estreito, mas ciência no sentido de conhecimento acumulado por observação e experimentação.
As religiões conhecidas são extremamente moralistas e se baseiam apenas em dados morais absolutos para falar de evolução.
A ciência dos iniciados, dos yogues, dos budistas esotéricos, dos lamas e dos xamãs tem um aspecto ético sem dúvida, mas vai muito mais além.
Sabe que estados mais amplos de consciência são atingidos por trabalhos específicos que envolvem a ampliação da energia pessoal.

Dois caminhos existem àquele que deseja ir a estes níveis mais amplos de consciência, não ocasional e acidentalmente, mas de fato nele mergulhar e aí viver.

(…)

GUERRERO – Nuvem que passa

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei o texto!
Publiquei há algum tempo atrás algo sobre o orgasmo feminino e concordo plenamente com texto!

http://madamehabiba.blogspot.com.br/2012/03/autonomia-feminina-e-o-sexo.html

rosaleonor disse...

Grata Else...
Vou ver...

Diga-me se consegue ler bem com este fundo...

grande beijinho

Anónimo disse...

sim, li sem problemas!
bj

rosaleonor disse...

Obrigada! Pensei que com as paisagens...não se lesse bem...

um abraço Else!